O calor do dia não parecia incomodar Cora nem um pouco enquanto ela caminhava rápido pela área restrita do aeroporto. Um boné preto escondia parte do rosto e os óculos escuros cobriam os olhos frios. Ela segurava Theo com força nos braços, abafando qualquer som que ele tentava fazer."Quieto! Fica quieto, seu pirralho!", rosnou entre os dentes, enquanto o menino se debatia, com lágrimas escorrendo pelo rosto."Eu quero minha mamaaaaa! Me solta! Eu quero meu papaaaaai!", Theo gritava, a voz embargada pelo choro.Cora apertou ainda mais o menino contra o peito. "Se você não calar essa boca, eu juro que faço você se arrepender. Ninguém vai te ouvir aqui, entendeu? Ninguém!"Ela olhou em volta, tensa, mas segura. Aquele caminho pelos fundos, entre hangares e carros de manutenção, era pouco movimentado. O jatinho particular da família Blake já estava ali, reluzente sob o sol, com a escada aberta e o motor ligado, tudo estava pronto."Vamos embora daqui. Pra bem longe. E ninguém nunca mais
Ela ria. Um riso completamente desconectado da realidade. "Vocês acham que eu sou burra? Acham que eu não sei o que vai acontecer se eu soltar ele? Vão me prender! Vão me jogar numa cela! Eu não vou deixar isso acontecer!""Você não precisa fugir, mãe!", Alexander insistiu, com a voz alta. "Mas se fizer alguma coisa com o meu filho, eu juro por Deus que você vai pagar!"Theo gritava agora. "Não quero ir com ela, papai!”Claire caiu de joelhos, chorando, com as mãos pra cima. "Cora, olha pra mim... por favor... é uma criança, Cora. Você sabe disso. Ele não tem culpa de nada. Você não precisa fazer isso. Olha o estado que você tá... por favor... solta ele."As viaturas aumentavam ao redor. Mais policiais, mais tensão.Cora tremia, segurando a arma firmemente..Theo chorava ainda mais.E o tempo parecia congelar.O tempo parecia preso num looping estranho, onde tudo acontecia rápido demais e ao mesmo tempo se arrastava. O som das sirenes havia parado, mas a voz do policial ecoava pelo m
O som do disparo ainda pairava no ar quando Cora caiu de joelhos, o corpo tremendo antes de desabar nos degraus da escada. Sangue escorria de seu peito, manchando o tecido elegante do blazer, agora tingido de vermelho vivo. O grito de Theo cortou o silêncio como uma lâmina.“Mamãeee!”O garotinho se soltou dos braços da avó, que agora não tinha forças para segurá-lo, e correu o mais rápido que suas perninhas permitiam, soluçando alto. Claire abriu os braços, o coração batendo tão forte que parecia querer escapar do peito. Quando o filho se jogou contra ela, Claire o envolveu em um abraço apertado, afundando o rosto nos cabelos bagunçados de Theo, aliviada por ter seu menininho nos braços novamente.“Meu amor… meu bebê… tá tudo bem, mamãe tá aqui…” sussurrou, as lágrimas escorrendo livremente enquanto ela o apertava contra si.“Eu fiquei com medo, mamãe… ela ia me levar… Por que a vovó fez isso com Theo?” Theo soluçava, agarrado ao pescoço dela como se nunca mais fosse soltar.“Eu sei
O céu era limpo e azul acima das nuvens, e o som constante dos motores do jatinho preenchia o interior da aeronave com um ruído confortável. Após a tempestade dos últimos dias, aquela viagem de volta para Manhattan parecia quase surreal.Theo estava enroscado entre os pais, com a cabeça apoiada na barriga de Claire e os pezinhos esticados sobre a coxa de Alexander, ele não falava muito, mas seus olhos estavam mais tranquilos agora, mesmo com o resquício de medo ainda presente em seus traços delicados.Claire acariciava os cabelos castanhos do filho com dedos leves, olhando para Alexander por cima da cabeça do menino. Ele também a encarava, os olhos dizendo tudo o que ainda não haviam conseguido verbalizar.“Tá tudo bem, meu amor. A gente tá indo pra casa”, murmurou Claire, beijando a testa de Theo.O menino assentiu devagar, apertando os olhos por um segundo como se tentasse segurar as lágrimas.“Eu sonhei com a vovó ontem. Ela tava diferente… sorrindo”, disse com a voz baixinha. “Ela
Nuvens espessas cobriam Manhattan naquela manhã, como se até o tempo respeitasse o luto da família Blake. Um vento frio soprava por entre os túmulos do cemitério particular onde os Blake costumavam enterrar seus entes queridos, discreto, elegante, afastado de tudo e de todos.Claire ajeitou o casaco preto sobre os ombros enquanto caminhava de mãos dadas com Theo. O menino estava sério, com os olhinhos fixos no chão de pedra e as bochechas rosadas pelo vento. Não havia perguntas, não havia medo, apenas silêncio.Alexander já estava parado ao lado do caixão, com as mãos cruzadas à frente do corpo. O rosto estava impassível, os olhos escuros mergulhados em algo que ninguém conseguia alcançar. Eleanor estava logo atrás dele, os braços entrelaçados ao de Sarah, e embora tentasse manter a compostura, a expressão dela estava devastada.Ao longe, Becky estava de pé, ao lado de sua mãe, apesar de toda confusão, ela tinha uma relação boa com Cora, e não podia não sentir a perda da mulher. Não s
Três meses depoisO restaurante era discreto, aconchegante e charmoso, no alto de um prédio em Manhattan. As luzes baixas refletiam nas taças de vinho e a música ao fundo criava uma atmosfera leve, íntima, quase como se o mundo lá fora não existisse por algumas horas.Claire ajeitou a alça do vestido enquanto ria de alguma piada que Alexander acabara de fazer. O som da risada dela foi acompanhado pela de Sarah e Elanor, que estavam sentadas do outro lado da mesa, mais próximas do sofá estofado em veludo azul. A mesa redonda deixava tudo mais íntimo. Quatro taças, pratos quase vazios e sorrisos mais sinceros do que qualquer outro momento nos últimos tempos.“Eu ainda não acredito que a gente tá aqui”, Claire disse, olhando ao redor com um sorriso emocionado. “Depois de tudo… parece um sonho.”“É real”, Alexander respondeu, apoiando a mão na dela. “E merecido.”A empresa ia melhor do que nunca, o escritório de Claire e Sarah tinham grandes contratos e parecia que a vida finalmente havia
O salão principal do Eclipse, o clube mais exclusivo da cidade, estava repleto de pessoas sofisticadas. O som de uma música eletrônica sensual preenchia o espaço, as luzes dançavam em tons de roxo e dourado, enquanto taças de champanhe eram erguidas em meio a risadas abafadas. Claire entrou no ambiente com um passo hesitante, mas determinado.Seu vestido preto de seda brilhava sob as luzes, ajustando-se como uma segunda pele e delineando suas curvas de maneira elegante. As alças finas destacavam seus ombros delicados, e o decote profundo exibia a pele suave e pálida de seu colo. Ela usava brincos pequenos de brilhantes e um colar fino que repousava exatamente no ponto onde sua clavícula se acentuava, um detalhe sutil que atraía olhares.Claire segurava uma taça de champanhe enquanto caminhava ao lado de Sarah, sua melhor amiga, que parecia muito mais à vontade no ambiente.“Relaxa, Claire. Isso não é um tribunal. É só uma festa,” Sarah brincou, apertando de leve o braço da amiga.Clai
Quando o dia amanheceu, Claire abriu os olhos e suspirou, mexendo-se na cama com preguiça. Ainda estava no quarto do Eclipse, e quando voltou a si e se lembrou da loucura que fez na noite anterior, se sentou na cama de súbito e passou as mãos nos cabelos. “Deus, o que eu fiz?!”, a voz de Claire era quase um sussurro, incrédula diante de suas próprias ações. Os flashes da noite anterior ainda estavam vivos em sua mente. Alexander a levou ao ápice do prazer tantas vezes que ela até perdeu a conta, e ela se entregou pela primeira vez a um homem sem que ele soubesse que ela era virgem. Claire não se deu ao trabalho de contar, na verdade, não falaria mesmo se fosse em outra situação, tinha muita vergonha de, aos 23, ainda ser virgem. Ela olhou ao redor e se levantou, ainda estava nua e seu vestido estava jogado no chão ao lado da cama. Tudo estava silencioso e, em cima da mesa de cabeceira, havia um bilhete. “Precisei sair bem cedo. Se quiser falar comigo ou sair de novo, me mande uma