Dor, desespero, e revolta consigo própria era o que a rainha sentia. Como pudera trocar um filho pelo outro? Se perguntava como foi capaz em atirar no próprio filho, questionava-se que espécie de mãe ela era. Massara implorava a Nuno que mandasse a guarda procurar Salvador, ao menos o corpo do filho queria enterrar com a nobreza que tinha direito.
"Salvador não entra mais no reino Arbória, nem vivo e nem morto." Sua fala era fria e implacável.
Não concordando com a atitude de Nuno, Massara o enfrenta "Eu mesma falarei com Corvel para que procure meu filho, tão príncipe quanto você."
"Não sou mais príncipe mãe, agora sou o rei, pois meu pai decidiu assim."
"Meu filho Salvador seu irmão, será enterrado aqui. Neste reino." Ela afirma. "Aonde fora sua casa por trinta e dois anos."
Massara dar as costas para Nuno e segue o longo corredor do palácio em destino a guarda real. Nuno não aceita a revelia de sua mãe e grita fazendo eco pelos cômodos.
" Mãe... Não podes passar por cima da ordem de teu rei."
A construção do palácio era alta e larga, todo barulho produzido ali ecoava em sons estrondosos. Massara voltou a passos largos, a rapidez na qual regressou após a ordem de seu filho, lembrava a um trote, tamanha força que ponhara em sua pisada. Fazendo Nuno crer que sua ordem surtiu efeito, que o fato de agora ser rei, contará com a devoção e obediência até mesmo sua mãe.
"Conforme-se." Nuno diz "Salvador não mais faz parte deste reino. Agora está no inferno, seu verdadeiro lar."
O som do tapa com a costa da mão se estendeu por todo castelo, fazendo a cabeça de Nuno virar com força para o outro lado "Ainda não anunciaste a morte do rei meu marido." Aponta contra o peito "Para Arbória Conrado ainda vive, não tomaste posse ainda. Isso quer dizer que não és rei, que eu ainda sou a rainha." Massara levanta o dedo mostrando sua altivez "E mesmo que foras rei, SOU SUA MÃE. Nunca mais atrevas a me dar ordens. Agora vá comunicar ao povo de Arbória a morte de seu pai e a possível morte de seu irmão, enquanto eu cuido dos dois funerais."
Nuno não expressa mais negativa. Apenas assentiu a contra gosto, era notório o sentimento torpe que sentira, odiava aquele irmão com toda suas forças, como o irmão a ele. Massara deus as costas e seguiu para falar com o chefe da guarda real.
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Pompa é um dos lagos do palácio fica na lateral cercado por um jardim florido e bem cuidado, no verão a nobreza costuma usar o Pompa para se refrescar.
Massara se aproximou, Corvel ao perceber a presença da mesma, curvou-se reverenciando a rainha e retirou da cabeça a armadura fazendo os cabelos de fios médios caírem sobre os ombros.
"Majestade o que faz aqui, nesse estado?"
Imediatamente Massara pôs as mãos nos cabelos e olhou para suas roupas. Havia se esquecido da roupa suja e rasgada, do cabelo desfeito e dos pequenos arranhões feitos em seu corpo. Lembrara somente da dor em sua alma por ter assassinado o próprio filho.
"Corvel tens de ir com alguns homens até a cachoeira de cristais."
"Porque minha rainha?" Ele segura a mão de Massara que a puxa com sutileza. "Perdão majestade."
"Não carece de pedir perdão Corvel o que quero é que traga Salvador para mim, vivo ou morto."
"O que aconteceu na justa?"
"Quando cheguei Nuno estrangulava Salvador, ameacei a suicidar-me para que ele não fizera. Aí me ver clamar ele soltou o pescoço do irmão. Nuno se levantou e deu as costas, numa distração Salvador pegou a arma e iria atirar no Nuno..." A voz da rainha foi ficando embargada, até que caiu no choro por completo. " Sem saber o que fazer atirei no meu próprio filho. Impedi que Nuno o matasse e eu mesma o matei. Vi a dor nos olhos dele, até Salvador cair do penhasco."
Corvel sentia por Massara, amava aquela mulher. Amor proibido sem pretensão no qual ele via uma pequena chance agora, com ela sendo viúva.
"Irei procurar o Salvador, trarei teu filho aqui. Antes preciso pedir permissão ao Nuno."
"Nuno já está sabendo, neste momento está se preparando junto ao duque para contar a toda Arbória a morte de Conrado. Vá em busca do Salvador."
Corvel era uma homem de constituição forte e feição fechada, temido por todos, menos por Massara, com ela era o mais cortês dos homens. "Vossa majestade, não quero que tenhas falsas esperanças. Salvador caiu do penhasco da cachoeira de cristais, se ele estivesse são dificilmente sairia vivo. Pelo que me contas o príncipe caiu mortalmente ferido."
"Tenho ciência Corvel, mas o traga para mim. Preciso ao menos fazer o funeral do meu filho."
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Primeiro por não saberem de nenhuma enfermidade que tenha atacado o rei Conrado. Segundo, pois junto a morte do rei, o mensageiro já anunciara a festa da posse de coroa do príncipe Nuno.
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De longe pôde ver sobre os muros do palácio, as crinas dos belos cavalos voarem ao vento, junto aos galopes sincronizados.
Ansiosa, a rainha desceu as escadas exasperada e ficou a frente da grande porta do castelo esperando Corvel.
Os portões foram abertos para cavalaria passar. Massara viu todos entrarem. Sentiu seu coração arder, ao perceber que Corvel e nenhum dos guardas traziam Salvador.
Corvel apeou do cavalo, retirou o capacete e curvou-se diante de Massara.
"Percebi que meu filho, não está com nenhum de vocês."
"Majestade" Corvel parece tentar encontrar as palavras certas, para falar com Massara.
'Diga Corvel! Fale logo."
"Provavelmente Salvador está no fundo da cachoeira. Havia uma pedra com sangue escorrendo para dentro da água. Pela análise visual, vosso filho bateu na rocha antes de cair nas águas de cristais. Creio que em alguns dias o corpo deva submergir"
A rainha se põe a chorar, tinha que se conformar com a morte de seu filho, sem ao menos ter o conforto de verão o corpo.
Oi gente! Acho que não pus nenhuma palavra estranha. Mas se o fiz e não percebi é só me perguntar que respondo.
Madame Irlanda era uma incógnita no reino Arbória, alguns a viam como feiticeira do bem, outros como bruxa maligna e há aqueles que simplesmente a veem como uma opção barata de atendimento médico. Já que o médico Bartolomeu e seus filhos da mesma profissão, tem a medicina somente com interesses venais, jamais facilitam ou atendem por caridade.Nas mãos dessa mulher que a muito tempo vive na colinas do reino, mas que parecia nunca envelhecer, estava a vida do príncipe Salvador.Madame Irlanda estava com ele em um cômodo da choupana da família Ziran, ao lado de fora todos sentiam um cheiro de erva forte sendo queimada. A mulher tinha um maço de algum tipo de planta nas mãos, que mergulhava na água fervente, depois salpicando em cima do corpo do príncipe, pronunciando algum tipo de reza em dialeto desconhecido.Ao lado de fora, Dilan se dava conta do tamanho da responsabilidade que havia adquirido para si. O medo do príncipe de
Na noite anterior Salvador mal conseguira dormir, a todo momento lhe vinha a cabeça Dilany. Sem conhecer-lhe o rosto, havia se encantado pelo fato de uma jovem moça com tamanha destreza e bravura, ter se atirado nas águas de cristais para resgata-lo.O sol nem nascera quando Bertha fazia o desjejum para Dilan. A moça que se passa por um rapaz, sai todos os dias bem cedo para trabalhar em prol do palácio Arbória, conforme exigido no decreto de anos atrás feito pelo tataravô do falecido rei Conrado.O príncipe ouviu que Dilan iria sair naquele momento, levantou-se da cama rapidamente para falar com a campônia. Ele abre as cortinas feita de fios de madeira tintilintando um som plural, chamando atenção de Dilan e Bertha pelo barulho."Senhorita Dilany, por favor me dê um minuto." Ele pede a moça fazendo Bertha arregalar os olhos."Santo Cristo! Vossa majestade sabe da nossa mentira." A mulher se apavora.
Cícero apreensivo, sussurrava com Dilan dentro de um cômodo da choupana. "Estais louca minha filha! Podes ir para forca por desafiar a soberania com tamanha empáfia.""Se ele concorda com as atitudes do reinado Arbória, a forca nos espera de qualquer maneira. Vocês mentiram e eu também.""Sim. Por isso temos que tratar muito bem desse homem que está lá fora, Para que seja benévolo conosco." Cícero segura a mão da filha. "Entendo sua raiva, mas sua mãe e eu lhe protegemos e vamos continuar a fazer.""Não senhor meu pai. Fazer eu ser quem não sou, nem de longe é proteção. É só adiar um problema e gerar outro." Com a voz embargada, uma lágrima isolada escorre pelo rosto franzino de Dilan,Cícero limpa a gotícula com carinho do rosto da jovem. "Desculpa se não soube fazer as coisas da maneira certa minha filha.""Não pai, me desculpa o senhor por esse lapso de ingratidão que me ocorreu. Você e a mã
Pratas, cristais e porcelanas para todos os lados. O novo rei não economizou nas festa de sua posse. Alguns nobres de reinos mais distantes, viajaram por cinco dias para chegar a Arbória.A família real do reino Mazog foi uma das que demorou mais a chegar em Arbória, se perdera do príncipe Cristovam Giron. A festa estava prestes a dar início quando os Mazog chegaram sem o príncipe.Catléya esposa de Nuno era quem recepcionava os convidados. A mulher belíssima, penteada de trança embutida lateral, com fitas de ouro traçados junto as fios, dando mais vitalidade ao cabelo loiro da jovem senhora.Seu vestido era de camurça em um tom vinho, cravejados com berilos e acabamentos em rendas vermelhas, fazendo a cor vibrante, ser um contraste ao tom de sua pele alva.Catléya esbanjando simpatia, abre o belo sorriso com a chegada da família Mazog. "Rainha Helena, seja bem vinda." Ela cumprimenta a mulher baix
O herdeiro do trono Mazog, adentrou o palácio Arbória, mas sua mente ficou do lado de fora dos muros do castelo. Nenhuma das garotas que conhecera em várias cidades do velho continente, lhe deixou tão intrigado. Mesmo pequena, não viu fragilidade em seus gestos. Controlou-se diante da situação adversa com bravura, além do mais, era a beleza mais natural que havia visto.Ao entrar no salão, o príncipe foi aplaudido, ofuscando Nuno que também acabara de fazer sua entrada a festa. A notícia do sumiço de Cristóvam, espalhou-se pelos convidados e todos aguardavam um desfecho positivo.Com jeito expansivo, ele rodopia no salão sob os aplausos de todos e o olhar amargurado de Nuno. "Sei que todos me amam." Ele brinca. "Mas não serei eu a ser coroado rei. Aliás nem gostaria. Por isso caros senhores, aplausos para quem faria de tudo para deter tamanho poder." Puxa mais aplausos alfinetando e apontando para Nuno.O rei Giron puxa
A festa da coroação entrava no segundo dia, após o almoço com os convidados nobres, os portões do palácio serão abertos a todos. Aonde o rei fará seu discurso e será oficialmente apresentado ao povo de Arbória.Quase todos dormiam, o cansaço provocado pela comemoração correu madrugada a fora, dominava. De certo poucos acordariam para o desjejum. Provavelmente irão desjejuar junto com o almoço.O príncipe Cristóvam era um dos poucos que estava de pé. Acordou cedo com intenção de galopar pelas redondezas, talvez quisesse ver algo ou alguém. Era a primeira hora da matina, a mesa do desjejum não estava posta. Nunca foi acomodado, resolveu ele mesmo ir até a cozinha degustar algo antes de sair para a montaria.Os servos da cozinha real, ao ver o príncipe adentrar o local se espantam. Aquele que mais se incomoda é o cozinheiro Gusmão."O que faz aqui vossa alteza. Errastes o caminho?" Pergunta enquanto enquanto enxu
Com seu olhar engessado, madame Irlanda examinava as escoriações de Salvador."Estão secas." Diagnostica. "Calêndula e girassol uma combinação perfeita de cicatrizantes.""Posso vestir-me?" Pergunta Salvador."Claro que sim alteza." Salvador fica a espera que Irlanda saia do cômodo, para que possa ficar de pé e pôr a roupa. "Não fique acanhado, não há nada aí que não tenha visto, pense em mim como uma médica, ou quem sabe uma amiga, ou quem sabe conselheira.""O que queres dizer?" Pergunta afoito, talvez o príncipe não tenha gostado do tom de madame Irlanda."Sei de muitas coisas que podem lhe ajudar na grande batalha que tens pela frente.""Já ouviu falar em batalha de um só homem que tenha ganhado?""Estais só por que queres. Tens que entender que não és mais príncipe. Pare de gozar dos frutos do nome Arbória e faça parte da família Ziran. Conquistando essa fam
Sobre os olhos curiosos de Gusmão e os demais servos, Cristóvam fazia hora na cozinha. Passava das nove da manhã.Mais uma vez uma serva pergunta ao príncipe. "Vossa alteza tem certeza que não posso oferecer-lhe nada?"Cansado de esperar e quem ele almeja não chegar, decidiu falar com a serva. "Gostaria de chicória para o meu desjejum. A que horas vão trazer?"A mulher enquanto picava as cenouras sobre a tábua de madeira, se espanta com o pedido do príncipe. "Vossa alteza vai comer chicória de manhã?""Sim. Faz.. é.... Faz muito bem para a pele." Ruboriza ao mentir descaradamente."Tenho na dispensa vou lhe servir." A serva se vira ligeiro e é interrompida por Cristóvam. "Não." Eleva a voz, causando ainda mais estranheza na mulher. "É que tem de ser fresca, colhida no dia.""Ah! Então só poderei servi-lhe amanhã quando rapaz entregar.""Ele só vem amanhã?"