Capítulo 2

Dor, desespero, e revolta consigo própria era o que a rainha sentia. Como pudera trocar um filho pelo outro? Se perguntava como foi capaz em atirar no próprio filho, questionava-se que espécie de mãe ela era. Massara implorava a Nuno que mandasse a guarda procurar Salvador, ao menos o corpo do filho queria enterrar com a nobreza que tinha direito.

"Salvador não entra mais no reino Arbória, nem vivo e nem morto." Sua fala era fria e implacável.

Não concordando com a atitude de Nuno, Massara o enfrenta "Eu mesma falarei com Corvel para que procure meu filho, tão príncipe quanto você."

"Não sou mais príncipe mãe, agora sou o rei, pois meu pai decidiu assim."

"Meu filho Salvador seu irmão, será enterrado aqui. Neste reino." Ela afirma.  "Aonde fora sua casa por trinta e dois anos."

Massara dar as costas para Nuno e segue o longo corredor do palácio em destino a guarda real. Nuno não aceita a revelia de sua mãe e grita fazendo eco pelos cômodos.

" Mãe... Não podes passar por cima da ordem de teu rei."

A construção do palácio era alta e larga, todo barulho produzido ali ecoava em sons estrondosos. Massara voltou a passos largos, a rapidez na qual regressou após a ordem de seu filho, lembrava a um trote, tamanha força que ponhara em sua pisada. Fazendo Nuno crer que sua ordem surtiu efeito, que o fato de agora ser rei, contará com a devoção e obediência até mesmo sua mãe.

"Conforme-se." Nuno diz "Salvador não mais faz parte deste reino. Agora está no inferno, seu verdadeiro lar."

O som do tapa com a costa da mão se estendeu por todo castelo, fazendo a cabeça de Nuno virar com força para o outro lado "Ainda não anunciaste a morte do rei  meu marido." Aponta contra o peito "Para Arbória Conrado ainda vive, não tomaste posse ainda. Isso quer dizer que não és rei, que eu ainda sou a rainha." Massara levanta o dedo mostrando sua altivez  "E mesmo que foras rei, SOU SUA MÃE. Nunca mais  atrevas a me dar ordens. Agora vá comunicar ao povo de Arbória a morte de seu pai e a possível morte de seu irmão, enquanto eu cuido dos dois funerais."

Nuno não expressa mais negativa. Apenas assentiu a contra gosto, era notório o sentimento torpe que sentira, odiava aquele irmão com toda suas forças, como o irmão a ele. Massara deus as costas e seguiu para falar com o chefe da guarda real.

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Pelo longo capacete de metal com plumas azuis, Massara avistou Corvel a frente do Pompa.

Pompa é um dos lagos do palácio fica na lateral cercado por um jardim florido e bem cuidado, no verão a nobreza costuma usar o Pompa para se refrescar.

Massara se aproximou, Corvel ao perceber a presença da mesma, curvou-se  reverenciando a rainha e retirou da cabeça a armadura fazendo os cabelos de fios médios caírem sobre os ombros.

"Majestade o que faz aqui, nesse estado?"

Imediatamente Massara pôs as mãos nos cabelos e olhou para suas roupas. Havia se esquecido da roupa suja e rasgada, do cabelo desfeito e dos pequenos arranhões feitos em seu corpo. Lembrara somente da dor em sua alma por ter assassinado o próprio filho.

"Corvel tens de ir com alguns homens até a cachoeira de cristais."

"Porque minha rainha?" Ele segura a mão de Massara que a puxa com sutileza. "Perdão majestade."

"Não carece de pedir perdão Corvel o que quero é que traga Salvador para mim, vivo ou morto."

"O que aconteceu na justa?"

"Quando cheguei Nuno estrangulava Salvador, ameacei a suicidar-me para que ele não fizera. Aí me ver clamar ele soltou o pescoço do irmão. Nuno se levantou e deu as costas, numa distração Salvador pegou a arma e iria atirar no Nuno..." A voz da rainha foi ficando embargada, até que caiu no choro por completo. " Sem saber o que fazer atirei no meu próprio filho. Impedi que Nuno o matasse e eu  mesma o matei. Vi a dor nos olhos dele, até Salvador cair do penhasco."

Corvel sentia por Massara, amava aquela mulher. Amor proibido sem pretensão no qual ele via uma pequena chance agora, com ela sendo viúva.

"Irei procurar o Salvador, trarei teu filho aqui. Antes preciso pedir permissão ao Nuno."

"Nuno já está sabendo, neste momento está se preparando junto ao duque para contar a toda Arbória a morte de Conrado. Vá em busca do Salvador."

Corvel era uma homem de constituição forte e feição fechada, temido por todos, menos por Massara, com ela era o mais cortês dos homens. "Vossa majestade, não quero que tenhas falsas esperanças. Salvador caiu do penhasco da cachoeira de cristais, se ele estivesse são dificilmente sairia vivo. Pelo que me contas o príncipe caiu mortalmente ferido."

"Tenho ciência Corvel, mas o traga para mim. Preciso ao menos fazer o funeral do meu filho."

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O mensageiro do reino passava de carro aberto com cavalaria dupla, gritando ao megafone por toda Arbória anunciando a morte do rei. Alguns ficaram estupefatos.

Primeiro por não saberem de nenhuma enfermidade que tenha atacado o rei Conrado. Segundo, pois junto a morte do rei, o mensageiro já anunciara a festa da posse de coroa do príncipe Nuno.

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Massara tomou banho e vestiu o luto. Mesmo com o tom negro das roupas, voltou a ser a bela rainha de sempre. A todo momento chegava até sacada de seu quarto aguardando o retorno de Corvel com a guarda.

De longe pôde ver sobre os muros do palácio, as crinas dos belos cavalos voarem ao vento, junto aos galopes sincronizados.

Ansiosa, a rainha desceu as escadas exasperada e ficou a frente da grande porta do castelo esperando Corvel.

Os portões foram abertos para cavalaria passar. Massara viu todos entrarem. Sentiu seu coração arder, ao perceber que Corvel e nenhum dos guardas traziam Salvador.

Corvel apeou do cavalo, retirou o capacete e curvou-se diante de Massara.

"Percebi que meu filho, não está com nenhum de vocês."

"Majestade" Corvel parece tentar encontrar as palavras certas, para falar com Massara.

'Diga Corvel! Fale logo."

"Provavelmente Salvador está no fundo da cachoeira. Havia uma pedra com sangue escorrendo para dentro da água. Pela análise visual, vosso filho bateu na rocha antes de cair nas águas de cristais. Creio que em alguns dias o corpo deva submergir"

A rainha se põe a chorar, tinha que se conformar com a morte de seu filho, sem ao menos ter o conforto de verão o corpo.

Oi gente! Acho que não pus nenhuma palavra estranha. Mas se o fiz e não percebi é só me perguntar que respondo.

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