Apolo parecia mais feliz que Salvador, quem o visse diria que o animal negro de pêlo vistoso sabia que estaria de volta ao lar. A todo momento acenava para alguém que passava rumo a festa, alguns lhe conheciam e ficavam estupefatos, outros nem imaginavam de quem se tratava e simplesmente ignorava.
No caminho, os sinais que tudo deu certo com o plano. Os pais revoltados estariam ao lado de fora apenas como prevaução. Salvador sabia o quão fraco era Nuno, via a cena em sua cabeça. Seu meio irmão gritaria fazendo eco pelo palácio, mas quando entendesse que nada salvaria sua família cederia em tudo o que lhe pedisse.
Ao sair do caminho verde, a estrada que ficava no meio da mata bruta, Salvador já podia avistar toda a frente de pedra do palácio. No lombo de Apolo, emocionou-se com lágrimas que rolavam pelo seu rosto, em breve tudo o que tentaram lhe tirar e era seu por direito, estaria de vo
Serena, Dilany dormia na cabana aonde seria o cativeiro da realeza. Tinha algumas escoriações por conta da queda na ribanceira, mais nada demais. Estava sendo muito bem cuidada, apenas mantida desacordada, pelo tempo que fora necessário.A esponja que umidecia seus lábios, tinha a mesma erva que a deixou tonta e desnorteada quando partia com Madame Irlanda, era necessário que Dilany não acordasse, aquela que todos chamam de bruxa, não permitiria. 👑👑👑👑👑 Nuno repreenderia quem entrou em seu quarto. Todos sabem que aquele era o horário de suas orações e não gostava nem um pouco de ser interrompido. Estava de joelhos diante do oratório. Quando levantou-se, virou em cólera para ver de quem se tratava. Titubeou como se fosse cair novamente. Não podia acreditar quem ali na sua frente estava. Chegou a pensar em uma alucinação.<
Naquela manhã, um pouco antes do funeral de Ane. O periódico Arborense abalava as estruturas do palácio real."O que deu na cabeça de Teobaldo, René?" Nuno perguntava ao duque que tinha em mãos o periódico com a manchete sobre a morte de Ane Lerim.Abaixo do desenho de uma menina com a boca costurada, vinha o título da manchete. -- SEU SILÊNCIO É CONIVENTE -- Teobaldo auxiliado por Cristóvam, lembrou inúmeras mortes sem solução das meninas de Arbória."Os parentes violam essas meninas e querem que a responsabilidade seja nossa." O duque fala indignado."Não estou nem questionando quem comete os crimes. " Ele soca a escrivania."O que estou questionando é a empáfia de Teobaldo, não nos excluiu da conveniência. Deixou implícito para bom entendedor ler."
Galopou o quanto pôde. Com o tempo chuvoso, não ouvia mais o trote do animal robusto, apenas o barulho abafado de sua pata atolando na lama.A estrada de barro enlamassada não era mais acessível ao seu destino. Não havia o que fazer, iria aparecer do mustang negro e amarrá-lo a árvore mais próxima.A mulher elegante de meia idade, tinha em sua cara uma expressão do desespero. Seu cabelo de rainha, sempre muito bem arrumado com fios brilhosos que se entrelaçavam e rodeava a cabe&c
Galopando com sua capa preta de capuz e um chapéu que tapava ainda mais o seu rosto, Dilan via os raios eletrizantes e seus clarões cortar o céu, que saia de um azul para ficar completamente cinzento, junto aos barulhos estridentes do trovão. A revolta de Dilan era quase palpável, havia avisado ao cozinheiro do Rei que aquele não seria um bom momento para buscar o gado e os porcos.Desde criança já fazia esse trabalho com o pai. Ao longo dos anos, adquiriu experiência e mesmo com pouca idade, seus calos e joanetes lhe indicavam quando a tormenta cairia.Em Arbória, só a realeza e o clero podem obter terras, poder e fortuna. Aqueles plebeus que querem usufruir de um pedaço de chão, além de cultiva-lo com algum suprimento para o reino, algum homem da família tem de trabalhar a serviço do rei.Esse era o caso da família de Dilan, seu pai Cícero e sua mãe Bertha cultivam a maior plantação de verduras que abastece o reino. Cícero
Dor, desespero, e revolta consigo própria era o que a rainha sentia. Como pudera trocar um filho pelo outro? Se perguntava como foi capaz em atirar no próprio filho, questionava-se que espécie de mãe ela era. Massara implorava a Nuno que mandasse a guarda procurar Salvador, ao menos o corpo do filho queria enterrar com a nobreza que tinha direito."Salvador não entra mais no reino Arbória, nem vivo e nem morto." Sua fala era fria e implacável.Não concordando com a atitude de Nuno, Massara o enfrenta "Eu mesma falarei com Corvel para que procure meu filho, tão príncipe quanto você.""Não sou mais príncipe mãe, agora sou o rei, pois meu pai decidiu assim.""Meu filho Salvador seu irmão, será enterrado aqui. Neste reino." Ela afirma. "Aonde fora sua casa por trinta e dois anos."Massara dar as costas para Nuno e segue o longo corredor do palácio em destino a guarda real. Nuno não aceita a r
Madame Irlanda era uma incógnita no reino Arbória, alguns a viam como feiticeira do bem, outros como bruxa maligna e há aqueles que simplesmente a veem como uma opção barata de atendimento médico. Já que o médico Bartolomeu e seus filhos da mesma profissão, tem a medicina somente com interesses venais, jamais facilitam ou atendem por caridade.Nas mãos dessa mulher que a muito tempo vive na colinas do reino, mas que parecia nunca envelhecer, estava a vida do príncipe Salvador.Madame Irlanda estava com ele em um cômodo da choupana da família Ziran, ao lado de fora todos sentiam um cheiro de erva forte sendo queimada. A mulher tinha um maço de algum tipo de planta nas mãos, que mergulhava na água fervente, depois salpicando em cima do corpo do príncipe, pronunciando algum tipo de reza em dialeto desconhecido.Ao lado de fora, Dilan se dava conta do tamanho da responsabilidade que havia adquirido para si. O medo do príncipe de
Na noite anterior Salvador mal conseguira dormir, a todo momento lhe vinha a cabeça Dilany. Sem conhecer-lhe o rosto, havia se encantado pelo fato de uma jovem moça com tamanha destreza e bravura, ter se atirado nas águas de cristais para resgata-lo.O sol nem nascera quando Bertha fazia o desjejum para Dilan. A moça que se passa por um rapaz, sai todos os dias bem cedo para trabalhar em prol do palácio Arbória, conforme exigido no decreto de anos atrás feito pelo tataravô do falecido rei Conrado.O príncipe ouviu que Dilan iria sair naquele momento, levantou-se da cama rapidamente para falar com a campônia. Ele abre as cortinas feita de fios de madeira tintilintando um som plural, chamando atenção de Dilan e Bertha pelo barulho."Senhorita Dilany, por favor me dê um minuto." Ele pede a moça fazendo Bertha arregalar os olhos."Santo Cristo! Vossa majestade sabe da nossa mentira." A mulher se apavora.
Cícero apreensivo, sussurrava com Dilan dentro de um cômodo da choupana. "Estais louca minha filha! Podes ir para forca por desafiar a soberania com tamanha empáfia.""Se ele concorda com as atitudes do reinado Arbória, a forca nos espera de qualquer maneira. Vocês mentiram e eu também.""Sim. Por isso temos que tratar muito bem desse homem que está lá fora, Para que seja benévolo conosco." Cícero segura a mão da filha. "Entendo sua raiva, mas sua mãe e eu lhe protegemos e vamos continuar a fazer.""Não senhor meu pai. Fazer eu ser quem não sou, nem de longe é proteção. É só adiar um problema e gerar outro." Com a voz embargada, uma lágrima isolada escorre pelo rosto franzino de Dilan,Cícero limpa a gotícula com carinho do rosto da jovem. "Desculpa se não soube fazer as coisas da maneira certa minha filha.""Não pai, me desculpa o senhor por esse lapso de ingratidão que me ocorreu. Você e a mã