Eram tantas vozes ao mesmo tempo, que ficava difícil entender o que se passava. Dilany aguardava ao lado de fora, conforme prometera a Salvador. Contudo, após um curto período de obediência, ouvira o início de embates e resolvera entrar.
Empurrou a porta do pequeno templo a fechando de costas. Quando virou-se, a discussão acalorada cessou, deixando em seu lugar um silêncio constrangedor. Naquele instante os olhos curiosos daqueles que por ali estavam, eram voltados para si.
Olhos curiosos por assim dizer. Pois na verdade, muitos eram de desdém. Aqueles homem olhavam por cima a afronta da mocinha invadir uma reunião de suma importância. Nenhuma mulher deveria está ali -- pensavam -- nem mesmo as trajadas de calções e galochas, como despojava Dilany.
Alguns nem perguntaram, entenderam que Cícero fizera de sua filha homem para protege-la. Mas havia aqueles que não entendiam bem qual era a verdadeira natureza de Dilany Ziran.
Para total confusão de mu
Eram muitas dificuldades. Alguns poucos camponeses portando armamentos de pouco poder, contra uma guarda real muito bem armada. Tal discrepância poderia terminar em mais desgraça. Contudo, três fatores os fizeram seguir em frente. O trunfo, o efeito surpresa e a estratégia.O trunfo nada mais era que o príncipe de Arbória ao lado dos campônios, o efeito surpresa seria a total ignorância da realeza de uma possível retaliação. Já a estratégia, Salvador estava sendo totalmente contra."Meus sobrinhos e cunhada não tem nada haver com as atrocidades de meu meio-irmão. Atacamos ele e somente ele." Discorre convicto."Oras! Vossa alteza diz está do nosso lado e já está dando para trás no plano que nem começamos ainda." Questiona Joafram."Estou com vocês como a semanas atrás ao revelar-me para todos. O que não quero é, covardia com mulheres e crianças. Vós aqui estão justamente em reprova as atitudes de Nuno. Vamos o
"Haa" Os arreios eram frouxos, assim Raia disparava levantando poeira pela estreita estrada. Ao pensar no que sua vida transformara, cavalgar com Raia, era uma de suas poucas felicidades. Mesmo esse passeio não sendo recreativo, ainda sim lhe dava prazer a companhia de sua égua.No final da senda, avistava o carro que estaria Laureano, no meio de todos os homens do grupo, seria certo dizer que o pai de Josephine era o mais sensato, ou mais tranquilo como muitos diziam. Por isso fora escolhido para ficar com Dilany junto a rainha Catléya e seus filhos.O plano seguia seu curso, prenderiam a família de Nuno, apenas para que ele confesse seus crimes. Não os machucariam, a rainha e os pequenos príncipes, não poderiam ser punidos pelos erros atroz do rei.Ao aproximar-se, a camponesa vai puxando os arreios devagar, fazendo a égua parda frear a intensidade do galope. Dilany desceu do animal, ao lado do carro que
Apolo parecia mais feliz que Salvador, quem o visse diria que o animal negro de pêlo vistoso sabia que estaria de volta ao lar. A todo momento acenava para alguém que passava rumo a festa, alguns lhe conheciam e ficavam estupefatos, outros nem imaginavam de quem se tratava e simplesmente ignorava.No caminho, os sinais que tudo deu certo com o plano. Os pais revoltados estariam ao lado de fora apenas como prevaução. Salvador sabia o quão fraco era Nuno, via a cena em sua cabeça. Seu meio irmão gritaria fazendo eco pelo palácio, mas quando entendesse que nada salvaria sua família cederia em tudo o que lhe pedisse.Ao sair do caminho verde, a estrada que ficava no meio da mata bruta, Salvador já podia avistar toda a frente de pedra do palácio. No lombo de Apolo, emocionou-se com lágrimas que rolavam pelo seu rosto, em breve tudo o que tentaram lhe tirar e era seu por direito, estaria de vo
Serena, Dilany dormia na cabana aonde seria o cativeiro da realeza. Tinha algumas escoriações por conta da queda na ribanceira, mais nada demais. Estava sendo muito bem cuidada, apenas mantida desacordada, pelo tempo que fora necessário.A esponja que umidecia seus lábios, tinha a mesma erva que a deixou tonta e desnorteada quando partia com Madame Irlanda, era necessário que Dilany não acordasse, aquela que todos chamam de bruxa, não permitiria. 👑👑👑👑👑 Nuno repreenderia quem entrou em seu quarto. Todos sabem que aquele era o horário de suas orações e não gostava nem um pouco de ser interrompido. Estava de joelhos diante do oratório. Quando levantou-se, virou em cólera para ver de quem se tratava. Titubeou como se fosse cair novamente. Não podia acreditar quem ali na sua frente estava. Chegou a pensar em uma alucinação.<
Naquela manhã, um pouco antes do funeral de Ane. O periódico Arborense abalava as estruturas do palácio real."O que deu na cabeça de Teobaldo, René?" Nuno perguntava ao duque que tinha em mãos o periódico com a manchete sobre a morte de Ane Lerim.Abaixo do desenho de uma menina com a boca costurada, vinha o título da manchete. -- SEU SILÊNCIO É CONIVENTE -- Teobaldo auxiliado por Cristóvam, lembrou inúmeras mortes sem solução das meninas de Arbória."Os parentes violam essas meninas e querem que a responsabilidade seja nossa." O duque fala indignado."Não estou nem questionando quem comete os crimes. " Ele soca a escrivania."O que estou questionando é a empáfia de Teobaldo, não nos excluiu da conveniência. Deixou implícito para bom entendedor ler."
Galopou o quanto pôde. Com o tempo chuvoso, não ouvia mais o trote do animal robusto, apenas o barulho abafado de sua pata atolando na lama.A estrada de barro enlamassada não era mais acessível ao seu destino. Não havia o que fazer, iria aparecer do mustang negro e amarrá-lo a árvore mais próxima.A mulher elegante de meia idade, tinha em sua cara uma expressão do desespero. Seu cabelo de rainha, sempre muito bem arrumado com fios brilhosos que se entrelaçavam e rodeava a cabe&c
Galopando com sua capa preta de capuz e um chapéu que tapava ainda mais o seu rosto, Dilan via os raios eletrizantes e seus clarões cortar o céu, que saia de um azul para ficar completamente cinzento, junto aos barulhos estridentes do trovão. A revolta de Dilan era quase palpável, havia avisado ao cozinheiro do Rei que aquele não seria um bom momento para buscar o gado e os porcos.Desde criança já fazia esse trabalho com o pai. Ao longo dos anos, adquiriu experiência e mesmo com pouca idade, seus calos e joanetes lhe indicavam quando a tormenta cairia.Em Arbória, só a realeza e o clero podem obter terras, poder e fortuna. Aqueles plebeus que querem usufruir de um pedaço de chão, além de cultiva-lo com algum suprimento para o reino, algum homem da família tem de trabalhar a serviço do rei.Esse era o caso da família de Dilan, seu pai Cícero e sua mãe Bertha cultivam a maior plantação de verduras que abastece o reino. Cícero
Dor, desespero, e revolta consigo própria era o que a rainha sentia. Como pudera trocar um filho pelo outro? Se perguntava como foi capaz em atirar no próprio filho, questionava-se que espécie de mãe ela era. Massara implorava a Nuno que mandasse a guarda procurar Salvador, ao menos o corpo do filho queria enterrar com a nobreza que tinha direito."Salvador não entra mais no reino Arbória, nem vivo e nem morto." Sua fala era fria e implacável.Não concordando com a atitude de Nuno, Massara o enfrenta "Eu mesma falarei com Corvel para que procure meu filho, tão príncipe quanto você.""Não sou mais príncipe mãe, agora sou o rei, pois meu pai decidiu assim.""Meu filho Salvador seu irmão, será enterrado aqui. Neste reino." Ela afirma. "Aonde fora sua casa por trinta e dois anos."Massara dar as costas para Nuno e segue o longo corredor do palácio em destino a guarda real. Nuno não aceita a r