Capítulo 6

Pratas, cristais e porcelanas  para todos os lados. O novo rei não economizou nas festa de sua posse. Alguns nobres de reinos mais distantes, viajaram por cinco dias para chegar a Arbória.

A família real do reino Mazog foi uma das que demorou mais a chegar em Arbória, se perdera do príncipe Cristovam Giron. A festa estava prestes a dar início quando os Mazog chegaram sem o príncipe.

Catléya esposa de Nuno era quem recepcionava os convidados. A mulher belíssima, penteada de trança embutida lateral, com fitas de ouro traçados junto as fios, dando mais vitalidade ao cabelo loiro da jovem senhora.

Seu vestido era de camurça em um tom vinho, cravejados com berilos e acabamentos em rendas vermelhas, fazendo a cor vibrante, ser um contraste ao tom de sua pele alva.

Catléya esbanjando simpatia, abre o belo sorriso com a chegada da família Mazog. "Rainha Helena, seja bem vinda."  Ela cumprimenta a mulher baixinha de olhar intrigante.

"Obrigada! Com sorte chegamos, mesmo que as estradas para cá não estejam em bom estado." Vai se evadindo pelo enorme salão do palácio, seguida por um pequeno príncipe rechonchudo, que ataca as bandejas de quitutes que lhe passam a frente .

"Helena, Pedro!" Sem sucesso o rei os chama entre os dentes  "Não lhe dê atenção jovem rainha, ofereço minha desculpas em nome de Helena." Seu esposo o rei Giron fala encabulado.

"Não carece desculpar-se. A rainha não mentiu. No verão chove muito por aqui e as estradas ficam inviáveis realmente."

"Não é só isso. Helena está nervosa, porque nosso filho mais velho não quis vir no carro. Veio a galope e se perdeu da gente."

"Fique tranquilo, quando ele chegar a vila em Arbória o ensinam o caminho até aqui." Catléya conforta o rei.

"O problema é que Cristóvam há tempos não vive por esses lados mais rurais. Foi estudar fora, está acostumado com a vida mais urbana. Como fazem dois dias que ele saiu do nosso encalço, fico com medo de animais da grande mata, principalmente os felinos.

"Se quiseres posso m****r parte da cavalaria atrás do príncipe."

"Não é necessário. Metade da nossa comitiva já está o fazendo."

"Tudo bem!" Ela diz solicita."No que precisar estaremos aqui para ajudar."

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O pobre animal estava morrendo de sede, pelo caminho que chegou a Arbória não havia empório, mercado, taverna, estalagem... Ou qualquer coisa parecida. De longe além do barro seco, avistou ao chão um verde tão brilhante que tinha certeza ser de vegetação.

Sob o sol escaldante o príncipe Cristóvam se anima e acelera o galope, pois sabia que para aquela vegetação tinha que ter água abundante.

Levantando poeira, ele chega até a vegetação toda cercada por arame farpado. Viu apenas um casebre velho, muito distante da plantação de verduras, se entrasse ali e pegasse um pouco de água, nem notariam.

Com base nesse pensamento, amarrou seu cavalo em uma das ripas de sustentação da cerca, que tinha boa sombra cedida por um amoreiro.

Levantou um dos fios de arame e passou pela brecha invadindo a terra alheia. Sentiu-se sortudo ao ver um pequeno lago a direita da plantação e moringas armazenando águas pluviais. Um sistema inteligente ele pensou.

Pegou duas moringas cheia d'água e matou a sede do animal. Voltou a vegetação, colocou as moringas vazias no local e pegou mais duas cheias. Banhou o cavalo para refresca-lhe um pouco.

Agora voltaria lá para devolver a moringas e dá um rápido mergulho naquele lago. Pensou que aquela choupana era tão longe, que até alguém pega-lo em flagrante, daria tempo de sobra para correr.

Na plantação novamente, foi andando em direção ao lago. Ouviu passos e trote. Rapidamente se escondeu atrás de uma das muitas árvores que havia por ali.

"Droga!" Exclamou aos sussurros. "É bom o Tufão ficar quietinho, se não estamos em apuros."

Detrás da árvore, o príncipe avistou um rapaz mion, que mesmo no calor insuportável, trajava uma longa capa preta. Com ele trazia uma égua marrom e bem cuidada, parecia um animal de pouco valor, mesmo assim era bastante vistoso.

O rapaz começou a banhar o animal. Cristóvam sabendo que ele demoraria por ali, ficou apreensivo.

Algum tempo depois, o banho estava acabando. Para sorte do príncipe Tufão se comportou muito bem. Ficou em silêncio a todo tempo, era só o jovem ir embora e iriam seguir viagem até o palácio Arbória.

Mas assim como Cristóvam, o rapaz também decidiu dá um mergulho no lago. Tudo bem! Iria espera-lo entrar na água e sair dali em disparada.

O príncipe observava o rapaz retirar as galochas e as calças, notou que o jovem homem vestia calçolas até os joelhos com babados nas pontas.

"Que isso! Um Coração de Leão? O rapazola está vestindo calçolas femininas."

Curioso, ao invés de tomar rumo, continuou a observar. Ficou estupefato ao ver o rapaz tirar a capa e depois uma touca que prendia seu longo cabelo. Fazendo os fios negros cair sobre as costas. Ali se deu conta que se tratava de uma moça.

Sabia que era errado, mas ficou ali admirando a moça dando seus mergulhos. Havia saído do transe e iria embora, abusou o máximo da sorte que o abandonara no momento em que a égua da moça relincha e Tufão faz o mesmo em resposta.

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Seus pais sempre alertou Dilan para não banhar-se no lago a céu claro. Em tempos a moça o desobedecia. — Afinal sempre é um mergulho rápido e ninguém anda por aquela estrada deserta. — Pensara.

Agora estava ali e ouviu um relincho que não era de Raia. Tratou de sair da água e vesti-se rapidamente. Caminhou até a plantação pegando um pouco da terra preta adubada e passou no rosto. Ao olhar para os fundos viu o belo cavalo preso a madeira, próximo a um fio de cerca desalinhado.

Tinha certeza que alguém invadiu o terreno, iria montar na Raia e pedir ajuda, foi impedida quando uma mão tapou-lhe a boca por trás.

"Não irei fazer mal a senhorita. Apenas queria um pouco de água para o cavalo. Posso lhe soltar? Não vais a gritar?" Dilan assente e Cristóvam a solta.

"Saia já da minha casa." Dilan fala entre os dentes.

O príncipe levanta as mãos em rendimento. "Calma moça! Estou saindo."

"Moça! Não estás vendo que sou um homem!"

Com sorriso debochado no rosto ele a contesta. "Se foras homem, depois do que vi no lago, facilmente eu viraria um Coração de Leão. Acalme-se!" insiste " Conhecendo a soberania Arbória, posso imaginar porque trocou de sexo. Seu segredo está a salvo comigo."

Dilan não compreendeu bem o que o rapaz sujo e esfarrapado quis dizer, mas percebeu claríssimo sua palavras libidinosas. "Atrevido. Saia logo ou vou gritar."

"Tudo bem! Só mais um favorzinho." Ele pede com as mãos juntas. "Como faço para chegar ao reino Arbória?"

Se acalmou e achou melhor por ajudar o tal homem, afinal de toda maneira ele havia a visto. Era tão pobre quanto ela, com sorte compartilham da mesma ojeriza pelas leis infames de Arbória. "Não vai contar a ninguém o que viu aqui?"

Cristóvam encara olhos negros de Dilan. "Senhorita, de normal não tenho costume de falar da vida alheia. Imagina da vida de uma jovem se rebelando perante a um sistema vil e escravocrata. O que puder ajudar-lhe estarei aqui."

Dilan viu verdades na fala do jovem rapaz e em seus olhos cor de mel encantadores. Decidiu que mais do que mostrar o caminho, o levaria até o palácio Arbória.

"Monte no animal e me siga pelo lado de fora, vou levar-te até o palácio." A camponesa montou em Raia saindo em disparada, seguida pelo príncipe que fez o mesmo pela adjacência da plantação.

Oi Gente!

Devem está se perguntando porque cargas d'águas. Cristóvam quando viu Dilan de roupa intima feminina, pensando que era homem o chamou de Coração de Leão.

CORAÇÃO DE LEÃO, foi apelido do rei da Inglaterra no séc XII. Foi lhe dado por conta de sua coragem e determinação, não somente por sua bravuras em batalhas, como por assumir um relacionamento homossexual com outro rei da França. Só esclarecendo, Natureza Mortal não se passa no séc XII e sim entre o XVII e XVIII.


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