Com seu olhar engessado, madame Irlanda examinava as escoriações de Salvador.
"Estão secas." Diagnostica. "Calêndula e girassol uma combinação perfeita de cicatrizantes."
"Posso vestir-me?" Pergunta Salvador.
"Claro que sim alteza." Salvador fica a espera que Irlanda saia do cômodo, para que possa ficar de pé e pôr a roupa. "Não fique acanhado, não há nada aí que não tenha visto, pense em mim como uma médica, ou quem sabe uma amiga, ou quem sabe conselheira."
"O que queres dizer?" Pergunta afoito, talvez o príncipe não tenha gostado do tom de madame Irlanda.
"Sei de muitas coisas que podem lhe ajudar na grande batalha que tens pela frente."
"Já ouviu falar em batalha de um só homem que tenha ganhado?"
"Estais só por que queres. Tens que entender que não és mais príncipe. Pare de gozar dos frutos do nome Arbória e faça parte da família Ziran. Conquistando essa fam
Sobre os olhos curiosos de Gusmão e os demais servos, Cristóvam fazia hora na cozinha. Passava das nove da manhã.Mais uma vez uma serva pergunta ao príncipe. "Vossa alteza tem certeza que não posso oferecer-lhe nada?"Cansado de esperar e quem ele almeja não chegar, decidiu falar com a serva. "Gostaria de chicória para o meu desjejum. A que horas vão trazer?"A mulher enquanto picava as cenouras sobre a tábua de madeira, se espanta com o pedido do príncipe. "Vossa alteza vai comer chicória de manhã?""Sim. Faz.. é.... Faz muito bem para a pele." Ruboriza ao mentir descaradamente."Tenho na dispensa vou lhe servir." A serva se vira ligeiro e é interrompida por Cristóvam. "Não." Eleva a voz, causando ainda mais estranheza na mulher. "É que tem de ser fresca, colhida no dia.""Ah! Então só poderei servi-lhe amanhã quando rapaz entregar.""Ele só vem amanhã?"
Dilan andara meio cabisbaixa. Somente a Raia, a moça confessara que o motivo de seu desalento era a mentira de Cristóvam e o medo que ele conte seu segredo e acabe levando seus pais a forca.Chegou em casa com sua amada égua e viu sua mãe andar de um lado a outro na frente da casa. Assustada com os últimos acontecimentos pensou o pior.Pulou de Raia muito rápido e se dirigiu até a Bertha. "O que houve mãe?" Pergunta esbaforida."Vai acontecer uma desgraça nessa casa minha filha."As palavras de Bertha fizeram o estômago de Dilan fervilhar. Veio em sua cabeça que a descobriram. Pediria clemência ao menos pelos seus pais, eles não deveriam sofrer por protegê-la."Calma vou resolver isso." Ela conforta a mãe."Então você já sabe?""Sim.""Temos que tirá-lo de lá.""Prenderam meu pai?" Eleva as mãos na cabeça.
O fruto vermelho e aromático, coloria as macieiras das terras cuidadas pela família Lerin. Família essa formada pelo pai Antônio, um homem de meia idade que assim como Cícero Ziran tinha a função de agricultor. Pela mãe Lena, que costurava para o único empório do vilarejo de Arbória. E os três filhos, Silas o jardineiro a serviço do rei e as duas meninas Lili de apenas cinco anos e Ane que acabara de completar treze.Antônio saiu bem cedo para comprar suprimentos de cultivos para as maçãs. Lena ansiosa, a todo momento chegava a frente da pequena fazenda, aguardando que seu marido voltasse.A mulher tinha uma encomenda para entregar naquela tarde. Se caso não o fizesse, perderia a ajuda de custos que recebia sendo costureira. Não era muito, mas ajudava nas despesas de suas filha menores.Silas seu filho homem que trabalha conforme as leis de Arbória, só chegaria a noite e nada de seu marido Antônio voltar. Faltavam apenas meia
O ambiente pesava em tristeza e apreensão, a família Lerin estava no humilde casebre da família Ziran a espera de Dilan. Bertha fumegava um chá de camomila para servir a Antônio e Lena. Cícero fazia sala para os Lerin, todos estavam sentados a um velho estofado, somente a pequena Lili brincava no tapete de couro de vaca e Salvador se mantinha escondido dentro de um cômodo.Fazia muito tempo que Silas saiu de casa para falar com o rei e não havia voltado, deixaram um bilhete em casa avisando aonde estariam, caso o rapaz apareça.O trote de Raia, anunciava a chegada de Dilan. Ao apear do animal, a jovem ficou apreensiva ao ver tantos olhos voltados para si."Boa noite senhor Antônio, senhora Lena!""Boa noite rapaz.""Benção mãe, benção pai.""Que Deus lhe abençoe meu filho."Dilan ver os rostos aflitos da família Lerin, ela suspira fundo, pois não tem boas notícia
Desde a última conversa que tiveram, Cris e Dilan pouco se falaram. Nos últimos dias, o príncipe de Mazog estava recebendo o carregamento para a construção da linha férrea, quando voltava ao palácio, Dilan já havia ido embora.Cris era obstinado, uma de suas missões em Arbória era tirar Sanya do mundo sombrio e solitário em que estava. Depois do incidente com o Nuno, ele tentou algumas vezes tirar a.menina do quarto, mas sem sucesso. Ao menos ela conversava com ele na sala de artes.Era mais um dia desses de sol forte e calor incessante em Arbória. Cris saiu do quarto e foi direto para sala de artes procurar por Sanya. A menina não estava lá. Novamente o rapaz bateu a porta do quarto de sua amiga.Ao abrir a porta, depois de insistente batidas de Cris, Sanya revelou os olhos de pupilas dilatadas e vermelhas."Estais chorando!""Não." Responde com a voz embargada e fungando a coriza que lhe esco
A cavalaria aguardava o rei a frente do palácio, no total de 20 homens armados. Nuno descia a escada do castelo esbaforido. No meio do trajeto foi parado pela voz altiva de Massara."Nuno...""O que queres mãe?" Pergunta apressado.Com a firmeza costumeira, a duquesa fala palavras que seu filho não gostou de ouvir. "Escute bem Nuno. Se saíres, irei junto e mandarás tua mãe ao calabouço.""A senhora está ficando louca. Porque a mandaria ao calabouço?" Segue descendo rumo a saída.Massara eleva a voz "Estou farta dessa sua coerção em cima de Sanya. Se foras atrás dela e do Cris, irei lhe esbofetear a frente de quem quer que seja. Quem agride o rei é preso""Então a senhora sabe que Sanya largou o tratamento com o padre e está por aí com dois homens?""Não me interessa se ela está com homem ou mulher. O que me interessa é que minha filha está feliz. Não está trancad
Dormir não foi uma tarefa fácil para Dilan na última noite. Acordou tarde, somente conseguiu dormir na alta madrugada.Ao despertar, como todos os anos ao lado de sua cama, estava posto o desjejum de aniversário preparado por sua mãe. Frutas, queijos e broas, tudo preparado pelas mãos de Bertha.Sorriu ao perceber que a maior idade não tiraria seus mimos. A broa de milho fofinha, encaixava-se perfeitamente com o queijo branco cremoso. Uma combinação que grudava ao céu da boca.Dilany saboreava seu desjejum quando Bertha entra ao quarto tagarelando um cantiga de anos cumprindos."Ah mãe! Cheguei a maior idade e a senhora continua a me tratar como uma menina.""Isso lhe chateia?""Não. Claro que não. Me emociona e me sinto protegida."Bertha sorri e afaga os cabelos de Dilany "Sempre serás nossa menina. Aja o que houver?"A jovem envolve a mãe em um
Costumeiramente no dia seguinte após cumprir mais um ano de vida, Dilany sentia-se feliz pela festividade em família que acontecia todos os anos. Aquele ano estava sendo diferente. Mentiu tanto a seus pais, que sentira vergonha de si própria. Mentiu sobre o envolvimento com Cristóvam e inventou que o presente de Sanya era o livro que ganhara de Cris.A caminho do trabalho, só pensava em dar um jeito definitivo em toda situação. Não era certo mentir para família que tanto ama e respeita. Naquele momento, entrara no palácio Arbória para cumprir suas tarefas.Foi direto para os fundos do palácio. Dilan faria o trabalho que menos gosta. Iria recolher as águas sujas dos nobres e desembocar no sumidouro. Ao chegar na parte onde deixavam as tinas com os dejetos, não havia nada."Não creio que esqueceram de retirar as águas sujas da casa!" Falou consigo mesma. "Ja vi que hoje passarei o dia inteiro aqui." Resmungou."