- Bom Tatiana, tenho uma ótima notícia para você. - Cristina minha colega de trabalho, seria minha fisioterapeuta. -Não sei o que te disseram, mas você pode sim andar, claro que terão as dificuldades, mas com o tempo você volta a andar normalmente. - Percebendo meu olhar ela completou. - Mas você é uma ótima profissional, sabe o que estou falando. Não quero ser...- Não. - A interrompi. - Só, vamos fazer. Não estou aqui para mandar e desmandar. - Pelo menos até ela pensar em ser rude, como fazia com alguns pacientes.Vitor preferiu ficar do lado de fora, ele o Marcelo andaram se bicando no carro, e por fim tiveram uma breve discussão sobre quem iria me levar até a sala. Não dei preferência a nenhum dos dois, até porque eles poderiam se pegar na minha frente, e eu não queria pagar esse mico.Marcelo observava tudo atentamente do canto da sala. Não queria bancar a louca, mas a Cristina estava quase arrancando a calcinha e se jogando nele. Revirei os olhos e imaginei se por algum acaso
— Tati! Chegou um e-mail para você! – Minha querida mãe vinha gritando como se eu fosse uma vaca em fuga. — E desce logo desse cavalo menina!- Mãe pelo amor de Deus, já te disse, cavalo também tem sentimentos.- Deixe de besteira, e procura logo esse e-mail. – Ela me entregou o celular.Deixei meu celular com a minha mãe mais cedo, disse a ela que chegaria um e-mail, e ela podia abrir. Olhando nos olhos dela vi que minha mãe não abriu pelo mesmo sentido que eu estava ali. Medo.Respire fundo, limpei os dedos suados na calça suja e abri o e-mail que a faculdade havia de mandado.— Você vai pra faculdade? – Ela chegou perto de mim e forçou as vistas. — Vai ou não?Comecei a gritar, e sai correndo para avisar meu pai. Minha mãe corria atrás de mim, tadinha, não disse sim nem não. Entrei em casa e me joguei nos braços do meu pai, o celular foi parar no chão.— Fico feliz por você Tati. Já sabia que você conseguiria. Afinal, puxou pro pai.Depois de alguns tapas na perna, lições de moral
— Te amo filha.— Mãe credo! Não chora tá! Daqui á duas semanas estou aqui de novo.— Eu sei, mas você sempre vai ser minha pequena.Abracei minha mãe pela enésima vez e, entrei no carro.— Partiu São Paulo. – Meu pai me olhou de lado.Tinha um medo terrível de sofrer com piadinhas. Aqui em São Carlos me chamavam de Filha do Curupira, ou Caipora. Cabelo de fogo foi o mais bonitinho. Isso tudo por causa dos meus um metro e sessenta, e se não bastasse, meus cabelos ruivos dão o toque final. Já sofri muito bullyng, mas nem ligo. Gosto de usar jeans, camiseta e botas. Nada de vestidos, brincos, muito menos maquiagem. Fico igual ou pior que uma palhaça as vezes. E não é nada pratico quando tenho que ajudar meu pai na roça.No caminho, paramos tanto que nem achei que íamos chegar nessa semana, meu pai ia me levar e trazer o amigo dele pra passar uns dias lá em casa.O clima era de tensão, da minha e da parte dele.Conversamos bastante, rimos e quando o assunto ia ficar xoxo conectei meu cel
Meu pai foi embora na madrugada do dia seguinte e levou Marcus e a esposa, para passar uns tempos com eles.Não antes da Paula prometer que o Marcelo ia comigo todos os dias até a faculdade, enquanto eu não soubesse o caminho, que por sinal era mais perto do que pensei.O misterioso vizinho do lado nem dava sinal de vida. Eu morava praticamente sozinha na cobertura. Tinha uma piscina não muito funda que dividia com ele. A água era uma delícia.Meus dias foram assim, revólver as coisas da faculdade, televisão, comer besteiras, piscina, telefonar para minha mãe, e cama.No domingo resolvi deixar aquela vida ótima e fui estudar um pouco, não queria passar vergonha.Foi aí que o misterioso vizinho deu as caras.Primeiro algum doente mental pulou na piscina, e deu um grito, que me fez correr pra porta do quarto com o coração batendo loucamente. Depois eu ouvi risadas, e o nome dele repetidZ vezes.— Vamos logo Marcelo! .— Cara, vamos ter faculdade amanhã, por isso vamos beber até cair. –
Depois do sonho motivador que tive, o dia mal acabou de nascer e eu já estava de pé, tomando meu café preto, e comendo um pão caseiro que minha mãe tinha mandado. Já tinha tomado meu banho e me certifiquei de estar com todas as peças que compõe uma roupa adequada. Seis e meia ele passaria para me levar e eu esperei.Já tinha passado quase dez minutos, e ele não vinha.Eu peguei minha bolsa, minhas chaves, e saí, na esperança de ver ele saindo também. Mas nada, o corredor estava vazio, respirei fundo e peguei o elevador, desci, saí para a rua, e fui tentando me lembrar onde era.Depois de meia hora andando, me perdendo e voltando, comecei a xingar Marcelo mentalmente. Pelo menos eu cheguei na faculdade.Entrei correndo como.no sonho, me informei onde era a sala, que ficava no quarto andar, e que, não tinha elevador disponível. Acho que emagreci uns quilos. Meu professor me recebeu de cara feia. Pedi desculpas, e ele apontou um lugar meio no fundo da sala para mim.Assim que sentei, eu
Um mês inteiro se passou, e meu vizinho não vinha me levar para a faculdade, mas não faz mal, depois de conversar com o porteiro. Seu Jair um homem de mais ou menos cinquenta anos, descobri que não era tão difícil assim ir e voltar da faculdade pegando um ônibus. E de fato não era. Me perdi umas vezes? Sim, não nego. Chorei até o cobrador me colocar dentro de outro ônibus e conversar com o motorista. Quando chegou a minha vez de descer o carecão estava rindo. Mas eu cheguei em casa e isso era o mais importante.As loiras Rebecca e Letícia, ainda implicavam comigo, mas aprendi a ignorar gente desse tipo. Foco na minha carreira, fingia que não as via e direcionava toda a minha raiva nos estudos. Até porque se começasse a matança por raiva, meu vizinho seria o primeiro.Já era sábado aproveitei bem o dia. Li bastante, comi, assisti e quando o sedentarismo cobrou dos meus rins, levantei e limpei a casa. Dei uma olhada no celular e lembrei que minha mãe deveria estar surtando. Digitei o nú
Marcelo, meu lindo vizinho sumiu de novo, e eu já estava ficando louca, só estudava e comia, Ainda não tinha amigos, e os que achei ter, não me mandavam uma simples mensagem. Nada. Então, o jeito era assistir no tempo que me sobrava. Porquê até arrumar a casa eu fazia em tempo record.Foi aí que decidi falar com o seu Jair outra vez. Ele nem disfarçava a cara de bunda quando me via. — Bom dia Seu Jair. - Dei o ar da minha graça no balcão, na maior cara de pau.— Bom dia menina. - Ele me respondeu.— Se o senhor estiver sabendo de alguém que talvez esteja precisando de uma babá, ou sei lá mais o quê. Pode me indicar? - Apontei para mim.— Não está conseguindo custear a faculdade? – Ele me mediu de baixo a cima.— Não é isso. - Vencida senti meus ombros caírem. — Estou cansada de não fazer nada sabe.— Olha eu fiquei sabendo que uma doutora que mora aqui, quer alguém pra olhar o filho dela, ele tem sete anos, e não para um minuto, ela e o esposo trabalham bastante, o filho mais velho
Nas duas semanas que trabalhei na casa dos ricos, passei por muitas coisas.Primeiro o doutor Hebert tentou me cantar, depois tentou me dar dinheiro, que eu não aceitei, obvio. Tranquei a porta da minha casa, e fiz o sinal da cruz, precisava me focar nos estudos e fugir de um safado velho estava me deixando apreensiva. — Qualquer hora acerto um soco na carona dele. – Falei para o meu reflexo na porta do elevador. — Idiotão.O elevador chegou, e com ele meu maior pesadelo. O Doutor Hebert, que de cara já me deu um sorriso ladino. Ele só podia estar lá de propósito, já que morava abaixo de mim.— Tatiane. – Ele escorou a mão branca na porta do elevador. — Acredita que estava pensando em você?— Hum. – Dei um sorriso amarelo. — Errou o andar? Porque aqui é um pouco diferente do seu. – Me afastei dele com o coração na mão, era só alguns andares. O velho safado tocou no meu cabelo, e passou a língua nos lábios finos.— Sabe que não precisa ficar trabalhando assim, eu posso te oferecer