Primeiro Emprego

Marcelo, meu lindo vizinho sumiu de novo, e eu já estava ficando louca, só estudava e comia, Ainda não tinha amigos, e os que achei ter, não me mandavam uma simples mensagem. Nada. Então, o jeito era assistir no tempo que me sobrava. Porquê até arrumar a casa eu fazia em tempo record.

Foi aí que decidi falar com o seu Jair outra vez. Ele nem disfarçava a cara de bunda quando me via. 

— Bom dia Seu Jair. - Dei o ar da minha graça no balcão, na maior cara de pau.

— Bom dia menina. - Ele me respondeu.

— Se o senhor estiver sabendo de alguém que talvez esteja precisando de uma babá, ou sei lá mais o quê. Pode me indicar? - Apontei para mim.

— Não está conseguindo custear a faculdade? – Ele me mediu de baixo a cima.

— Não é isso. - Vencida senti meus ombros caírem. — Estou cansada de não fazer nada sabe.

— Olha eu fiquei sabendo que uma doutora que mora aqui, quer alguém pra olhar o filho dela, ele tem sete anos, e não para um minuto, ela e o esposo trabalham bastante, o filho mais velho que tem mais ou menos sua idade, e se eu não me engano estuda no mesmo lugar que você. Bem, eles não se dão muito bem. Mas mesmo assim hoje eu a vejo, e falo de você, vou passar seu número também, assim vocês conversam direitinho.

— Tudo bem seu Jair, pra mim não tem problema, eu sou irmã mais velha de três meninos. Tenho certeza que vamos nos dar muito bem.

Espero.

(***)

No outro dia, assim que eu cheguei da faculdade o telefone tocou.

— Alô!?

— Tatiana? Sou a mãe do Brendon, o Jair falou de você, sei que você estuda, eu e meu esposo trabalhamos até as onze da noite, e o Brendon chega as seis da escola, sei que nem te conheci pessoalmente, mas tenho pressa. Você pode começar hoje?

— Claro que posso, em que andar você mora?

— Moramos no quarto andar, vou esperar você na porta, de frente para o elevador.

— Ok.

— Você pode vir agora?

— Sem problema.

Peguei minhas coisas e saí, não sem olhar para a porta do senhor perfeição.

A minha nova patroa estava na porta do elevador. Caramba ela estava precisando mesmo.

—Ola. – Ela se aproximou e me estendeu a mão. — Me chamo Eloisa.

Eloísa, era alta, loira natural, olhos azul claros, e bem magrinha, parecia uma atriz.

— Vem. vamos entrar. – Ela me guiou para dentro.

O apartamento era todo arrumadinho, coisa de gente rica.

O esposo, o Senhor Herbert, era mais alto ainda, era magro também, e o rosto liso de tanta plástica, os cabelos eram claros também.

Ela chamou o menino. O Brendon era igualmente loiro, mas meio rosadinho, buchechudinho, os olhos claros igual os da mãe, ele parecia um anjinho.

— Filho essa é a Tati, ela vai cuidar de você.

— Oi Brendon. - Abaixei e estendi a mão.

— Quem fez isso com você?

— O que? - Pronto, já vai começar a zoação.

— Seu cabelo, parece cabelo de boneca.

— Ah, não. Já nasci assim.

— Interessante.

Eu não pude parar de reparar o pai do garoto me olhando. Parecia que ia arrancar um pedaço meu com os olhos.

— Bom Tati, é basicamente isso, as onze nós voltamos. Tchau, fiquem bem.

Deu um beijo no filho, e saiu, me deixando com o desconhecido.

Para minha surpresa ele era um anjinho, foi fazer a lição de casa na boa, sem ameaças de castigo. O que mais me preocupou foi uma praga de um cachorro pequeno, com dentes pra fora, assim que o menino abriu a porta, o pequeno demônio saiu, veio rosnando pra mim. Minha vontade era dar um pisão nele, se fosse meu, pelo menos tinha dado um chute, mas somente joguei minha bolsa na direção dele, quando a bolsa bateu, o cachorro saiu chorando. E eu fiquei com dó.

Depois de estudar um pouco, Brendon quis assistir televisão, ele sentou ao meu lado no sofá, e ficou quietinho, me apresentou cada personagem do seu desenho favorito. Enquanto assistia, eu comecei a passar a mão no cabelo dele, e quando dei por mim, o pequeno anjinho já estava dormindo com a cabeça no meu colo.

 Dei uma vasculhada e descobri onde era o quarto do menino. Nem isso a patroa me mostrou. Coloquei ele no quarto, dei um beijo na testa, e fui para sala esperar pela mãe dele.

Só que, ela não veio, e eu estava ficando desesperada. Fui indo para a porta, mas antes que eu conseguisse por a mão na maçaneta, alguém a empurrou com tudo, e bateu no meu pé, na hora me dobrei de dor, e pensei em xingar um monte de palavrão que, eu mesma inventei ali, mas o que eu vi me fez endireitar o corpo e esquecer da dor que corroía meu ser.

— Me desculpa, não tive a intenção. - Ele se adiantou até mim.

— Ah, deixa pra lá, foi só o susto mesmo. - Engoli em seco. Tomara que não fique um dedo meu para trás.

— Você é a nova babá do Brendon né?

— sso mesmo.- Respondi um pouco sem graça.

— Eu te conheço de algum lugar. - O coisa linda me estudava.

Quase falei para ele, que eu nunca morri e fui pro céu, mas fiquei quieta, e só respondi;

— Não me lembro.

— Já sei! Você é a vizinha do Marcelo, eu abri a porta pra você aquele dia.

— Ah, legal, obrigada, por abaixar o som.

— Não foi nada. Olha, agora vou tomar um banho, depois a gente se fala.

— Ok.

Meu Deus, o que era aquilo, o cara parecia um anjo, era branco como a mãe e o irmão, mas tinha o cabelo preto cacheado, olhos de um azul profundo. Era alto, e forte. O estilo roqueiro largado dava um charme nele.

Enquanto eu esperava ele sair, a dona da casa chegou. Sozinha, e com ar cansado.

— Boa noite. - Ela procurou pelo Brandon atrás de mim.

— Ele dormiu... Já faz um tempinho...

Eloisa me encarou, e depois de um tempo deu de ombros.

— Desculpa Tati, tivemos uma noite ruim, meu marido teve que ficar no hospital, vou descansar um pouco.

—Boa noite, até amanhã.

Aquela história estava muito mal contada...

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