Vizinho Misterioso

Meu pai foi embora na madrugada do dia seguinte e levou Marcus e a esposa, para passar uns tempos com eles.

Não antes da Paula prometer que o Marcelo ia comigo todos os dias até a faculdade, enquanto eu não soubesse o caminho, que por sinal era mais perto do que pensei.

O misterioso vizinho do lado nem dava sinal de vida. Eu morava praticamente sozinha na cobertura. Tinha uma piscina não muito funda que dividia com ele. A água era uma delícia.

Meus dias foram assim, revólver as coisas da faculdade, televisão, comer besteiras, piscina, telefonar para minha mãe, e cama.

No domingo resolvi deixar aquela vida ótima e fui estudar um pouco, não queria passar vergonha.

Foi aí que o misterioso vizinho deu as caras.

Primeiro algum doente mental pulou na piscina, e deu um grito, que me fez correr pra porta do quarto com o coração batendo loucamente. Depois eu ouvi risadas, e o nome dele repetidZ vezes.

— Vamos logo Marcelo! .

— Cara, vamos ter faculdade amanhã, por isso vamos beber até cair. – Outro amigo dele disse., — Cara hoje eu volto chapado..

Ainda bem que, depois de uns minutos os vândalos foram embora, e eu pude continuar meus estudos.

Por volta dás dez horas, como já era costume fui dormir. Só para acordar às três, com um barulho horrível de coisas caindo, gente rindo, e música eletrônica bem alta.

Fiquei meia hora me virando, vontade de ter uma arma, e botar todo mundo para correr não me faltou, levantei e calcei meus chinelos bufando fogo.

Bati na porta, ou melhor esmurrei a porta, e depois de uns cinco minutos, alguém abriu. Só um pouquinho;

— Oi, eu sou sua nova vizinha e...

— Marcelo, sua vizinha tá aqui! - A escuridão e o sono não me deixaram ver quem ele era. O escandaloso me encarou de volta enquanto Marcelo gritou coisas que não entendi .— Oi vizinha do Marcelo, ele pediu para perguntar o que você quer?

— Olha, amanhã tenho aula cedo, será que vocês podem abaixar o som? Nós moramos colados, eu to ouvindo tudo. Acredite, se ele peidar, eu vi saber se comeu muito ou pouco.

Ele abriu mais um pouco a porta e eu forcei os olhos. Comecei a me convencer de duas coisas. Ou eles estavam em uma sessão espiritual, ou estavam fugindo da polícia. A segunda opção era a que mais me assombrava.

— Tudo bem, como é seu nome mesmo?

— Tatiana.

—Ok Tatiane, e bons sonhos.

— Ana. – Disse. — Tati. Ana.

O infeliz fechou a porta com um risinho idiota nos lábios. Voltei para o meu lado e fechei a porta, passei a chave e só por precaução passei já

cozinha e levei uma faca para o meu quarto.

Deitei-me na cama com uma raiva enorme. Nem bem havia visto meu vizinho e já o odiava.

Em casa era assim, hora de dormir era hora de dormir e pronto. Eu adorava o silêncio da roça, e já sentia falta disso.

Acho que pensei por tanto tempo na minha casa que nem percebi a falta da música, a luz do terraço estava apagada, até mesmo a da piscina. Eles estavam lá, dava para ouvir uma conversa, algumas risadas.

— Perdi o sono. – Encarei o teto. — Mas que merda. Perdi meu sono!

Como a boa fofoqueira apurei os ouvidos, eu era o alvo daquela conversa deles, por algum motivo queria saber se mais uma vez seria o alvo de piadas.

— cara ela é ruiva de verdade. – Pela voz, era o porteiro daquele puteiro ao lado. — Estou te dizendo, tua vizinha é uma baita de uma ruiva e você me escondeu isso.

— Eu não escondi nada, nem sabia como ela era. Aliás, quem viu foi você. Esqueceu disso?

— É mesmo.

As vozes foram ficando mais distantes, logo era somente eu e a minha neura, a faca em baixo do travesseiro e meu celular.

Senti minhas pálpebras pesadas, fechei os olhos e fui engolida pelo sono.

Acordei de um salto, dentro de mim eu sabia que estava atrasada. Sem tempo de tomar café joguei um pacote e biscoito na bolsa e corri.

— Estou atrasada. – Senti a garganta apertar e o desespero cada vez maior.

Corri pelas ruas molhadas até parar de frente para o prédio da faculdade, entrei correndo e me atirei para dentro da sala. A aula já tinha começado, e a sala estava cheia.

Todos os olhares caíram em mim, a professora, que aliás era a mesma da quarta série apontou para mim e começou a rir.

— Cadê a roupa Tatiane?

— Ana. - Falei alto. - Ana!

A sala toda ria de mim e quando eu abaixei o olhar, estava nua.

— Meu Deus estou pelada!

Meus pelos pubianos, os cabelos da minha larissinha estavam espichados.

Tentei cobrir com as mãos. A risada aumentou até que se tornou um som, alto e contínuo.

Abri os olhos.

— Puta merda era um sonho! – Levantei a coberta. Estava de roupa. — Era um pesadelo.

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