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Capítulo Quatro — Theo Casali

Não pensei que Ceci aceitaria meu pedido. Quando propus de irmos conversar para que ela se acalmasse um pouco, pensei que seria atingido com um não em alto e bom som. Mas ela me surpreendeu quando respondeu exatamente o contrário.

— Tudo bem! — Ela sorriu, um pouco sem jeito. — Mas vamos ter que ir no seu carro, porque vou deixar o meu aqui para a Isis. — Ela respondeu, dando de ombros. — Ela deve ter notado minha cara de espanto. — O que foi? Pensou que eu iria recusar?! — Sua risada saiu baixa.

— Na verdade, sim. — Assenti com a cabeça. — Não que eu quisesse ouvir um não, mas é que você...

— Penso demais. — Ela me cortou, concluído minha linha de raciocínio.

— É! — Não pude deixar de rir. — Mas fico feliz em ser surpreendido dessa forma. — Dessa vez foi a minha vez em dar de ombros. — Mas só não entendi o motivo do carro ficar aqui.

— A Isis tem uma cópia da chave do meu carro. — Ela riu, dando de ombros. — Quando ela vem de carona e eu preciso ir embora, as vezes deixo o carro com ela. Vivo mais na casa dela do que na minha própria mesmo, então não é como se fosse um esforço muito grande ir buscar o carro. — Ela tirou a chave da ignição e pegou a mochila no banco de trás, junto com o celular. — Só vou mandar uma mensagem para ela antes. — Ela revirou os olhos ao desbloquear o celular. — Meu Deus! Ele não desiste! — Ela dedilhou alguma coisa e logo bloqueou o celular, o jogando na mochila.

Ceci era incrivelmente linda. A forma como prendia o lábio inferior entre os dentes quando ficava pensativa, ou o vinco que se formava entre suas sobrancelhas sempre que algo lhe incomodava, era tudo absurdamente sexy como o inferno.

Merda, preciso me afastar dessa garota antes que eu me queime totalmente com ela.

Outra hora eu penso numa forma disso acontecer, hoje só quero aproveitar um pouco mais o dia com ela.

— Pronta? — Perguntei, abrindo a porta do carro.

— Acho que sim. — Ela falou, contendo um sorriso sem jeito.

Caminhamos até minha caminhonete e vi que ela riu ao ver o carro.

— O que foi? — Perguntei, rindo também.

— Não imaginava outro carro para você. — Ela brincou, caminhando até a porta do passageiro.

— Então quer dizer que você imagina coisas sobre mim? — A provoquei.

Confesso que fiquei absurdamente feliz em saber que também invadi seus pensamentos, como ela fez comigo.

— Não fique se achando. — Ela revirou os olhos, abrindo a porta e pulando para o banco. — Tudo não passou de mera curiosidade. — Ela deu de ombros. — Isis disse que você tinha algum carro veloz, estilo Porsche ou Ferrari, que era mais a sua cara de garanhão. — Ela arqueou uma sobrancelha, me provocando.

Eu tinha uma Silverado 2022 da Chevrolet, que particularmente era o meu xodó.

— Não sei se me sinto lisonjeado ou insultado. — Ri, ligando a chave na ignição.

— Acredito que ela estava querendo te insultar mesmo. — Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou alto ao ver minha cara de falso espanto.

Essa risada.

Era como se eu sentisse em cada átomo do meu corpo.

Acordando tudo que pensei que estava adormecido em mim, até o que não devia acordar.

Ceci ligou o som e começou a tocar Ne-yo por todo o alto falante do carro. Imediatamente Ceci começou a cantar.

— Agora estou realmente surpreso com isso! — Falei, olhando de soslaio para ela.

— Por que? — Ela estava surpresa pelo que tinha acabado de dizer. — Não sou o típico de mulher que escuta pop? Ou você está surpreso que eu ouça Ne-yo? — Ela se recostou no banco, me encarando.

— A última parte mesmo. — Falei enquanto tirava o carro do estacionamento da faculdade e seguia até a avenida principal.

— O que você acha que eu escuto? — Ela cruzou as pernas em cima do banco, fazendo a saia de seda se acumular entre suas pernas, deixando as coxas quase a mostra.

Tive que me esforçar para manter a atenção no trânsito, do contrário, acabaria acarretando em um acidente.

— Hein? — Ela questionou, esperando minha resposta.

— Sei lá. — Dei de ombros, ainda tentando não olhar para suas pernas. — Taylor Swift? Algo do tipo... — Uma risada sem jeito escapou de meus lábios.

Passei a mão pelos cabelos e respirei fundo, me arrependendo no exato momento. O perfume dela estava impregnado no carro, dando jus ao apelido que dei a ela e fiz uma nota mental de levar o carro para lavar no final da tarde. Só para tentar afastar o cheiro dela.

— Também ouço. — Ela riu, dando de ombros e recostando a cabeça no banco, fechando os olhos e cantarolando baixo a música.

— Se importa? — Perguntei, apontando para os vidros. Ela prontamente negou e agradeci por isso, os abaixando para conseguir voltar a respirar normalmente.

Passei os próximos minutos quietos, tirando a música, o único outro som do carro era a voz dela cantarolando cada estrofe. Tentei não sorrir com aquilo.

Ela realmente curtia as músicas, do pop passou para o rap e ela cantou cada música, sem errar nenhum verso.

Me senti estranhamente excitado com aquilo. Me remexi um pouco no banco, tentando conter a ereção que teimava em aparecer.

— Por que você está inquieto? — Ela perguntou, quebrando o silencio do ambiente.

— Você está me deixando assim. — Respondi sem rodeios, a deixando surpresa.

Ceci abriu a boca, formando um “O” perfeito e ergueu as sobrancelhas.

— Somos mais parecidos do que pensei e isso por algum motivo está me deixando atordoado. — Ela assentiu e eu prossegui. — Se você fosse solteira, pode ter certeza que não estaríamos indo para um lugar público nesse exato momento.

— E para onde estaríamos indo? — Ela sussurrou, a voz cheia de sensualidade e rouquidão.

Me remexi mais uma vez no banco e passei a mão pelo rosto, tentando afastar a visão dela gemendo desse jeito no pé do meu ouvido.

— Para a minha casa. — Respondi na lata, sentindo minha própria voz rouca.

Ceci respirou fundo, soltando um pequeno gemido e passou as mãos pelas pernas, tentando conter o nervosismo.

— E o que você faria? — Sua perguntei saiu tão baixa que quase não ouvi, ela mantinha o olhar na janela, mas pelo espelho retrovisor externo dava para ver suas bochechas queimando.

— Arrancaria cada peça que está vestindo e perderia o máximo de tempo possível admirando cada parte do teu corpo. — Ela se remexeu no banco e cruzou as pernas. — Faria questão de beijar cada centímetro da tua pele, até você se perder em gemidos e sussurros. — Recostei a cabeça no banco, aproveitando que o farol estava fechado e fechei os olhos.

Ela iria me levar a loucura antes do final do dia.

— Não te chamei para espairecer para você me deixar doido... — Soltei uma risada baixa e apertei o volante com força, fazendo os nós dos meus dedos latejarem. — Fale de qualquer outra coisa que não envolva sexo, por favor! — Supliquei, voltando a atenção ao trânsito.

— Tudo bem. — Ela murmurou, parecendo ainda tentar recuperar o controle. — Você viu que o professor de antropologia passou um trabalho em dupla? Você vai fazer com quem? — Ela voltou a cruzar as pernas em cima do banco.

— Te peço para trocar de assunto e você está me chamando para ser sua dupla num trabalho? — Não pude deixar de rir.

— Não perguntei isso. — Ela deu de ombros.

— Mas você vai me chamar? — Rebati sua resposta.

— Eu ia. — Ambos rimos. — Mas agora já não sei mais.

— Você é inacreditável, moranguinho. — Brinquei, incrédulo. — Aceito fazer o trabalho com você. Agora sei porque as pessoas falam que sou masoquista. — Continuei ri. — Gosto de me torturar pelo jeito. — Olhei para ela e peguei seu olhar me encarando.

Passamos o resto do trajeto falando sobre assuntos amenos, que não trariam risco para nenhum dos dois. Assuntos que se baseavam na faculdade, nos trabalhos e aulas que tivemos, e íamos ter.

Chegamos ao local em menos de 10 minutos. Estacionei na vaga perto do parque, desliguei o carro e desci. Ceci fez o mesmo e se espreguiçou, alongando o corpo do trajeto.

Parei na sua frente no exato momento em que a camisa de seda subiu, mostrando um pouco da sua barriga e tive que respirar fundo para conter a enorme vontade em que estava de passar os dedos por ali.

Ela deve ter reparado em meu olhar, pois rapidamente arrumou a roupa e fingiu que nada havia acontecido.

— Vamos? — Apenas assenti e comecei a caminhar.

Paramos num carrinho de sorvete e compramos cada um uma casquinha para si. Ela pegou uma de chocolate belga e morango e eu escolhi menta com chocolate e churros.

Nos sentamos na grama, ficando em silêncio enquanto admirávamos a vista do parque. Esse horário nunca tinha muitas pessoas, só algumas poucas caminhando, algumas sentadas nos bancos.

Sempre vinha aqui quando precisava espairecer, ou só relaxar um pouco.

Olhei para Ceci e me arrependi no mesmo momento. Ela estava lambendo o sorvete com tanta concentração, que me peguei pensando em como seria ter esse mesmo foco dela lambendo outra coisa.

Puta merda!

Senti meu pau latejar por baixo da calça.

— A quanto tempo você namora? — Decidi quebrar o silêncio e arranjar uma distração que me ajudasse.

— Quatro anos. — Ela falou secamente. — Mas duvido que chegue no próximo aniversario. — Questionei o motivo. — Acho que estamos acomodados. — Ceci mordia a casquinha enquanto falava. — Não temos mais o calor do começo do namoro, na verdade acho que nunca tivemos e só estou vendo isso agora. — Ela soltou um longo suspiro. — Quero mais do que ele está me dando e o que eu quero ele não vai me dar.

— E o que seria isso? — Me virei para ela.

Ela se remexeu na grama, inquieta com a pergunta e quase pensei que não teria uma resposta para ela.

— Estou cansada de sempre estar no controle na hora do sexo. — Ela soltou rápido, como se fosse se arrepender se pensasse demais na resposta. — Estou cansada de dominar na relação e ele não faz nada para mudar isso.

— Você quer alguém que te domine. — Limpei a boca, terminando o sorvete. — Quer ser submissa na hora do sexo e está cansada de tomar atitudes no relacionamento. — Ela assentiu, me encarando com aqueles olhos lindos e cheios de expectativas.

Como se tivesse encontrado seu pote de ouro no fim do arco íris.

E acho que havia encontrado mesmo.

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