Ela é mestre em me provocar.Juro que minha vontade era de deitar aquele corpo maravilhoso, na bancada da cozinha e fodê-la até que esquecesse o próprio nome.Mas me contive, porque sabia que a qualquer momento o ex dela poderia aparecer e respeito o fato dela não querer contar sobre nós agora. Afinal, é recente demais, não sabemos ao certo onde isso dará, por mais que eu queira gritar aos quatro cantos o quanto amo essa mulher, vou me esforçar para me conter.— Doutor Theo? — a voz da enfermeira Sara me desperta de meus pensamentos.— Hum? — respondi, focando a atenção na pequena figura parada próximo a minha porta — Sim, Sara?Me esforço para prestar atenção nela, por mais que meus pensamentos queiram vagar na confusão em que minha mente está. Preciso trabalhar.— Chegaram os resultados do paciente Ricci, posso avisar a mãe dele? — ela perguntou e só então reparei que está com alguns papéis nas mãos.Ricci?Estou quase concordando com ela, quando minha ficha cai. Murilo!Me levanto
Alguns minutos depois do Theo ir embora, o Noah apareceu, como um relógio.— Já vai! — respondo assim que ouço a campainha tocar.Desço as escadas enquanto termino de abotoar a camisa preta que escolhi para ir trabalhar.— Bom dia — falo, ainda segurando a maçaneta da porta.Noah está recostado no batente dela. A camisa social azul royal impecavelmente passada faz par com a calça social de mesma cor. Ele está focado terminando de fazer o nó na gravata — ou pelo menos tentando.— Deixa que eu te ajudo — me ofereço e pego as pontas da gravata sem esperar uma resposta dele.Ele bufa, me fazendo soltar uma risada baixa.— Qual é a graça? — pergunta, tombando a cabeça de lado.— Nada de mais — falo, negando com a cabeça — É só que é engraçado sua confusão em dar um nó na gravata quando você se veste tão impecavelmente bem.Ele abre a boca, fingindo ficar ofendido, mas sei que está se divertindo. O sorriso de canto em seus lábios, não nega.— Me senti magoado agora — fala, arqueando uma sob
Volto para o consultório em cima da hora da minha próxima consulta, o que no fundo é bom para mim. Servirá de ocupação e evitar que meu cérebro derreta pensando nos milhares de motivos que levou a Ceci estar tão calada hoje. No começo pensei que poderia ser por conta dos exames, mas, felizmente (ou não) a conheço bem o suficiente para saber que não era esse o motivo.Havia algo a mais a preocupando. Diversas vezes a peguei com o olhar vago, mordendo a ponta dos lábios ou cutucando os dedos. O que quer que seja, é grave o bastante ao ponto de assustá-la.Por mais que a preocupação esteja me corroendo por dentro, me esforcei para não pressioná-la. Quando — e si — ela precisasse de mim, me contaria.O paciente chegou, me fazendo deixar, momentaneamente, os pensamentos de lado.A consulta acaba rápido, é somente algo de rotina, então em menos de meia hora, a mãe e a criança já estão caminhando para fora do meu consultório.Resolvo usar o restante do meu horário para terminar de preenche
Estaciono o carro na garagem e desço, noto que todas as luzes estão apagadas. Algo bem incomum.Será que a Betina saiu? Ela sempre me avisa quando sai assim.Destranco a porta e entro, a trancando enquanto observo com atenção qualquer mínimo barulho que possa me indicar que tem alguém em casa. Que ela está em casa.As luzes do primeiro andar também estão apagadas. Subo as escadas, a cada dois degraus.— Betina? — a chamo, enquanto sigo até o quarto. Vejo a luz do nosso quarto acesa e respiro aliviado e só então percebo que havia prendido a respiração até aquele momento.Depois do diagnóstico dela, passei todos os dias com medo de chegar em casa e encontrá-la desmaiada, ou algo pior. Por mais que eu, como médico, saiba que não temos controle sobre isso. Não tem um manual que nos ajude a enfrentar essas situações sem sentir o pavor da morte.— Tina? — sussurro, enquanto abro a porta.A encontro enrolada na coberta e toda encolhida na cama, como se estivesse tentando a todo custo desa
Não surta Cecília! Meu coração bate acelerado e agradeço ao fato de ter escolhido vir de tênis para o primeiro dia da faculdade, já que como sempre, estou atrasada. Pego o papel com a grade das aulas de dentro da pasta que carrego nos braços. — Sala 33... Trinta e... Ai! — Com a pressa não me dou conta que esbarro em algo. Ou melhor, alguém. — Eita! — Por algum motivo a voz dele fez meus pelos se arrepiarem. — Olha por onde anda, princesa. — E que voz. E olha que nem olhei para o dono da voz ainda, estou vermelha demais para encará-lo. — Desculpe... — minha voz é quase um chiado e meu rosto pega fogo de vergonha. — Não percebi que tinha alguém... Deus é pai! Que homem é esse? — Na minha frente —obrigo-me a terminar a frase, mesmo sem saber como consegui fazer a voz voltar ao normal. — Deixa que eu te ajudo com isso — Ele pega o papel da minha mão e enquanto analisa as minhas aulas, pude enfim, fazer o mesmo com ele. Ele tem o queixo marcado, a barba está bem f
— Então quer dizer que os dois fazem o mesmo curso? — Isis brinca, falando com o Theo. — Ceci vai ter que me aturar por 4 anos — Ele pisca para mim, batendo o ombro no meu, rindo. Nunca achei meu apelido sexy. Até aquele momento... A forma como ele pronunciava aquelas pequenas 4 letras, fazia uma onda elétrica percorrer meu corpo e parar num lugar abaixo do umbigo. Um lugar que a muito tempo não vibrava daquela forma. Nesse momento, percebo quão monótono está o meu relacionamento. Davi era maravilhoso, mas depois de 4 anos de relacionamento, não sinto mais as borboletas no estômago, ou aquele calor que nos invade sempre que estamos perto de quem desejamos. Nosso namoro foi do fervente ao gélido, com uma rapidez enorme. Noto isso agora, com a falta das sensações rondando meu corpo.— Ceci? — A voz preocupada da Isis me desperta de meus pensamentos depressivos. — Hã? — Levanto os olhos do meu prato e dou de cara com dois pares de olhos preocupados. — Oi, Isis. — Percebo que
O que ela estava fazendo comigo? Passei a noite inteira em claro, pensando nela. O que já não era nenhuma novidade, já era rotina a quase um mês, desde que a conheci. Os primeiros raios de sol entravam pelas persianas ligeiramente fechadas e resolvi levantar antes do despertador. — Preciso queimar tudo isso de alguma forma. — Fui direto para o banheiro e tomei uma ducha rápida, vestindo a primeira roupa que eu achei. Tomei uma caneca de café e escovei os dentes, descendo para a academia do condomínio. Nunca treinei tão intensamente como hoje. Voltei pingando para o apartamento e sentindo o corpo até mais leve. Meus pensamentos não estavam mais enevoados como antes e conseguia pensar com mais clareza. — Ela não pode se envolver comigo. — Repetia para mim mesmo enquanto preparava meu café da manhã. — Ela namora e é totalmente diferente de mim. Em tantos quesitos... A lembrança do seu sorriso me veio à mente. A forma como ela mordia o interior da bochecha quando estava excita
Não pensei que Ceci aceitaria meu pedido. Quando propus de irmos conversar para que ela se acalmasse um pouco, pensei que seria atingido com um não em alto e bom som. Mas ela me surpreendeu quando respondeu exatamente o contrário. — Tudo bem! — Ela sorriu, um pouco sem jeito. — Mas vamos ter que ir no seu carro, porque vou deixar o meu aqui para a Isis. — Ela respondeu, dando de ombros. — Ela deve ter notado minha cara de espanto. — O que foi? Pensou que eu iria recusar?! — Sua risada saiu baixa. — Na verdade, sim. — Assenti com a cabeça. — Não que eu quisesse ouvir um não, mas é que você... — Penso demais. — Ela me cortou, concluído minha linha de raciocínio. — É! — Não pude deixar de rir. — Mas fico feliz em ser surpreendido dessa forma. — Dessa vez foi a minha vez em dar de ombros. — Mas só não entendi o motivo do carro ficar aqui. — A Isis tem uma cópia da chave do meu carro. — Ela riu, dando de ombros. — Quando ela vem de carona e eu preciso ir embora, as vezes deixo o carro