Capítulo Cinco — Cecília Prado

Ouvir o Theo falando tão facilmente sobre dominação me deixou realmente excitada. Ele dominava o assunto e falado sobre com uma fluidez, que me dava uma certa inveja.

— Você sabe do assunto pelo visto. — Abracei os joelhos, apoiando o queixo neles enquanto prestava atenção em cada palavra que saia da sua boca desenhada.

Aqueles lábios.

Passei a m*****a noite inteira imaginando como seria tê-los percorrendo pelo meu corpo e ouvir sua pequena fantasia no carro, me deixou completamente aturdida.

Só confirmou que nossa atração era mutua e que ele queria o mesmo que eu.

Mas minha consciência me impedia de realizar meus desejos, por mais que eu quisesse.

— O que tanto essa cabeça está pensando? — Ele bateu levemente na minha cabeça. — Está quase saindo fumaça dela. — Ele riu.

— Nada demais. Só que... — Dei de ombros e soltou um longo suspiro. — Se tivéssemos nos conhecido antes, talvez pudéssemos... — Puxei alguns pedaços de grama numa tentativa de conter meu nervosismo. — Ter dado certo.

— Talvez... — Ele sussurrou, mexendo na barra da calça. — Você é incrível e merece muito mais do que tem. — Ele encolheu os ombros. — Só queria que soubesse disso. Um dia você vai encontrar o que tanto procura. — Theo se virou para mim e prendeu meu olhar ao dele. — Alguém que te satisfaça de todas as formas que deseje e que te faça sentir viva, desejada e a cima de tudo; amada!

— Acho que já encontrei essa pessoa. — Pensei que havia somente pensado isso, mas percebi pela cara de espanto dele, que havia verbalizando em voz alta. — Merda! — Escondi o rosto com as mãos. — Não era para ter saído em voz alta.

— Imaginei que não. — Ele riu baixo, tentando amenizar a situação. — Mas que bom que saiu. — Ele deu de ombros. — Saiba que é mutuo.

— Você sempre gostou de dominar? — Resolvi voltar o assunto para ele.

Ele apenas assentiu em resposta, avaliando minha expressão.

— Por que? — Minha curiosidade estava gritando para descobrir.

— Porque gosto do controle e da sensação que ele me dá. — Ele deu de ombros e sorriu. — Gosto de ver a pessoa abaixo de mim sob meu comando e sentindo prazer com isso. — Ele estava com um meio sorriso no rosto e seu olhar entregava a excitação que estava sentindo com aquilo. — Você nunca foi dominada? — Ele perguntou, curioso e eu neguei com a cabeça. — Ah moranguinho... — Ele sussurrou, fazendo todo meu corpo se arrepiar com o tom rouco que sua voz tomou.

Theo pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atras da orelha, fazendo meu corpo se arrepiar com aquele simples toque.

— Tão linda e cheia de surpresas. — Ele sorriu. — Tão perigosa quanto uma caixa de pandora. — Ele suspirou. — Pena que está fora do meu alcance.

Theo mudou de assunto antes que eu pudesse rebater seu comentário e o resto da tarde conversamos sobre qualquer assunto que não envolvesse sexo, ou qualquer coisa relacionada a isso.

Percebi o quão engraçado ele é. É uma pessoa fácil de ter ao lado, alguém que conseguia arrancar um sorriso ou risada de qualquer pessoa sem esforço algum.

Quando ele me deixou na frente do meu apartamento já era noite e avistei meu carro estacionado no meio fio, sabia que a Isis havia o deixado ali para mim.

— Nos encontramos amanhã? — Theo perguntei, se recostando na caminhonete. — Na faculdade?

Assenti. Ele cruzou os braços e apoiou um pé sob o outro, me encarando. Sentia seu olhar me queimando a pele e era como se ele me despisse com os olhos. Me senti vulnerável a ele e ao mesmo tempo dominada.

Então era essa a sensação?

Poderia me acostumar com isso.

— Acho que é melhor eu entrar... — Apontei para a entrada do apartamento. Ele apenas assentiu e caminhou até mim.

Theo enfiou os dedos entre meus cabelos, apertando levemente minha nuca e beijou minha bochecha, permanecendo com os lábios em minha pele por mais tempo que o necessário.

O toque de sua boca acendeu uma enorme chama dentro de mim, queimando cada pedaço de pele que eu tinha, acumulando o calor abaixo do meu ventre, num lugar que a muito tempo não sentia nada de diferente.

— Estarei aqui quando você estiver pronta pra isso... — Ele sussurrou com a boca contra minha pele, me causando um formigamento na pele.

— Boa noite. — Só consegui responder isso, antes de virar as costas e sair.

Não me virei para vê-lo ir embora, não tinha auto controle suficiente para isso, mas pude ouvir o som do motor da s10 se afastando.

Joguei a mochila em cima do sofá assim que adentrei no apartamento.

— Nossa demorou hoje. — Davi apareceu na soleira do quarto, quase me causando um infarto.

Tive que me apoiar na porta para não cair dura no chão.

— Puta merda Davi! — Esbravejei ainda tentando acalmar o mini infarto que estava tendo. — Me avisasse antes de aparecer assim, cacete!

Caminhei até a cozinha em busca de um copo d’agua.

— Eu avisei! — Ele resmungou, me seguindo até a cozinha. — Se você olhasse suas mensagens saberia que viria para cá hoje. — E continuou resmungando.

Estava cansada daquilo.

— Vai começar?! — Resmunguei, tensionando o maxilar. — Se for para me tirar do sério... — Apontei para a porta. — Pode ir embora.

— A gente precisa conversar Cecilia! — Ele continuou falando.

Enchi um copo com água e bebi tudo de uma vez, tentando ocupar a boca com algo para não xinga-lo.

— Você quer dizer brigar! — Coloquei o copo na pia, mas a vontade era de tacar nele. — Não vou entrar nessa com você! Hoje não! — Fui para o quarto, sendo seguida no encalço por ele, logicamente.

— Você nunca me deixa falar, porra! — Ele esbravejou e me virei para ele, o vendo esfregar as mãos no rosto, em frustração.

Quando foi que seguimos por esse rumo?

Davi não era feio e muito menos uma má pessoa.

Tinha mais de 1,90 cm, cabelos loiros e lisos, olhos azuis e porte físico de esportista. Era engraçado e costumava me fazer rir com mais facilidade do que me fazia chorar, agora.

— Para onde estamos indo, Davi? — Perguntei me sentindo cansada de tudo aquilo. — Como viemos parar aqui? — Me joguei na cama, sentando na ponta dela.

Ele respirou fundo e se aproximou de mim.

— Eu tenho um puta medo de perder você Ceci... — Ele admitiu, se ajoelhando na minha frente.

— E com essa atitude é exatamente isso que está acontecendo... — Sussurrei, olhando em seus olhos. — Você está me perdendo, na verdade acho que já nos perdemos um do outro, só não queremos enxergar isso.

Ele apertou os lábios, assentindo. Dava para ver a dor em seus olhos e devia estar servindo de reflexo para a que transparecia nos meus também.

Fim de relacionamento é sempre doloroso.

— Estamos terminando? — Ele sussurrou, temendo a resposta.

— Eu não sei... — Dei de ombros, sem saber como responder aquela pergunta. — Só preciso de um pouco de tempo e espaço.

— Ok. — Ele se levantou. — Vou lhe dar isso. — Davi enfiou as mãos no bolso. — Só não lhe prometo que estarei aqui quando perceber a burrada que está fazendo.

— É sério Davi?! — Revirei os olhos, incrédula no que havia acabado de ouvir. — Você é um babaca! — Balancei a cabeça, sem acreditar naquilo.

— Mas foi esse babaca que te satisfez por 4 anos! — Ele arqueou a sobrancelha e encolheu os ombros.

Como se aquilo fosse digno de um prêmio.

Você fez o mínimo, filho da puta! E ainda fez muito mal feito!

— Até o meu vibrador me satisfaz melhor do que você, cretino! — Rebati e sorri ao ver a cara de espanto dele. — Some do meu apartamento!

Ele abriu a boca para responder, mas desistiu e tornou a fecha-la, balançou a cabeça e saiu do apartamento, batendo a porta o mais forte que conseguiu.

— Babaca! — Gritei no silêncio do meu apartamento.

Peguei meu celular na mochila e procurei o contato da Isis, digitando rapidamente uma mensagem para ela.

Cecília: Eu e o Davi acabamos de terminar. Eu acho...

Não sei bem, foi confuso!

Isis: Aleluia! Demorou demais para isso ainda.

Calma aí, como assim você acha?!

Isis me ligou antes que eu digitasse a resposta para ela. Atendi a ligação de vídeo e contei tudo que havia ocorrido. Fofocamos por quase 2 horas enquanto eu acabava com uma garrafa de vinho.

O assunto saiu de um término para mandar mensagem para o Theo, numa velocidade muito grande.

— Eu mandaria mensagem para ele se fosse você. O que você tem a perder? — Ela brincou, enquanto terminava de pintar as unhas dos pés.

Ainda me assustava com a flexibilidade dela, parecia uma mulher elástica.

— Minha dignidade, sanidade e juízo?! — Rebati, a fazendo rir.

— Isso aí o Davi já tomou de você a muito tempo amiga, sinto lhe informar. — Ela deu de ombros e eu mostrei o dedo do meio para ela.

O resto da noite foi um emaranhado de memórias, confusas e misturadas junto com o álcool que eu me afundei de tanto beber.

Acordei com um barulho ensurdecedor na minha cabeça, que fazia meu corpo tremer de dor e a cabeça latejar.

Só então percebi que era meu despertador. Olhei no visor e eu tinha 20 minutos para me trocar e chegar na faculdade.

— Merda! — Resmunguei, sentindo meu corpo reclamar contra mim por ter abusado do álcool em plena terça-feira. — Nunca mais na vida eu vou beber!

Cheguei na faculdade com 20 minutos de atraso. Corri até a sala e cheguei na hora em que o professor apagava as luzes para mostrar alguma palestra sobre o início do jornalismo.

— Cecilia. — Ele me cumprimentou, com a repreensão velada.

— Professor Marcel. — Entrei na sala, sentindo todo meu corpo queimar de vergonha. — Desculpa o atraso.

— Da próxima vez você não entra. — Ele respondeu, voltando a atenção para o slide.

Assenti e segui até o meu lugar de costume. Me afundei na cadeira, torcendo para os alunos retomarem a atenção na palestra e não em mim.

— A noite foi boa hein. — Theo sussurrou em meu ouvido, fazendo todo meu corpo reagir em resposta a ele.

Maldito corpo traidor.

— Pelo contrário... — Apertei as têmporas, tentando amenizar a dor de cabeça.

Mesmo tomando duas dipironas, não havia amenizado a dor e o enjoo por conta da bebida também estava presente.

Senti as mãos dele massageando os meus ombros e tive que morder o interior da bochecha com força para engolir o gemido que queria sair.

— Como eu precisava disso... — Sussurrei, fechando os olhos e jogando a cabeça de lado, lhe dando mais acesso a minha pele.

Theo massageava cada ponto rígido do meu pescoço, ou seja, todo ele. Ele descia os dedos até o meio das minhas costas, subia para a nuca e depois deslizava pelos braços, até a altura do cotovelo.

Minha pulsação aumentou e o calor que senti no dia anterior ao sentir seu toque, reapareceu, se acumulando abaixo do meu ventre.

Ouvi sua risada baixa e sabia que ele havia percebido o que causava em mim.

— E a proposito... — Ele se inclinou até mim e sussurrou em meu ouvido. — Fiquei surpreso com a sua proposta de ontem a noite. — Seus lábios causavam arrepios em minha pele. — Não esperava aquilo.

Espera... Mas que proposta?

E foi exatamente isso que perguntei a ele, mais alto que o necessário.

E novamente a atenção de todos se voltaram para mim, inclusive a do professor.

— Quer compartilhar com todos essa proposta, senhorita Cecília? — Ele perguntou, rabugento. — Acredito que deve ser mais interessante do que a aula em questão. — Ele cruzou os braços e me encarou.

Neguei com a cabeça e afundei ainda mais na cadeira.

— Acho melhor você olhar suas conversas. — Theo sussurrou antes de voltar para o seu lugar.

Foi exatamente o que eu fiz e quase caí para trás ao ver o que havia mandado para ele durante o excesso de álcool que fiz meu corpo ingerir.

Eu estava tremendamente fodida.

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