10 Anos Antes...
NOVA YORK...
Nós estávamos deitados embaixo da nossa árvore como o habitual, o vento balançava as folhas da árvore de um lado para o outro, a grama aquecida fazia cocegas na minha pele exposta. O clima perfeito para aquele dia ensolarado e quente. dias assim estão bem raros ultimamente, era como se fosse feito especialmente para nós hoje. Minha cabeça descançava em seu braço músculos, sua pele morna. enquanto isso eu acariciava sua mão. me sentia acolhida, amada em seus braços. eu sinto que qualquer coisa de ruim no mundo não poderia me atingir enquanto eu estiver aqui em seus braços, em meu refúgio secreto, que sei ser só meu. Mas aquela gostosa paz não durou por muito tempo.
-Eu vou embora.
Falou o mesmo com a voz baixa, era nítido em sua voz o desaprovamento em dizer tais palavras. sinto o desespero me tomar, minhas mãos ficam gélidas, um arrepio atravessar meu corpo. sinto que o clima quente e fresco de antes foi substituído por uma nevasca fria e rigorosa. Me levanto e fico sentada de costas para o mesmo, o ouço suspirar. Ele sabe que estou irritada, triste e magoada. ele está quebrando sua promessa, a mesma promessa que me fez aqui embaixo, em um dia ensolarado como hoie, mas que está sendo arruinado. ele vai me deixar, vou ficar sozinha novamente. meus olhos ardem e sinto as lágrimas ameaçar a cair.
- Como assim ir embora? - repito suas palavras ainda inerte, inacreditada.
Volto meu olhar para o mesmo que ainda está deitado, aponhando a cabeça na sua mão esquerda. Sua postura está rígida, seus músculos marcando bem a blusa que veste, um verdadeiro Deus grego em todo seu esplendor e beleza. Ele me encara sério, e posso vêr que não é brincadeira. seus olhos azuis trasmitem a mas sincera verdade.
- Meu Pai quer que eu volte e assuma os negócios da família.
Balanço a cabeça em forma negativa, não posso aceitar isso! Sei que ele só tem sua família, mas eu não tenho ninguém. porque precisamos nos sacrificar? Abrir mão do nosso amor, por um lado eu entendo que ele tenha que cuidar da família, mas... E a mim? o que irei fazer se ele for? não tenho ninguém, eu posso ir com ele, mesmo sabendo que sua família não me aceita, mas eu sei que ele sim, e que vai cuidar de nos dois. mas não tenho coragem de dizer, não posso fazer ele escolher e me carregar como um fardo.
- Eu entendo que tem que cuidar da sua família, mas...
Ele levanta e fica sento ao meu lado, sua mão vai ao meu cabelo, retirando algumas folhas que ficaram nele. Ele sorri lindamente para mim, sempre amei o seu sorriso, seus olhos. a forma como ele me encara com ternura e carinho. Quando nos conhecemos ele era bastante sério, tão rígido. foi um milagre amolecer seu coração, fazer ele se tornar alguem mas leve, gosto do seu jeito relaxado.
- O meu Pai não está muito bem de saúde, e eu tenho que cuidar da minha família. E não me olhe como se eu quisesse ir, por que por mim eu ficaria aqui! Com você pelo resto da vida.
Sei que está dizendo a verdade, jamais mentiria para mim dessa forma, e por esse motivo sinto meu coração ser partido em mil pedaços. Coloco minhas mãos em seus ombros largos e o beijo, não quero que ele vá.
- Ric fica, não quero que vá.
- Ei não fala assim, não é como se eu fosse embora pra sempre, você é muito dramática.
Lembro que essa foi a primeira palavra que ele me disse, eu sempre fui muito dramática e ele muito sério.
- Então você promete que sempre vai falar comigo, e que vai vir me visita?
- Eu prometo! e quando ficarmos mais velhos, vamos nos casamos vamos morar em uma casa grande com um belo jardim.
Sempre fico boba quando ele fala sobre o jardim, amo flores, sei que ele não gosta tanto, mas apreciam elas por ele me aprecia. Balanço a cabeça em afirmação e nos beijamos apaixonadamente, somos jovens e temos bastante tempo. Sei que queremos fazer tudo o que quisermos agora, mas as coisas não funcionam assim, nunca. talvez não seja hoje, amanhã ou daqui a cinco anos, mas um dia estaremos juntos, felizes e apaixonados como deve ser. eu prometo Ric, mesmo que você não esteja ouvindo, mesmo que essas palavras não saiam dos meus lábios, eu prometo esperar você, pelo simples fato de você ser o amor da minha vida. e quero que saiba disso, quero me entregar totalmente a esse sentimento mútuo e voz que nos devora a cada dia de nossas vidas, e segundos. quero ser sua totalmente, não só de alma, mas de corpo também. Me deito sobre a grama e nos beijamos mas profundamente, minhas mãos passeiam pelo seu corpo viril, assim como as deles no meu. E ali naquele pequeno pedacinho do céu, nosso esconderijo secreto temos nossa primeira vez. Mesmo ele sendo grande e tendo um porte atlético é bastante carinhoso comigo, posso dizer que foi perfeito, já tinha imaginado muitas vezes como seria, mas nada se compara a isso. No final da tarde com o sol se pondo, e as nuvens tomando um tom alaranjado vamos embora na sua amada moto Harley. Fico abraçada a ele enquanto observo os pastos, vou sentir falta desse lugar, falta de está aqui com ele. O mesmo me deixa em frente a minha casa, a contra gosto desco da moto, lamento que a viagem não tenha durado mas. Ele me puxa e nos beijamos uma última vez.
- Eu amo você.
Digo para o mesmo que me enlaça pela cintura sentado na moto, o pouco vento forte balança meu vestido florido, sinto sua mão acariciar minha cintura, mordo o lábio inferior. está tão perto fele sempre me deixa sem ar, amo seus olhos, seus lábios. o amo por completo, como posso aceitar perdê-lo. Ele tira a sua jaqueta de couro e cobre meus ombros nu..
- Não fique resfriada.
- Não está tão frio.
Falo sorrindo enquanto ele me solto e me olha uma última vez.
- Eu também amo você.
Diz ligando a moto e indo embora, fico olhando-o até ele desaparecer. Inalo seu cheiro na jaqueta e suspiro uma última vez antes de entrar. E aquela foi a última vez que o vi, não tive mas notícias e ele não me telefonou. Só sei que aquela foi a nossa despedida, uma despedida que me lembro até os dias de hoje!
NOVA YORK...Eu arrumava as rosas em um vaso enquanto o vô Polônio cuidava do caixa, tenho que dizer que trabalhar em uma floricultura é ótimo e me trás algumas memórias, memórias que sempre afasto quando me vêem a mente, mesmo sendo de muito tempo atrás ainda posso sentir a dor no mesmo nível. Sentir o cheiro delas me anima, o céu em Nova York está se fechando. Falta uma hora para a loja fechar, vó Polônio se aproxima de mim e olha para o céu pela vitrine.-Acho melhor colocarmos as flores para dentro querida.Diz voltando para o caixa. Vejo que ele arruma algumas flores no balcão. Gostei de vê o jeito delicado que ele cuida das flores, como se elas fossem sua família, e em parte, realmente são. Saíu da loja e começo a guarda algumas flores a amostra em frente a loja. Lembro como fiquei feliz em conseguir um emprego aqui, amo flores e fico contente em trabalhar em algo que amo e gosto de dedicar meu tempo. Começa a cair alguns pingos de chuva, vejo o carro de Adam, parar em frente a
Solto um suspiro ao sentir a água quente se chocar ao meu corpo gelado, posso dizer que a sensação é única. Passo ambas as mãos no meu rosto até meus cabelos. Meu corpo precisava disso, eu precisava disso. A contra gosto saiu do chuveiro, me seco e visto um roupão. Vou em direção a pia secar meu cabelo, ligo o secador e começo a secar. As mechas loiras se destacam, assim como as olheiras em meus olhos, resultado das noites mal dormidas. Me analiso e vejo que não mudei muito nesses últimos dez anos, talvez uma coisa aqui e outra ali. Mas aparento está mas madura agora. Vejo que meu cabelo já secou e desligo o secador. Saiu do banheiro, não me incomodo em andar de roupão pelo apartamento, e hoje o Adam, chegará mas tarde da empresa. tenho que dizer que é ótimo dividir o apartamento com o seu melhor amigo. Mas também o Adam, não iria se encomodar em me ver assim, afinal ele é gay, e posso dizer que por ele ser gay tenho algumas vantagens.Vou até a cozinha e pego uma garrafa com água na
— O que você quer?Pergunto curta e grossa na defensiva, não gostei nada deste cara. Ele não me transmite nenhuma confiança.— Só conversa Srat. eu vi você aqui sozinha e achei que gostaria de alguma companhia.Fala de uma forma mansa como um felino. Ele pode ter boa aparência mas isso não passa de um espelho. Posso sentir algo estranho no seu olhar, suspeito.— Agradeço, mas não preciso de companhia. Eu já tenho um acompanhante.Não meço minhas palavras, e vou me afastando dele. Me sentia aliviada aqui, em paz. Mas agora sinto que estou me sufocando. Me assusto quando o mesmo segura meu braço de leve o suficiente para me fazer parar, encaro ele com desdém..— Olha eu só estou tentando ser gentil, não é como se eu fosse algum criminoso.Da em fase a palavra criminoso, não me sinto bem em sua presença. Puxo meu braço da sua mão com uma certa violência, e vou embora em busca do Adam. Não demora muito para encontrá-lo sentado na nossa mesa. Me junto a ele e sento ao seu lado, ele olha pa
Ao acordar pela manhã pisco algumas vezes, desta vez não tive nenhum sonho estranho. a imagem do Ric, não veio me atormentar depois que eu fui dormir novamente. Pisco algumas vezes me acostumando com a luz matinal. Ao mover minha cabeça para o lado vejo um pequeno bilhete no móvel ao lado da minha cama, deixo a jaqueta de lado e pego o mesmo."Clara fui para Seattle, volto daqui a uma semana. Me deseje sorte.Adam❤"Suspiro e amasso o bilhete jogando-o na lata de lixo. Imaginei que ele não ficaria fora mas que três dias, o que acho um pouco suspeito. Essas coletivas de imprensa não levam todos esses dias, imagino que ele queira fazer algo a mas durante sua estadia em Seattle. Deixo esses pensamentos de lado e me ergo, antes de entrar no box amarro meu cabelo, fazendo um pequeno no topo. Tomo um banho rápido. Enquanto estou escovando os dentes ouço a campanhia tocar. Cuspo a pasta fora e lavo a boca. Aperto o nó do roupão de banho e abro a porta.— Clara Smiller? — o mesmo pergunta mes
O quarto era simplesmente incrível. o piso era de madeira, uma cama de casal com lençóis brancos, a cama fica de frente para uma pequena varanda com portas de arraste de vidro. Um grande tapete de veludo branco de frente para a lareira, com dois sofás em volta. Do outro lado do quarto um guarda-roupas, na frente da cama um baú antigo. Deixo minha mochila no chão e abro uma porta próxima ao guarda-roupas. Ao entrar vejo que é o banheiro, de frente para mim tem uma larga janela de vidro mostrando uma linda paisagem das montanhas, cobertas de neblina e nuvens, em frente a ela uma pequena hidromassagem, com o estilo de madeira, um box e privada. Simples mas elegante, ligo a torneira da hidromassagem, instantaneamente ela começa a encher. Volto para o quarto e vou correndo me jogar na cama.Esse lugar é perfeito sem denegrir a natureza, acho que não faz muito tempo que construíram esse hotel. A forma como os dois cuidou de cada detalhe, e a forma acolhedora que nos sentir. me pergunto porq
— Ric...O chamo pelo apelido de antigamente, ao qual achava carinhoso e talvez ainda ache. Um arrepio atravessa meu corpo, minha carne treme mas não consigo distinguir se é pela emoção de vê ele, ou pelo frio abundante. Um milhão de pensamento passam pela minha mente, já fantasiei esse momento incontáveis vezes, mas agora não consigo dizer uma única palavra, sinto como se minha mente tivesse parado, e as palavras estivessem embaralhadas na minha garganta, me impedindo de falar. Minha voz soa baixa e fraca, dou meia volta ficando de frente para o mesmo, seu olhar sobre mim é como um impacto ou deve ser a vergonha de ter sido pega. Vê-lo mas de perto mostra o quanto ele continua bonito, engulo em seco e solto o ar que estava prendendo. O som de trovão soa no céu fazendo com que eu saía do transe, eu sempre achei que encara os seus olhos nunca fosse de mas.— Vem vamos sair da chuva.Falo e faço um gesto com a cabeça em direção ao prédio, ele apenas concorda. Meu coração descompassa uma
— Ricardo, eu não estou com cabeça pra ouvir você, só vai embora.Peço tentando demonstrar um pouco mas de calma, só não consigo entender o por que de ter voltado e continuar em silêncio, eu sinceramente não preciso disso. Não posso mas aturar esse homem mexer comigo, com a minha vida. isso é loucura! tudo isso, simplesmente não posso mas aguentar. Seu olhar é triste sobre mim, de certa forma sei que o magoei, mas ele me magoou muito mas. as coisas não vão ser tão simples assim, pelo menos não como ele pensa. não sou mas a garota que ele conheceu, e ele não é mas o garoto que conheci. agora somos adultos, e temos pensamentos diferentes. vidas diferentes. Deus! ele até mesmo pode ser casado e ter filhos. esse pensamento não me agrada mas é uma terrível possibilidade.— Clara, você tá bem?o mesmo pergunta, a preocupação agora incobrindo seu olhar triste. seus olhos fixos nos meus, seu rosto está tão perto do meu, que até mesmo posso sentir sua respiração morna tocae minha face.— Acho
Fala autoritário deixando a bandeja em cima do móvel próximo a minha cama, o mesmo vem até mim pegando as cobertas e cobrindo meu corpo dos pés ao pescoço. Estou me sentindo como um verdadeiro rolinho japonês. observo o mesmo mexer em algo na bandeja, sei como ele poder ser rígido quando estou doente.— Adam, foi só uma febre.Tento ameniza sua preocupação e sua proteção exagerada, sempre é a mesma coisa quando fico doente. Houve uma vez em que alguns espinhos entraram na minha mão enquanto cortava algumas rosas, por causa disso Adam, não me deixou ir ao trabalho por dois dias, e ainda me levou ao hospital para checarem minhas mãos. Sei que o Adam, só quer me proteger, mas as vezes ele exagera. Só que desta vez é diferente, sinto como se ele se sentisse ameaçado. Talvez pelo retorno de Ricardo. Olho para o mesmo que está de costas fechando as cortinas.— por favor Adam, não me diga que está fazendo tudo isso para manter o Ricardo longe.Ao ouvir minhas palavras o mesmo para o que está