O quarto era simplesmente incrível. o piso era de madeira, uma cama de casal com lençóis brancos, a cama fica de frente para uma pequena varanda com portas de arraste de vidro. Um grande tapete de veludo branco de frente para a lareira, com dois sofás em volta. Do outro lado do quarto um guarda-roupas, na frente da cama um baú antigo. Deixo minha mochila no chão e abro uma porta próxima ao guarda-roupas. Ao entrar vejo que é o banheiro, de frente para mim tem uma larga janela de vidro mostrando uma linda paisagem das montanhas, cobertas de neblina e nuvens, em frente a ela uma pequena hidromassagem, com o estilo de madeira, um box e privada. Simples mas elegante, ligo a torneira da hidromassagem, instantaneamente ela começa a encher. Volto para o quarto e vou correndo me jogar na cama.
Esse lugar é perfeito sem denegrir a natureza, acho que não faz muito tempo que construíram esse hotel. A forma como os dois cuidou de cada detalhe, e a forma acolhedora que nos sentir. me pergunto porque não vim aqui antes, tenho certeza que o Adam, ia amar esse lugar. Apesar de ser um homem da cidade grande, o mesmo não se opõe ao campo. Qualquer coisa que faça Adam, relaxar é bem-vindo para ele. Apesar de detestar os mosquitos.
Sentir a maciez da cama é como um nocaute em meu corpo cansado. Fico por alguns minutos deitada, mas logo me levanto a contra gosto. Mas vendo a hidromassagem meu cansaço fica de lado, coloco minhas roupas em um cesto próximo da pia. E entro na hidromassagem. Meu corpo ao entra em contato com a água logo relaxa, solto um longo suspiro e vou para a outra borda admirar a bela vista, E de tirar o fôlego. A forma como as nuvens se misturam com a neblina, cobrindo o topo da montanha. Ao longe posso vêr um temporal se aproximar, os galhos das árvores se movem com o balançar do vento forte. Vários pensamentos vêem a minha minha cabeça, será que ele vem aqui ainda? Mesmo que isso seja errado, eu não devesse pensar no Ricardo, não consigo evitar. Ric, foi uma parte importante na minha vida, perguntar ao meu subconsciente se ele ainda pensa em mim, é inevitável. Esses pensamentos me matam aos poucos, sempre que penso sobre ele, sinto uma parte de mim submergir. Dez anos afastados ainda não foram o suficiente para apagar suas lembranças, e a marca que ele deixou no meu coração. Me afundo na hidromassagem tentando afastar esses pensamentos. Quando saiu da mesma meus dedos estão enrrugados, visto o roupão de banho e enrolo meu cabelo em uma toalha. Ao sair do banheiro tomo um susto ao encontro a Sr. Gilda desfazendo minha mochila.
— Oh desculpe, filha. Eu bati na porta mas como você não foi abrir eu entrei, sabia que estava aproveitando a hidromassagem. meu marido teve uma ótima idéia ao instalando.
— Sim. Tenho que admitir. — falo tentando aliviar o constrangimento no local.
— O seu jantar está na cama, quando vi que não tinha arrumado a mala ainda quis ajudar. Me desculpe pela intromissão meu marido, diz que sou muito intrometida.
Sorrimos com isso. Devo admitir que ele tem razão.
— Tem outros hóspedes por aqui?
Pergunto indo em direção a bandeja em cima da cama, a mesma continua desfazendo minha mochila e colocando as roupas dobradas no guarda-roupa. Me sirvo com a xícara de café que tem na bandeja.
— Não, só mas um hóspede que chegou ontem. Nessa época do ano não vem muitas pessoas.
— A quanto tempo vocês tem essa pousada aqui?
Pergunto colocando uma garfada de macarronada na boca.
— há nove anos, resolvemos fazê-la quando meu marido e eu nos aposentamos.
Diz colocando a última peça de roupa no mesmo, e fechando ambas as portas. Tomo mas um gole do café quente, sei que não é uma combinação pra lá de harmoniosa com macarronada, mas para mim está divino.
— Bom... eu já vou indo, já incomodei você o suficiente.
Diz indo até a porta.
— Não foi nenhum incômodo.
Digo limpando a boca com o guardanapo. Mas antes dela sair da meia volta.
— Quase me esquecia. O café é servido as sete, o almoço ao meio dia. A tarde tem um lanche. O jantar saí as seis da noite. Mas é só ligar se você quiser qualquer coisa, ou quiser jantar no quarto.
— Tudo bem, obrigado.
Digo a mesma se vira e vai embora. Enquanto termino meu jantar vejo que vai anoitecendo. Termino de comer e deixo a bandeja sobre o movel ao lado da cama. Pego a garrafa de vinho em cima do mesmo e me sirvo de uma taça, enquanto vejo as pequenas gotas de chuva pela varanda, o céu se escurece cada vez mas. Espero que amanhã não tenha muita chuva para que eu possa ir aquele lugar, Talvez pela última vez.
Na manhã do dia seguinte, não estáva chovendo muito. Mas mesmo assim levei o guarda-chuva comigo. O lugar estava do mesmo jeito, nada parecia ter mudado. Me aproximo da árvore e passo a ponta dos meus dedos pelas iniciais da letra do nosso nome, me lembro de ter ficado chatiada com o mesmo por te machucado a pobre árvore. Suspiro e fico mas alguns minutos naquele lugar, talvez não tenha sido uma boa ideia voltar aqui. Solto um longo suspiro antes de voltar para o meu quarto, não pensei que em voltar aqui e lembrar seria tão doloroso. Ao chegar decido voltar para casa, não sei com o que estava na cabeça para voltar aqui, talvez tenha sido saudades ou até cheguei a pensar na possibilidade que nós reencontraríamos aqui depois de tantos anos. Não perco tempo e faço minha mochila novamente, algumas lágrimas insistem em cair, mas me recuso a deixar. Termino de arrumar minha mochila e vou encontra a sra. Gilda. A mesma fica triste com minha partida repentina, mas antes de ir prometo voltar. Pego o ônibus de volta para a cidade. Em meio ao caminho o tempo se fecha novamente e a chuva começa a cair, com isso o ônibus passa a ir mas devagar. A chuva esses dias está igual aos meus sentimentos, uma hora está bem e na outra...
No meio da viagem acabo cochilando, sou acordada pelo motorista tocando meu ombro, antes de sair da rodoviária abro meu guarda-chuva e vou andando. Minhas pernas estão dormentes de tanto tempo paradas, mas ainda prefiro ir a pé do quer pegar um taxi. O frio aumentar continuamente, com ele vem o vento forte. Sou tão idiota, por que pensei que encontraria o Ric, por lá. Esses pensamentos e sentimentos inúteis não estão me ajudando em nada, eu só gostaria de poder esquecer ele de uma vez por todas. Me livrar da sua lembrança, e sua presença fantasma que me assola. Mal vejo a hora do Adam chegar, não quero ficar sozinha naquele apartamento. Estou tão imersa em pensamentos que nem ao menos notei já está próxima do prédio. Conforme a chuva aumentar vou andando mas rápido, só mas alguns quarteirões e chegarei em casa. Quando dobro a esquina tenho uma pequena, não uma grande surpresa. Ric, está parado em frente ao meu prédio, seu cabelo negro e suas roupas estão molhadas pela chuva, posso ver seu hálito quente sair por sua boca como uma fumaça branca. Deixo meu guarda-chuva cair no chão com a tamanha surpresa, o mesmo não move um músculo se quer. Ele está olhando fixamente para minha janela. Eu devo está delirando não pode ser ele, e mesmo que fosse por que só agora?
Ele olha para o lado da rua contrária a que estou, e depois em minha direção. Por impulso me escondo na esquina, de alguma forma não quero que ele me Veja, não por agora. Mas posso dizer que ele continua o mesmo, só que agora usa roupas mas sérias e sua feição é um pouco mas madura, sua barba está por fazer. Mas uma coisa continua igual, seus olhos. tão atraentes como antes. Suspiro e balanço minha cabeça em negação, eu só posso está delirando. Me estico um pouco para vêr se o mesmo continua lá, mas não, não tem mas ninguém. Me reencosto na parede e suspiro, coloco uma mão em minha testa molhada, a chuva me atinge sem cerimônia. Sinto a mesma quente, quente até de mas. E isso, eu estou com febre e estou delirando, está é a única explicação óbvia. Saiu do meu esconderijo nada discreto. Procuro por meu guarda-chuva ao qual o vento forte o levou. Tento me proteger da chuva mas não tem como, minhas roupas já estão molhadas, vou indo rapidamente em direção ao prédio antes que minha febre piore. Paro em frente ao mesmo e olho para o mesmo lugar que ele olhava, mas não vejo nada além da chuva caindo e molhando as paredes do prédio.
— Clara.
— Ric...O chamo pelo apelido de antigamente, ao qual achava carinhoso e talvez ainda ache. Um arrepio atravessa meu corpo, minha carne treme mas não consigo distinguir se é pela emoção de vê ele, ou pelo frio abundante. Um milhão de pensamento passam pela minha mente, já fantasiei esse momento incontáveis vezes, mas agora não consigo dizer uma única palavra, sinto como se minha mente tivesse parado, e as palavras estivessem embaralhadas na minha garganta, me impedindo de falar. Minha voz soa baixa e fraca, dou meia volta ficando de frente para o mesmo, seu olhar sobre mim é como um impacto ou deve ser a vergonha de ter sido pega. Vê-lo mas de perto mostra o quanto ele continua bonito, engulo em seco e solto o ar que estava prendendo. O som de trovão soa no céu fazendo com que eu saía do transe, eu sempre achei que encara os seus olhos nunca fosse de mas.— Vem vamos sair da chuva.Falo e faço um gesto com a cabeça em direção ao prédio, ele apenas concorda. Meu coração descompassa uma
— Ricardo, eu não estou com cabeça pra ouvir você, só vai embora.Peço tentando demonstrar um pouco mas de calma, só não consigo entender o por que de ter voltado e continuar em silêncio, eu sinceramente não preciso disso. Não posso mas aturar esse homem mexer comigo, com a minha vida. isso é loucura! tudo isso, simplesmente não posso mas aguentar. Seu olhar é triste sobre mim, de certa forma sei que o magoei, mas ele me magoou muito mas. as coisas não vão ser tão simples assim, pelo menos não como ele pensa. não sou mas a garota que ele conheceu, e ele não é mas o garoto que conheci. agora somos adultos, e temos pensamentos diferentes. vidas diferentes. Deus! ele até mesmo pode ser casado e ter filhos. esse pensamento não me agrada mas é uma terrível possibilidade.— Clara, você tá bem?o mesmo pergunta, a preocupação agora incobrindo seu olhar triste. seus olhos fixos nos meus, seu rosto está tão perto do meu, que até mesmo posso sentir sua respiração morna tocae minha face.— Acho
Fala autoritário deixando a bandeja em cima do móvel próximo a minha cama, o mesmo vem até mim pegando as cobertas e cobrindo meu corpo dos pés ao pescoço. Estou me sentindo como um verdadeiro rolinho japonês. observo o mesmo mexer em algo na bandeja, sei como ele poder ser rígido quando estou doente.— Adam, foi só uma febre.Tento ameniza sua preocupação e sua proteção exagerada, sempre é a mesma coisa quando fico doente. Houve uma vez em que alguns espinhos entraram na minha mão enquanto cortava algumas rosas, por causa disso Adam, não me deixou ir ao trabalho por dois dias, e ainda me levou ao hospital para checarem minhas mãos. Sei que o Adam, só quer me proteger, mas as vezes ele exagera. Só que desta vez é diferente, sinto como se ele se sentisse ameaçado. Talvez pelo retorno de Ricardo. Olho para o mesmo que está de costas fechando as cortinas.— por favor Adam, não me diga que está fazendo tudo isso para manter o Ricardo longe.Ao ouvir minhas palavras o mesmo para o que está
Ao sair do prédio tive uma surpresa, Ricardo, me aguardava encostado a sua moto vestindo uma jaqueta de couro, e usando óculos escuros. Seu jeito descontraído e sexy me chama atenção, ele parece exatamente com seu eu de dez anos atrás, não consigo decidir se dou gargalhadas ou fico séria. quando ele me vê abre um lindo sorriso que só ele sabe mexer comigo. Vamos lá coração não me traía. Desço os poucos degraus e vou em sua direção. sinto meus nervos a flor da pele, a confissão de Vera, me veem a mente. talvez eu não vá conseguir nada, mas mesmo assim, quero perguntar ao Ric, sobre suas visitas, e também é provável que ele saiba sobre o comportamento estranho do Adam.— O que está fazendo aqui? — sou direta e objetiva, noto o mesmo erguer uma sobrancelha. é querido, não sou mas a garota desajeitada e ingênua que você conheceu.— Vim te ver, e sabe se está melhor.Fala se afastando da moto e ficando com a postura ereta na minha frente, me aproveito da situação para saber se ele é o tal
ficamos o dia inteiro no local, conversando, como se fossemos velhos amigo. Só noto que esta ficando tarde quando os pequenos raios de sol vão desaparecendo entre os prédios. Nesse tempo em que estivéssemos aqui soube de várias coisas sobre ele, mas nem sempre é um 100%. O pai dele se recuperou muito bem, e a empresa está crescendo cada vez mas. Ric, só me falou as coisas superficiais, nada muito profundo. optei mas por ouvir, do que fazer perguntas. imaginei que se o Ric, soubesse que estava ouvindo, prestando atenção nas suas palavras. ele poderia se abrir mas, e assim ele fez algumas vezes, mas sempre que se afundava de mas em um assunto, voltava a emergir. foi assim durante um bom tempo, não era o que eu queria, mas foi mas do que eu poderia ter bo momento.— Nossa o tempo passou rápido.Falo olhando para a janela e logo após olho meu pulso, coberto por um pequeno relógio em cores prata e marrom, já são 17:57. Mal acredito que passei o dia inteiro aqui com ele, conversando como se
— Mas como você sabia que eu iria viajar?Pergunta passando as costas da mão pelo meu nariz, minhas lágrimas cessaram, agora só resta os soluços. Adam, continua me abraçando desde de quando eu comecei a chorar, e não me largou mas. me sinto acolhida nos seus braços, reconfortada e segura. sinto que nada nesse momento possa me atingir.— eu não sabia, eu iria falar com o vô Polônio para te manter ocupada, mas você fez isso antes.Ele consegue arrancar um pequeno sorriso meu com isso, sempre gostei da companhia do Adam. Por que até nos momentos mas difíceis ele me faz sorrir. Passo minhas mãos pelo rosto tirando algumas lágrimas. me levanto saindo do abraço de Adam. me sinto um pouco melhor agora, depois que todo o drama passou.— Pra falar a verdade... nem sei por que estou assim, afinal não temos nada. E ele nunca disse que voltou para me reconquistar.Falo tentando sorri falsamente. Adam, ergue uma sobrancelha. isso não enganou ele nem um pouco, ele é bom demais lendo pessoas, e eu s
Fico pensando de onde ele tirou essa idéia absurda, eu sei que as vezes nós aparecemos juntos nos jornais e revistas. Mas Adam, falou na coletiva que não temos nada, mas pensando melhor agora. Eu não perguntei nada sobre isso por que era o menor dos meus problemas, mas pelo visto era o maior deles. sempre pedi para que Adam, deixasse bem claro nossa relação. mas sei como a mídia age, não estou surpresa que Ric, tenha essa impressão errada.— O Adam, me falou que vocês tinham casado, e por esse motivo eu deveria me afastar.Fala neutro, seu olhar cravados no meu. fico ainda mas confusa com sua confissão, não consigo entender os motivos para Adam, fazer isso. eu sei que ele é super protetor mas... Ele passou dos limites agora! Ele não só mentiu para o Ricardo, mas como para todo mundo. E principalmente para mim, me sinto magoada por sua traição. Sinto uma dor no peito em saber que ele fez isso. ele não poderia tomar essa decisão, é a minha vida.— Eu não consigo entender, não sei por qu
Eu andava pelas ruas sem destino, abri mão de tudo por ele, e com nada acabei. Mas de uma coisa sabia, não iria pedir ajuda ao Adam. Sou adulta e tenho que aceitar as consequências de uma escolha que foi exclusivamente minha. não tenho mas esperanças, ou ilusões desnecessárias. tudo acabou hoje, nesse momento. se Ric, fosse mesmo lutar por mim, por nós. ele já deria ter despachado aquela mulher a muito tempo. Sinto meu corpo tremer com o frio e me abraço, quando saí do apartamento de Adam, não usava nada além de um vestido de tecido fino, e salto alto. Os saltos me atrapalham ao andar no chão molhado, tiro os mesmo e levo nas mãos. Vou até a floricultura dormir lá essa noite, por sorte sempre carrego a chave em minha bolsa. Mas para o meu azar meu dinheiro acabou e tenho que ir andando até lá, que nesse caso, até o outro lado da cidade. a minha sorte não muda, quão mas deprimente pode ser minha vida? quantas escolhas erradas eu ainda posso fazer? já não basta tudo que passei, por que