Capítulo Cinco

O quarto era simplesmente incrível. o piso era de madeira, uma cama de casal com lençóis brancos, a cama fica de frente para uma pequena varanda com portas de arraste de vidro. Um grande tapete de veludo branco de frente para a lareira, com dois sofás em volta. Do outro lado do quarto um guarda-roupas, na frente da cama um baú antigo. Deixo minha mochila no chão e abro uma porta próxima ao guarda-roupas. Ao entrar vejo que é o banheiro, de frente para mim tem uma larga janela de vidro mostrando uma linda paisagem das montanhas, cobertas de neblina e nuvens, em frente a ela uma pequena hidromassagem, com o estilo de madeira, um box e privada. Simples mas elegante, ligo a torneira da hidromassagem, instantaneamente ela começa a encher. Volto para o quarto e vou correndo me jogar na cama.

Esse lugar é perfeito sem denegrir a natureza, acho que não faz muito tempo que construíram esse hotel. A forma como os dois cuidou de cada detalhe, e a forma acolhedora que nos sentir. me pergunto porque não vim aqui antes, tenho certeza que o Adam, ia amar esse lugar. Apesar de ser um homem da cidade grande, o mesmo não se opõe ao campo. Qualquer coisa que faça Adam, relaxar é bem-vindo para ele. Apesar de detestar os mosquitos.

Sentir a maciez da cama é como um nocaute em meu corpo cansado. Fico por alguns minutos deitada, mas logo me levanto a contra gosto. Mas vendo a hidromassagem meu cansaço fica de lado, coloco minhas roupas em um cesto próximo da pia. E entro na hidromassagem. Meu corpo ao entra em contato com a água logo relaxa, solto um longo suspiro e vou para a outra borda admirar a bela vista, E de tirar o fôlego. A forma como as nuvens se misturam com a neblina, cobrindo o topo da montanha. Ao longe posso vêr um temporal se aproximar, os galhos das árvores se movem com o balançar do vento forte. Vários pensamentos vêem a minha minha cabeça, será que ele vem aqui ainda? Mesmo que isso seja errado, eu não devesse pensar no Ricardo, não consigo evitar. Ric, foi uma parte importante na minha vida, perguntar ao meu subconsciente se ele ainda pensa em mim, é inevitável. Esses pensamentos me matam aos poucos, sempre que penso sobre ele, sinto uma parte de mim submergir. Dez anos afastados ainda não foram o suficiente para apagar suas lembranças, e a marca que ele deixou no meu coração. Me afundo na hidromassagem tentando afastar esses pensamentos. Quando saiu da mesma meus dedos estão enrrugados, visto o roupão de banho e enrolo meu cabelo em uma toalha. Ao sair do banheiro tomo um susto ao encontro a Sr. Gilda desfazendo minha mochila.

— Oh desculpe, filha. Eu bati na porta mas como você não foi abrir eu entrei, sabia que estava aproveitando a hidromassagem. meu marido teve uma ótima idéia ao instalando.

— Sim. Tenho que admitir. — falo tentando aliviar o constrangimento no local.

— O seu jantar está na cama, quando vi que não tinha arrumado a mala ainda quis ajudar. Me desculpe pela intromissão meu marido, diz que sou muito intrometida.

Sorrimos com isso. Devo admitir que ele tem razão.

— Tem outros hóspedes por aqui?

Pergunto indo em direção a bandeja em cima da cama, a mesma continua desfazendo minha mochila e colocando as roupas dobradas no guarda-roupa. Me sirvo com a xícara de café que tem na bandeja.

— Não, só mas um hóspede que chegou ontem. Nessa época do ano não vem muitas pessoas.

— A quanto tempo vocês tem essa pousada aqui?

Pergunto colocando uma garfada de macarronada na boca.

— há nove anos, resolvemos fazê-la quando meu marido e eu nos aposentamos.

Diz colocando a última peça de roupa no mesmo, e fechando ambas as portas. Tomo mas um gole do café quente, sei que não é uma combinação pra lá de harmoniosa com macarronada, mas para mim está divino.

— Bom... eu já vou indo, já incomodei você o suficiente.

Diz indo até a porta.

— Não foi nenhum incômodo.

Digo limpando a boca com o guardanapo. Mas antes dela sair da meia volta.

— Quase me esquecia. O café é servido as sete, o almoço ao meio dia. A tarde tem um lanche. O jantar saí as seis da noite. Mas é só ligar se você quiser qualquer coisa, ou quiser jantar no quarto.

— Tudo bem, obrigado.

Digo a mesma se vira e vai embora. Enquanto termino meu jantar vejo que vai anoitecendo. Termino de comer e deixo a bandeja sobre o movel ao lado da cama. Pego a garrafa de vinho em cima do mesmo e me sirvo de uma taça, enquanto vejo as pequenas gotas de chuva pela varanda, o céu se escurece cada vez mas. Espero que amanhã não tenha muita chuva para que eu possa ir aquele lugar, Talvez pela última vez.

Na manhã do dia seguinte, não estáva chovendo muito. Mas mesmo assim levei o guarda-chuva comigo. O lugar estava do mesmo jeito, nada parecia ter mudado. Me aproximo da árvore e passo a ponta dos meus dedos pelas iniciais da letra do nosso nome, me lembro de ter ficado chatiada com o mesmo por te machucado a pobre árvore. Suspiro e fico mas alguns minutos naquele lugar, talvez não tenha sido uma boa ideia voltar aqui. Solto um longo suspiro antes de voltar para o meu quarto, não pensei que em voltar aqui e lembrar seria tão doloroso. Ao chegar decido voltar para casa, não sei com o que estava na cabeça para voltar aqui, talvez tenha sido saudades ou até cheguei a pensar na possibilidade que nós reencontraríamos aqui depois de tantos anos. Não perco tempo e faço minha mochila novamente, algumas lágrimas insistem em cair, mas me recuso a deixar. Termino de arrumar minha mochila e vou encontra a sra. Gilda. A mesma fica triste com minha partida repentina, mas antes de ir prometo voltar. Pego o ônibus de volta para a cidade. Em meio ao caminho o tempo se fecha novamente e a chuva começa a cair, com isso o ônibus passa a ir mas devagar. A chuva esses dias está igual aos meus sentimentos, uma hora está bem e na outra...

No meio da viagem acabo cochilando, sou acordada pelo motorista tocando meu ombro, antes de sair da rodoviária abro meu guarda-chuva e vou andando. Minhas pernas estão dormentes de tanto tempo paradas, mas ainda prefiro ir a pé do quer pegar um taxi. O frio aumentar continuamente, com ele vem o vento forte. Sou tão idiota, por que pensei que encontraria o Ric, por lá. Esses pensamentos e sentimentos inúteis não estão me ajudando em nada, eu só gostaria de poder esquecer ele de uma vez por todas. Me livrar da sua lembrança, e sua presença fantasma que me assola. Mal vejo a hora do Adam chegar, não quero ficar sozinha naquele apartamento. Estou tão imersa em pensamentos que nem ao menos notei já está próxima do prédio. Conforme a chuva aumentar vou andando mas rápido, só mas alguns quarteirões e chegarei em casa. Quando dobro a esquina tenho uma pequena, não uma grande surpresa. Ric, está parado em frente ao meu prédio, seu cabelo negro e suas roupas estão molhadas pela chuva, posso ver seu hálito quente sair por sua boca como uma fumaça branca. Deixo meu guarda-chuva cair no chão com a tamanha surpresa, o mesmo não move um músculo se quer. Ele está olhando fixamente para minha janela. Eu devo está delirando não pode ser ele, e mesmo que fosse por que só agora?

Ele olha para o lado da rua contrária a que estou, e depois em minha direção. Por impulso me escondo na esquina, de alguma forma não quero que ele me Veja, não por agora. Mas posso dizer que ele continua o mesmo, só que agora usa roupas mas sérias e sua feição é um pouco mas madura, sua barba está por fazer. Mas uma coisa continua igual, seus olhos. tão atraentes como antes. Suspiro e balanço minha cabeça em negação, eu só posso está delirando. Me estico um pouco para vêr se o mesmo continua lá, mas não, não tem mas ninguém. Me reencosto na parede e suspiro, coloco uma mão em minha testa molhada, a chuva me atinge sem cerimônia. Sinto a mesma quente, quente até de mas. E isso, eu estou com febre e estou delirando, está é a única explicação óbvia. Saiu do meu esconderijo nada discreto. Procuro por meu guarda-chuva ao qual o vento forte o levou. Tento me proteger da chuva mas não tem como, minhas roupas já estão molhadas, vou indo rapidamente em direção ao prédio antes que minha febre piore. Paro em frente ao mesmo e olho para o mesmo lugar que ele olhava, mas não vejo nada além da chuva caindo e molhando as paredes do prédio.

— Clara.

 

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