Solto um suspiro ao sentir a água quente se chocar ao meu corpo gelado, posso dizer que a sensação é única. Passo ambas as mãos no meu rosto até meus cabelos. Meu corpo precisava disso, eu precisava disso. A contra gosto saiu do chuveiro, me seco e visto um roupão. Vou em direção a pia secar meu cabelo, ligo o secador e começo a secar. As mechas loiras se destacam, assim como as olheiras em meus olhos, resultado das noites mal dormidas. Me analiso e vejo que não mudei muito nesses últimos dez anos, talvez uma coisa aqui e outra ali. Mas aparento está mas madura agora. Vejo que meu cabelo já secou e desligo o secador. Saiu do banheiro, não me incomodo em andar de roupão pelo apartamento, e hoje o Adam, chegará mas tarde da empresa. tenho que dizer que é ótimo dividir o apartamento com o seu melhor amigo. Mas também o Adam, não iria se encomodar em me ver assim, afinal ele é gay, e posso dizer que por ele ser gay tenho algumas vantagens.
Vou até a cozinha e pego uma garrafa com água na geladeira, depois me jogo no sofá da sala e vejo o que passa na TV. Fico mudando de canal mas não encontro nada que me agrada. Desligo a TV e vou para o quarto, caminho em direção ao guarda-roupa na tentativa de achar algo confortável para vestir. Mexo em alguns cabides e no fundo encontro algo que não só mexe com a minha cabeça, mas também com o meu coração. A jaqueta de couro do Ric. Ela continua do mesmo jeito que deixei, o plástico que proteje o couro continua intacto, queria poder guardar o cheiro dele desta forma. Mesmo sabendo que deveria me livrar dela a muito tempo, ainda não o fiz. Desço o pequeno zíper e tiro a jaqueta de dentro. Trago a mesma ao nariz e ela ainda contêm seu cheiro. Fico me perguntando se ele tem esposa, filhos uma família para cuidar, se está indo bem nos negócios. Esse e mas mil pensamentos passam pela minha cabeça. Já perdi as contas de quantas vezes imaginei como séria se ele estivesse aqui, se tivesse mudado de ideia e não ido, como seria nossas vidas juntos. As vezes inconscientemente imagino que estamos casados, moramos em um casa grande com um enorme jardim com diversas flores. Teríamos lindos filhos, e talvez um cachorro. O Ric, gosta de animais. Não sou muito fã, mas com certeza não seria contra. Uma vida perfeita, pelo menos para mim.
Sei que agora ele está com vinte e sete, no próximo mês fará vinte e oito anos. Caminho em direção a pequena lata de lixo no meu quarto. Sustento a jaqueta em cima da lata de lixo, mas simplismente não consigo soltar. É como se me atraísse com todas as suas forças, se prendendo a mim, uma força invisível. O que mas dói é aquela pequena esperança viva em meu coração, dizendo que tornarei a vê-lo, mas sei que isso é impossível. Ric, foi embora, preferiu mentir para mim e me enganar do que dizer a verdade. Trago a jaqueta de couro em tom escuro, com detalhes de prata para junto do meu peito. De algum modo não posso jogar isso fora, eu simplesmente não consigo. Me sinto uma idiota por ainda nutrir todos esses sentimentos inúteis, sou uma covarde. Mesmo com todos os sinais falando sim, meu coração grita não. Mais uma vez dou derrotada por esses sentimentos. Talvez o ano que vem eu consiga. Me deito na cama agarrada a jaqueta, e de imediato adormeço sentido seu aroma ao qual nunca esqueci.
— Ei bela Adormecida, tá na hora de acordar.
Ouço a voz do Adam. Me espreguiço na cama, antes de abrir os olhos. Vejo que o mesmo está em um tragé de galã.
— Se esqueceu ou dormiu de mas?
Pergunta levantando uma sobrancelha.
— Segunda opção.
Digo com humor me levantando da cama e indo para o banheiro.
— Que horas são?
Pergunto ao mesmo que ainda deve está dentro do meu quarto.
— Você ainda tem meia hora.
Ouço sua voz do outro lado da porta, me olho no espelho e vejo minha cara de sono,com a marca da jaqueta no rosto. lavo o meu rosto e começo a me maquiar e faço um penteado qualquer no cabelo, o prendendo no alto. Em poucos minutos estou iguais as modelos das revistas que Adam lê.
— Por que não me acordou antes? — pergunto.
— Eu cheguei agora, e achei muito fofo você dormir agarrada a essa jaqueta... fora de moda.
Diz a última parte com o tom da voz soando Indguinado. Volto para o quarto e pego o vestido vermelho longo, pendurado na porta. Volto para o banheiro e visto o mesmo, volto para o quarto e fico de costas para o Adam, prontamente o mesmo sobe o pequeno zíper na parte de trás do vestido. calço o salto alto preto e pego minha bolsa, passando um pouco de perfume para finalizar.
— Isso é o que eu chamo de produção rápida, se eu fosse hétero com certeza daria em cima de você.
Fala estando o braço, pego o mesmo e bato minha bolsa em seu peito. O mesmo solta uma gargalhada.
— Vamos antes que cheguemos atrasados.
Ao saímos da limosine uma chuva de fleshs caí sobre nós, repórteres para todo lado, fazendo perguntas e tirando fotos. Adam para e sorri para todos enquanto acena. Eu só sorrio e aceno com a cabeça. Odeio esses eventos de gala, mas sempre venho como acompanhante do Adam. Começamos a andar pelo longo tapete vermelho, até que um repórter faz uma pergunta que me deixa incomodada.
— Sr.Holst é verdade que está noivo da Srta.Clara Smiller? Vocês moram no mesmo apartamento há oito anos, e sempre vêem juntos aos eventos.
Paro por um segundo é encaro o mesmo confusa. Mesmo estando juntos a bastante tempo, nunca ouvi uma pergunta igual a essa. Sempre deixamos bem claro para a mídia que não temos qualquer tipo de relação íntima, e além disso o Adam, já se assumiu publicamente sua sexualidade. Adam, me puxa um pouco me incentivando a andar ignorando completamente a pergunta do repórter. Como o Adam, tem mas experiência do que eu quando se trata da mídia, faço o que ele instruí. O mesmo se inclina um pouco em minha direção é fala baixo, próximo a minha orelha só para que eu ouça.
— Continue sorrindo querida.
Abro um sorriso amarelo e respondo o ele no mesmo tom de voz.
— Você me disse que tinha explicado a imprensa que somos só amigos.
— Não vamos ter uma D.R agora Hmm?
Fala na maior cara lavada, abro um sorriso amarelo e continuamos andando. Odeio quando o Adam, faz piada sobre isso. Mas uma parte maravilhosa da sua personalidade. Ao entramos no salão fico maravilhada com sua enorme beleza e luxo. Pessoas bem arrumadas, um enorme lustre no teto, garçons andando com bandejas para todo lado. Algumas pessoas vêem nos comprimentar, e nós cumprimentamos algumas. Pego uma taça de champanhe e bebo um gole. Um homem fala ao microfone anunciando que o leilão irá começa. Nos dirigimos ao local que é em uma outra sala, me sento ao lado do Adam. Pessoas dão preços absurdos a algumas pinturas, se alguém me pagar assim por uma pintura, começo a pintar hoje mesmo. Fico me remexendo na cadeira de um lado para o outro, depois cruzo as pernas. Mas logo descruzo. Não que a cadeira esteja desconfortada, pelo contrário ela é mas confortável que meu travesseiro, só não consigo ficar quieta. Adam, se inclina em minha direção é fala baixo.
— Por acaso tem formigas na sua cadeira?
Giro minha cabeça um pouco em sua direção, é respondo no mesmo tom da sua voz.
— Isso aqui tá muito chato, quando vão servir a comida?
— Quando o leilão acabar, sua esfomeada.
Fala o mesmo em desaprovação mas com humor. ahh eu também sei fazer piadas querido. Seguro o pulso de Adam, e levanto sua mão que segura uma plaquinha com um número nove desenhado nela.
— 120 mil do Sr. Holst, alguém da mais? Dole um... dois... três... Vendido para o Sr. Holst.
Adam, abre um pouco a boca em choque, por ter adquirido uma linda estátua de um homem nú, com sua arma não muito avantajada. O mesmo olha para mim com fúria, hora de fugir. Me levanto e saiu do local antes que seu olhar me mate. Volto para o salão que agora está vazio, só sendo ocupado pelos garçons. Ando sem destino pelo local, olho algumas obras de arte e bebo um pouco de vinho, depois caminho em direção a uma grande varanda. Fico ali parada sentido o vento gelado da noite.
— Boa Noite.
Me assusto com a voz masculina atrás de mim, giro meu corpo para poder encarar o homem alto com a barba pós fazer, cabelo penteado para trás. Vestido em um fino terno. Ele passa a mão por seu cabelo preto com o charuto entre os dedos. Ele sorri para mim de um jeito suspeito. Seu rosto tem características dele, do homem que um dia amei com todas as forças, e ainda amo. Mas seu olhar é sombrio, poderia dizer até que assustador..
— Desculpa não queria te assustar. Meu nome é Maurício.
— O que você quer?Pergunto curta e grossa na defensiva, não gostei nada deste cara. Ele não me transmite nenhuma confiança.— Só conversa Srat. eu vi você aqui sozinha e achei que gostaria de alguma companhia.Fala de uma forma mansa como um felino. Ele pode ter boa aparência mas isso não passa de um espelho. Posso sentir algo estranho no seu olhar, suspeito.— Agradeço, mas não preciso de companhia. Eu já tenho um acompanhante.Não meço minhas palavras, e vou me afastando dele. Me sentia aliviada aqui, em paz. Mas agora sinto que estou me sufocando. Me assusto quando o mesmo segura meu braço de leve o suficiente para me fazer parar, encaro ele com desdém..— Olha eu só estou tentando ser gentil, não é como se eu fosse algum criminoso.Da em fase a palavra criminoso, não me sinto bem em sua presença. Puxo meu braço da sua mão com uma certa violência, e vou embora em busca do Adam. Não demora muito para encontrá-lo sentado na nossa mesa. Me junto a ele e sento ao seu lado, ele olha pa
Ao acordar pela manhã pisco algumas vezes, desta vez não tive nenhum sonho estranho. a imagem do Ric, não veio me atormentar depois que eu fui dormir novamente. Pisco algumas vezes me acostumando com a luz matinal. Ao mover minha cabeça para o lado vejo um pequeno bilhete no móvel ao lado da minha cama, deixo a jaqueta de lado e pego o mesmo."Clara fui para Seattle, volto daqui a uma semana. Me deseje sorte.Adam❤"Suspiro e amasso o bilhete jogando-o na lata de lixo. Imaginei que ele não ficaria fora mas que três dias, o que acho um pouco suspeito. Essas coletivas de imprensa não levam todos esses dias, imagino que ele queira fazer algo a mas durante sua estadia em Seattle. Deixo esses pensamentos de lado e me ergo, antes de entrar no box amarro meu cabelo, fazendo um pequeno no topo. Tomo um banho rápido. Enquanto estou escovando os dentes ouço a campanhia tocar. Cuspo a pasta fora e lavo a boca. Aperto o nó do roupão de banho e abro a porta.— Clara Smiller? — o mesmo pergunta mes
O quarto era simplesmente incrível. o piso era de madeira, uma cama de casal com lençóis brancos, a cama fica de frente para uma pequena varanda com portas de arraste de vidro. Um grande tapete de veludo branco de frente para a lareira, com dois sofás em volta. Do outro lado do quarto um guarda-roupas, na frente da cama um baú antigo. Deixo minha mochila no chão e abro uma porta próxima ao guarda-roupas. Ao entrar vejo que é o banheiro, de frente para mim tem uma larga janela de vidro mostrando uma linda paisagem das montanhas, cobertas de neblina e nuvens, em frente a ela uma pequena hidromassagem, com o estilo de madeira, um box e privada. Simples mas elegante, ligo a torneira da hidromassagem, instantaneamente ela começa a encher. Volto para o quarto e vou correndo me jogar na cama.Esse lugar é perfeito sem denegrir a natureza, acho que não faz muito tempo que construíram esse hotel. A forma como os dois cuidou de cada detalhe, e a forma acolhedora que nos sentir. me pergunto porq
— Ric...O chamo pelo apelido de antigamente, ao qual achava carinhoso e talvez ainda ache. Um arrepio atravessa meu corpo, minha carne treme mas não consigo distinguir se é pela emoção de vê ele, ou pelo frio abundante. Um milhão de pensamento passam pela minha mente, já fantasiei esse momento incontáveis vezes, mas agora não consigo dizer uma única palavra, sinto como se minha mente tivesse parado, e as palavras estivessem embaralhadas na minha garganta, me impedindo de falar. Minha voz soa baixa e fraca, dou meia volta ficando de frente para o mesmo, seu olhar sobre mim é como um impacto ou deve ser a vergonha de ter sido pega. Vê-lo mas de perto mostra o quanto ele continua bonito, engulo em seco e solto o ar que estava prendendo. O som de trovão soa no céu fazendo com que eu saía do transe, eu sempre achei que encara os seus olhos nunca fosse de mas.— Vem vamos sair da chuva.Falo e faço um gesto com a cabeça em direção ao prédio, ele apenas concorda. Meu coração descompassa uma
— Ricardo, eu não estou com cabeça pra ouvir você, só vai embora.Peço tentando demonstrar um pouco mas de calma, só não consigo entender o por que de ter voltado e continuar em silêncio, eu sinceramente não preciso disso. Não posso mas aturar esse homem mexer comigo, com a minha vida. isso é loucura! tudo isso, simplesmente não posso mas aguentar. Seu olhar é triste sobre mim, de certa forma sei que o magoei, mas ele me magoou muito mas. as coisas não vão ser tão simples assim, pelo menos não como ele pensa. não sou mas a garota que ele conheceu, e ele não é mas o garoto que conheci. agora somos adultos, e temos pensamentos diferentes. vidas diferentes. Deus! ele até mesmo pode ser casado e ter filhos. esse pensamento não me agrada mas é uma terrível possibilidade.— Clara, você tá bem?o mesmo pergunta, a preocupação agora incobrindo seu olhar triste. seus olhos fixos nos meus, seu rosto está tão perto do meu, que até mesmo posso sentir sua respiração morna tocae minha face.— Acho
Fala autoritário deixando a bandeja em cima do móvel próximo a minha cama, o mesmo vem até mim pegando as cobertas e cobrindo meu corpo dos pés ao pescoço. Estou me sentindo como um verdadeiro rolinho japonês. observo o mesmo mexer em algo na bandeja, sei como ele poder ser rígido quando estou doente.— Adam, foi só uma febre.Tento ameniza sua preocupação e sua proteção exagerada, sempre é a mesma coisa quando fico doente. Houve uma vez em que alguns espinhos entraram na minha mão enquanto cortava algumas rosas, por causa disso Adam, não me deixou ir ao trabalho por dois dias, e ainda me levou ao hospital para checarem minhas mãos. Sei que o Adam, só quer me proteger, mas as vezes ele exagera. Só que desta vez é diferente, sinto como se ele se sentisse ameaçado. Talvez pelo retorno de Ricardo. Olho para o mesmo que está de costas fechando as cortinas.— por favor Adam, não me diga que está fazendo tudo isso para manter o Ricardo longe.Ao ouvir minhas palavras o mesmo para o que está
Ao sair do prédio tive uma surpresa, Ricardo, me aguardava encostado a sua moto vestindo uma jaqueta de couro, e usando óculos escuros. Seu jeito descontraído e sexy me chama atenção, ele parece exatamente com seu eu de dez anos atrás, não consigo decidir se dou gargalhadas ou fico séria. quando ele me vê abre um lindo sorriso que só ele sabe mexer comigo. Vamos lá coração não me traía. Desço os poucos degraus e vou em sua direção. sinto meus nervos a flor da pele, a confissão de Vera, me veem a mente. talvez eu não vá conseguir nada, mas mesmo assim, quero perguntar ao Ric, sobre suas visitas, e também é provável que ele saiba sobre o comportamento estranho do Adam.— O que está fazendo aqui? — sou direta e objetiva, noto o mesmo erguer uma sobrancelha. é querido, não sou mas a garota desajeitada e ingênua que você conheceu.— Vim te ver, e sabe se está melhor.Fala se afastando da moto e ficando com a postura ereta na minha frente, me aproveito da situação para saber se ele é o tal
ficamos o dia inteiro no local, conversando, como se fossemos velhos amigo. Só noto que esta ficando tarde quando os pequenos raios de sol vão desaparecendo entre os prédios. Nesse tempo em que estivéssemos aqui soube de várias coisas sobre ele, mas nem sempre é um 100%. O pai dele se recuperou muito bem, e a empresa está crescendo cada vez mas. Ric, só me falou as coisas superficiais, nada muito profundo. optei mas por ouvir, do que fazer perguntas. imaginei que se o Ric, soubesse que estava ouvindo, prestando atenção nas suas palavras. ele poderia se abrir mas, e assim ele fez algumas vezes, mas sempre que se afundava de mas em um assunto, voltava a emergir. foi assim durante um bom tempo, não era o que eu queria, mas foi mas do que eu poderia ter bo momento.— Nossa o tempo passou rápido.Falo olhando para a janela e logo após olho meu pulso, coberto por um pequeno relógio em cores prata e marrom, já são 17:57. Mal acredito que passei o dia inteiro aqui com ele, conversando como se