Capítulo Dois

Solto um suspiro ao sentir a água quente se chocar ao meu corpo gelado, posso dizer que a sensação é única. Passo ambas as mãos no meu rosto até meus cabelos. Meu corpo precisava disso, eu precisava disso. A contra gosto saiu do chuveiro, me seco e visto um roupão. Vou em direção a pia secar meu cabelo, ligo o secador e começo a secar. As mechas loiras se destacam, assim como as olheiras em meus olhos, resultado das noites mal dormidas. Me analiso e vejo que não mudei muito nesses últimos dez anos, talvez uma coisa aqui e outra ali. Mas aparento está mas madura agora. Vejo que meu cabelo já secou e desligo o secador. Saiu do banheiro, não me incomodo em andar de roupão pelo apartamento, e hoje o Adam, chegará mas tarde da empresa. tenho que dizer que é ótimo dividir o apartamento com o seu melhor amigo. Mas também o Adam, não iria se encomodar em me ver assim, afinal ele é gay, e posso dizer que por ele ser gay tenho algumas vantagens.

Vou até a cozinha e pego uma garrafa com água na geladeira, depois me jogo no sofá da sala e vejo o que passa na TV. Fico mudando de canal mas não encontro nada que me agrada. Desligo a TV e vou para o quarto, caminho em direção ao guarda-roupa na tentativa de achar algo confortável para vestir. Mexo em alguns cabides e no fundo encontro algo que não só mexe com a minha cabeça, mas também com o meu coração. A jaqueta de couro do Ric. Ela continua do mesmo jeito que deixei, o plástico que proteje o couro continua intacto, queria poder guardar o cheiro dele desta forma. Mesmo sabendo que deveria me livrar dela a muito tempo, ainda não o fiz. Desço o pequeno zíper e tiro a jaqueta de dentro. Trago a mesma ao nariz e ela ainda contêm seu cheiro. Fico me perguntando se ele tem esposa, filhos uma família para cuidar, se está indo bem nos negócios. Esse e mas mil pensamentos passam pela minha cabeça. Já perdi as contas de quantas vezes imaginei como séria se ele estivesse aqui, se tivesse mudado de ideia e não ido, como seria nossas vidas juntos. As vezes inconscientemente imagino que estamos casados, moramos em um casa grande com um enorme jardim com diversas flores. Teríamos lindos filhos, e talvez um cachorro. O Ric, gosta de animais. Não sou muito fã, mas com certeza não seria contra. Uma vida perfeita, pelo menos para mim.

Sei que agora ele está com vinte e sete, no próximo mês fará vinte e oito anos. Caminho em direção a pequena lata de lixo no meu quarto. Sustento a jaqueta em cima da lata de lixo, mas simplismente não consigo soltar. É como se me atraísse com todas as suas forças, se prendendo a mim, uma força invisível. O que mas dói é aquela pequena esperança viva em meu coração, dizendo que tornarei a vê-lo, mas sei que isso é impossível. Ric, foi embora, preferiu mentir para mim e me enganar do que dizer a verdade. Trago a jaqueta de couro em tom escuro, com detalhes de prata para junto do meu peito. De algum modo não posso jogar isso fora, eu simplesmente não consigo. Me sinto uma idiota por ainda nutrir todos esses sentimentos inúteis, sou uma covarde. Mesmo com todos os sinais falando sim, meu coração grita não. Mais uma vez dou derrotada por esses sentimentos. Talvez o ano que vem eu consiga. Me deito na cama agarrada a jaqueta, e de imediato adormeço sentido seu aroma ao qual nunca esqueci.

— Ei bela Adormecida, tá na hora de acordar.

Ouço a voz do Adam. Me espreguiço na cama, antes de abrir os olhos. Vejo que o mesmo está em um tragé de galã.

— Se esqueceu ou dormiu de mas?

Pergunta levantando uma sobrancelha.

— Segunda opção.

Digo com humor me levantando da cama e indo para o banheiro.

— Que horas são?

Pergunto ao mesmo que ainda deve está dentro do meu quarto.

— Você ainda tem meia hora.

Ouço sua voz do outro lado da porta, me olho no espelho e vejo minha cara de sono,com a marca da jaqueta no rosto. lavo o meu rosto e começo a me maquiar e faço um penteado qualquer no cabelo, o prendendo no alto. Em poucos minutos estou iguais as modelos das revistas que Adam lê.

— Por que não me acordou antes? — pergunto.

— Eu cheguei agora, e achei muito fofo você dormir agarrada a essa jaqueta... fora de moda.

Diz a última parte com o tom da voz soando Indguinado. Volto para o quarto e pego o vestido vermelho longo, pendurado na porta. Volto para o banheiro e visto o mesmo, volto para o quarto e fico de costas para o Adam, prontamente o mesmo sobe o pequeno zíper na parte de trás do vestido. calço o salto alto preto e pego minha bolsa, passando um pouco de perfume para finalizar.

— Isso é o que eu chamo de produção rápida, se eu fosse hétero com certeza daria em cima de você.

Fala estando o braço, pego o mesmo e bato minha bolsa em seu peito. O mesmo solta uma gargalhada.

— Vamos antes que cheguemos atrasados.

Ao saímos da limosine uma chuva de fleshs caí sobre nós, repórteres para todo lado, fazendo perguntas e tirando fotos. Adam para e sorri para todos enquanto acena. Eu só sorrio e aceno com a cabeça. Odeio esses eventos de gala, mas sempre venho como acompanhante do Adam. Começamos a andar pelo longo tapete vermelho, até que um repórter faz uma pergunta que me deixa incomodada.

— Sr.Holst é verdade que está noivo da Srta.Clara Smiller? Vocês moram no mesmo apartamento há oito anos, e sempre vêem juntos aos eventos.

Paro por um segundo é encaro o mesmo confusa. Mesmo estando juntos a bastante tempo, nunca ouvi uma pergunta igual a essa. Sempre deixamos bem claro para a mídia que não temos qualquer tipo de relação íntima, e além disso o Adam, já se assumiu publicamente sua sexualidade. Adam, me puxa um pouco me incentivando a andar ignorando completamente a pergunta do repórter. Como o Adam, tem mas experiência do que eu quando se trata da mídia, faço o que ele instruí. O mesmo se inclina um pouco em minha direção é fala baixo, próximo a minha orelha só para que eu ouça.

— Continue sorrindo querida.

Abro um sorriso amarelo e respondo o ele no mesmo tom de voz.

— Você me disse que tinha explicado a imprensa que somos só amigos.

— Não vamos ter uma D.R agora Hmm?

Fala na maior cara lavada, abro um sorriso amarelo e continuamos andando. Odeio quando o Adam, faz piada sobre isso. Mas uma parte maravilhosa da sua personalidade. Ao entramos no salão fico maravilhada com sua enorme beleza e luxo. Pessoas bem arrumadas, um enorme lustre no teto, garçons andando com bandejas para todo lado. Algumas pessoas vêem nos comprimentar, e nós cumprimentamos algumas. Pego uma taça de champanhe e bebo um gole. Um homem fala ao microfone anunciando que o leilão irá começa. Nos dirigimos ao local que é em uma outra sala, me sento ao lado do Adam. Pessoas dão preços absurdos a algumas pinturas, se alguém me pagar assim por uma pintura, começo a pintar hoje mesmo. Fico me remexendo na cadeira de um lado para o outro, depois cruzo as pernas. Mas logo descruzo. Não que a cadeira esteja desconfortada, pelo contrário ela é mas confortável que meu travesseiro, só não consigo ficar quieta. Adam, se inclina em minha direção é fala baixo.

— Por acaso tem formigas na sua cadeira?

Giro minha cabeça um pouco em sua direção, é respondo no mesmo tom da sua voz.

— Isso aqui tá muito chato, quando vão servir a comida?

— Quando o leilão acabar, sua esfomeada.

Fala o mesmo em desaprovação mas com humor. ahh eu também sei fazer piadas querido. Seguro o pulso de Adam, e levanto sua mão que segura uma plaquinha com um número nove desenhado nela.

— 120 mil do Sr. Holst, alguém da mais? Dole um... dois... três... Vendido para o Sr. Holst.

Adam, abre um pouco a boca em choque, por ter adquirido uma linda estátua de um homem nú, com sua arma não muito avantajada. O mesmo olha para mim com fúria, hora de fugir. Me levanto e saiu do local antes que seu olhar me mate. Volto para o salão que agora está vazio, só sendo ocupado pelos garçons. Ando sem destino pelo local, olho algumas obras de arte e bebo um pouco de vinho, depois caminho em direção a uma grande varanda. Fico ali parada sentido o vento gelado da noite.

— Boa Noite.

Me assusto com a voz masculina atrás de mim, giro meu corpo para poder encarar o homem alto com a  barba pós fazer, cabelo penteado para trás. Vestido em um fino terno. Ele passa a mão por seu cabelo preto com o charuto entre os dedos. Ele sorri para mim de um jeito suspeito. Seu rosto tem características dele, do homem que um dia amei com todas as forças, e ainda amo. Mas seu olhar é sombrio, poderia dizer até que assustador..

— Desculpa não queria te assustar. Meu nome é Maurício.

 

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