Giovanna tinha uma melhor amiga com quem dividia tudo, muitas coisas ela deixava em oculto de sua irmã, para não a preocupar, mas com Olivia podia desabafar à vontade e ela acompanhou toda sua história durante aqueles três anos, elas eram amigas de faculdade e se tratavam como verdadeiras irmãs de sangue.
— Você não tem desculpa de não vir à minha inauguração Giovanna, e além do mais, temos um motivo para comemorar, você vai ficar solteira amiga, e vamos poder farrear juntas — estava animada.
Olivia era filha de um magnata, chefe de uma empresa no ramo do petróleo, era do tipo festeira, que trocava de namorado quase toda semana e que não via a hora de sua amiga se libertar daquele casamento, para conseguir um namorado de verdade.
— Tudo bem Olivia, não vou perder a inauguração do seu bar por nada, está feliz agora?
— Sim, e espero que fique linda, pretendo apresentar você para alguns amigos.
As duas sorriram e Giovanna balançou a cabeça, sua amiga era maluca e queria a arrastar para aquela maluquice, ela tinha apenas comunicado o pedido de divórcio, mas Olivia já queria que ela agisse como uma mulher divorciada.
Por coincidência naquele dia, Mário também havia sido convidado para inauguração de um bar, que seria no dia seguinte e era justo o bar de Olivia, quando se dirigia para seu apartamento, acabou sofrendo uma emboscada, iniciando uma perseguição contra ele.
Durante todo o começo daquela perseguição, enquanto tudo acontecia, ele só conseguia pensar, que sua localização poderia ter sido vazada, já que ninguém além de sua equipe, sabia onde ele ficava, ou qual rota ele seguia para ir para sua casa, ainda mais pelo fato de estar sozinho.
Em um determinado ponto seu carro foi atingido, fazendo com que batesse em um poste, sua cabeça bateu no volante, fazendo um corte em sua testa, ele não teve prazo nem mesmo de sair para tentar fugir dali, ou avisar alguém de sua confiança do que estava acontecendo, alguns homens se aproximaram do carro, o tirando de dentro, dando-lhe alguns socos.
Giovanna que também voltava de sua empresa, acabou diminuindo a velocidade do seu carro por achar que se tratava de um acidente, quando percebeu que se tratava de alguma ação relacionada a gangues ou a máfia, sentiu raiva e nojo ao mesmo tempo, por se lembrar do que tinha ocorrido com seus pais e mesmo sem saber de quem se tratava o homem que estava sendo levado, decidiu ajudar.
Ela acelerou seu carro, indo em direção aqueles homens que estavam ali, eles se jogaram para o lado, enquanto ela freou o carro próximo de Mário, abrindo a porta, mandando que entrasse, ele não fazia ideia de quem era aquela mulher, mas entrou, era melhor do que ser levado por aqueles homens.
Os outros que fizeram o cerco, ainda atiraram na direção do carro, mas não acertou, havia uma esquina próximo de onde estava acontecendo tudo, e foi ali que ela entrou, a única opção que eles encontraram, foi iniciar uma perseguição novamente.
Aquele era o bairro onde ela morava, ela conhecia bem aquelas ruas e ainda dirigia muito bem, estava conseguindo se adiantar e ainda teve a sorte de que quem a seguia, se envolveu em um acidente no cruzamento que ela tinha acabado de passar, dando vantagem aos dois, que conseguiram despistar, mas o que ela não imaginava, era que tinham anotado a placa de seu carro.
Durante aquela fuga eles ainda não tinham falado nada um com o outro, mas independente de quem ela fosse e ainda por cima que parecia ser uma mulher comum, ele ficou atraído por ela, o pouco que observou do seu rosto, pôde perceber que era uma mulher bonita, mas se sentiu ainda mais atraído, pela coragem e bravura que demonstrou.
Depois de ter certeza de que não estavam mais sendo seguidos, ela parou em um estacionamento de um prédio qualquer, e só então depois de parar, foi que olhou direito para ele. Seu rosto tinha bastante sangue, devido ao corte na cabeça, ela não conseguia ver seu rosto claramente, mas seus olhos chamaram muito sua atenção, e ela fez o mínimo que podia fazer naquela situação.
— Você está muito machucado? Precisa ir para o hospital? — estava preocupada e queria saber se poderia fazer mais alguma coisa.
— Foi só um pequeno corte, eu vou sobreviver.
Os dois se encararam por alguns segundos e foi a vez dele lhe fazer uma pergunta.
— Como posso te recompensar por ter salvado minha vida? Dinheiro, poder? Ou quem sabe, eu mesmo posso ser sua recompensa — tinha um sorriso malicioso nos lábios.
Diante daquela oferta, ela não pensou muito nas duas primeiras, aquilo de certa forma ela já tinha, era a Ceo da empresa de joias que seus pais deixaram, e ainda de mais uma mina de pedras coloridas que fazia parte da herança, mas a terceira opção, ela estava quase aceitando, mesmo que aquela proposta tenha a deixado um pouco constrangida.
Giovanna voltou a si quando seu telefone tocou, era sua amiga, mas naquele momento não poderia atender, agradeceu mentalmente por aquela intervenção ou acabaria não resistindo àquele homem e foi o que fez, o recusou.
— Não preciso de nenhuma recompensa, eu não fiz isso com nenhuma segunda intenção.
Como ele tinha ficado atraído por ela, queria saber mais sobre aquela mulher que o ajudou.
— E qual o seu nome?
Por mais que o tenha ajudado, ela não sabia quem ele era, notou inclusive que usava luvas brancas naquele momento e ainda estava sendo levado por um grupo mafioso, sua intuição dizia que ele não era um homem comum e preferiu mentir sobre seu nome.
— Débora.
Ele gravou aquele nome, na intenção de conseguir mais informações sobre ela, mesmo ela não tendo dito seu sobrenome.
— Precisa que eu te leve a mais algum lugar? Como está ferido, posso te deixar na sua casa, ou onde preferir — foi atenciosa.
— Pode me deixar aqui mesmo, acredito que vou estar seguro, vou pedir que alguém venha me buscar e mais uma vez, tem certeza de que não quer nenhuma das recompensas?
Pela forma que sorriu depois daquela pergunta, ela entendeu a qual das recompensas ele se referia e mais uma vez negou.
— Não vai ser preciso, só espero que não se meta em mais nenhuma confusão até alguém vir te buscar — lhe deu um sorriso.
— Se está preocupada comigo, prometo que não vou me meter.
Mário saiu do carro dela, agradeceu o que ela fez por ele, Giovanna ainda deu mais um sorriso em sua direção, e saiu daquele estacionamento, deixando-o para trás, mas ainda olhou pelo espelho interno aquele homem misterioso, com olhos tão lindos.
Depois que não podia mais ver aquele carro, ele ainda esboçou um sorriso balançando sua cabeça, mas em seguida seu sorriso se desfez, deixando uma expressão fria, misturada com os traços de sangue em seu rosto, pegou o celular de seu bolso, e fez uma ligação.
— Alguém entregou minha posição e quase me mataram, descubra quem é essa pessoa, venha me buscar, vou te mandar minha localização — falou com alguém de sua segurança.
Pouco tempo depois, ele foi levado para sua casa, não queria que seu avô o visse daquela forma, seria mais um motivo para reclamar, já que vivia falando sobre o fato dele andar sozinho, mas ele ainda mantinha sua vida como professor, seria muito chamativo se ficasse andando com homens na sua cola.
Giovanna também foi direto para seu apartamento, no caminho ligou de volta para sua amiga, mas não contou o ocorrido, pois sabia que ela ficaria preocupada. Sua irmã ainda não tinha chegado, depois de tomar um bom banho, ficou pensando naquele acontecimento e em como tudo aquilo lhe trouxe lembranças do que tinha acontecido no dia em que perdeu seus pais.
No dia seguinte, ela fez suas coisas normalmente, faculdade, trabalho, mas em vários momentos durante o dia se lembrou dos olhos daquele homem, e a noite se preparou para o evento de inauguração de sua amiga.
— Tem certeza de que não quer ir comigo? — tentou convencer sua irmã.
— Tenho, já disse que estou com cólica, vou ficar por aqui mesmo.
— Não está sentindo mais nada? — sempre se preocupava com a saúde de sua irmã.
— Vai para sua festa, é somente uma dor, já tomei remédio, vou assistir um filme e ir dormir.
Ela se despediu de Bianca e foi para a festa, mas antes ainda fez questão de avisar para ligar imediatamente, se sentisse qualquer outra coisa.
Já na festa, Olívia tentava convencer sua amiga a conhecer uma pessoa.
— Qual é amiga? Se dê uma chance, tenho certeza de que esse homem que quero te apresentar, vai cair como uma luva — falava empolgada.
— Você sabe que sou casada, não é?
— Mas vai ser uma mulher divorciada em breve, qual o problema em já querer ir adiantando as coisas?
Ela viu que não adiantaria argumentar com sua amiga e concordou, mas já pensando que arrumaria uma desculpa para recusar aquele homem depois. Olívia segurou sua mão e foi em direção ao homem que ela queria apresentar e que na verdade se tratava de Mario.
— Mario, quero apresentar uma amiga a você — falou bem sorridente.
Assim que ele olhou a linda mulher a sua frente, reconheceu Giovanna no mesmo instante, mas ela por outro lado não o reconheceu, talvez porque ele estivesse cheio de sangue na noite anterior, ou porque não estivesse fazendo tanta questão de prestar atenção nele naquele momento, mas ele ficou bem empolgado de reencontrar sua salvadora
Como Mário era um professor na faculdade onde elas estudavam, sua amiga achou que aquela era uma ótima oportunidade para ela, o achava um homem de bem, lindo e rico, uma combinação mais que perfeita para sua amiga, por mais que ele fosse lindo, ainda não fazia o seu tipo. — Essa aqui é a Giovanna — apresentou sua amiga, com um sorriso. Assim que ele ouviu o seu nome, estreitou seus olhos para ela, não foi com aquele nome que ela tinha se apresentado a ele. — Muito prazer, sou o Mário — pegou sua mão, analisando suas expressões. No entanto, Giovanna apenas acenou com a cabeça, lhe dando um leve sorriso, não demonstrando nenhuma empolgação com relação a ele, o que o fez ficar ainda mais intrigado, já que se orgulhava do fato de não passar despercebido pelas mulheres. — Bom, vou deixar vocês a sós para se conhecerem melhor, vou falar com mais alguns dos meus convidados, e quanto a você — apontou para Mário — Trate de cuidar bem da minha amiga. Giovanna perdeu as contas, das vezes e
Assim que Mário retornou para casa, recebeu novas informações dos seus subordinados. — Senhor, conseguimos descobrir quem foi o traidor, que passou a informação da localização de onde o senhor estava, ele já está preso no local de sempre, estamos somente esperando pelo senhor. — Ótimo, vamos até lá, esse miserável tem muita coisa para dizer. Ele mal havia chegado e acabou saindo novamente, eles tinham um local próprio para interrogatório e foi para lá que eles foram, para interrogar aquele traidor e Mário fazia questão de estar presente, já que ele mesmo gostava de interrogar aquele tipo de homem. Quando chegaram, aquele homem estava amarrado com as mãos para cima, ele já tinha levado alguns socos e já estava bem machucado, Mario se aproximou, e como sempre, estava com suas luvas brancas nas mãos, olhou bem para seu subordinado e começou a falar com ele. — Então você é o traidor? Muita ousadia a sua, achou mesmo que eu não fosse descobrir? Quem está por trás da ordem? — Eu não
Mesmo sabendo do risco que estava correndo, Giovanna não se intimidou por aquela mensagem, sua determinação dizia que precisava seguir em frente, até descobrir sobre os problemas daquela mina, aquele patrimônio tinha sido deixado para ela e sua irmã, precisava proteger os bens da sua família. Ela manteve o e-mail em sua caixa de mensagem, e partiu para verificar o outro, que tinha sido enviado pelo detetive. Giovanna abriu aquele e-mail, e nele continha as provas sobre o colapso na mina, ela leu cada informação que foi mandada pelo detetive, mas já pensando no que fazer com todas aquelas provas e com os culpados de toda aquela situação. Giovana notou que além das informações sobre a mina, ainda existia algo mais naquele relatório era algumas informações referente ao acidente de carro que seus pais adotivos sofreram. No relatório dizia que havia uma testemunha-chave daquele acidente, ela se sentiu animada, pois poderia conseguir algum tipo de prova, que a levasse ao que realmente es
Na manhã seguinte bem cedo, a irmã de Giovanna viajou com suas amigas, ela desceu com Bianca ajudando com as malas, mas antes de saírem, ela ainda recomendou novamente. — Assim que chegar envie uma mensagem, não esqueça de tomar os seus remédios, por favor não saia com estranhos e não faça besteiras por lá — abraçou sua irmã. — Sim senhora, prometo me comportar, além do mais sou adulta, sou mais nova que você somente por um ano, então pare de me tratar como criança sua boba. Ela argumentou, se despediu de Giovanna e entrou no carro com suas amigas saindo rumo a sua nova vida. Enquanto olhava sua irmã partir, Olivia chegou com seu novo namorado, eles também sairiam de viagem naquela manhã e combinaram de que Mário os pegaria no apartamento de Giovanna. Eles subiram, mas logo já chegou uma mensagem de Mário, pedindo que fossem para o terraço, que ele estava quase chegando. — Ele está vindo de helicóptero? — questionou incrédula depois de ler. No prédio em que ela morava, realmente
Giovanna estava quase perdendo a consciência, já podia sentir o seu corpo começando a desfalecer, mas ainda pôde sentir que algo a puxou, por sorte era Mário, que tinha conseguido a encontrar, ele a puxou em sua direção, colocando a máscara extra que ele sempre carregava, tentando fazer com que ela respirasse. Depois de alguns segundos, ele conseguiu fazer com que ela não perdesse a consciência, fez um sinal com a mão, pedindo para que ela tivesse calma e respirasse devagar e só depois que viu que ela tinha se acalmado, tirou seus equipamentos danificados e foi que segurou sua mão a puxando para sair daquele lugar. Os dois saíram da caverna, o sentimento de alívio que ela sentia naquele momento era indescritível, saber que passou perto de ter morrido naquela caverna, era realmente assustador, ele seguiu segurando sua mão e a puxando até avistarem o iate, só então ele parou e se olharam. Eles não sabiam se era pela adrenalina do que tinha acontecido, ou se era porque realmente se s
Os dois ainda se beijavam intensamente naquele chão, por aqueles poucos instantes, não estavam se importando com nada e nem com ninguém, até que ela percebeu o que estava fazendo, parou seus beijos e tentou se levantar, pois tinha ficado com vergonha daquela impulsividade. Mário percebeu que ela queria se levantar, mas não queria que aquele beijo e aquele contato terminassem, pois estava gostando muito daquilo, ele segurou seu rosto, começando novamente aquele beijo de uma forma bem mais apaixonada. A princípio Giovanna tentou resistir, mas aos poucos foi cedendo aquele beijo, na verdade, era também o que ela queria, acabou se entregando de vez em um beijo mais íntimo que estavam tendo e que ambos estavam gostando. No andar de baixo, Olivia achou que aqueles dois estavam demorando até demais, ficou se perguntando se resolveram partir logo para a sobremesa e se seus presentinhos, tinham ajudado em alguma coisa. — Vou subir para ver o porquê de estarem demorando tanto — avisou seu n
Giovanna andava de um lado para o outro, sem saber o que fazer nem o que pensar, todas aquelas informações na sua frente, parecia muita coisa para sua cabeça naquele momento, ela decidiu ligar para o advogado novamente, precisava tirar aquelas dúvidas que estavam inundando sua cabeça e assim que ele atendeu, começou suas indagações. — A foto que me mandou é do meu marido? — Sim senhora, são todas as informações que temos, como a senhora nunca quis saber sua aparência, durante esse casamento, pensei que talvez quisesse saber como ele era, já que estão prestes a se divorciarem. — Você sabe me dizer se ele tem fotos minhas também? — Sim, ele também tem todos os seus dados, inclusive fotografias, eles investigaram tudo sobre a senhora. Mas aconteceu alguma coisa? Tem algum problema com essas informações? — Não, nenhum problema, só queria ter certeza dessa informação, obrigada por enquanto. Ela desligou e ainda estava em choque com tudo aquilo, se Mario sabia quem ela era, no mínimo
Giovanna voltou para a sala de aula, somente para pegar suas coisas, estava muito irritada e não queria ver Mario novamente. — Onde você está indo? O que aconteceu? — Olívia não sabia o que tinha acontecido com sua amiga. — Não vou continuar na próxima aula, invente que passei mal, depois te explico, preciso sair daqui o mais rápido possível — se virou, saindo com suas coisas, após a responder. Giovanna saiu rápido da sala, não queria arriscar se encontrar com Mario ali dentro, ou pelos corredores da faculdade, caminhou a passos largos em direção ao seu carro no estacionamento da faculdade, assim que entrou, se derramou em lágrimas como ainda não tinha feito antes, quando descobriu o que ele tinha feito. Ela não poderia dar o gostinho para aquele homem, de ver ela chorando devido aos sentimentos que tinha por ele, mas ali naquele carro estava sozinha, podendo se permitir chorar, colocando aqueles sentimentos para fora. A sua casa não seria uma boa opção para ela ir naquele moment