Sicília — Itália
Naquela sala de reuniões, o clima permanecia tenso, os acionistas de um lado, olhavam para Giovanna como animais prestes a devorar sua presa e era daquela forma que eles a viam naquele momento, ela estava fragilizada pelo que tinha acontecido, e era o momento certo para que conseguissem assumir a empresa. Os pais adotivos de Giovanna, haviam acabado de falecer em um acidente de carro, acidente esse, que ela ainda achava misterioso, e tinha dúvidas se era mesmo uma fatalidade, ou algo planejado, o caixão estava lacrado, pois afirmaram que o estado dos corpos não era nada bom e não deveria ser aberto. — Os senhores estão agindo de má-fé nesse momento, meus pais acabaram de morrer, e vocês nem ao menos querem esperar a leitura do testamento? — questionou irritada, mas tentava controlar suas emoções — Sei que por enquanto, eu e minha irmã não temos a maioria das ações, mas isso pode ser revertido, assim que meu advogado resolver tudo. — Não se trata de má-fé senhorita, estamos pensando na empresa, todos nós sentimos muito pelo que aconteceu, mas quanto mais esperarmos, mas a empresa pode perder, como você mesmo disse, suas ações não são maiores que as nossas, nós podemos assumir, e garantir que a empresa continue dando lucro, sabe que esse ramo de negócio, pode ser um pouco traiçoeiro — um dos sócios se empós. Giovanna era filha adotiva de Marisa e Giuseppi Rossi, eles eram os donos de uma empresa no ramo de joias, com especialidades em pedras preciosas, a empresa tinha vários acionistas, e eram os donos dessas ações que estavam causando dor de cabeça para ela. Ela olhava várias vezes para o relógio, seu advogado garantiu que já estava a caminho, mas estava demorando muito, se não chegasse logo, eles começariam a votação e elegeriam outro CEO para a empresa, baseando-se na quantidade de ações de cada um. Diante de toda aquela pressão e o pedido para que começasse a votação, eles já estavam prestes a começar, porém, a reunião foi interrompida, pela chegada de seu advogado. Giovanna ficou mais aliviada ao vê-lo, apesar de não saber ao certo o que tinha naquele testamento, mas sabia que era da vontade de seus pais adotivos, que ela continuasse administrando a empresa, como eles mesmo já haviam falado para ela. — Bom dia a todos e me desculpe o atraso, mas tive alguns pequenos transtornos para chegar até aqui hoje — explicou e se sentou próximo à herdeira. O advogado fez um sinal para a secretária que estava na reunião, para que o ajudasse a distribuir algumas cópias daquele testamento. — Como podem ver, diante de vocês, está uma cópia do testamento do Senhor Giuseppi e Marisa Rossi, no qual, tinham a intenção de deixar a parte majoritária dessas ações, a filha Giovanna Rossi — ele fez uma pausa e olhou para baixo. Diante daquela hesitação, Giovanna notou que teria algo mais, imaginou que havia algum termo ou condição, para que herdasse a empresa. — Mas também existe uma cláusula, para que tudo isso seja possível. — E o que é? — ela perguntou, esperando o pior. — Para herdar a empresa, a senhorita terá que se casar imediatamente com Mario Esposito, e então as ações de seus pais passarão para você. — Eu concordo — falou de imediato. Giovanna tinha vinte dois anos, e estava cursando a faculdade de psicologia, achava que sua vida estava apenas começando, para ter que carregar o fardo de um casamento arranjado por seus pais, ela não sabia quem era aquele homem, mas já tinha ouvido o sobrenome em algum momento, entre as conversas de seus pais. Ela não queria ver a empresa que seus pais trabalharam tanto para construir, ficar nas mãos de oportunistas como aqueles acionistas na sua frente, e estava disposta a fazer aquele sacrifício, era uma forma que ela encontrou de agradecer tudo que aquela família fez por ela e sua irmã, principalmente o fato de ter adotado as duas. Mediante a confirmação que se casaria, o advogado informou, que assim que a união fosse oficializada, todos receberiam os devidos relatórios. Alguns não conseguiram disfarçar o seu descontentamento com o que estava acontecendo, mas teriam que aguardar, já que aquele testamento era válido, e após todos saírem daquela sala, foi a vez dela falar o que queria.— Por que meus pais fizeram isso comigo? — questionou ainda transtornada.
— Sei que pode estar pensando que foi uma maldade ou algo desse modelo, mas posso assegurar que não foi nada nesse sentido, eles queriam que ficasse segura, pois sabiam quem eram os sócios que tinham e que eles tentariam te destruir. — Posso até aceitar me casar com ele, mas não estou disposta a ficar minha vida toda em um casamento sem amor, ficando juntos somente por conveniência, ele ao menos está aceitando de bom grado esse acordo? — Sim, ele está ciente e concorda. (...) — Não, eu não vou me casar com uma mulher que nem conheço vovô — foi a reação de Mário ao saber.— Eu não perguntei se você quer se casar, eu mandei você se casar ou sabe o que posso fazer caso me desobedeça, posso não ser mais o atual padrinho na organização, mas ainda posso te matar por desobediência.
— O senhor teria coragem de mandar fazer isso? — o questionou incrédulo. Joseph arqueou a sobrancelha, indicando que estava falando sério para ele, que andou de um lado para o outro se sentindo indignado.— Por quê? Só me diz por que aceitou esse acordo vovô? Oh mio Dio!.
— O pai da moça salvou minha vida uma vez e eu tinha uma dívida de gratidão. — E eu tenho que pagar por ela? Seu avô bateu na mesa irritado, e se levantou falando alto com ele daquela vez. — Não me tire do sério Mario, eu dei minha palavra e de toda forma você teria que se casar, então isso já está decidido e pronto. Mario saiu irritado daquele escritório, não queria aceitar que seu avô tivesse decidido seu futuro daquela forma, ele ainda se sentia novo para se amarrar daquele jeito, era o atual padrinho da organização, que antes era chefiada por seu avô, mas também era professor de psicologia em uma universidade, aquilo era o mínimo de normalidade que ele conseguia, tinha muitas coisas para lidar e fazer, não tinha tempo para um casamento e muito menos uma esposa.Mario havia nascido em uma famosa família mafiosa da Sicília, tinha conseguido um título honorífico de “Vossa Excelência” dentro daquela organização e sem contar os apelidos de monstro e doutor morte. Diante de tudo que seu avô tinha falado, a única coisa que pôde vir a sua mente, era que a mulher com quem ele queria que se casasse, era uma oportunista, assim como a família dela, que provavelmente teriam coagido Joseph, por causa do favor de ter salvado a vida dele, mas não daria aquele gosto a eles. Mesmo não sendo da vontade dos dois, todos os trâmites da união daqueles dois, foram acertados e sempre eram por advogados, nenhum dos dois queria conhecer um ao outro, ele já a desprezava e ela não pretendia ficar naquele casamento por muito tempo, até mesmo iria sugerir que dormissem em quartos separados, pois não estava disposta a dividir a cama com alguém que não conhecia. Giovanna não sabia o que a família de Mário era, se soubesse jamais teria aceitado aquela união, pois tinha mu
Giovanna tinha uma melhor amiga com quem dividia tudo, muitas coisas ela deixava em oculto de sua irmã, para não a preocupar, mas com Olivia podia desabafar à vontade e ela acompanhou toda sua história durante aqueles três anos, elas eram amigas de faculdade e se tratavam como verdadeiras irmãs de sangue.— Você não tem desculpa de não vir à minha inauguração Giovanna, e além do mais, temos um motivo para comemorar, você vai ficar solteira amiga, e vamos poder farrear juntas — estava animada.Olivia era filha de um magnata, chefe de uma empresa no ramo do petróleo, era do tipo festeira, que trocava de namorado quase toda semana e que não via a hora de sua amiga se libertar daquele casamento, para conseguir um namorado de verdade.— Tudo bem Olivia, não vou perder a inauguração do seu bar por nada, está feliz agora?— Sim, e espero que fique linda, pretendo apresentar você para alguns amigos.As duas sorriram e Giovanna balançou a cabeça, sua amiga era maluca e queria a arrastar para a
Como Mário era um professor na faculdade onde elas estudavam, sua amiga achou que aquela era uma ótima oportunidade para ela, o achava um homem de bem, lindo e rico, uma combinação mais que perfeita para sua amiga, por mais que ele fosse lindo, ainda não fazia o seu tipo. — Essa aqui é a Giovanna — apresentou sua amiga, com um sorriso. Assim que ele ouviu o seu nome, estreitou seus olhos para ela, não foi com aquele nome que ela tinha se apresentado a ele. — Muito prazer, sou o Mário — pegou sua mão, analisando suas expressões. No entanto, Giovanna apenas acenou com a cabeça, lhe dando um leve sorriso, não demonstrando nenhuma empolgação com relação a ele, o que o fez ficar ainda mais intrigado, já que se orgulhava do fato de não passar despercebido pelas mulheres. — Bom, vou deixar vocês a sós para se conhecerem melhor, vou falar com mais alguns dos meus convidados, e quanto a você — apontou para Mário — Trate de cuidar bem da minha amiga. Giovanna perdeu as contas, das vezes e
Assim que Mário retornou para casa, recebeu novas informações dos seus subordinados. — Senhor, conseguimos descobrir quem foi o traidor, que passou a informação da localização de onde o senhor estava, ele já está preso no local de sempre, estamos somente esperando pelo senhor. — Ótimo, vamos até lá, esse miserável tem muita coisa para dizer. Ele mal havia chegado e acabou saindo novamente, eles tinham um local próprio para interrogatório e foi para lá que eles foram, para interrogar aquele traidor e Mário fazia questão de estar presente, já que ele mesmo gostava de interrogar aquele tipo de homem. Quando chegaram, aquele homem estava amarrado com as mãos para cima, ele já tinha levado alguns socos e já estava bem machucado, Mario se aproximou, e como sempre, estava com suas luvas brancas nas mãos, olhou bem para seu subordinado e começou a falar com ele. — Então você é o traidor? Muita ousadia a sua, achou mesmo que eu não fosse descobrir? Quem está por trás da ordem? — Eu não
Mesmo sabendo do risco que estava correndo, Giovanna não se intimidou por aquela mensagem, sua determinação dizia que precisava seguir em frente, até descobrir sobre os problemas daquela mina, aquele patrimônio tinha sido deixado para ela e sua irmã, precisava proteger os bens da sua família. Ela manteve o e-mail em sua caixa de mensagem, e partiu para verificar o outro, que tinha sido enviado pelo detetive. Giovanna abriu aquele e-mail, e nele continha as provas sobre o colapso na mina, ela leu cada informação que foi mandada pelo detetive, mas já pensando no que fazer com todas aquelas provas e com os culpados de toda aquela situação. Giovana notou que além das informações sobre a mina, ainda existia algo mais naquele relatório era algumas informações referente ao acidente de carro que seus pais adotivos sofreram. No relatório dizia que havia uma testemunha-chave daquele acidente, ela se sentiu animada, pois poderia conseguir algum tipo de prova, que a levasse ao que realmente es
Na manhã seguinte bem cedo, a irmã de Giovanna viajou com suas amigas, ela desceu com Bianca ajudando com as malas, mas antes de saírem, ela ainda recomendou novamente. — Assim que chegar envie uma mensagem, não esqueça de tomar os seus remédios, por favor não saia com estranhos e não faça besteiras por lá — abraçou sua irmã. — Sim senhora, prometo me comportar, além do mais sou adulta, sou mais nova que você somente por um ano, então pare de me tratar como criança sua boba. Ela argumentou, se despediu de Giovanna e entrou no carro com suas amigas saindo rumo a sua nova vida. Enquanto olhava sua irmã partir, Olivia chegou com seu novo namorado, eles também sairiam de viagem naquela manhã e combinaram de que Mário os pegaria no apartamento de Giovanna. Eles subiram, mas logo já chegou uma mensagem de Mário, pedindo que fossem para o terraço, que ele estava quase chegando. — Ele está vindo de helicóptero? — questionou incrédula depois de ler. No prédio em que ela morava, realmente
Giovanna estava quase perdendo a consciência, já podia sentir o seu corpo começando a desfalecer, mas ainda pôde sentir que algo a puxou, por sorte era Mário, que tinha conseguido a encontrar, ele a puxou em sua direção, colocando a máscara extra que ele sempre carregava, tentando fazer com que ela respirasse. Depois de alguns segundos, ele conseguiu fazer com que ela não perdesse a consciência, fez um sinal com a mão, pedindo para que ela tivesse calma e respirasse devagar e só depois que viu que ela tinha se acalmado, tirou seus equipamentos danificados e foi que segurou sua mão a puxando para sair daquele lugar. Os dois saíram da caverna, o sentimento de alívio que ela sentia naquele momento era indescritível, saber que passou perto de ter morrido naquela caverna, era realmente assustador, ele seguiu segurando sua mão e a puxando até avistarem o iate, só então ele parou e se olharam. Eles não sabiam se era pela adrenalina do que tinha acontecido, ou se era porque realmente se s
Os dois ainda se beijavam intensamente naquele chão, por aqueles poucos instantes, não estavam se importando com nada e nem com ninguém, até que ela percebeu o que estava fazendo, parou seus beijos e tentou se levantar, pois tinha ficado com vergonha daquela impulsividade. Mário percebeu que ela queria se levantar, mas não queria que aquele beijo e aquele contato terminassem, pois estava gostando muito daquilo, ele segurou seu rosto, começando novamente aquele beijo de uma forma bem mais apaixonada. A princípio Giovanna tentou resistir, mas aos poucos foi cedendo aquele beijo, na verdade, era também o que ela queria, acabou se entregando de vez em um beijo mais íntimo que estavam tendo e que ambos estavam gostando. No andar de baixo, Olivia achou que aqueles dois estavam demorando até demais, ficou se perguntando se resolveram partir logo para a sobremesa e se seus presentinhos, tinham ajudado em alguma coisa. — Vou subir para ver o porquê de estarem demorando tanto — avisou seu n