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Capítulo 04 - Casinha de Campo

Três horas depois, aqui estava eu, parada em frente à tal "casinha fofa" do anúncio, tentando desesperadamente encontrar alguma semelhança com a imagem idealizada que eu tinha criado na minha cabeça.

Algumas reformas Murmurei o que dizia o anúncio.

Precisava era derrubar e construir de novo, isso sim!

A "casinha" era, na verdade, uma construção de madeira pequena e desgastada, com um ar de abandono que me dava calafrios. A pintura descascada revelava um amadeirado cinzento, com pedaços lascados aqui e ali. O telhado, coberto de musgo e com algumas telhas faltando, parecia prestes a desabar a qualquer momento.

A varanda, estreita e com o piso apodrecido, rangia ameaçadoramente a cada brisa que passava. As janelas, empenadas e com vidros rachados, pareciam olhos mortos me encarando. A porta da frente, de madeira maciça, estava coberta de ferrugem e com a maçaneta bamba, dando a impressão de que se abriria com um simples toque.

Ao redor da casa, o jardim, que um dia devia ter sido exuberante, agora era um matagal denso e descuidado. A grama alta cobria o que antes devia ter sido um caminho de pedras, e as flores, antes coloridas, estavam murchas e esquecidas.

Suspiro, derrotada. Tinha me iludido com a ideia de encontrar um refúgio charmoso e aconchegante no interior. A realidade era bem diferente: eu havia comprado uma casa caindo aos pedaços, que precisava de muito mais do que "algumas reformas".

E agora?  murmuro, olhando para a casa com um misto de desespero e determinação. 

Talvez devesse ter ouvido meus pais e ficado em São Paulo. Talvez estivesse cometendo um erro enorme. Mas, no fundo, sabia que não podia desistir. Tinha chegado até ali, tinha investido todas as minhas economias nessa casa, e não ia voltar atrás.

Eu vou dar um jeito nisso  digo em voz alta, com a determinação renascendo em meu peito Eu vou transformar essa casa em um lar. Nem que para isso eu tenha que aprender a construir do zero. Ou eu não me chamo Alice Montenegro.

Respiro fundo e caminho em direção à porta. Era hora de encarar a realidade e começar a colocar a mão na massa. A aventura tinha acabado de começar. E eu estava pronta para enfrentá-la, com todos os seus desafios e surpresas.

Entro na casa, já abrindo todas as janelas empenadas para tentar fazer o ar circular e espantar o cheiro de mofo que pairava no ar. Cada rangido da madeira era como um lamento fantasmagórico, me lembrando do meu erro colossal.

A sala e a cozinha formavam um único cômodo, pequeno e abafado. As paredes, antes pintadas de um branco amarelado, estavam descascadas e manchadas pela umidade. O piso de madeira, em alguns pontos, cedia sob meus pés, revelando buracos escuros e assustadores.

A sala era decorada com móveis antigos e empoeirados: um sofá de tecido floral desbotado, duas poltronas desconjuntadas e uma mesinha de centro com a pintura craquelada. A cozinha, por sua vez, era equipada com um fogão a lenha enferrujado, uma pia de pedra rachada e alguns armários de madeira com as portas penduradas.

Atravessei o cômodo e encontrei o quarto. Era ainda menor que a sala, com espaço apenas para uma cama de ferro antiga, um guarda-roupa empoeirado e uma mesinha de cabeceira com uma lamparina quebrada. A janela, em frente à cama, dava para o matagal, aumentando a sensação de isolamento e abandono.

Ok, onde está o banheiro? — Falo para as paredes, começando a vasculhar a casa. 

Abro todas as portas, espreito em todos os cantos, mas não encontro nada. 

A ideia de não existir um banheiro me causa um arrepio na espinha. Não era possível que alguém vivesse em uma casa sem banheiro! Continuo procurando, cada vez mais desesperada, até que avisto uma pequena construção de madeira no quintal, afastada da casa principal.

Não... Não pode ser  murmuro, caminhando em direção à construção. Abro a porta hesitante e me deparo com um uma privada ao lado de um chuveiro, cercado por quatro paredes de madeira e um telhado de zinco.

Um banheiro no lado de fora? Aquilo era um pesadelo! Como eu ia fazer minhas necessidades no meio do mato, com medo de ser picada por algum bicho venenoso? Como ia tomar banho em um lugar sem água quente e sem privacidade?

O horror me invade por completo. Tinha me iludido com a ideia de transformar essa casa em um lar aconchegante, mas a verdade era que eu havia comprado um lugar insalubre e inabitável.

Lágrimas de arrependimento começam a escorrer pelo meu rosto. Tinha sido impulsiva, ingênua e estúpida. Tinha me colocado em uma situação desesperadora.

Mas, em meio ao desespero, uma faísca de rebeldia se acende em meu interior. Eu não ia deixar que essa casa me derrotasse. Eu não ia voltar para São Paulo com o rabo entre as pernas. Eu ia dar um jeito nisso, nem que fosse a última coisa que eu fizesse.

Eu vou construir um banheiro novo!  digo em voz alta, enxugando as lágrimas com raiva E vou transformar essa casa em um paraíso. Nem que para isso eu tenha que virar pedreira!

E, com essa nova determinação, saio do banheiro externo, decidida a enfrentar todos os desafios que me aguardavam. A aventura tinha ficado mais difícil, mas eu estava pronta para lutar.

Começo a tirar todas as minhas coisas de dentro do carro, determinada a não perder tempo lamentando. Precisava agir, e rápido. A prioridade era tornar aquele lugar minimamente habitável.

Enquanto tiro as malas cheias de roupas de grife, sapatos de salto alto e produtos de beleza caríssimos, me pergunto o que raios estava pensando quando fiz as malas. Aquelas coisas não me serviriam para nada no meio do mato.

Ok, foco, Alice  digo para mim mesma Primeiro, ferramentas. Segundo, chuveiro quente.

A cidadezinha mais próxima ficava a alguns quilômetros de distância, e eu precisava chegar lá antes que escurecesse. Tranco a casa (mesmo sabendo que a fechadura não valia nada) e entro no carro, pisando fundo no acelerador.

A estrada de terra era esburacada e poeirenta, e o carro sacolejava violentamente a cada buraco. Mas eu não me importava. Estava decidida a transformar aquele lugar em um lar, e nada me impediria.

Finalmente, avisto as primeiras casas da cidade. Era um lugar pequeno e tranquilo, com ruas estreitas e casas coloridas. Estaciono o carro na praça principal e começo a procurar uma loja de materiais de construção.

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