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Capítulo 05 - Rude (e gato)

Depois de perguntar para algumas pessoas, encontro um pequeno armazém que vendia de tudo um pouco. Entro na loja e sou recebida por um senhor simpático, com um sorriso acolhedor.

Tarde, moça. Posso ajudar?  ele pergunta, com um sotaque mineiro carregado.

Boa tarde  respondo, com um sorriso Eu preciso de uma caixa de ferramentas e de uma extensão para ligar um chuveiro.

O senhor me olha com curiosidade, mas não faz perguntas. Ele me mostra uma variedade de ferramentas e extensões, e me ajuda a escolher as melhores opções.

Enquanto pago pelas compras, pergunto sobre a instalação do chuveiro. O senhor me indica um eletricista da cidade, dizendo que ele era o melhor da região.

Eletricista? Eu não posso fazer isso sozinha?  pergunto, com um tom de voz desafiador.

O senhor sorri, balançando a cabeça.

Moça, mexer com eletricidade não é brincadeira. É melhor deixar para quem entende do assunto.

Suspiro, derrotada. Sabia que ele estava certo, mas não queria depender de ninguém. Queria fazer tudo sozinha, provar para mim mesma que era capaz de superar qualquer obstáculo.

Tudo bem — digo, pegando o telefone do eletricista Vou ligar para ele.

Saio da loja com a caixa de ferramentas e a extensão, sentindo-me um pouco mais confiante. Pelo menos, teria chuveiro quente naquela noite.

Eu me nego a tomar banho frio!  penso, com um sorriso determinado.

Dirijo de volta para casa, ansiosa para começar a trabalhar. Tinha muito a fazer, mas estava disposta a dar o meu melhor. A aventura tinha ficado mais desafiadora do que eu imaginava, mas eu não ia desistir. Eu ia transformar aquela casa em um lar, nem que para isso eu tivesse que virar eletricista, pedreira e o que mais fosse preciso.

Já em casa ligo para o tal eletricista.

— Alô? — Um homem atende com a voz grave.

— Oi, é o Zeca?

— Sim, quem é?

— Meu nome é Alice, me mudei agora aqui para Monte Verde e preciso instalar um chuveiro... o senhor simpático onde comprei umas ferramentas me passou seu contato.

A linha fica em silêncio por um tempo, até ouvir alguém bufando do outro lado da linha.

— Qual seu endereço, moça?

Sorrio satisfeito e passo o endereço, sendo avisada que ele está vindo.

Enquanto espero Zeca chegar, resolvo dar uma olhada mais de perto na caixa de ferramentas que comprei. Chaves de fenda, alicates, fitas isolantes... um universo totalmente novo para mim. Folheio o guia prático de "Como instalar um chuveiro" que encontrei na internet. Desligo o disjuntor e o registro de água, como manda o figurino. A teoria parece simples, mas a prática... bem, a prática é outra história.

Quando Zeca desce do carro, perco o fôlego por um instante. Já estava na hora de ver alguma coisa boa por aqui.

Não era o Zeca que eu imaginava. Longe do eletricista corpulento e mal-humorado que eu tinha visualizado, surge um homem jovem, moreno com traços fortes. Ele vestia uma camisa xadrez surrada, calças jeans desbotadas e um chapéu de cowboy que lhe dava um charme rústico irresistível. Seus olhos castanhos brilhavam com uma intensidade que me deixou sem palavras.

Aquele não era um eletricista, era um galã de novela das nove!

— Dona Alice? —  ele pergunta, com a voz rouca e um sotaque mineiro que me faz suspirar.

— Sim, sou eu — respondo, tentando disfarçar o meu embaraço — Você é o Zeca? — 

Ele assente com a cabeça, tirando o chapéu e revelando um cabelo castanho escuro, um pouco comprido e bagunçado, que só o deixava ainda mais charmoso.

— Eu mesma queria instalar, mas tenho noção zero sobre isso, aí o senhorzinho me passou seu número.

— Você já disse isso na ligação — Falou ríspido.

É, aparentemente, a parte do eletricista mal-humorado eu acertei.

— Meu pai adora me dar coisas para fazer que não é meu serviço — ele murmura. — Onde é o banheiro?

— Como assim não é o seu serviço?

— Não sou eletricista, meu pai só não queria ser culpado de você se matar eletrocutada — Ele sorri irônico.

Arregalo os olhos, surpresa e um tanto irritada. Não bastasse a casa estar caindo aos pedaços e o banheiro ser uma privada a céu aberto, o eletricista gato era um impostor!

— Então quer dizer que você não sabe instalar um chuveiro? —  pergunto, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha.

— É claro que sei — ele responde, com um tom de voz despreocupado.

A vontade que eu tenho é de mandá-lo embora e tentar instalar o chuveiro sozinha. Mas a ideia de levar um choque e virar churrasquinho me impede de fazer uma loucura.

Mais uma, no caso.

— Ótimo — digo, bufando — Era só o que me faltava. Um eletricista de meia tigela para me ajudar a consertar uma casa de meia tigela.

— Eita, lasqueira. Além de vir ajudar me xinga? — Ele fechou ainda mais a cara.

— Você não disse que não era seu trabalho? Então pronto, não precisa mais fazer!

Falei irritada me virando e seguindo determinada a me virar sozinha.

— Ah, mas não vai mesmo, égua! — Ele começou a vir atrás de mim.

— Você me chamou do que? — Pergunto ofendida, parando de andar e me virando para encará-lo.

— Chamei de nada, égua! — Respondeu parecendo mais ofendido que eu — Se a dondoca se machucar meu pai me inferniza, então não vai fazer é nada!

Cruzo os braços, indignada. Além de ser um eletricista fake e mal-humorado, ele ainda me chamava de "égua" e "dondoca"? Que ultraje!

— Olha aqui, seu caipira —  digo, com a voz carregada de irritação — Eu não sou nenhuma dondoca e muito menos uma égua. Sou uma mulher independente e capaz de fazer o que quiser. E se eu quiser instalar um chuveiro sozinha, vou instalar, sim!

Zeca solta um riso debochado, que me irrita ainda mais.

— Independente? Capaz? Ah, faça-me o favor! —  ele diz, com um tom de voz sarcástico.

Sinto minhas bochechas corarem de raiva. Como ele ousa me desafiar daquele jeito?

— Quer apostar? —  pergunto, com um olhar desafiador — Aposto que consigo instalar esse chuveiro antes de você terminar de tomar uma cerveja!

— Para de ser maluca e me diz onde fica o chuveiro pra eu instalar esse trem e poder ir — ele fala estressado.

— Eu disse que não precisa — Cruzo os braços, levantando o queixo.

Ele passa uma das mãos pelo rosto, parecendo prestes a voar no meu pescoço.

Sem dizer mais nada, ele passa por mim indo em direção à casa.

— Ei! Onde você pensa que vai?

— Onde você acha? Instalar a porcaria do chuveiro antes que eu te afogue... na água gelada ainda.

Solto um suspiro irritado. Zeca era impossível! Teimoso, mandão e, para completar, ainda me ameaçava. Mas, no fundo, eu sabia que ele estava certo. Eu não fazia a menor ideia de como instalar um chuveiro e, por mais que doesse admitir, precisava da ajuda dele.

— Tá bom, tá bom — digo, seguindo-o até a casa — Eu te mostro onde fica o banheiro. Mas não precisa ser grosso.

Zeca me ignora e entra na casa, vasculhando a caixa de ferramentas que havia trazido.

— Cadê a chave de fenda? —  ele pergunta, sem me olhar.

— Está aí dentro — respondo, apontando para a caixa.

Zeca pega a chave de fenda e caminha em direção ao banheiro externo, murmurando algo sobre "mulheres complicadas".

Reviro os olhos e o sigo, tentando manter a calma. Aquela situação toda era absurda. Eu, uma patricinha acostumada a ter tudo do bom e do melhor, agora estava dependendo de um caipira mal-humorado para tomar um banho quente. Era o fim da picada!

Chegando ao banheiro, Zeca examina a fiação e o encanamento com atenção.

— A situação aqui é pior do que eu imaginava —  ele diz, com um tom de voz preocupado — Mas dá pra fazer.

Ele começa a trabalhar, manuseando as ferramentas com habilidade e precisão. A cada movimento, seus músculos se contraem sob a camisa xadrez, me deixando hipnotizada.

— Precisa de alguma coisa? —  pergunto, tentando ser útil.

Zeca me lança um olhar de soslaio.

— Só preciso que você fique quieta e não me atrapalhe —  ele responde, com um sorriso de canto.

E com um bico de todo tamanho, eu esperei.

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