Início / Romance / MEU COWBOY - RUDE E GATO / Capítulo 07 - Galinha 1 x Alice 0
Capítulo 07 - Galinha 1 x Alice 0

Fui até a cozinha e cortei uma fatia generosa do bolo de fubá, acompanhada de uma xícara de chá. Sentei-me na varanda e observei o céu estrelado, tentando identificar as constelações que meus avós haviam me ensinado quando eu era criança.

Estava admirando o céu, quando de repente, sou brutalmente atacada.

Penas, unhas, cacarejos e bicadas.

Gritei, pulando da varanda como se minha vida dependesse disso (e talvez dependesse, considerando a fúria da criatura).

Uma galinha. Uma galinha gigante e furiosa, com o olhar fixo em mim e uma determinação assustadora em seus cacarejos. Ela avançava em minha direção, como se eu fosse a personificação de todos os seus piores pesadelos.

— Sai pra lá, Satanás emplumado! — Tentei me defender, acenando com os braços e chutando o ar, mas a galinha não se intimidava. Pelo contrário, parecia ainda mais irritada.

Corri em direção à porta da casa, desesperada por um lugar seguro. A galinha me perseguia implacavelmente, bicando meus tornozelos e cacarejando furiosamente.

Finalmente, consegui alcançar a porta e me joguei para dentro, fechando-a com um estrondo. Encostei-me na porta, ofegante e com o coração batendo forte.

— Ufa... essa foi por pouco — murmurei, tentando recuperar o fôlego.

Olhei para a porta, esperando que a galinha desistisse e fosse embora. Mas, para meu horror, ela começou a bicar a porta com ainda mais fúria, como se estivesse determinada a derrubá-la.

— Ah, não, você não vai entrar! — Gritei, juntando toda a minha coragem e empurrando a porta com força.

A galinha continuou bicando e arranhando a porta, mas eu consegui mantê-la fechada. Depois de alguns minutos de luta, a galinha finalmente desistiu e se afastou, cacarejando de frustração.

Sentei-me no chão, exausta e tremendo. O que tinha acabado de acontecer? Por que aquela galinha estava tão furiosa comigo? Será que eu tinha feito algo para ofendê-la?

De repente, ouvi uma risada vindo de fora. Espiei pela fresta da porta, era Zeca.

— Tá tudo bem aí? — ele perguntou, com a voz cheia de diversão. — Parece que você teve um encontro nada amigável com a Giselda.

— Giselda? — repeti, incrédula. — Você está falando daquela galinha assassina?

Zeca riu ainda mais.

— A Giselda não é assassina. Ela só é um pouco territorial. E parece que você invadiu o território dela.

— Territorial? Ela tentou me matar! — exclamei, indignada.

— Calma, Dona. Ela só estava te dando as boas-vindas. Do jeito dela, é claro — ele respondeu, ainda rindo.

Revirei os olhos. Era claro que Zeca estava se divertindo com a minha desgraça.

— Muito engraçado, Zeca — falei, sarcástica. — Mas afinal, o que você está fazendo aqui?

— Encontrei a Dona Gertrudes e ela me pediu pra vir olhar o trinco da sua porta — seu sorriso sumiu, voltando a ser o carrasco que é — Eu até reclamaria que você podia ter pedido isso antes de eu ir embora mais cedo, mas a visão de você com a galinha mãe da fazenda da Dona Gertrudes já me basta.

Senti minhas bochechas corarem novamente. Ótimo, agora ele ia me zoar para sempre por causa daquele ataque de fúria emplumada.

— Ah, qual é, Zeca? Não precisa fazer piada. Não é todo dia que se é atacada por uma galinha psicótica.

Ele soltou uma risada abafada, mas dessa vez não parecia tão maliciosa.

— Eu sei, eu sei. Desculpa. Mas você tem que admitir, a cena foi hilária.

Revirei os olhos, mas não consegui evitar um sorriso. Ok, talvez a cena tivesse sido um pouco engraçada. Vista de fora, é claro.

— Tá, talvez tenha sido um pouco engraçada. Mas ainda acho que aquela galinha precisa de terapia.

— Ela só estava protegendo os pintinhos dela, Alice — Ele apontou para onde à galinha estava agora, cercada de miniaturas coloridas. — Você tem que entender o instinto materno.

— Instinto materno? Aquilo era puro ódio! — exclamei — E que culpa eu tenho dela vir ciscar na minha varanda?

Zeca riu novamente e se aproximou da porta, examinando o trinco.

— Deixa eu ver isso aqui. Não deve ser nada demais.

Ele pegou algumas ferramentas da minha caixa que ainda estava no mesmo lugar que ele deixou e começou a trabalhar no trinco. Observei-o em silêncio, admirando a maneira como ele manuseava as ferramentas com habilidade e precisão. Seus músculos se contraíam sob a camisa xadrez enquanto ele se concentrava no trabalho.

De repente, percebi que estava olhando para Zeca de uma forma diferente. Não como o caipira ranzinza que me irritava, mas como um homem forte, habilidoso e... atraente.

Balancei a cabeça para afastar esses pensamentos. Não podia estar me sentindo atraída pelo Zeca, esse caipira brutamontes. Ele era o completo oposto de tudo o que eu sempre procurei em um homem. Ele era rude, simples e vivia no meio do mato. Eu era sofisticada, urbana e ambiciosa. Não tínhamos nada em comum.

Mas, apesar de todas as minhas objeções, não consegui evitar o calor que subia pelo meu corpo quando ele se aproximou para me mostrar o trinco consertado.

— Pronto — ele disse, com um sorriso orgulhoso. — Agora você pode dormir tranquila, sem medo de ser atacada por nenhuma galinha.

— Obrigada, Zeca — respondi, tentando manter a voz firme. — Eu realmente aprecio isso.

— Não foi nada — ele disse, guardando as ferramentas. — Mas, por precaução, da próxima vez que você for passear pelo quintal, leva um pedaço de pão com você. A Giselda adora pão.

Ri da sugestão. 

— Vou tentar — falei, sorrindo. — E, Zeca... obrigada por ter vindo me ajudar. Eu sei que você não precisava ter feito isso.

Ele me olhou nos olhos por um momento, e senti meu coração acelerar.

— Não tem problema, Alice. Eu só... não queria que você ficasse com medo de ficar aqui sozinha assim como à Dona Gertrudes também não queria.

E, com um último sorriso de canto, Zeca se virou e foi embora, me deixando ali, parada na varanda.

Agora com uma casa limpa, um banheiro com água quente e uma porta que tranca direito, posso avisar a minha família que está tudo bem. 

Peguei meu celular, torcendo para ter sinal, um pontinho de rede era suficiente para uma mensagem, mas já fiz uma nota mental para ir atrás de um roteador Wi-Fi.

Abri o grupo da família no W******p e comecei a digitar:

"Oi, pessoal! Cheguei bem, a casa é uma graça (apesar de um pouco empoeirada) e já fiz amizade com uma galinha psicótica. Mas, tirando isso, tudo perfeito! Beijos, amo vocês!"

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