Em um mundo distópico, quatro linhagens ocupam as terras de Camellia: Historiadores, Transformadores, Sussurradores e Receptores. Através das gerações, os Historiadores ocuparam o trono justamente por terem forte poder e influência sobre a história do mundo. Morando no Castelo Norte, o rei Connor, um Historiador impecável, comanda todo o reino com uma visão astuta e impiedosa. Vivendo em Alathea, Kayla leva uma vida simples com sua família em uma pequena casinha que é mantida com os frutos do pouco trabalho que conseguem arranjar. Sendo Receptores, são proibidos de proferir qualquer palavra sem autorização, o que significa que, na maioria das vezes, só podem falar dentro de sua própria casa. Em uma manhã ensolarada, Alathea recebe a visita de um Sussurrador, ordenando que alguém da família de Kayla se apresente para um serviço no Castelo. Com o pai, a mãe e a irmã doentes, Kayla se vê obrigada a deixar sua cidade para trás e encarar a realeza de Camellia com a ordem de ser a Receptora de alguém que ela jamais imaginaria em sua vida humilde: o príncipe Gregory.
Ler maisCapítulo 28 (Autora) Dois dias. Mais dois dias se passaram. Kayla contou cada minuto, cada segundo. Esteve desperta para fazer isso já que a água da chuva entrava pela pequena abertura e matava sua sede. Seu estômago continuava roncando, mas isso foi apagado com os trovões que ribombavam do lado de fora. Não sabia quantos déjà vus teria ainda nesse lugar, mas esse foi o mais forte até agora. Era óbvio que mais uma tempestade estava chegando. Então Connor a mataria afogada aqui dentro? Se tivesse sorte, algo acertaria a parede novamente? Sua resposta não demorou. A porta da prisão foi aberta e alguns guardas desceram a escadaria. Abriram a cela de Kayla e sem nenhuma cerimônia, a puxaram do chão. Kayla sibilou quando acabou batendo o cotovelo na parede de pedra. Tentou se desvencilhar. Seu corpo inteiro estava dolorido, então isso mal surtiu efeito. Uma batida forte em sua cabeça fez com que apagasse momentaneamente. Claramente queriam acabar logo com aquilo. Sent
Capítulo 27 (Kayla) Foram dias. Não sabia dizer quantos. O colchão fino já era quase a mesma coisa que deitar direto no chão, então permaneci sentada. Consegui um pedacinho de corda para amarrar o cabelo e isso aliviou um pouco o desconforto que sentia com toda aquela umidade. A última visita que tive foi o guarda que quebrei o braço em Alathea. Se ele achou que seria uma boa vingança vir até aqui, espero ter feito com que pensasse o contrário. A pedra que eu acertei em seu rosto deve ter dito tudo. Chega ser cômico. Antes eu era terminantemente proibida de falar. Agora, vez ou outra, Connor tentava arrancar alguma informação sobre a Linhagem do filho dele. Como não falei nada, estou há quase dois dias sem comer. Era difícil saber o horário daqui de dentro, mas tenho certeza que Connor era sempre pontual. Por isso, estava ficando fácil adivinhar quando ele viria. Não sei exatamente o que Connor está esperando. Ele tinha a opção de me enviar para a campina, mas não fez. Presumo q
Capítulo 26 (Autora) ─ O que está fazendo aqui? ─ Connor perguntou, sua voz sem entonação alguma. Greg piscou algumas vezes antes de tentar retomar a postura. Porém, Connor o impediu de continuar. ─ Na verdade, não precisa me dizer. Para ser um rei, é necessário ser um ótimo mentiroso e isso você não é Gregory. ─ Connor andou vagarosamente ao redor dos dois. ─ Acha que depois do que fez na execução você continuaria livre por aí para repetir as mesmas ações? ─ Connor chegou na porta de cela e a trancou. ─ Faria com seu filho a mesma coisa que fez com Jeff? ─ Greg questionou. Connor suspirou. ─ Claro que não. Que tipo de monstro acha que eu sou? Mas, veja bem, as coisas serão diferentes. ─ Connor se aproxima dos dois. ─ Você irá se casar. Desbloquear o seu dom. Ser um príncipe exemplar. ─, mas meu dom... ─ Greg tentou se pronunciar, porém seu pai não deixou. ─ Chega! Essa história de Receptora foi uma bobagem que sua mãe quis e veja só no que deu! ─ Connor passou a mão no rost
Capítulo 25 (Kayla) O lago Lua de Gelo era lindo. Terrivelmente lindo. E, como muitas coisas, não tinha culpa de todo o mal que relacionavam a ele. Ele apenas fazia o que era para fazer desde que surgiu ali naquele local: congelar de dentro para fora tudo o que ficava tempo demais em contato com ele. A lembrança daquele pesadelo onde perdia minha família aqui permanecia como um fantasma sussurrando em meus ouvidos, mas, quando vi, já estava parada aqui, encolhida dentro de um casaco. No dia em que vim, joguei qualquer coisa dentro da mala, mas nem sequer cheguei a usar. Vestido nenhum era usável no clima de Alathea e devo admitir que estava até feliz por poder usar minhas roupas novamente. Um dia havia se passado desde que cheguei e não tive pesadelos. Seja lá quem estivesse invadindo meus sonhos, só tinha esse acesso quando eu estava em Alpha. Era um alívio, de certa forma. Poder dormir ao lado de minha irmã sem ter medo de que algo possa me atacar mesmo em meus sonhos. Infe
Capítulo 24 (Autora) ─ Filho, você está bem? Bem? No momento, bem havia desaparecido do dicionário de Greg. Não era para seu pai estar ali. Ele não podia ter voltado ainda. Tentando não parecer desesperado, Greg abriu um sorriso. ─ Só fiquei surpreso. Não sabia que voltaria mais cedo. ─ Tudo correu mais fácil do que pensei que seria. Não vi motivos para continuar em Alathea, então voltei mais cedo para casa. Greg havia ficado no escuro sobre essa viagem do pai, então quando ouviu ele dizer Alathea, não se conteve: ─ Alathea? O que foi fazer lá? Connor sorriu. ─ Bom, eu disse que o deixaria a par de tudo, então vim justamente convidar você para a reunião que farei daqui a pouco. Prometo que tudo será esclarecido. Apesar da voz do pai estar neutra, Greg sentiu arrepios. Não sabia o que ele foi fazer em Alathea, mas sabia que era a cidade dos Receptores. A cidade de Kayla e de sua família. Antes que pudesse dizer alguma coisa, seu pai virou às costas e Greg só t
Capítulo 23 (Autora) Greg nunca havia sentido tanto desespero em sua vida. Não sabia dizer se era resultado da conexão cada vez mais forte com Kayla, mas pensou que morreria se não conseguisse salvá-la. Não tinha dúvidas de que algo novo estava acontecendo. Greg pressentia quando Kayla precisava dele e um instinto primitivo de proteção sempre tomava conta de seu ser. Quando a tirou da água, rapidamente a levou até o jardim secreto. Assim que conseguiu passar pela passagem, notou que a chuva não caía ali dentro. Estava desesperado. Tentara reanimar Kayla logo que saiu do lago mas não havia tido sucesso. Agora tentava novamente e sentiu lágrimas quentes se misturarem com a água gelada da chuva que pingava de seu corpo. Greg recomeçou o processo de fazer com que Kayla expelisse a água, e na segunda tentativa a garota abriu os olhos e começou a tossir, erguendo o corpo. Greg segurou os cabelos dela delicadamente até que vomitasse toda aquela água. Um peso enorme tinha saído de
Capítulo 22(Autora) O quarto estava um breu. Uma chuva calma caía do lado de fora. O que não estava calmo era a mente de Kayla. O pesadelo dessa noite estava um pouco confuso, mas Kayla sentia que caminhava por algum lugar. Situação essa que se repetia na vida real. Estava sonâmbula. Kayla desviava de qualquer coisa que estava no caminho, como se sua rota estivesse pronta. Estranhamente, não havia ninguém pelos corredores também. Ao chegar na porta, a textura fria da maçaneta causou um certo calafrio e os respingos de chuva a fizeram recuar alguns passos. Tendo se acostumado com o frio, tornou a entrar em contato com a chuva. Seus pés descalços machucaram-se ao tocar no caminho de pedras. Sentia que tinha algo à frente que chamava sua atenção e precisava muito a chegar até lá. Essa sensação parecia pior do que seus pesadelos usuais. Com cenas nítidas, havia aprendido a encontrar uma saída. Já nesse emaranhado confuso, não sabia por onde começar a achar um jeito de fugir. Um
Capítulo 21 (Autora) O calendário parecia zombar das habilidades de Kayla, ainda que o fato de não ter tido os resultados que o rei esperava não era culpa sua. Não era culpa de ninguém, mesmo que o tempo desdenhasse da atual situação e de como estavam encrencados. “Só estaremos encrencados se formos pegos”, foi o que Dawn disse quando Kayla expressou sua preocupação. Apesar de ter sido em tom divertido, não ajudou muito a acalmar seus nervos. Já em outra parte do castelo, Greg perguntava a si mesmo se tinha feito a escolha certa. Jeff já era um pouco encrenqueiro sem precisar de alguém para ajudá-lo com isso, mas não se via dando mais nenhum passo sem contar a atual situação para o amigo. O problema é que o silêncio de Jeff depois de ter ouvido o plano estava longo demais. — Deixa eu ver se entendi... — Jeff murmurou enquanto girava um dos anéis em seus dedos. — Você está todo esse tempo planejando entrar na sala que EU sempre desconfiei e só me contou isso agora? — Sim...? — G
Capítulo 20 (Autora) No instante em que Kayla colocou os pés para dentro do quarto, sabia que não aguentaria mais nem um minuto de olhos abertos. Havia acabado de voltar do jantar onde lutou bravamente para não cair de cara na comida. Greg e Kayla voltaram do jardim secreto um pouco depois da transformação do príncipe. Foi relativamente mais difícil voltar para o quarto, mas por conta da força de Greg provida da licantropia, ele conseguira içar Kayla no caminho até a sacada. A água gelada atingiu Kayla com força quando ligou o chuveiro. De imediato, o susto quase fez com que se sentisse desperta, mas já eram muitas horas sem dormir. Tinha até medo que pudesse acabar caindo dentro do banheiro. O tempo no jardim secreto havia desviado os pensamentos de Kayla daquele pesadelo, mas se tornara quase impossível mantê-los longe quando estava sozinha. Greg não teve sessão hoje. Precisou cuidar de alguns assuntos que o pai deixou quando viajou. Isso deixaria Kayla inquieta, já que