Capítulo 28 (Autora) Dois dias. Mais dois dias se passaram. Kayla contou cada minuto, cada segundo. Esteve desperta para fazer isso já que a água da chuva entrava pela pequena abertura e matava sua sede. Seu estômago continuava roncando, mas isso foi apagado com os trovões que ribombavam do lado de fora. Não sabia quantos déjà vus teria ainda nesse lugar, mas esse foi o mais forte até agora. Era óbvio que mais uma tempestade estava chegando. Então Connor a mataria afogada aqui dentro? Se tivesse sorte, algo acertaria a parede novamente? Sua resposta não demorou. A porta da prisão foi aberta e alguns guardas desceram a escadaria. Abriram a cela de Kayla e sem nenhuma cerimônia, a puxaram do chão. Kayla sibilou quando acabou batendo o cotovelo na parede de pedra. Tentou se desvencilhar. Seu corpo inteiro estava dolorido, então isso mal surtiu efeito. Uma batida forte em sua cabeça fez com que apagasse momentaneamente. Claramente queriam acabar logo com aquilo. Sent
Linhagens residentes de Camellia:Sussurradores (relacionados à Lua Crescente)Capazes de transmitir informações vindas da natureza através do sussurro. Prólogo ~~☾~~ Alathea não era uma cidade fácil e Kayla tinha plena consciência disso. Após ser empurrada de forma bruta por um homem que passou na sua frente na fila, praguejou mentalmente e ferveu de raiva por não poder revidar como queria: com palavras. As pessoas sempre diziam o quão honroso era o trabalho de um Receptor, mas a verdade era que elas estavam agradecidas por não serem um e se aproveitavam disso. O homem que comprou os últimos pães que eram para ter sido de Kayla era o exemplo perfeito. Quando ele saiu, Kayla olhou de forma suplicante para a comerciante que fez uma cara tristonha e disse que por hoje não tinha mais. Sentindo-se um pouco derrotada, Kayla caminhou para fora da feira. Olhou para cima e suspirou. Hoje não era seu dia. Para começar, acabou acordando tarde, consequentemente chegando tarde à feira. Quase não conseguiu comprar as porções de arroz que a mãe pediu, e só teve êxito por ter corrido uns bons metros até à fila. Já na padaria teve a vez roubPrólogo
Capítulo 1 ~~☾~~ Alathea não era uma cidade fácil e Kayla tinha plena consciência disso. Após ser empurrada de forma bruta por um homem que passou na sua frente na fila, praguejou mentalmente e ferveu de raiva por não poder revidar como queria: com palavras. As pessoas sempre diziam o quão honroso era o trabalho de um Receptor, mas a verdade era que elas estavam agradecidas por não serem um e se aproveitavam disso. O homem que comprou os últimos pães que eram para ter sido de Kayla era o exemplo perfeito. Quando ele saiu, Kayla olhou de forma suplicante para a comerciante que fez uma cara tristonha e disse que por hoje não tinha mais. Sentindo-se um pouco derrotada, Kayla caminhou para fora da feira. Olhou para cima e suspirou. Hoje não era seu dia. Para começar, acabou acordando tarde, consequentemente chegando tarde à feira. Quase não conseguiu comprar as porções de arroz que a mãe pediu, e só teve êxito por ter corrido uns bons metros até à fila. Já na padaria teve a vez ro
Capítulo 2 ~~☾~~ O Edifício Central era a maior construção da cidade. Com seus imponentes dez andares, era comandado pelo representante de Alathea. Todas as cidades tinham seus representantes e cada um de acordo com a Linhagem pertencente. Quer dizer, menos Alathea. Apesar de ser a cidade oficial dos Receptores, jamais colocariam um no poder. Então, quem comandava, no momento, era um Sussurrador, Samuel. Kayla estava logo em frente ao Edifício acompanhada do pai e da mãe. Misael usava mais casacos do que o normal para a temperatura que fazia, mas era necessário. Não havia se recuperado e não queria piorar seu caso. Chamavam essa condição de febre glacial, muito semelhante a uma gripe. Raramente contagiosa, mas quando acometida, a pessoa ficava gelada, passava a sentir muito frio e uma fraqueza enorme. Kayla viu que sua família não era a única ali e sabia que todos eram Receptores porque o silêncio reinava por todo o lugar. Estava prestes a entrar, quando escutou o pai começa
Capítulo 3 ~~☾~~ Seria bom dizer que, depois de uma semana, a convocação que a Família Real fizera havia sido esquecida. Mas não foi. E era pior porque ninguém sabia do que se tratava. Kayla não comentou, mas diversas vezes viu a mãe mexer na caixa de correio. Dos moradores da casa, Iridia era a que mais parecia tensa com isso. Apesar de ter conseguido um trabalho como Receptora por alguns dias, Kayla ainda se sentia um pouco frustrada. Conseguiu resolver o problema do cliente rapidamente e já fora dispensada. Com o dinheiro, conseguiu comprar alguns remédios mais fortes, apesar de ainda não serem os antibióticos de que tanto precisava. Derek e Kianne foram proibidos de ir à escola depois que ficaram sabendo do pequeno surto de febre glacial que havia surgido na casa dos Evans. O pai há tempos não podia ir trabalhar, e como Iridia era quem passava mais tempo com as crianças dentro de casa, era mais propensa a ser a próxima a contrair a doença. A situação não estava nada fáci
Capítulo 4 ~~☾~~ (Kayla) Minha mãe foi dormir convencida de que partiria pela manhã. Eu, até algumas horas atrás, também estava convencida de que ela partiria. Porém, os pensamentos me fizeram mudar de ideia. Logo depois da conversa que a mamãe teve comigo e com os gêmeos, disfarçadamente, comecei a arrumar uma pequena bolsa com o que eu julguei ser necessário em uma “viagem”. Por pouco, Kianne não flagrou minha suspeita movimentação, mas ela passou e foi para a cama. Apesar de ter arrumado essa bolsa com um certo tipo de convicção, foi mais por impulso. Parecia surreal demais me ver indo para o castelo. Parecia um pensamento distante. Porém, a deixei debaixo da cama, ainda arrumada. A cama de Derek era a única de solteiro ali no quarto. Kianne e eu dividíamos uma de casal na outra extremidade. E era ali que eu me encontrava no momento, escutando algo que estava cortando meu coração. Por conta da proximidade dos quartos, eu conseguia ouvir perfeitamente a tosse in
Capítulo 5 ~~☾~~ (Kayla) Enquanto o carro passava por lugares movimentados, comecei a tentar adivinhar quem era o quê. Apesar de todos terem aparências humanas, era fácil detectar determinada linhagem entremeio a eles. Uma mulher sentada bem afastada do restante de um grupo de pessoas praticamente entregava que ela era uma Receptora. Um outro homem mais à frente fazia questão de mostrar sua força descomunal para a moça ao seu lado, o que entregava que ele era um Transformador classificado como mutante. Bom, de resto era simples. Historiadores... Historiadores por toda parte. Alpha era sua cidade de origem. Comecei a me sentir nauseada ao perceber que ficaria rodeada deles por um bom tempo. Estava tão distraída tentando fazer essa agonia passar, que quase não notei quando o castelo se fez presente. E olha que não era uma estrutura fácil de ignorar. Nem fazia ideia da extensão daquilo tudo, mas a cor creme tomava conta de boa parte das torr