Capítulo 45

GUTEMBERG

A penumbra do ambiente parecia refletir o estado da minha alma, enquanto o som do chuveiro vindo do andar de cima preenchia o silêncio incômodo. Meia-noite estava no banho, e eu aproveitava o intervalo para falar com Timmy. Mas minha mente ainda estava presa no caos que havíamos acabado de deixar para trás.

— Não é sempre assim, cara? — Timmy resmungou, inclinando-se contra a parede com os braços cruzados. Ele parecia calmo, mas eu sabia que era um disfarce. Todos usávamos um.

Eu não respondi imediatamente. Em vez disso, passei a mão pelo rosto, sentindo o suor misturado com a poeira e o cheiro que insistia em grudar, ferroso, nauseante. O cheiro do sangue. Ele estava em minhas roupas, em minha pele. Não importava quantas vezes isso acontecesse, nunca conseguia me acostumar.

O tiroteio ainda estava fresco na minha mente. Os gritos de terror. Aqueles segundos finais quando a pessoa percebe que chegou o fim. O pânico nos olhos delas. O tipo de pânico que não deveria mais me a
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