TIMMY— Eu não me importo se você dormiu ou fodeu, Timmy — Meia-noite resmungou, a voz carregada de desdém, mas também com a autoridade de quem comanda tudo ao redor. — Você é um membro da minha gangue, e quando eu te chamo, você vem.As palavras ecoaram no ar, e eu senti o peso sobre os meus ombros. Não havia escolha aqui, não havia espaço para questionar. Ele podia ser um filho da puta, mas sempre foi claro sobre o seu poder, e ele gostava de deixar isso bem óbvio. Eu respirei fundo, tentando controlar a raiva.— O que aconteceu? — Perguntei, não querendo perder tempo com a discussão. Foi então que foi Gutemberg quem respondeu, e a maneira como ele falou fez um calafrio passar por mim. Ele estava com um tom mais grave do que o normal, a voz carregada com algo mais profundo, quase uma sensação de desconforto.— Alguém entrou em um dos galpões ontem... e roubou toda a droga. — Ele disse, a tensão na voz dele não disfarçada. Eu podia ver a preocupação no olhar de Gutemberg, embora ele
GUTEMBERG A penumbra do ambiente parecia refletir o estado da minha alma, enquanto o som do chuveiro vindo do andar de cima preenchia o silêncio incômodo. Meia-noite estava no banho, e eu aproveitava o intervalo para falar com Timmy. Mas minha mente ainda estava presa no caos que havíamos acabado de deixar para trás.— Não é sempre assim, cara? — Timmy resmungou, inclinando-se contra a parede com os braços cruzados. Ele parecia calmo, mas eu sabia que era um disfarce. Todos usávamos um.Eu não respondi imediatamente. Em vez disso, passei a mão pelo rosto, sentindo o suor misturado com a poeira e o cheiro que insistia em grudar, ferroso, nauseante. O cheiro do sangue. Ele estava em minhas roupas, em minha pele. Não importava quantas vezes isso acontecesse, nunca conseguia me acostumar.O tiroteio ainda estava fresco na minha mente. Os gritos de terror. Aqueles segundos finais quando a pessoa percebe que chegou o fim. O pânico nos olhos delas. O tipo de pânico que não deveria mais me a
GUTEMBERGTimmy parou de andar, encarando-me com olhos arregalados, como se tivesse levado um soco. E então, para meu completo espanto, ele começou a gargalhar. Uma risada descontrolada, quase maníaca, que encheu o cômodo de uma energia desconcertante.Ele esfregou o rosto com as mãos e me lançou um olhar carregado de incredulidade.— Você não pode estar falando sério. Você gosta dela? — Ele balançou a cabeça, ainda rindo.—Isso não é da sua m*****a conta.— rosnei de volta, não reconhecendo minha própria voz.De onde veio tanta raiva? — Sim, isso é da minha m*****a conta. Sabe o porquê? Porque você não tem o direito de dizer isso. — Ele respirou fundo, tentando se acalmar, mas falhando miseravelmente.— Não, você não pode. Você não tem esse direito. Não depois de tudo que você fez. Depois de travar aquela guerra infantil com ela. Depois de... — Ele fez um gesto amplo com as mãos, como se tentasse englobar tudo o que havia acontecido entre nós. — Depois de tudo isso.Eu apenas dei de om
DAVINAO cheiro de chocolate ainda pairava no ar enquanto eu olhava para o bolo sobre o balcão. A calda escorria suavemente pelas laterais, formando uma poça doce no prato. Era uma tentativa de tornar o dia menos pesado, mas nem mesmo o sabor do bolo seria capaz de dissipar a nuvem de tensão que me cercava. O som abafado de passos no corredor fez meu coração acelerar. Olhei para a porta do quarto da minha mãe, como se pudesse garantir sua segurança apenas com um olhar.Ela está dormindo, pensei. Ela tomou uma dose de calmante suficiente para fazê-la dormir até a noite de amanhã.A batida na porta me congelou. Três toques firmes, espaçados.Já está tarde, quem viria aqui?Meu primeiro pensamento foi KJ. Ele não hesitaria em aparecer na minha casa, não depois do que fez com meu pai. O homem teve a ousadia de ir ao enterro, um sorriso frio no rosto, como se nós fôssemos peões em um jogo que ele controlava. Mas o que ele quer agora?Engoli em seco e peguei a faca que estava sobre a bancad
DAVINAMinha raiva estava prestes a me consumir por completo, e ele estava fazendo isso comigo. Ele estava fazendo isso enquanto sua expressão continuava tranquila, enquanto sua respiração não sofria nenhuma alteração. Como ele consegue? Meus dentes estavam cerrados, o coração batendo forte, a vontade de colocar minhas mãos no pescoço grosso dele e apertar até que ele não pudesse mais respirar crescendo. Cada palavra dele soava como um insulto.— Você não tem o direito! — gritei, a voz tremendo de raiva. — Você não pode fazer o Gutemberg desistir!Ele me olhou, um leve sorriso, mas seu olhar era sério, impassível.— Por quê? — Ele questionou, arqueando uma sobrancelha, como se tentasse entender minha resistência. Como se aquilo fosse um jogo, algo fácil de se resolver.Aquelas palavras explodiram em minha mente antes que eu pudesse controlá-las:— Porque ele me deve! — Minha voz saiu firme, mas minha raiva não diminuiu.Meia-noite manteve o olhar fixo em mim, mas não respondeu imediat
DAVINAMeia-noite abriu a porta e, antes que eu pudesse formular mais uma pergunta ou tentar entender o que estava acontecendo, ele já estava saindo. A porta se fechou atrás dele com um leve estalo, e o silêncio tomou conta da cozinha.Eu fiquei ali, no mesmo lugar, tentando processar tudo o que tinha acontecido. Eu ainda não sabia o que ele queria de verdade, mas o que ele acabara de sugerir parecia ridículo, até absurdo. Bolo? Ele não podia estar falando sério. Mas havia algo em seu tom, algo na maneira como ele falava que me fazia sentir que ele realmente não estava brincando.Eu olhei para as mãos, ainda com os dedos ligeiramente tremendo, como se eu pudesse tocar o que ele tinha acabado de deixar para trás. Ele me deu uma tarefa, algo para fazer, mas, ao mesmo tempo, me tratou como se estivesse... me controlando. Eu não sabia o que pensar, e cada segundo que
DAVINATimmy estava me beijando com um fervor que eu nunca tinha imaginado que ele fosse capaz, e, em questão de segundos, ele tomou minha língua, roubou meu fôlego, e tudo ao redor desapareceu.Meu monstro.Foi isso que ele disse, não foi? Que ele era meu monstro. O único que eu poderia ter.Mas o que isso significava? Meu melhor amigo não pediu permissão, não havia espaço para qualquer hesitação. Ele simplesmente tomou, exigiu e roubou o que queria, como se estivesse me consumindo, e eu não queria resistir aquela onda de intensidade. Seus dedos tocavam todos os lugares certos, me fazendo perder a noção do que era real e o que era desejo reprimido. Algo dentro de mim queria que ele não parasse.Suas mãos apertaram ainda mais minha cintura, mantendo-me prisioneira de um beijo implacável, onde ele tomou mais do que eu estava pronta para dar. E, quando finalmente ele se afastou, a respiração dele ainda quente contra minha pele, os olhos dele estavam cheios de uma possessividade insana,
DAVINAEstávamos na cama, um de frente para o outro. Precisamente, Timmy estava apoiado sobre as mãos, uma de cada lado de mim, como se não quisesse invadir meu espaço, mas não conseguisse se afastar.Bom.Eu não queria que ele se afastasse.A respiração dele era lenta, mas pesada, e seus olhos não deixavam os meus. Eu podia dizer o mesmo de mim, mas não era verdade, minha respiração era frenética assim como minha pulsação.Ele abaixou a cabeça, aproximando o rosto do meu. Seus olhos percorriam meu rosto como se quisesse decorar cada detalhe. Então, sem aviso, beijou minha testa, depois desceu para a clavícula, seus lábios quentes contra minha pele. Meu corpo inteiro reagiu àquele toque, um arrepio percorrendo minha espinha, depois meus braços, pernas, ponta dos dedos.Pequenos choques.— Você é tão linda — ele sussurrou, o som rouco e grave de sua voz me fazendo fechar os olhos por um momento. — E eu amo o seu perfume.Abri os olhos e o encarei, sorrindo um pouco.— É hidratante. — s