AARON MILLER
Davina engoliu em seco, mas manteve a cabeça erguida, os olhos brilhando com lágrimas que ela claramente se recusava a deixar cair. Ela encarava KJ como se quisesse furá-lo com o olhar, mas eu sabia que a raiva e o medo estavam misturados dentro dela.
Minha visão ficou vermelha. Eu odiava vê-la vulnerável.
— Está na minha jaqueta. No bolso interno. — Disse, com a voz firme, apontando para os capangas. — Peguem.Um dos seguranças revirou minha jaqueta, puxando o envelope grosso e entregando a KJ. Ele o abriu com calma exagerada, contando o dinheiro nota por nota, enquanto eu respirava fundo para me controlar.
Depois de uma eternidade, ele deu uma risada baixa e balançou a cabeça.
— Esse valor não chega nem perto. — Ele fechou o envelope e o jogou emGUTEMBERGMeus dedos navegam pela página com pressa, uma mania que adquiri assim que comecei a ler livros físicos, aliás, essa é outra coisa sobre mim, prefiro livros reais do que e-books. Estava sentado na borda da cama, com um livro repousando nas mãos. A luz baixa do abajur destacava as sombras nas paredes, criando um ambiente de calma. O romance que lia era um repleto de reviravolta e tragédia, o meu tipo favorito, principalmente se o personagem principal é o herói e o vilão ao mesmo tempo. Eu estava em um momento importante da história, Carl Pickett, acabou de descobrir que tem um tumor no cérebro e poucos meses de vida, então ele pega a namorada e seu melhor amigo na cama e decide que vai fazer tudo o que deseja. Seu primeiro ato, pegar a mulher do tal amigo. Eu mantenho essa minha paixão por romance em segredo por um motivo, a vulnerabilidade.O som agudo do telefone vibrou na mesinha ao lado, interrompendo o silêncio. Pisquei, deixando o dedo marcando a página, e peguei o apare
GUTEMBERGPassei pelos seguranças sem hesitar, mas o peso dos olhares nas minhas costas era palpável. Dentro da boate, a música grave pulsava, quase abafada pelas paredes. O ar era denso, carregado de fumaça e tensão. Seja lá o que estivesse me esperando, não parecia coisa boa.