DAVINAEu engoli em seco, o desconforto crescendo. Estar sozinha com ele no carro já era complicado. Ir para a casa dele? Algo me dizia que as coisas estavam prestes a ficarem mais confusas.Gutemberg estacionou em frente a um prédio de fachada discreta, suas luzes piscando suavemente como se refletissem meu estado interno. Antes que eu pudesse pensar em abrir a porta e sair correndo, ele já havia contornado o carro e aberto a minha porta, sua mão segurando meu braço com firmeza, mas sem machucar. A chuva continuava batendo suavemente no teto do carro, como uma trilha sonora dramática para o que quer que fosse isso entre nós. Ele me olhou de cima a baixo, uma avaliação que fez o sangue subir ao meu rosto.— Anda logo, Davina. Não tenho o dia todo. — Sua voz era impaciente, mas havia algo mais ali, algo que me deixava inquieta.— Eu não pedi para vir até aqui. — Puxei meu braço, mas ele não cedeu.— Não pediu, mas veio mesmo assim. — Ele arqueou uma sobrancelha, aquele sorriso irritant
DAVINAEstar na casa de Gutemberg já era estranho o suficiente, mas o peso dos braços de Aaron ao meu redor tornava tudo ainda mais deslocado, principalmente pela forma como Gutemberg estava nos observando. Ele estava encostado na porta, os braços cruzados, me encarando com uma expressão indecifrável.Engoli em seco, sentindo meu rosto aquecer e tentei me desvencilhar de Aaron.O que diabos esses caras querem de mim? E que tipo de pessoa se sente atraída pelo ex da irmã? Principalmente, um ex tóxico.— O que você está fazendo aqui? — perguntei a Aaron, tentando ignorar que ele ainda não havia me soltado. Ele finalmente me largou e se jogou no pequeno sofá ao lado, um sorriso despreocupado dançando em seus lábios.— Eu segui o Fantasma. — respondeu ele, apontando com o queixo na direção de Gutemberg. — Não confio nele.Gutemberg bufou, e o som reverberou pela sala, carregado de desprezo. Mas eu me senti aliviada, quase grata por Aaron estar aqui. Um rosto familiar era exatamente o que
Gutemberg (Fantasma). — Fantasma, acorde.— Alguém cutuca meu braço e pela firmeza do toque posso dizer que não é uma mulher. Murmuro alguma coisa e puxo o lençol, cobrindo metade do meu rosto.— Acorda! Aqui não é motel, não. Espere, talvez seja uma mulher. Essa voz… —Meu marido está vindo, você precisa ir!— Eu puxo o lençol para baixo, avistando um par de pernasvirado e feminino, sorte minha, subindo a captura do olhara camisa curtae entãoa comissão de frente. Foda-se! Os dois melões são então cheio que estão quase pulando na minha cara e exigindo uma mordida. Oh! Eles têm marcas de biquíni. Adoro essas marcas. —Você é casada, linda?— Abro um sorriso indecente, passando a língua entre os lábios sem me desviar do lindo par de seios. — OK… está brincando com a minha cara?— Ela diz, adquirindo uma expressão irritada que me faz querer revirar os olhos, mas permaneço neutro, apenas olhando para ela e esperando por uma resposta.— Sério?—Fala, com as duas sobrancelhas levantadas. — O
DAVINAO cheiro doce da calda de morango que a vovó fez ainda é forte quando entro na cozinha, apesar de tudo estar limpo e desinfectado. Ela disse que este é um bolo especial, pois faz parte de uma grande encomenda que recebeu, e que o dinheiro será usado para alugar um espaço comercial para abrir sua padaria. Como uma formiga atrás de um doce, sigo meu perfume favorito até rastrear o recipiente de plástico transparente, estampado com o logotipo exclusivo de sua marca. Que eu mesmo fiz no celular, na bancada de mármore que separa a parte do fogão da mesa que usamos para as refeições. Pergunto ao exagerado laço rosa que ela coloca em todos os seus pedidos e leio o nome escrito na cobertura do bolo.Amber.A irmã do meio do traficante local. Bem, não qualquer mafioso, o mais assustador que conheço.Eu sabia que ela estava fazendo aniversário hoje, fui acordada pela queima de fogos que o irmão organizou exclusivamente para a data, mas não sabia que era a vovó quem estava preparando todos
DAVINAPerdi a noção do tempo que passei olhando para a porta, mas já fazia alguns minutos. Muitos minutos.Enxuguei minhas lágrimas, peguei o bolo da Amber e fui até a casa do diabo. O medo que normalmente sinto quando passo por homens armados que guardam o caminho até a casa de Blake não estava lá como sempre, meus sentidos estavam entorpecidos pelo que minha irmã acabara de fazer. Os doces que vovó fez já haviam sido entregues, junto com os cupcakes e salgados, então não precisei fazer mais de uma viagem. Porém, a pessoa que deveria me receber não estava lá e tive que pedir ajuda ao meu amigo de infância.A última pessoa no mundo com quem eu queria conversar agora.—Você estava chorando.— Não era uma pergunta, mas neguei.—Tenho que ir. — disse assim que recebi o resto do dinheiro.—Eu conheço você, Davina— Timmy agarrou meu braço suavemente, mas com força suficiente para me fazer parar e olhar para ele.—Sua impressão.—Murmurei, já arrependido de ter pedido sua ajuda.—Duvido. Éra
GUTEMBERG (Fantasma)GutembergTodo governo tem leis.Todo crime tem um propósito.Toda sociedade tem regras.É pura lógica, estamos tão obcecados com a ideia de liberdade que não vemos o óbvio. Ainda somos os mesmos. Acontece que é muito mais. É fácil fingir que não há controle. As leis do mundo do crime são simples, mas aqui há uma coroa, espinhosa e ensanguentada, um cinto de munição embaixo da cabeça, e cada decisão é minimamente pensada para causar o menor impacto. O que também significa que as ordens do rei devem ser obedecidas.Limpo a garganta, coçando a nuca enquanto Timmy limpa sua pistola. Como se a noite passada nunca tivesse existido.—Você está bem?— ele pergunta com um sorriso provocante nos lábios, feliz o suficiente para me fazer opinar quantas vezes ele já participou de torturas. Muitos devem ser a resposta. Para alguém como Timmy, nascido e criado na pobreza, os episódios de violência surgem naturalmente. Mas não para mim.Tento não parecer que estou prestes a vomit
Gutemberg (Fantasma) Deslizo o ferrolho do portão lentamente, verificando por cima do ombro se alguma luz acendeu desde que tranquei a porta da frente, quando percebo que não, solto um suspiro de alívio e olho para baixo. Encaro meus pés descalços e sujos, então, cenas da noite passada explodem dentro da minha cabeça e o cheiro de sangue me atinge.O sangue está grudado na minha roupa e pele, uma nota clara do que fiz. Na minha mão direita, meu telefone vibra sem parar. Esmago a vontade de atender a ligação e jogo o aparelho fora, ele b**e na parede e cai no chão.Meus pais possuem um lugar importante na sociedade, um lugar herdado da família do meu pai, um lugar que minha mãe nunca vai abrir mão, uma posição que nunca tive a opção de negar. Para todas as pessoas importantes de San Diego, eu sou Gutemberg Ramsey, um promissor advogado com propensões para esportes perigosos, romances rápidos e ativista nato. Para a parte menos favorecida de West City, um lugar que chamamos de Colina,
DAVINAA coberta que escolhi hoje cedo, a mesma que venho usando desde os treze anos e acolhi como favorita depois que vovó confessou que costurou sozinha, mal cobre a cama, deixando um terço do colchão amostra. Acontece que, eu me recuso a trocar a coberta e pegar uma nova.Mesmo com a porta do quarto trancada, posso ouvir a discussão dos meus pais, todo dia eles encontram uma razão nova para brigarem, mesmo que o motivo seja algo bobo como deixar a casca da laranja na pia. É besteira, todos nós sabemos que mamãe culpa papai pela partida de Pryia. Mais uma besteira. Minha irmã sempre odiou esse lugar e partiria cedo ou tarde, aconteceu que foi cedo o bastante para deixar mamãe louca.Me jogo de volta na cama, me afogando no meio dos travesseiros alinhados. Minha irmã costumava implicar comigo sobre isso na infância, indicando o quanto eu era estranha por ter tantos travesseiros ao meu redor que não sobrava espaço para mim no colchão.A lembrança me faz olhar para o lado, para sua cam