Lucie ainda lembrava o que seu pai contou que, naquele momento, nenhum dos homens ali no cassino estava mais interessado nele. Porém, quando ele mostrou a todos a foto dela, o apetite luxurioso deles foi imediatamente despertado. Sim, para aqueles homens pervertidos, ela se tornou uma excelente aposta. E, sem ao menos saber, foi disputada como um troféu por eles.
No entanto, dentre os dez jogadores, um por um foi perdendo a partida, até que restaram apenas o pai dela e Maxime. Agora, ela teria que se casar com o filho dele. A mente de Lucie trabalhava a mil quando pensava nisso: — Que raios de aposta é essa?! — Ela não sabia o que pensar. Também não conseguia dizer o que seria pior: virar a escrava sexual desse homem ou casar-se com seu filho. Afinal, para Lucie, a ideia de dividir a cama com um completo desconhecido lhe causava uma incrível repulsa. Lucie era virgem, mas pensou em escrever um acordo e pedir que ele a livrasse desse casamento. Em troca, entregar-se-ia a ele sem resistência, com a condição de que, depois, ele a deixasse livre. Mas sabia que jamais teria coragem para pedir algo tão absurdo. Além disso, ela sabia que ele não tinha interesse nela como mulher. O acordo que fez com o pai dela era para que ela se casasse com o filho dele. E isso, para Lucie, era surreal demais para acreditar. Ela ficava pensando: — Por que alguém tão rico e poderoso como ele desejaria alguém como eu para sua nora? Totalmente assustada com o que o pai lhe contara naquela madrugada, ela o questionou, pois não podia acreditar no que ouvia: — Como assim, papai, casar? Que disparate é esse? Um pai apostar a própria filha, saindo do nada, para o filho de outro homem? Que loucura é essa?! Parecia coisa de filme ou novela, mas não, era a sua vida, a sua m*****a vida que estava sendo destruída por uma cartada de pôquer! Lucie também se lembrava de que sua vida quase virou uma espiral destrutiva quando a mãe morreu. Porém, ela nunca se deixou levar e, com um tremendo esforço, continuou os estudos, mesmo tendo que cuidar do pai em seus piores momentos de crise. Por sorte, foi uma criança bastante adiantada para a idade, mas ainda faltavam dois anos para se formar. Administração de empresas foi o curso que escolheu, e agora, com apenas 18 anos, já estava prestes a se formar. Seus professores sempre a elogiavam pelas excelentes notas, e ela não pretendia parar — quer dizer, até agora. Pois não sabia qual seria seu destino nas mãos daquele homem que se tornaria seu marido. — Entenda-me, meu amor! — disse o pai naquela madrugada, quando chegou totalmente arrasado. — Eu não queria que isso tivesse acontecido. Eu estava bêbado e fora de mim. Foi algo totalmente impensado! — E quando você não está bêbado, pai? Quando? Você nem existe mais como ser humano, *Par Dieu*! Você virou um espectro nesta casa, e agora isso! — falou Lucie, totalmente aborrecida, enquanto gritava. — Ouça, minha querida, não estou pedindo que você aceite essa coisa insana da minha parte. Contei para que arrume suas malas imediatamente e fuja o quanto antes do país. Ainda tenho um pouco do dinheiro que sua mãe deixou. Quero que pegue e fuja, por favor! Naquele momento, chorando, Lucie respondeu: — Não, pai! Esqueça. Eu te amo e jamais deixarei você. Além disso, a mamãe me pediu para sempre cuidar de você. Como eu poderia fazer isso e te abandonar nas mãos dessa gente? Sei bem do que eles são capazes! — Exatamente por isso que não quero que se case com o filho de um deles! Eu ouvi o que as pessoas falam sobre esse homem. Ele é um mafioso cruel, sem escrúpulos e sem coração. Provavelmente, o filho dele seja igual ou ainda pior! — Agora é tarde. Você deveria ter pensado nisso antes de começar a jogar. Entregar-me ou não, isso já não importa mais. Para essas pessoas, o que eles consideram que lhes pertence, eles não pedem — eles tomam. E, por mais que eu tente fugir e te abandonar à própria sorte, acredita mesmo que esse homem, sendo tão poderoso como é, não me acharia e me obrigaria de qualquer jeito? Sou agora um objeto nas mãos deles, assim como fui nas suas! — Não, filha... *Par Dieu*, isso não! — falou ele, chorando em desespero ao ver a resolução estampada no olhar dela. — Sabe muito bem que não temos escolha, pai! Agora, ouça-me. Peço-lhe — aliás, não peço, ordeno! Nunca mais, ouça bem, papai, nunca mais chegue perto de uma mesa de pôquer. Quando pensar em jogar, lembre-se: estou me entregando a esse monstro por sua culpa! Ela disse isso enquanto chorava, e, quando ele tentou abraçá-la, Lucie recusou e subiu correndo as escadas em direção ao quarto, chorando. Então, jogou-se na cama e, enquanto socava os travesseiros desesperada, ouviu o barulho dos raios reverberando lá fora. A janela do quarto se abriu com força, e uma forte rajada de vento entrou, derrubando tudo que estava em cima da escrivaninha. Quando ela correu para fechá-la e tocou no trinco da janela, sentiu algo sair de sua própria mão: um raio de cor roxa, que fechou a janela com um estrondo e a jogou no chão. Ao ouvir o barulho, o pai entrou no quarto. Ao vê-la jogada no chão, tentou ajudá-la a levantar. Porém, apesar de estar totalmente assustada com o que acontecera, ela também estava muito magoada com ele. Mesmo amedrontada, gritou: — Saia daqui! Tudo isso só está acontecendo por sua causa! Saia! Por hoje, não quero te ver! Ela o expulsou do quarto aos gritos. Quando ele saiu de cabeça baixa, Lucie percebeu que o pai realmente se sentia como ela o chamara: um espectro. Arrependeu-se de ter dito palavras tão duras a ele. Queria correr e abraçá-lo, mas não o fez, pois, naquele momento, estava muito magoada.Uma semana depois... Ao amanhecer, Lucie levantou, fez sua higiene pessoal e desceu para o pequeno jardim. Era uma bela manhã de sábado. Ao entrar no jardim, respirou fundo e deixou o ar fresco da manhã invadir seus pulmões. Tirou os sapatos para sentir a terra fresca sob seus pés, pois aquilo, de alguma forma, a revigorava. Adorava ouvir e sentir tudo ao seu redor: o zumbido das abelhas, o perfume das flores, a brisa suave da manhã envolvendo-a como o abraço de um amante afetuoso. Lucie sempre fazia aquilo quando se sentia triste, aflita ou precisava tomar uma decisão importante na vida. Ao olhar para a cozinha, viu Kassiani observando-a. Desde que era uma menininha, Kassiani sempre dizia que Lucie ficava ainda mais bonita quando estava próxima da natureza, embora nunca tivesse explicado o porquê. Lucie acenou e sorriu para ela. Kassiani retribuiu o gesto e voltou aos seus afazeres, deixando-a novamente sozinha em seu pequeno mundo. Sentou no banco do jardim e, com suavidade, toco
Quando ela e Kassiani chegaram ao endereço indicado no bilhete, foi de táxi. O "noivo" nem sequer mandara um carro para buscá-las em casa. Dentro do táxi, Lucie tentava se proteger com as mãos dos olhares luxuriosos do motorista, que, mesmo sem dizer uma palavra, olhava descaradamente pelo retrovisor para o seu decote. Sabia que isso aconteceria. Afinal, mesmo quando usava roupas discretas, chamava atenção. Às vezes, Lucie tinha a impressão de que havia algo nela — uma espécie de atração inexplicável que ela mesma não entendia. Não se achava tão bonita assim para justificar tanta atenção indesejada. Ao perceber seu desconforto, Kassiani chamou a atenção do motorista: — Por favor, senhor, preste atenção no trânsito! Pare de olhar para o que não é seu e faça seu trabalho! — falou ela, aborrecida. O homem, como se saísse de um transe, voltou a dirigir. No entanto, de vez em quando, ainda lançava olhares indiscretos em direção a Lucie. Ela agradeceu por a viagem não ter sido longa. Ao
Com coragem e totalmente aborrecida, Lucie encarou Leon e disparou: — Está louco? Ou por acaso é bipolar? Se estou usando essa coisa ridícula, foi porque você me obrigou! Ou já esqueceu o seu "maravilhoso" bilhete, indicando que esse era o seu presente de casamento? — O quê? Eu lhe enviei essa coisa? — ele perguntou, franzindo a testa. — Sim, e posso provar! — respondeu ela, sem hesitar. Então, seguiu até onde Kassiani conversava com a mãe de Leon. Sussurrou algo ao ouvido da governanta e voltou até ele, entregando-lhe o bilhete que havia chegado com o vestido. Ao ler, Leon olhou para a porta de entrada do cassino, como se estivesse procurando alguém. Lucie acompanhou seu olhar, mas não havia ninguém lá. Ele franziu a testa, e seu olhar se encheu de ódio. Ela o ouviu murmurar entre dentes: — Maldito! Como ele ousa? Sempre querendo se divertir às minhas custas! — O quê? Do que está falando? — perguntou Lucie, intrigada com seu comportamento. — Nada, Lucie. Esqueça esse maldito bi
Quando desceram, o salão principal já estava organizado com cadeiras e o local onde o juiz celebraria o casamento. Apesar de simples, tudo foi preparado com bom gosto e sofisticação. Lucie notou que havia poucas pessoas presentes — talvez uma dúzia. Não sabia se eram amigos da família ou parentes, mas, naquele momento, não havia tempo para apresentações. O casamento começou, e o juiz proferiu as palavras. Ambos disseram os votos. Apesar de estarem se casando, Leon não a encarava nos olhos. Lucie acreditou que fosse pela forma como o havia desafiado minutos antes, com relação ao vestido. Aparentemente, aquele homem era terrivelmente sensível ao ser contrariado e ainda estava aborrecido com ela. "Não consigo entender Leon. Ele muda de opinião tão rápido assim? Meu Deus, e se esse homem tiver dupla personalidade?" — pensou Lucie, assustada. Enquanto refletia, passou a analisá-lo melhor. Notou que não havia se enganado: Leon era acostumado a ter tudo o que queria com um simples est
Dona Laurent, que até então parecia prender o fôlego, aproximou-se de Lucie e disse: — Querida, eu jamais imaginei que essa mulher fosse aparecer e causar todo esse caos. Provavelmente, ela se aproveitou por ser cliente VIP do cassino e enganou os seguranças. Desculpe, meu anjo. Se ela soubesse o que Lucie realmente pensava naquele momento. Enquanto tomava um gole de champanhe e olhava para a porta por onde Charlotte havia saído, pensou: ”Maldição, por que ela não entrou antes? Dessa forma, teria impedido o casamento e me poupado desse destino sombrio!” No entanto, ao olhar novamente para Leon, que agora era seu marido, percebeu que nada nem ninguém teria conseguido impedir aquele casamento. Em seu semblante, havia uma resolução incrível. Algo que, ao mesmo tempo que a assustava, também a fascinava. E, como se lesse seus pensamentos, Leon se aproximou e disse: — Nunca ninguém impediria o nosso casamento, meu amor. Nem mesmo a louca da Charlotte. Você agora é minha, e ninguém vai t
Quando Lucie encarou Leon, ele estava parado de braços cruzados, observando-a com um olhar profundo e luxurioso. Ela não fazia ideia de quanto tempo ele estava ali. Com um olhar assustado, ela perguntou: — Par Dieu, Leon! O que você está fazendo aqui? Ele sorriu de forma extremamente sensual, como se fosse o próprio demônio em pessoa, e então pediu desculpas: — Pardon, chérie. Te assustei? Ela apenas sacudiu a cabeça, enquanto ele a encantava com aquele maldito sorriso. "Droga, por que Leon tem que ter esse sorriso avassalador?" pensou Lucie, irritada consigo mesma. — "Ele deve usar isso sempre que quer seduzir uma mulher. Quantas promessas ele terá feito àquela pobre moça que apareceu no casamento, chorando desesperada?" Enquanto refletia, Leon se aproximou lentamente, como um predador cercando sua presa. Lucie percebeu que, apesar do frio, ele estava sem camisa. "Que corpo perfeito..." — pensou ela, mas rapidamente desviou o olhar, envergonhada. Ao se aproximar, Leon v
Lucie gritou, sua voz ecoando pelo quarto como um trovão. A raiva fervia em suas veias, mas algo dentro dela lutava contra sua própria vontade. Seu corpo, traiçoeiro, respondia aos toques brutos de Leon de uma forma que a envergonhava e a aterrorizava. — O que está acontecendo comigo? — pensou, desesperada. — Estou gostando disso? Sou uma louca? Uma masoquista? Leon, no entanto, parecia alheio à sua luta interna. Seus lábios e mãos exploravam seu corpo com uma voracidade animal, sugando, lambendo e mordiscando os bicos de seus seios com uma intensidade que misturava dor e prazer. Lucie nunca havia feito sexo antes, nunca havia conhecido os limites do próprio corpo. Mas agora, sua sanidade mental estava à beira do colapso. Ela percebeu que não era apenas a sensualidade de Leon que a dominava. Havia algo mais profundo, algo dentro dela, como se seu próprio corpo estivesse sendo consumido por um desejo irracional, primitivo. Seu corpo queria se entregar, mas sua mente lutava ferozmente
Ao levantar o olhar, Lucie deparou-se com uma criatura colossal a pouco mais de trinta centímetros de distância dele. O coração disparou em seu peito, e ela sentiu um frio cortante percorrer sua espinha. Instintivamente, sentou-se no chão e empurrou-se para trás, até que suas costas colidiram com a grossa casca de uma árvore. A criatura, no entanto, não se moveu. Permaneceu ali, imóvel, como uma estátua viva, observando-a com olhos que brilhavam como brasas douradas. Lucie fitou a criatura, tentando processar o que via. Assemelhava-se a uma corça, mas era como se a natureza tivesse decidido criar uma versão majestosa e sobrenatural do animal. Ela lembrava-se de ter estudado sobre corças comuns em algum momento de sua vida. Sabia que eram animais pequenos, com no máximo um metro e meio de altura e pesando menos de quarenta quilos. Mas a criatura diante dela era diferente. Era enorme, quase do tamanho de um cavalo adulto, com uma presença que emanava poder e mistério. E não era apenas