CAPÍTULO 7 – O CASAMENTO

Quando desceram, o salão principal já estava organizado com cadeiras e o local onde o juiz celebraria o casamento. Apesar de simples, tudo foi preparado com bom gosto e sofisticação.

Lucie notou que havia poucas pessoas presentes — talvez uma dúzia. Não sabia se eram amigos da família ou parentes, mas, naquele momento, não havia tempo para apresentações. O casamento começou, e o juiz proferiu as palavras. Ambos disseram os votos.

Apesar de estarem se casando, Leon não a encarava nos olhos. Lucie acreditou que fosse pela forma como o havia desafiado minutos antes, com relação ao vestido. Aparentemente, aquele homem era terrivelmente sensível ao ser contrariado e ainda estava aborrecido com ela.

"Não consigo entender Leon. Ele muda de opinião tão rápido assim? Meu Deus, e se esse homem tiver dupla personalidade?" — pensou Lucie, assustada.

Enquanto refletia, passou a analisá-lo melhor. Notou que não havia se enganado: Leon era acostumado a ter tudo o que queria com um simples estalar de dedos. Provavelmente, nunca havia sido contrariado e não estava acostumado a receber um "não" como resposta.

Ele era o tipo de homem que não pedia nada a ninguém — simplesmente mandava e era obedecido. Isso tornava ainda mais incrível o fato de que foi seu pai, e não ele, quem apostara sua liberdade naquela mesa. Foi então que um pensamento assustador cruzou a mente de Lucie, e um calafrio percorreu sua espinha.

"Será que eu sou uma espécie de castigo imposto por seu pai? Se for assim, agora tenho ainda mais certeza de que minha vida será um inferno muito pior do que imaginei, nas mãos desse homem!"

Ela ficava com tanta raiva por não saber nada sobre ele. Em contrapartida, ele parecia conhecê-la muito bem, inclusive seus gostos. O vestido que usava agora, por exemplo, era exatamente o tipo que ela gostava.

Ao analisá-lo, acreditou que o primeiro vestido realmente não tinha a ver com os gostos de Leon. No entanto, aquele sim, parecia algo que ele escolheria para presentear uma mulher. Não sabia por que, mas tinha certeza disso.

Ao trocarem as alianças, outra surpresa: a aliança estava perfeita em seu dedo.

"Como ele sabia o tamanho?" — questionou-se Lucie, novamente sem respostas.

Quando a cerimônia terminou, o juiz disse:

— Pode beijar a noiva!

Lucie estava alheia a tudo até aquele momento. Mas, ao ouvir essas palavras, caiu a ficha: ela estava realmente casada com um completo desconhecido!

O beijo de Leon, ao contrário de ser púdico e contido, foi avassalador. Nunca havia beijado ninguém — aquele foi seu primeiro beijo. No entanto, teve a impressão de que o mundo parou, e, naquele momento, só existiam os dois ali.

"Droga, eu deveria odiar esse beijo, mas estou gostando. Por quê? Esse homem parece tão arrogante e prepotente! Devo estar ficando louca!" — pensou ela.

Quando ele terminou de beijá-la e se afastou lentamente de sua boca, Lucie estava zonza. Seus olhos, no entanto, só tinham uma direção: a boca dele.

Enquanto tocava os próprios lábios, ele percebeu sua reação e sorriu com aquele sorriso avassalador e luxurioso, como um demônio tentador.

Alguém os chamou para uma foto. Enquanto se abraçavam para a pose, Leon sussurrou em seu ouvido, de forma sensual:

— Então, querida, está menos aborrecida comigo agora? Também gostaria de saber: passei na sua análise? Fui aprovado?

Naquele momento, Lucie corou profundamente, percebendo que também estava sendo analisada. No entanto, não entendeu por que ele perguntou se ela ainda estava aborrecida com ele. Afinal, pensava que era ele quem estava aborrecido com ela.

Gaguejando, ela o encarou e perguntou, sem jeito:

— Des... desculpe, nã... não entendi.

Ele sorriu com aquele sorriso de demônio e disse:

— Mon Dieu, femme (Meu Deus, mulher)! Você destrói um homem com esse olhar!

Nesse momento, foram interrompidos por algumas pessoas que vieram dar os parabéns. Leon apresentou Lucie a alguns dos presentes, e ela recebeu elogios de todos — especialmente dos homens. No entanto, notou a expressão fechada de Leon quando algum deles mantinha o olhar por mais tempo sobre ela. Ele não soltou seu braço por um momento sequer, e aquilo a aborrecia.

Lucie soube que a maioria eram sócios dele, mas, afinal, em que ele trabalhava? Ela se questionou, mas não iria perguntar. Seria ridículo a noiva não saber o básico sobre seu noivo.

Enquanto conversava com um casal de idosos, uma mulher entrou no local. Era linda, vestida com um vestido vermelho que destacava suas curvas. O que mais chamou a atenção de Lucie foi a reação da mãe e do pai de Leon. Ambos demonstraram que ela não era bem-vinda ali.

A mulher se atracou no pescoço de Leon e começou a chorar e se lamentar:

— Ó, Leon! Por que você fez isso comigo? Você me pertence! Eu nunca vou aceitar te perder para ninguém!

— Chega, Charlotte! Eu nunca te pertenci. Pensei que você fosse mais madura quando nos envolvemos. Você está fazendo uma cena ridícula. Por favor, retire-se! — disse Leon, com voz dura e um olhar aborrecido, enquanto tentava se livrar dos braços dela.

— Não, meu amor! Eu não posso aceitar isso. Éramos tão felizes juntos! Quem é essa mulher? Quem é? Nunca ouvi você falar nela!

De repente, como se só então tivesse notado Lucie, seus olhos azuis escuros se fixaram nela com uma fúria assassina.

— Você me trocou por essa criança? Mon Dieu, Leon! Ela nem é uma mulher — é uma menina! Não é para você, meu amor. Eu sim, nasci para você! — E, olhando com raiva para Lucie, tentou se aproximar, perguntando: — Diga-me, como você o conheceu? Quando?

Lucie ficou sem palavras, sem saber o que dizer. Foi então que ouviu a voz grave de Maxime, tão imponente quanto a de Leon.

Ela observou que, desde o início da cerimônia, Maxime estivera calado, apenas a encarando de longe. Seu olhar a fazia arrepiar, como se não suportasse sua presença. No entanto, naquele momento, ele interveio:

— Já chega! Saia, Charlotte, ou terei de chamar os seguranças! — disse Maxime.

— Não, Maxime, não será necessário. Ela já está de saída, não é, Charlotte? — falou Leon, olhando-a nos olhos e deixando claro que não estava para brincadeiras.

— Não, por favor, meu amor! Não faça isso comigo! Você deve se lembrar o quanto nos dávamos bem juntos. Você se lembra, mon chér, não se lembra? — disse a mulher, de forma dramática.

— Acabou, Charlotte. Não temos mais nada juntos. Entenda de uma vez! — respondeu Leon, firme.

Ela, juntando um pouco de dignidade que ainda lhe restava, enxugou o rosto e disse:

— Ouça-me, Leon. Você é meu, e de mais ninguém. Sei que esse casamento não vai durar mais que duas tristes noites, e você voltará para mim, porque só eu sei te fazer feliz. — E, virando-se para Lucie, completou: — Quanto a você, garotinha sem graça, não se vanglorie antes da hora por ter conquistado o solteiro mais cobiçado do momento. Porque ele não te ama. É a mim que ele ama, tá entendendo? Você é só uma curiosidade, um mero passatempo idiota!

Dizendo isso, ela se virou, ficou na ponta dos pés e deu um beijo atrevido na boca de Leon. Em seguida, saiu, deixando todos atônitos.

Diante da situação constrangedora, Maxime tentou acalmar os ânimos:

— Desculpem, pessoal, por essa cena lastimável. Esqueçam isso, por favor, e fiquem à vontade. Afinal, é o casamento do meu filho, o meu "herdeiro"! — E, ao dizer isso, encarou Leon, que também o encarou com o maxilar tensionado e os punhos cerrados.

Lucie não entendeu a reação de ambos. Parecia haver uma animosidade velada entre eles. Enquanto refletia, Maxime tomou um gole de champanhe, sorriu para todos e pediu que os garçons servissem os convidados.

Kassiani, revoltada, franziu a testa e disse a Leon:

— Quanta falta de consideração com a minha menina, Senhor Leon! Deveria saber domesticar suas ex-amantes e guardá-las no bolso antes de expor Lucie a uma humilhação dessas!

Naquele momento, Lucie se assustou com o atrevimento de Kassiani e temeu que Leon se aborrecesse com ela. No entanto, para sua surpresa, ele olhou para Kassiani, envergonhado, e disse:

— Desculpe, Kassiani. Prometo que isso nunca mais se repetirá.

Enquanto os convidados retomavam as conversas e os garçons serviam champanhe, Lucie sentiu um peso no peito. Aquele casamento, que já parecia uma farsa, agora se revelava ainda mais complicado. Charlotte era apenas a ponta do iceberg — ela sabia que havia muito mais por trás daquela família e daquele homem que agora era seu marido.

Leon, percebendo sua inquietação, apertou suavemente sua mão e sussurrou:

— Não se preocupe, Lucie. Você é minha esposa agora, e eu cuido do que é meu.

Ela olhou para ele, sem saber se aquelas palavras eram um conforto ou uma ameaça. No fundo, sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.

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