Quando desceram, o salão principal já estava organizado com cadeiras e o local onde o juiz celebraria o casamento. Apesar de simples, tudo foi preparado com bom gosto e sofisticação.
Lucie notou que havia poucas pessoas presentes — talvez uma dúzia. Não sabia se eram amigos da família ou parentes, mas, naquele momento, não havia tempo para apresentações. O casamento começou, e o juiz proferiu as palavras. Ambos disseram os votos. Apesar de estarem se casando, Leon não a encarava nos olhos. Lucie acreditou que fosse pela forma como o havia desafiado minutos antes, com relação ao vestido. Aparentemente, aquele homem era terrivelmente sensível ao ser contrariado e ainda estava aborrecido com ela. "Não consigo entender Leon. Ele muda de opinião tão rápido assim? Meu Deus, e se esse homem tiver dupla personalidade?" — pensou Lucie, assustada. Enquanto refletia, passou a analisá-lo melhor. Notou que não havia se enganado: Leon era acostumado a ter tudo o que queria com um simples estalar de dedos. Provavelmente, nunca havia sido contrariado e não estava acostumado a receber um "não" como resposta. Ele era o tipo de homem que não pedia nada a ninguém — simplesmente mandava e era obedecido. Isso tornava ainda mais incrível o fato de que foi seu pai, e não ele, quem apostara sua liberdade naquela mesa. Foi então que um pensamento assustador cruzou a mente de Lucie, e um calafrio percorreu sua espinha. "Será que eu sou uma espécie de castigo imposto por seu pai? Se for assim, agora tenho ainda mais certeza de que minha vida será um inferno muito pior do que imaginei, nas mãos desse homem!" Ela ficava com tanta raiva por não saber nada sobre ele. Em contrapartida, ele parecia conhecê-la muito bem, inclusive seus gostos. O vestido que usava agora, por exemplo, era exatamente o tipo que ela gostava. Ao analisá-lo, acreditou que o primeiro vestido realmente não tinha a ver com os gostos de Leon. No entanto, aquele sim, parecia algo que ele escolheria para presentear uma mulher. Não sabia por que, mas tinha certeza disso. Ao trocarem as alianças, outra surpresa: a aliança estava perfeita em seu dedo. "Como ele sabia o tamanho?" — questionou-se Lucie, novamente sem respostas. Quando a cerimônia terminou, o juiz disse: — Pode beijar a noiva! Lucie estava alheia a tudo até aquele momento. Mas, ao ouvir essas palavras, caiu a ficha: ela estava realmente casada com um completo desconhecido! O beijo de Leon, ao contrário de ser púdico e contido, foi avassalador. Nunca havia beijado ninguém — aquele foi seu primeiro beijo. No entanto, teve a impressão de que o mundo parou, e, naquele momento, só existiam os dois ali. "Droga, eu deveria odiar esse beijo, mas estou gostando. Por quê? Esse homem parece tão arrogante e prepotente! Devo estar ficando louca!" — pensou ela. Quando ele terminou de beijá-la e se afastou lentamente de sua boca, Lucie estava zonza. Seus olhos, no entanto, só tinham uma direção: a boca dele. Enquanto tocava os próprios lábios, ele percebeu sua reação e sorriu com aquele sorriso avassalador e luxurioso, como um demônio tentador. Alguém os chamou para uma foto. Enquanto se abraçavam para a pose, Leon sussurrou em seu ouvido, de forma sensual: — Então, querida, está menos aborrecida comigo agora? Também gostaria de saber: passei na sua análise? Fui aprovado? Naquele momento, Lucie corou profundamente, percebendo que também estava sendo analisada. No entanto, não entendeu por que ele perguntou se ela ainda estava aborrecida com ele. Afinal, pensava que era ele quem estava aborrecido com ela. Gaguejando, ela o encarou e perguntou, sem jeito: — Des... desculpe, nã... não entendi. Ele sorriu com aquele sorriso de demônio e disse: — Mon Dieu, femme (Meu Deus, mulher)! Você destrói um homem com esse olhar! Nesse momento, foram interrompidos por algumas pessoas que vieram dar os parabéns. Leon apresentou Lucie a alguns dos presentes, e ela recebeu elogios de todos — especialmente dos homens. No entanto, notou a expressão fechada de Leon quando algum deles mantinha o olhar por mais tempo sobre ela. Ele não soltou seu braço por um momento sequer, e aquilo a aborrecia. Lucie soube que a maioria eram sócios dele, mas, afinal, em que ele trabalhava? Ela se questionou, mas não iria perguntar. Seria ridículo a noiva não saber o básico sobre seu noivo. Enquanto conversava com um casal de idosos, uma mulher entrou no local. Era linda, vestida com um vestido vermelho que destacava suas curvas. O que mais chamou a atenção de Lucie foi a reação da mãe e do pai de Leon. Ambos demonstraram que ela não era bem-vinda ali. A mulher se atracou no pescoço de Leon e começou a chorar e se lamentar: — Ó, Leon! Por que você fez isso comigo? Você me pertence! Eu nunca vou aceitar te perder para ninguém! — Chega, Charlotte! Eu nunca te pertenci. Pensei que você fosse mais madura quando nos envolvemos. Você está fazendo uma cena ridícula. Por favor, retire-se! — disse Leon, com voz dura e um olhar aborrecido, enquanto tentava se livrar dos braços dela. — Não, meu amor! Eu não posso aceitar isso. Éramos tão felizes juntos! Quem é essa mulher? Quem é? Nunca ouvi você falar nela! De repente, como se só então tivesse notado Lucie, seus olhos azuis escuros se fixaram nela com uma fúria assassina. — Você me trocou por essa criança? Mon Dieu, Leon! Ela nem é uma mulher — é uma menina! Não é para você, meu amor. Eu sim, nasci para você! — E, olhando com raiva para Lucie, tentou se aproximar, perguntando: — Diga-me, como você o conheceu? Quando? Lucie ficou sem palavras, sem saber o que dizer. Foi então que ouviu a voz grave de Maxime, tão imponente quanto a de Leon. Ela observou que, desde o início da cerimônia, Maxime estivera calado, apenas a encarando de longe. Seu olhar a fazia arrepiar, como se não suportasse sua presença. No entanto, naquele momento, ele interveio: — Já chega! Saia, Charlotte, ou terei de chamar os seguranças! — disse Maxime. — Não, Maxime, não será necessário. Ela já está de saída, não é, Charlotte? — falou Leon, olhando-a nos olhos e deixando claro que não estava para brincadeiras. — Não, por favor, meu amor! Não faça isso comigo! Você deve se lembrar o quanto nos dávamos bem juntos. Você se lembra, mon chér, não se lembra? — disse a mulher, de forma dramática. — Acabou, Charlotte. Não temos mais nada juntos. Entenda de uma vez! — respondeu Leon, firme. Ela, juntando um pouco de dignidade que ainda lhe restava, enxugou o rosto e disse: — Ouça-me, Leon. Você é meu, e de mais ninguém. Sei que esse casamento não vai durar mais que duas tristes noites, e você voltará para mim, porque só eu sei te fazer feliz. — E, virando-se para Lucie, completou: — Quanto a você, garotinha sem graça, não se vanglorie antes da hora por ter conquistado o solteiro mais cobiçado do momento. Porque ele não te ama. É a mim que ele ama, tá entendendo? Você é só uma curiosidade, um mero passatempo idiota! Dizendo isso, ela se virou, ficou na ponta dos pés e deu um beijo atrevido na boca de Leon. Em seguida, saiu, deixando todos atônitos. Diante da situação constrangedora, Maxime tentou acalmar os ânimos: — Desculpem, pessoal, por essa cena lastimável. Esqueçam isso, por favor, e fiquem à vontade. Afinal, é o casamento do meu filho, o meu "herdeiro"! — E, ao dizer isso, encarou Leon, que também o encarou com o maxilar tensionado e os punhos cerrados. Lucie não entendeu a reação de ambos. Parecia haver uma animosidade velada entre eles. Enquanto refletia, Maxime tomou um gole de champanhe, sorriu para todos e pediu que os garçons servissem os convidados. Kassiani, revoltada, franziu a testa e disse a Leon: — Quanta falta de consideração com a minha menina, Senhor Leon! Deveria saber domesticar suas ex-amantes e guardá-las no bolso antes de expor Lucie a uma humilhação dessas! Naquele momento, Lucie se assustou com o atrevimento de Kassiani e temeu que Leon se aborrecesse com ela. No entanto, para sua surpresa, ele olhou para Kassiani, envergonhado, e disse: — Desculpe, Kassiani. Prometo que isso nunca mais se repetirá. Enquanto os convidados retomavam as conversas e os garçons serviam champanhe, Lucie sentiu um peso no peito. Aquele casamento, que já parecia uma farsa, agora se revelava ainda mais complicado. Charlotte era apenas a ponta do iceberg — ela sabia que havia muito mais por trás daquela família e daquele homem que agora era seu marido. Leon, percebendo sua inquietação, apertou suavemente sua mão e sussurrou: — Não se preocupe, Lucie. Você é minha esposa agora, e eu cuido do que é meu. Ela olhou para ele, sem saber se aquelas palavras eram um conforto ou uma ameaça. No fundo, sabia que sua vida nunca mais seria a mesma.Dona Laurent, que até então parecia prender o fôlego, aproximou-se de Lucie e disse: — Querida, eu jamais imaginei que essa mulher fosse aparecer e causar todo esse caos. Provavelmente, ela se aproveitou por ser cliente VIP do cassino e enganou os seguranças. Desculpe, meu anjo. Se ela soubesse o que Lucie realmente pensava naquele momento. Enquanto tomava um gole de champanhe e olhava para a porta por onde Charlotte havia saído, pensou: ”Maldição, por que ela não entrou antes? Dessa forma, teria impedido o casamento e me poupado desse destino sombrio!” No entanto, ao olhar novamente para Leon, que agora era seu marido, percebeu que nada nem ninguém teria conseguido impedir aquele casamento. Em seu semblante, havia uma resolução incrível. Algo que, ao mesmo tempo que a assustava, também a fascinava. E, como se lesse seus pensamentos, Leon se aproximou e disse: — Nunca ninguém impediria o nosso casamento, meu amor. Nem mesmo a louca da Charlotte. Você agora é minha, e ninguém vai t
Quando Lucie encarou Leon, ele estava parado de braços cruzados, observando-a com um olhar profundo e luxurioso. Ela não fazia ideia de quanto tempo ele estava ali. Com um olhar assustado, ela perguntou: — Par Dieu, Leon! O que você está fazendo aqui? Ele sorriu de forma extremamente sensual, como se fosse o próprio demônio em pessoa, e então pediu desculpas: — Pardon, chérie. Te assustei? Ela apenas sacudiu a cabeça, enquanto ele a encantava com aquele maldito sorriso. "Droga, por que Leon tem que ter esse sorriso avassalador?" pensou Lucie, irritada consigo mesma. — "Ele deve usar isso sempre que quer seduzir uma mulher. Quantas promessas ele terá feito àquela pobre moça que apareceu no casamento, chorando desesperada?" Enquanto refletia, Leon se aproximou lentamente, como um predador cercando sua presa. Lucie percebeu que, apesar do frio, ele estava sem camisa. "Que corpo perfeito..." — pensou ela, mas rapidamente desviou o olhar, envergonhada. Ao se aproximar, Leon v
Lucie gritou, sua voz ecoando pelo quarto como um trovão. A raiva fervia em suas veias, mas algo dentro dela lutava contra sua própria vontade. Seu corpo, traiçoeiro, respondia aos toques brutos de Leon de uma forma que a envergonhava e a aterrorizava. — O que está acontecendo comigo? — pensou, desesperada. — Estou gostando disso? Sou uma louca? Uma masoquista? Leon, no entanto, parecia alheio à sua luta interna. Seus lábios e mãos exploravam seu corpo com uma voracidade animal, sugando, lambendo e mordiscando os bicos de seus seios com uma intensidade que misturava dor e prazer. Lucie nunca havia feito sexo antes, nunca havia conhecido os limites do próprio corpo. Mas agora, sua sanidade mental estava à beira do colapso. Ela percebeu que não era apenas a sensualidade de Leon que a dominava. Havia algo mais profundo, algo dentro dela, como se seu próprio corpo estivesse sendo consumido por um desejo irracional, primitivo. Seu corpo queria se entregar, mas sua mente lutava ferozmente
Ao levantar o olhar, Lucie deparou-se com uma criatura colossal a pouco mais de trinta centímetros de distância dele. O coração disparou em seu peito, e ela sentiu um frio cortante percorrer sua espinha. Instintivamente, sentou-se no chão e empurrou-se para trás, até que suas costas colidiram com a grossa casca de uma árvore. A criatura, no entanto, não se moveu. Permaneceu ali, imóvel, como uma estátua viva, observando-a com olhos que brilhavam como brasas douradas. Lucie fitou a criatura, tentando processar o que via. Assemelhava-se a uma corça, mas era como se a natureza tivesse decidido criar uma versão majestosa e sobrenatural do animal. Ela lembrava-se de ter estudado sobre corças comuns em algum momento de sua vida. Sabia que eram animais pequenos, com no máximo um metro e meio de altura e pesando menos de quarenta quilos. Mas a criatura diante dela era diferente. Era enorme, quase do tamanho de um cavalo adulto, com uma presença que emanava poder e mistério. E não era apenas
Então a corça percebeu que Lucie havia se perdido dela, por isso voltou. E quando a viu outra vez, incentivou Lucie a segui-la novamente. E assim ela, voltou a correr atrás dela, sem nem ao menos saber porque estava fazendo aquilo. Porém, por algum motivo, acreditou que aquele animal, era única chance para sair viva daquele lugar tenebroso. Mas enquanto corria se assustou novamente, pois ouviu um grande pio seguido de um guincho ensurdecedor, e algo passou por sobre ela batendo asas, devido ao susto ela correu na direção contrária a que, a corça tomava, e enquanto olhava para a enorme coruja que passou sobrevoando sobre ela, nem sequer observou onde pisava foi então que ela tropeçou em uma grande raiz, e caiu no que parecia uma enorme descida semelhante a um barranco. Lucie protegeu com as mãos, sua cabeça e seu rosto, porém bateu o corpo no que parecia ser um tronco de uma enorme árvore. E ainda zonza, e sentindo falta de ar, muita dor, e uma forte pontada na costela, ela levantou
Enquanto isso algumas horas depois que Lucie fugir da mansão Durand... Leon acordou, porém, totalmente zonzo, e sentindo uma forte e latejante dor na cabeça, não conseguiu falar e nem abrir os olhos naquele momento. E aquela dor insistentemente parecia querer o empurrar novamente para inconciencia. E para não sucumbir aquele sono infernal novamente, se pôs a pensar: — Droga o que aconteceu comigo? Por que estou nessa situação? E por que demônios a minha testa está doendo dessa forma infernal? Então ouviu a sua governanta perguntar baixinho para alguém, que estava com ele dento do quarto: — Então doutor, como o senhor Leon está? Por favor diga que ele ficará bem? Falou a mulher aflita, Leon então ouviu a voz grave do seu grande amigo e médico particular doutor Sidney, que calma pacientemente a respondeu: — Não se preocupe Julia, ele ficará bem, porém sentirá um pouco de dor quando acordar, mas eu já o mediquei, então a dor será menos intensa a medida que os remédios fizer e
Então Lucie ainda descobrindo o seu próprio mundo...Observou o sorriso sarcástico da sua amiga, que lhe respondeu: — E desde quando Eleni já esteve bem? A sua irmã é como um vulcão adormecido próximo a entrar em erupção! — Com ainda mais raiva ela falou: — Maldição Eleni não tem jeito, não custa tentar manter a calma e parar de cair nas provocações de Pandora! E se algo acontecer... — Não se preocupe amiga, Eleni é muito mais forte e hábil que Pandora, nada irá lhe acontecer. — Sei disso Despina, não estou preocupada com Eleni e sim com a própria Pandora, e é justamente por saber que ela não tem a mínima chance contra a minha irmã, se Eleni quiser pode dá realmente uma boa lição nela, e não que garota não mereça, porém... — Porém, sabemos que se algo acontecer a encrenqueira da princesa Pandora. As Náiades ficarão de vez contra a liderança de Eleni. Mas é justamente isso que Pandora deseja amiga — Pois é mas isso não pode acontecer, e muito menos agora, quando estamos em
Ao acordar Lucie, arregalou os olhos totalmente assustados. Nesse momento, ficou zonza e tocou na sua cabeça, afinal uma enxurrada de visões desordenadas vieram na sua mente, e lembrou de tudo que lhe aconteceu durante aquela terrível noite, inclusive o que aconteceu entre ela e o seu marido. Porém, tais informações eram surreais demais para que Lucie realmente pudesse processar, tanto que não conseguiu levantar imediatamente. No entanto, conseguiu virar o rosto e olhar para o lado, ao fazer isso viu que não estava mais deitada no chão frio daquela floresta, e sim entre lençóis limpos e perfumados, num quarto totalmente diferente do quarto onde tudo começou a acontecer. Para Luci tais acontecimentos eram ainda muito vividos na sua mente, então falou para si mesma: — Por Deus como voltei para a mansão? E o que aconteceu com Leon? Enquanto se perguntava isso, virou novamente o rosto para o outro lado, então viu Leon deitado num sofá próximo a sua cama, dormindo placidamente. Luci