6. Pronto... Está Feito.

Desde que tudo aconteceu, há um mês, algumas pessoas fazem questão de perguntar como estou, mas a ausência das minhas amigas é dolorosa. Dizem ser nas dificuldades que descobrimos quem realmente se importa, mas jamais pensei que minhas próprias confidentes me abandonariam. O único que realmente tem se preocupado é Sebastian.

Hoje, como tem sido em todos esses dias, meu marido entra no quarto com uma energia que parece tentar iluminar a escuridão que me envolve. Ele abre as cortinas, cantarolando, e logo ouço seus passos se aproximando da cama. Quando escuto o som familiar da bandeja sendo colocada ao meu lado, um sorriso involuntário se forma em meus lábios.

— Bom dia, querida — Sebastian me saúda com um beijo suave. — Dormiu bem?

— Bom dia, meu amor. Sim, mas senti falta de você. Não percebi quando chegou ontem. Por que se levantou tão cedo?

— Fiquei até tarde resolvendo algumas coisas da empresa e, quando vim para o quarto, te vi dormindo tão serenamente que preferi dormir no quarto antigo para não te acordar — ele responde, sentando-se ao meu lado e colocando a bandeja no meu colo.

— Sinto muito por te dar tanto trabalho — sussurro.

— Faço isso porque te amo. Para mim, é um prazer, não um trabalho — ele responde com carinho, me dando um beijo na bochecha. Enquanto tomo o café da manhã, ele acrescenta: — Querida, falei com o Sr. Thompson sobre o que me pediu. Ele virá daqui a pouco, a urgência na empresa exige isso.

Ao ouvir suas palavras, sinto um nó se formar em minha garganta, tão intenso que dificulta engolir o café. A ideia de alguém ver minha situação atual, de ver como estou, sem que eu saiba como estou fisicamente, apenas aumenta meu desconforto.

— Eu não sei se estou pronta para… — corto minhas palavras, entregando-lhe a xícara. — … ser vista assim. Pareço um monstro cego.

— Pare com isso. Você continua linda — ele responde, mexendo na bandeja antes de colocar algo delicado em minhas mãos. — Trouxe isso para você se sentir mais confortável.

— O que é isso? — pergunto, passando os dedos pela textura suave do tecido.

— É uma faixa de renda. Acho que pode ajudá-la a se sentir mais segura — ele explica, ajustando a faixa suavemente ao redor dos meus olhos. — Pronto. — Sebastian se levanta lentamente, segurando minha mão em seguida. — Vem, agora vou ajudá-la a trocar essa roupa. Não quero que outro homem veja o que é só meu.

Sorrio diante do comentário e me levanto, aceitando sua ajuda. No mesmo momento, a governanta nos chama, avisando sobre a chegada do Sr. Thompson, o antigo advogado da minha família.

Entre comentários carinhosos e algumas palavras de encorajamento, estou pronta em alguns minutos. Com a ajuda de Sebastian, um lembrete das minhas novas limitações, caminho lentamente até o escritório.

— Evie, que bom vê-la em pé — a voz cansada e firme do Sr. Thompson soa assim que entramos no escritório. Sinto sua mão nas minhas costas, me ajudando a sentar. — Estive muito preocupado com você. Queria ter…

— Sr. Thompson — Sebastian o interrompe rapidamente, parando ao meu lado — é um prazer vê-lo aqui. Mas não acho que devemos prolongar isso. Evie precisa descansar.

— Sebastian, estou… — tento argumentar, mas o Sr. Thompson responde:

— Você está certo, Sebastian. Trouxe os documentos necessários para você assumir temporariamente, enquanto Evie se recupera — o velho senhor diz, hesitante. Ouço o barulho dos papéis sendo colocados à minha frente. Após alguns minutos, ele fala: — Droga, esqueci minha caneta. Sebastian, você teria uma?

— Claro, deixe-me procurar — Sebastian responde, com um leve tom de frustração. Ouço o barulho das gavetas sendo abertas enquanto ele procura pela caneta. Após alguns minutos, sua voz se torna mais impaciente. — Não estou encontrando nenhuma por aqui. Vou procurar fora — conclui, claramente irritado. — Não se preocupem, volto já.

— Não é irônico não haver uma única caneta aqui? — comento, tentando aliviar a tensão. O Sr. Thompson solta um suspiro profundo.

— Na verdade, eu… — Ele hesita antes de continuar. — Eu as escondi. Precisava falar com você a sós, Evie. Embora tenha cumprido seu desejo de redigir a procuração para que Sebastian assuma a empresa, tomei algumas precauções.

— Desculpe a sinceridade, Sr. Thompson, mas Sebastian nunca faria nada errado — respondo, passando a mão no braço, nervosa, enquanto me volto em direção à sua voz. — Ele é meu marido, estava administrando a Majestic comigo. Isso é um exagero!

— Eu gostaria de acreditar nisso — ele responde, aproximando-se de mim. Acariciando meu ombro com gentileza, ele continua: — Mas além de saber que seu pai preferiria que fosse assim, simplesmente não confio em Sebastian da maneira que você confia.

Antes que eu possa retrucar, a porta do escritório se abre, e Sebastian retorna. Ele se aproxima e para ao meu lado.

— Encontrei uma, querida — ele diz, colocando a caneta em minha mão. — Está tudo bem por aqui?

— Sim, tudo está bem — Sr. Thompson responde, com um tom formal e cauteloso. — Estava apenas explicando algumas formalidades a Evie.

— Certo. Bem, vamos, querida. Vou te ajudar a assinar — Sebastian diz, guiando minha mão até a mesa.

— Evie, se achar que precisa de mais tempo para pensar sobre isso, não há problema — o Sr. Thompson diz, vendo-me hesitar. — Posso voltar outro dia, se desejar.

— Não, não quero prolongar mais isso — respondo, imaginando o olhar de reprovação do advogado. — É necessário que isso seja feito, e eu confio em você, Sebastian.

Coloco minha mão sobre a mesa novamente, e Sebastian me orienta na posição correta. Assino os documentos com uma caneta que parece pesar mais do que nunca.

— Pronto — digo, tentando afastar as palavras do Sr. Thompson da minha mente. — Está feito.

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