Sinto o choque me atingir, fazendo meu coração bater com tanta força que o sangue pulsa nos meus ouvidos. Imediatamente, nego com a cabeça, recusando-me a acreditar no que ele está dizendo. Não posso acreditar.— Pare com essa brincadeira ridícula e saia da minha casa, Sebastian! — exclamo, tentando em vão manter a voz firme. — Esta casa é minha. Afinal, você não tem nada. Conseguiu perder tudo o que tinha, porque tudo o que você toca apodrece, seca, como se estivesse amaldiçoado. Pegue a sua amante e saia agora!— Ah, Evie… — Ele balança a cabeça, como se estivesse diante de uma criança que não entende as regras do jogo. — Você recupera a visão e perde o cérebro?— Como você ousa falar com… — Chloe tenta intervir, mas Sebastian a interrompe.— Quietinha… Isso é assunto entre marido e mulher. — Ele diz, com um aceno de mão, dispensando Chloe como se ela não passasse de um cão. — Onde estávamos? Ah, sim, sobre a sua ingenuidade… Veja bem, querida. Lembra-se daqueles documentos que você
A noite já caiu, e a chuva b**e contra a janela, acompanhando o silêncio pesado que preenche a sala. Faz algumas horas desde que tudo desmoronou. Sentada no sofá do meu antigo apartamento, percorro o olhar pelo lugar. Os poucos móveis que restam são as únicas lembranças do que fui. O resto? Tudo pertence a Sebastian agora. Com os dedos trêmulos, afasto os cabelos do rosto molhado de lágrimas. Chloe e Lily, que veio assim que soube do que aconteceu, estão ao meu lado em silêncio, com os rostos carregados de preocupação. A presença delas deveria ser um consolo, mas nada parece amenizar a dor que sinto. — Como fui tão burra? — sussurro, externando meus pensamentos conflitantes. — Como pude confiar nele a ponto de perder tudo o que minha família construiu? — Evie… — Chloe começa, trocando olhares com Lily antes de continuar. — Me desculpe pela franqueza, mas os sinais estavam lá o tempo todo. Só que… — Ela faz uma pausa, procurando as palavras certas. — Mulheres apaixonadas podem ficar
Os últimos cinco dias se arrastam, um após o outro, como se o tempo me puxasse para um vazio esmagador. Desde aquela noite em que tudo desabou, parece que eu não vivo mais; apenas existo.Lily e Chloe fazem o possível para me animar, mas em meio aos compromissos delas, há momentos inevitáveis em que fico sozinha. E é nesses momentos que a realidade me atinge com força brutal, arrancando soluços e lágrimas que parecem intermináveis.Como se tudo não fosse o bastante, todas as minhas tentativas de entrar em contato com o Sr. Thompson foram inúteis. Nenhuma notícia, nenhum sinal dele. É como se ele tivesse desaparecido, e, sem ele, estou ainda mais perdida sobre o que fazer com… tudo.E então, o sábado chegou. Lily está de plantão no hospital, mas Chloe insistiu em não me deixar sozinha. Uma reunião informal, ela disse, para eu não me preocupar. Mas enquanto me olho no espelho, tentando reunir forças para me arrumar, sinto um nó se formar no estômago.— Sei que você não está animada — Ch
O comentário dele me pega de surpresa por um segundo, trazendo de volta a lembrança do nosso último encontro. A mesma arrogância, a mesma confiança excessiva. Tento manter minha expressão neutra, mas sinto meu corpo tensionar com a provocação. — Henry Blackwood… — resmungo, controlando a vontade de revirar os olhos. — Sempre tão simpático, não é? — Simpático o suficiente para esquecer o pequeno incidente em Genebra e me sentar à mesa com você. — Ele dá um olhar significativo para a minha taça enquanto se senta. — Só espero que você tenha aprendido a controlar melhor suas bebidas. — Ok, alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui? — Chloe pergunta, confusa, franzindo a testa. — Porque claramente estou perdendo alguma coisa. — Bem… — Benjamin começa, trocando olhares com Henry antes de encará-la novamente. — Digamos que o último encontro deles foi meio molhado. — Molhado? — ela repete, inclinando-se um pouco para frente enquanto arregala os olhos exageradamente. — Isso está f
“Henry Blackwood”Observo enquanto Evie levanta a cabeça, claramente tentando manter a compostura. Por um momento, espero uma resposta à altura, algo cortante que ela costumava ter na ponta da língua. Mas tudo o que vejo é o brilho da raiva em seus olhos.— Quer saber, Henry? — Evie responde, me encarando como se quisesse me enforcar, e isso me provoca um sorriso. — Desde que te vi chegar, sabia que estar aqui seria um erro.Finalmente, ela reagiu! Esse olhar triste e derrotado que ela vinha carregando estava começando a me entediar. Dou um gole no meu uísque, ansioso pelas próximas palavras afiadas que ela deve ter preparado.Mas, surpreendentemente, ela se cala. Vejo sua mandíbula se contrair enquanto tenta se controlar, como se estivesse travando uma batalha interna. A Evie que conheci em Genebra nunca hesitaria em me atacar de volta, em continuar se impondo, mas agora ela parece hesitante, até mesmo vulnerável.Quase sinto uma pontada de desapontamento. Onde está a mulher que nunc
“Evie Ashford”As palavras de Henry me fazem parar imediatamente e, por um momento, me vejo observando o interior do veículo, ponderando entre ignorá-lo e ir embora ou ficar e arriscar. O taxista limpa a garganta, já impaciente, mas ao ver Henry balançar a cabeça e ameaçar se afastar, finalmente reajo.Com um suspiro pesado, fecho a porta do táxi, e o barulho alto interrompe o silêncio entre nós. Henry para, virando-se para mim e esboçando um sorriso de satisfação.— E então? — ele pergunta ao notar meu silêncio. — Decidiu ficar para não falar nada?— Você deve estar adorando me ver assim, não é? Vulnerável, derrotada, prestes a vender a alma ao diabo — murmuro, finalmente levantando o olhar para encará-lo. Henry revira os olhos, bufando.— Te ver assim está me deixando entediado — ele diz, sem tirar os olhos dos meus. — Se quer ficar e conversar sobre o que precisa, mude essa cara e melhore sua postura antes que eu comece a me arrepender de ter te impedido de ir embora.— Se estou te
Henry para de mexer no cinto de segurança e se vira para me encarar, me dando um olhar de surpresa seguido por uma risada curta e sarcástica.— Nem se você quisesse, Evie — ele responde, balançando a cabeça com um sorriso irônico. — Não misturo negócios com prazer. E, honestamente, você não é exatamente o tipo de mulher para diversão.Sinto meu estômago revirar e meu rosto esquentar com o comentário. Ele conseguiu o que queria: me provocar e me fazer sentir ainda mais insignificante. Henry me dá um olhar de cima a baixo, como se estivesse me avaliando, e depois desvia o olhar, voltando a focar no cinto de segurança.— Então por que me trouxe aqui? — pergunto, sem coragem de encará-lo. Ele suspira, abrindo a porta.— Porque ir à empresa ou ao meu apartamento não são opções.— Se tivesse deixado isso claro, teria sugerido o meu apartamento — respondo, me livrando do cinto de segurança. Henry interrompe seus movimentos, abrindo um de seus sorrisos desconfortáveis.— Gosto de negociar ond
“Henry Blackwood”A revelação dela me pega de surpresa. Por um momento, fico sem reação, sentindo o impacto da novidade. Cega? Isso era algo que eu definitivamente não esperava.Os rumores que se seguiram ao afastamento de Evie sugeriram muitas possibilidades: uma possível gravidez, um colapso nervoso ou até mesmo o que muitos acreditavam, que a herdeira havia decidido aproveitar a vida enquanto seu marido assumia os negócios. Mas agora, ouvindo diretamente dela, tudo finalmente começa a se encaixar.— Cega? — repito, surpreso. — Você… perdeu a visão?Ela confirma, e enquanto explica, sinto algo que raramente me acontece: uma pontada de empatia. Claro, a situação dela é complicada, mas o que mais me impressiona é a maneira como ela foi manipulada por Sebastian. Não posso deixar de me perguntar até que ponto ele teria ido para conseguir o que queria. Mas algo me diz que isso não era a ideia inicial dele.— E foi isso, a queda da herdeira da Majestic. — Ela conclui, forçando uma risada