“Evie Ashford”As palavras de Henry me fazem parar imediatamente e, por um momento, me vejo observando o interior do veículo, ponderando entre ignorá-lo e ir embora ou ficar e arriscar. O taxista limpa a garganta, já impaciente, mas ao ver Henry balançar a cabeça e ameaçar se afastar, finalmente reajo.Com um suspiro pesado, fecho a porta do táxi, e o barulho alto interrompe o silêncio entre nós. Henry para, virando-se para mim e esboçando um sorriso de satisfação.— E então? — ele pergunta ao notar meu silêncio. — Decidiu ficar para não falar nada?— Você deve estar adorando me ver assim, não é? Vulnerável, derrotada, prestes a vender a alma ao diabo — murmuro, finalmente levantando o olhar para encará-lo. Henry revira os olhos, bufando.— Te ver assim está me deixando entediado — ele diz, sem tirar os olhos dos meus. — Se quer ficar e conversar sobre o que precisa, mude essa cara e melhore sua postura antes que eu comece a me arrepender de ter te impedido de ir embora.— Se estou te
Henry para de mexer no cinto de segurança e se vira para me encarar, me dando um olhar de surpresa seguido por uma risada curta e sarcástica.— Nem se você quisesse, Evie — ele responde, balançando a cabeça com um sorriso irônico. — Não misturo negócios com prazer. E, honestamente, você não é exatamente o tipo de mulher para diversão.Sinto meu estômago revirar e meu rosto esquentar com o comentário. Ele conseguiu o que queria: me provocar e me fazer sentir ainda mais insignificante. Henry me dá um olhar de cima a baixo, como se estivesse me avaliando, e depois desvia o olhar, voltando a focar no cinto de segurança.— Então por que me trouxe aqui? — pergunto, sem coragem de encará-lo. Ele suspira, abrindo a porta.— Porque ir à empresa ou ao meu apartamento não são opções.— Se tivesse deixado isso claro, teria sugerido o meu apartamento — respondo, me livrando do cinto de segurança. Henry interrompe seus movimentos, abrindo um de seus sorrisos desconfortáveis.— Gosto de negociar onde
“Henry Blackwood”A revelação dela me pega de surpresa. Por um momento, fico sem reação, sentindo o impacto da novidade. Cega? Isso era algo que eu definitivamente não esperava.Os rumores que se seguiram ao afastamento de Evie sugeriram muitas possibilidades: uma possível gravidez, um colapso nervoso ou até mesmo o que muitos acreditavam, que a herdeira havia decidido aproveitar a vida enquanto seu marido assumia os negócios. Mas agora, ouvindo diretamente dela, tudo finalmente começa a se encaixar.— Cega? — repito, surpreso. — Você… perdeu a visão?Ela confirma, e enquanto explica, sinto algo que raramente me acontece: uma pontada de empatia. Claro, a situação dela é complicada, mas o que mais me impressiona é a maneira como ela foi manipulada por Sebastian. Não posso deixar de me perguntar até que ponto ele teria ido para conseguir o que queria. Mas algo me diz que isso não era a ideia inicial dele.— E foi isso, a queda da herdeira da Majestic. — Ela conclui, forçando uma risada a
“Alguns dias depois…”Me ajeito na cadeira da cafeteria, distraída pelo movimento lá fora. Chloe e Lily estão sentadas à minha frente, conversando animadamente, mas minha mente está a quilômetros de distância.O encontro com Henry ainda ecoa na minha cabeça, e o contrato que assinei com a All Seasons, formalizando minha entrada na empresa, parece algo surreal. Henry Blackwood, o homem que sempre vi como um rival, agora é meu chefe. A ironia disso não me escapa, e o peso da situação cresce a cada minuto.— Terra chamando Evie! — A voz de Chloe me traz de volta à realidade enquanto ela acena com a mão na minha frente, rindo. — Está pensando em quem?— Estamos aqui há dez minutos, e você não disse uma palavra. O que está acontecendo? — Lily sorri, mas sua expressão é um pouco mais séria. Respiro fundo e olho para o café à minha frente, já morno.— Desculpa, meninas — respondo, forçando um sorriso. — É só que… esse negócio com Henry está me deixando mais nervosa do que imaginei.— Estranho
Levanto o olhar e o vejo parado à porta, com os braços cruzados e um sorriso malicioso no rosto. Seus olhos brilham de diversão e provocação enquanto Sebastian se aproxima lentamente, me fazendo levantar e recuar rapidamente.— Invadir minha sala e tentar abrir minha gaveta, Evie? — Ele balança a cabeça, fingindo decepção. — Se eu soubesse que você sentia tanta falta daqui, teria deixado a porta aberta. Na verdade, estou pensando em trocar a equipe de limpeza; você deveria deixar seu currículo.— Estou aqui por respostas, Sebastian, e você sabe disso — rebato, tentando manter a voz firme. Ele dá mais um passo à frente enquanto recuo até bater contra a parede, e seu sorriso sádico se amplia.Sebastian para a poucos centímetros de mim, seus olhos analisando cada detalhe do meu rosto. Inclinando-se levemente, coloca uma mão na parede ao lado do meu rosto, me cercando completamente.— Sabe, Evie — ele diz num tom baixo —, tudo isso aqui… — Ele faz um gesto vago com a outra mão, apontando p
Quando a perco de vista, balanço a cabeça, tentando afastar o incômodo que se instalou em mim. Volto a andar, mas, por mais que eu me esforce, a imagem dela me encarando com aquele sorriso debochado, há duas semanas, quando Sebastian me expulsou de nossa casa, não me deixa em paz.Passo direto pelo hall e entro no elevador. Enquanto subo, tento reorganizar meus pensamentos, buscando aceitar meu novo lugar. Quando as portas se abrem, respiro fundo e saio, caminhando até minha nova sala.Passo a mão pela placa presa à porta e não consigo evitar um sorriso bobo ao ler: “Diretora de Projetos Hoteleiros”.— Nada mal para alguém que, dias atrás, estava à deriva, tentando descobrir como recuperar sua vida — murmuro, abrindo a porta.Ao entrar, dou uma olhada rápida ao redor. A decoração é sóbria, funcional, nada extravagante, mas a vista da cidade é impressionante. Coloco minha bolsa na cadeira e me sento atrás da mesa.Uma parte de mim se sente estranhamente em casa. Assuntos de gestão de ho
Meu corpo reage por reflexo, e dou um passo para trás.— Desculpa! — digo rapidamente, mais para disfarçar o constrangimento do que pela colisão em si.Quando ergo o olhar, vejo que é a secretária de Henry. Ela me encara com um sorriso simpático, claramente acostumada a esse tipo de situação.— Sem problemas — ela sorri, mas seus olhos parecem captar meu rosto ainda tenso. — Acho que todos nós esbarramos em algo após sair da sala do Sr. Blackwood… ele pode ser bem intimidador.— Intimidador seria a última palavra que usaria para Hen… para o Sr. Blackwood — respondo, sorrindo levemente. — Ele definitivamente sabe como tirar qualquer um do sério.— Vamos dizer que é uma habilidade dele — ela concorda, abaixando a voz como se dividisse um segredo. — Mas com o tempo, você se acostuma.— Obrigada pelo conselho — agradeço, dando um passo para frente, mas a lembrança do almoço me faz parar rapidamente. — Ah! Srta. Turner, preciso dos detalhes do almoço com…— O Sr. Carver! — a secretária excl
“Henry Blackwood”Entro na sala e fecho a porta atrás de mim com força, ainda digerindo o entediante almoço com alguns investidores, quando algo me faz parar imediatamente. Vejo Harper, sentada confortavelmente em minha cadeira, mexendo no meu notebook. "Como ela sabe a minha senha?" penso, franzindo as sobrancelhas, confuso. Além disso, ela esteve aqui pela manhã, e não há absolutamente nenhuma razão para ela ter voltado.— Harper? O que você está fazendo aqui? — pergunto, claramente desconfiado. Ela levanta os olhos, sorrindo.— Ah, eu… só estava olhando alguns vestidos — responde rapidamente, fechando o notebook com um gesto casual demais para o meu gosto. — Afinal, em breve começaremos os preparativos para o casamento, certo? E como você estava demorando, decidi me distrair.— Vestidos? — repito, arqueando uma sobrancelha. — Você estava olhando vestidos no meu notebook?— Bem, sim. Achei que não se importaria — ela responde, dando de ombros enquanto se levanta. — Esqueci o meu cel