Levanto o olhar e o vejo parado à porta, com os braços cruzados e um sorriso malicioso no rosto. Seus olhos brilham de diversão e provocação enquanto Sebastian se aproxima lentamente, me fazendo levantar e recuar rapidamente.— Invadir minha sala e tentar abrir minha gaveta, Evie? — Ele balança a cabeça, fingindo decepção. — Se eu soubesse que você sentia tanta falta daqui, teria deixado a porta aberta. Na verdade, estou pensando em trocar a equipe de limpeza; você deveria deixar seu currículo.— Estou aqui por respostas, Sebastian, e você sabe disso — rebato, tentando manter a voz firme. Ele dá mais um passo à frente enquanto recuo até bater contra a parede, e seu sorriso sádico se amplia.Sebastian para a poucos centímetros de mim, seus olhos analisando cada detalhe do meu rosto. Inclinando-se levemente, coloca uma mão na parede ao lado do meu rosto, me cercando completamente.— Sabe, Evie — ele diz num tom baixo —, tudo isso aqui… — Ele faz um gesto vago com a outra mão, apontando p
Quando a perco de vista, balanço a cabeça, tentando afastar o incômodo que se instalou em mim. Volto a andar, mas, por mais que eu me esforce, a imagem dela me encarando com aquele sorriso debochado, há duas semanas, quando Sebastian me expulsou de nossa casa, não me deixa em paz.Passo direto pelo hall e entro no elevador. Enquanto subo, tento reorganizar meus pensamentos, buscando aceitar meu novo lugar. Quando as portas se abrem, respiro fundo e saio, caminhando até minha nova sala.Passo a mão pela placa presa à porta e não consigo evitar um sorriso bobo ao ler: “Diretora de Projetos Hoteleiros”.— Nada mal para alguém que, dias atrás, estava à deriva, tentando descobrir como recuperar sua vida — murmuro, abrindo a porta.Ao entrar, dou uma olhada rápida ao redor. A decoração é sóbria, funcional, nada extravagante, mas a vista da cidade é impressionante. Coloco minha bolsa na cadeira e me sento atrás da mesa.Uma parte de mim se sente estranhamente em casa. Assuntos de gestão de ho
Meu corpo reage por reflexo, e dou um passo para trás.— Desculpa! — digo rapidamente, mais para disfarçar o constrangimento do que pela colisão em si.Quando ergo o olhar, vejo que é a secretária de Henry. Ela me encara com um sorriso simpático, claramente acostumada a esse tipo de situação.— Sem problemas — ela sorri, mas seus olhos parecem captar meu rosto ainda tenso. — Acho que todos nós esbarramos em algo após sair da sala do Sr. Blackwood… ele pode ser bem intimidador.— Intimidador seria a última palavra que usaria para Hen… para o Sr. Blackwood — respondo, sorrindo levemente. — Ele definitivamente sabe como tirar qualquer um do sério.— Vamos dizer que é uma habilidade dele — ela concorda, abaixando a voz como se dividisse um segredo. — Mas com o tempo, você se acostuma.— Obrigada pelo conselho — agradeço, dando um passo para frente, mas a lembrança do almoço me faz parar rapidamente. — Ah! Srta. Turner, preciso dos detalhes do almoço com…— O Sr. Carver! — a secretária excl
“Henry Blackwood”Entro na sala e fecho a porta atrás de mim com força, ainda digerindo o entediante almoço com alguns investidores, quando algo me faz parar imediatamente. Vejo Harper, sentada confortavelmente em minha cadeira, mexendo no meu notebook. "Como ela sabe a minha senha?" penso, franzindo as sobrancelhas, confuso. Além disso, ela esteve aqui pela manhã, e não há absolutamente nenhuma razão para ela ter voltado.— Harper? O que você está fazendo aqui? — pergunto, claramente desconfiado. Ela levanta os olhos, sorrindo.— Ah, eu… só estava olhando alguns vestidos — responde rapidamente, fechando o notebook com um gesto casual demais para o meu gosto. — Afinal, em breve começaremos os preparativos para o casamento, certo? E como você estava demorando, decidi me distrair.— Vestidos? — repito, arqueando uma sobrancelha. — Você estava olhando vestidos no meu notebook?— Bem, sim. Achei que não se importaria — ela responde, dando de ombros enquanto se levanta. — Esqueci o meu cel
“Evie Ashford”De volta à minha sala, tento digerir tudo o que Benjamin me contou durante o almoço. Não é o que ele disse sobre o caso que está me perturbando, embora isso seja uma grande dor de cabeça. O que realmente me inquieta é o que ele revelou depois, quando o pressionei ao sairmos do restaurante.— Harper. A noiva de Henry. A amante de Sebastian. — Resmungo para mim mesma, ainda tentando assimilar essa bomba.A informação me atingiu bruscamente. Que ironia doentia! Por que tudo ao meu redor tem que ser tão… complicado?— Será que Henry sabe disso? Será que é por isso que ele está me ajudando? — sussurro, mais para a janela do que para mim mesma. Viro a cadeira, observando as nuvens no céu, buscando alguma lógica. — Não, não faz sentido… Ele não parece ser do tipo que aceitaria uma traição dessas.Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos que me atormentam. Preciso parar com essas teorias malucas. Talvez Henry esteja tão no escuro quanto eu estava. Ou talvez ele saiba de tu
“Henry Blackwood”Saindo da sala com Benjamin, noto de imediato as duas próximas demais. Harper e Evie, lado a lado no corredor, quase se tocando. O tom de voz de Harper, o olhar feroz de Evie… era óbvio que um encontro entre elas resultaria em caos.— Que porra está acontecendo aqui? — Minha voz ecoa pelo corredor, mais alta do que eu pretendia.Ambas se viram, com expressões diferentes. Harper abre um sorriso que me dá ânsia, enquanto Evie me olha como se estivesse prestes a explodir. Harper se aproxima, suavizando a expressão, como se fosse uma santa injustiçada. “Eu estava realmente cego”, penso.— Henry, querido, eu estava apenas… mostrando onde fica a copa para ela. — Ela lança um olhar de desprezo na direção de Evie. — Ela continua um pouco… confusa sobre onde ficam as coisas por aqui.— Confusa? Você é realmente… — Evie começa, mas antes que ela possa continuar, decido intervir. Não posso pôr um fim nisso sem me divertir um pouco.— Srta. Ashford, se precisar de um mapa do anda
“Evie Ashford”É inacreditável como um dia pode se arrastar quando tudo o que você quer é que ele termine. Eu sabia que hoje seria um marco na minha vida — afinal, é o meu primeiro dia trabalhando para o lado inimigo —, mas nunca imaginei que seria marcante por tantas razões ruins, e tudo isso em menos de doze horas.Após um café com Benjamin, consegui me esquecer momentaneamente do caos, mas agora, de volta à minha sala, meus pensamentos me deixam inquieta. O advogado, possivelmente tentando me fazer parar de mexer as pernas, um reflexo da raiva que estava sentindo, disse que contou a Henry sobre Harper e Sebastian.— Ele sabia o tempo todo! E ainda assim me fez parecer louca na frente daquela vadia. Idiota arrogante! — resmungo, bufando, enquanto pego o relatório que estava lendo antes de sair.Meus olhos percorrem as linhas, e, alguns minutos depois, algo me chama a atenção. No entanto, antes que eu possa me aprofundar nos questionamentos que surgem, a porta da minha sala se abre se
Henry me observa como um predador avaliando a presa. Seus olhos fixos nos meus me fazem questionar por que diabos insisto em provocá-lo assim. Respiro fundo, tentando controlar o ritmo acelerado da minha respiração, mas a proximidade dele só piora a situação. Ele está tão perto que posso ver cada detalhe de seu rosto, e isso me deixa nervosa, porque, apesar de tudo, uma parte de mim enxerga o quanto esse homem irritante é... atraente. — Controle a sua língua afiada, Srta. Ashford. Porque, diferente de você, eu não sou obrigado a suportar suas provocações — Henry diz com a voz rouca, percorrendo meu rosto com o olhar, parando nos meus lábios por um segundo longo demais antes de voltar a encontrar meus olhos. — Ouse me chamar de covarde novamente, e você descobrirá que Sebastian é um anjo perto de mim. — Você está me ameaçando? — pergunto, notando minha voz trêmula. Ele se inclina um pouco mais, e a distância entre nós se torna insuportavelmente pequena. Minha mente grita para me a