“Evie Ashford”De volta à minha sala, tento digerir tudo o que Benjamin me contou durante o almoço. Não é o que ele disse sobre o caso que está me perturbando, embora isso seja uma grande dor de cabeça. O que realmente me inquieta é o que ele revelou depois, quando o pressionei ao sairmos do restaurante.— Harper. A noiva de Henry. A amante de Sebastian. — Resmungo para mim mesma, ainda tentando assimilar essa bomba.A informação me atingiu bruscamente. Que ironia doentia! Por que tudo ao meu redor tem que ser tão… complicado?— Será que Henry sabe disso? Será que é por isso que ele está me ajudando? — sussurro, mais para a janela do que para mim mesma. Viro a cadeira, observando as nuvens no céu, buscando alguma lógica. — Não, não faz sentido… Ele não parece ser do tipo que aceitaria uma traição dessas.Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos que me atormentam. Preciso parar com essas teorias malucas. Talvez Henry esteja tão no escuro quanto eu estava. Ou talvez ele saiba de tu
“Henry Blackwood”Saindo da sala com Benjamin, noto de imediato as duas próximas demais. Harper e Evie, lado a lado no corredor, quase se tocando. O tom de voz de Harper, o olhar feroz de Evie… era óbvio que um encontro entre elas resultaria em caos.— Que porra está acontecendo aqui? — Minha voz ecoa pelo corredor, mais alta do que eu pretendia.Ambas se viram, com expressões diferentes. Harper abre um sorriso que me dá ânsia, enquanto Evie me olha como se estivesse prestes a explodir. Harper se aproxima, suavizando a expressão, como se fosse uma santa injustiçada. “Eu estava realmente cego”, penso.— Henry, querido, eu estava apenas… mostrando onde fica a copa para ela. — Ela lança um olhar de desprezo na direção de Evie. — Ela continua um pouco… confusa sobre onde ficam as coisas por aqui.— Confusa? Você é realmente… — Evie começa, mas antes que ela possa continuar, decido intervir. Não posso pôr um fim nisso sem me divertir um pouco.— Srta. Ashford, se precisar de um mapa do anda
“Evie Ashford”É inacreditável como um dia pode se arrastar quando tudo o que você quer é que ele termine. Eu sabia que hoje seria um marco na minha vida — afinal, é o meu primeiro dia trabalhando para o lado inimigo —, mas nunca imaginei que seria marcante por tantas razões ruins, e tudo isso em menos de doze horas.Após um café com Benjamin, consegui me esquecer momentaneamente do caos, mas agora, de volta à minha sala, meus pensamentos me deixam inquieta. O advogado, possivelmente tentando me fazer parar de mexer as pernas, um reflexo da raiva que estava sentindo, disse que contou a Henry sobre Harper e Sebastian.— Ele sabia o tempo todo! E ainda assim me fez parecer louca na frente daquela vadia. Idiota arrogante! — resmungo, bufando, enquanto pego o relatório que estava lendo antes de sair.Meus olhos percorrem as linhas, e, alguns minutos depois, algo me chama a atenção. No entanto, antes que eu possa me aprofundar nos questionamentos que surgem, a porta da minha sala se abre se
Henry me observa como um predador avaliando a presa. Seus olhos fixos nos meus me fazem questionar por que diabos insisto em provocá-lo assim. Respiro fundo, tentando controlar o ritmo acelerado da minha respiração, mas a proximidade dele só piora a situação. Ele está tão perto que posso ver cada detalhe de seu rosto, e isso me deixa nervosa, porque, apesar de tudo, uma parte de mim enxerga o quanto esse homem irritante é... atraente. — Controle a sua língua afiada, Srta. Ashford. Porque, diferente de você, eu não sou obrigado a suportar suas provocações — Henry diz com a voz rouca, percorrendo meu rosto com o olhar, parando nos meus lábios por um segundo longo demais antes de voltar a encontrar meus olhos. — Ouse me chamar de covarde novamente, e você descobrirá que Sebastian é um anjo perto de mim. — Você está me ameaçando? — pergunto, notando minha voz trêmula. Ele se inclina um pouco mais, e a distância entre nós se torna insuportavelmente pequena. Minha mente grita para me a
Ele sorri, um sorriso cruel, de quem já sabe que está no controle. Não preciso que ele diga uma palavra para entender que esta não é uma visita amigável. Sebastian está aqui por um motivo, e não é para conversarmos calmamente. — Como você entrou aqui? — pergunto, com a voz mais fraca do que gostaria. — Tão previsível, querida. Sabia que você não pensaria em trocar sua fechadura — ele diz, num tom sarcástico. — Não tem medo que o lobo mau apareça durante a noite? Seu sorriso se amplia ainda mais quando tento puxar meu braço de volta, mas ele apenas aperta com mais força. Meu coração começa a bater mais rápido, e sinto uma onda de pânico se formando, mas luto para manter a calma. — O que você quer, Sebastian? Me solte! — digo, tentando soar firme, embora o medo esteja presente em meu tom de voz. — Retribuindo sua visita — ele responde, com uma risada curta, carregada de desdém. Ao intensificar o aperto em meu braço, ele continua: — Que merda você estava pensando quando decidiu
Chloe permanece ao meu lado, com a mão nas minhas costas, tentando me confortar, mas meu olhar se fixa em Benjamin. Ele continua parado, com o olhar fixo nos meus lábios, como se esperasse minha explicação. E é exatamente por isso que não consigo me abrir. Não posso envolver mais pessoas nessa confusão, não agora que sei do que Sebastian é capaz.Respiro fundo, tentando me recompor, mas o nó na garganta persiste. Chloe lança um olhar preocupado para Benjamin, e ele se aproxima lentamente, como se temesse me assustar ainda mais.— Evie, você precisa contar o que aconteceu — Benjamin diz, num tom calmo. — Isso é sério. Se o Sebastian realmente fez tudo isso, precisamos fazer algo.— Não… — respondo rapidamente, sentindo meu coração acelerar pela simples possibilidade. — Não posso fazer isso, Benjamin.O silêncio que se segue é pesado, como se ambos estivessem tentando processar o que acabei de dizer. Benjamin franze o cenho, claramente confuso e tentando entender por que eu recusaria aju
“Henry Blackwood”Chego em casa, soltando um suspiro pesado enquanto me livro da gravata. O silêncio do apartamento é a única coisa que me acalma, pelo menos um pouco. Como perdi o controle daquele jeito? A pergunta martela na minha mente, repetidamente.Caminho direto para o bar na sala de estar, pegando uma garrafa de uísque. Preciso de algo para esfriar a cabeça. As palavras de Evie, a maneira como ela me provocou, tudo isso continua fresco. Mais do que deveria estar. Sirvo uma dose generosa e viro de uma vez, sentindo o calor do líquido descer pela garganta.— Por que ela sempre me tira do sério? — resmungo, servindo-me novamente.Sento-me no sofá, esfregando as têmporas. Evie me provoca como ninguém, e por mais que eu tente manter o foco, ela sabe exatamente onde cutucar. É como se ela soubesse exatamente como me irritar, me testar e, de alguma forma, me fazer querer ir além do que realmente posso.Antes que eu pudesse continuar afundando nesses pensamentos, ouço a porta da frente
Fico em silêncio, andando pela sala, tentando processar o que acabei de ouvir. Sebastian cruzou mais um limite, mas, dessa vez, isso mexeu comigo de uma maneira que eu não esperava. — Por que você está tão abalado com isso? — Benjamin pergunta, me observando atentamente. Ele já percebeu minha mudança de comportamento, e eu também.— Eu só… — começo, parando em frente à janela, encarando a vista da cidade. — Só estou me perguntando se poderia ter evitado que isso acontecesse.— Como assim? — Benjamin indaga, confuso.— Eu me dispus a ajudar Evie — digo, mais para mim mesmo do que para ele. — E aí, aquele desgraçado aparece no apartamento dela e a machuca. Preciso fazer algo, Benjamin.— E o que você pode fazer, Henry? — ele questiona, levantando-se e indo até o bar. O advogado serve duas doses de whisky e se aproxima, me entregando um dos copos.— Não sei, mas preciso fazer esse filho da puta começar a se arrepender de ter nascido.— Henry, fazer algo será o mesmo que Evie te contou —