Ele sorri, um sorriso cruel, de quem já sabe que está no controle. Não preciso que ele diga uma palavra para entender que esta não é uma visita amigável. Sebastian está aqui por um motivo, e não é para conversarmos calmamente. — Como você entrou aqui? — pergunto, com a voz mais fraca do que gostaria. — Tão previsível, querida. Sabia que você não pensaria em trocar sua fechadura — ele diz, num tom sarcástico. — Não tem medo que o lobo mau apareça durante a noite? Seu sorriso se amplia ainda mais quando tento puxar meu braço de volta, mas ele apenas aperta com mais força. Meu coração começa a bater mais rápido, e sinto uma onda de pânico se formando, mas luto para manter a calma. — O que você quer, Sebastian? Me solte! — digo, tentando soar firme, embora o medo esteja presente em meu tom de voz. — Retribuindo sua visita — ele responde, com uma risada curta, carregada de desdém. Ao intensificar o aperto em meu braço, ele continua: — Que merda você estava pensando quando decidiu
Chloe permanece ao meu lado, com a mão nas minhas costas, tentando me confortar, mas meu olhar se fixa em Benjamin. Ele continua parado, com o olhar fixo nos meus lábios, como se esperasse minha explicação. E é exatamente por isso que não consigo me abrir. Não posso envolver mais pessoas nessa confusão, não agora que sei do que Sebastian é capaz.Respiro fundo, tentando me recompor, mas o nó na garganta persiste. Chloe lança um olhar preocupado para Benjamin, e ele se aproxima lentamente, como se temesse me assustar ainda mais.— Evie, você precisa contar o que aconteceu — Benjamin diz, num tom calmo. — Isso é sério. Se o Sebastian realmente fez tudo isso, precisamos fazer algo.— Não… — respondo rapidamente, sentindo meu coração acelerar pela simples possibilidade. — Não posso fazer isso, Benjamin.O silêncio que se segue é pesado, como se ambos estivessem tentando processar o que acabei de dizer. Benjamin franze o cenho, claramente confuso e tentando entender por que eu recusaria aju
“Henry Blackwood”Chego em casa, soltando um suspiro pesado enquanto me livro da gravata. O silêncio do apartamento é a única coisa que me acalma, pelo menos um pouco. Como perdi o controle daquele jeito? A pergunta martela na minha mente, repetidamente.Caminho direto para o bar na sala de estar, pegando uma garrafa de uísque. Preciso de algo para esfriar a cabeça. As palavras de Evie, a maneira como ela me provocou, tudo isso continua fresco. Mais do que deveria estar. Sirvo uma dose generosa e viro de uma vez, sentindo o calor do líquido descer pela garganta.— Por que ela sempre me tira do sério? — resmungo, servindo-me novamente.Sento-me no sofá, esfregando as têmporas. Evie me provoca como ninguém, e por mais que eu tente manter o foco, ela sabe exatamente onde cutucar. É como se ela soubesse exatamente como me irritar, me testar e, de alguma forma, me fazer querer ir além do que realmente posso.Antes que eu pudesse continuar afundando nesses pensamentos, ouço a porta da frente
Fico em silêncio, andando pela sala, tentando processar o que acabei de ouvir. Sebastian cruzou mais um limite, mas, dessa vez, isso mexeu comigo de uma maneira que eu não esperava. — Por que você está tão abalado com isso? — Benjamin pergunta, me observando atentamente. Ele já percebeu minha mudança de comportamento, e eu também.— Eu só… — começo, parando em frente à janela, encarando a vista da cidade. — Só estou me perguntando se poderia ter evitado que isso acontecesse.— Como assim? — Benjamin indaga, confuso.— Eu me dispus a ajudar Evie — digo, mais para mim mesmo do que para ele. — E aí, aquele desgraçado aparece no apartamento dela e a machuca. Preciso fazer algo, Benjamin.— E o que você pode fazer, Henry? — ele questiona, levantando-se e indo até o bar. O advogado serve duas doses de whisky e se aproxima, me entregando um dos copos.— Não sei, mas preciso fazer esse filho da puta começar a se arrepender de ter nascido.— Henry, fazer algo será o mesmo que Evie te contou —
“Evie Ashford”A noite foi um pesadelo, literalmente. Cada vez que meu corpo cedia ao cansaço e eu finalmente relaxava, minha mente me traía, trazendo a imagem de Sebastian. O rosto dele, o ódio nos olhos, suas mãos no meu pescoço… O medo voltava com força total, me paralisando, e então eu acordava em um sobressalto. Chloe tentou me confortar, mas nem mesmo o ambiente seguro de sua casa conseguiu me acalmar.Agora, enquanto caminho até a copa com Benjamin, sinto como se não tivesse dormido nada. Meu corpo está pesado, minha mente exausta, e por mais que eu tente esconder isso, sei que é quase impossível. Assim que entramos na copa, me deixo cair em uma das cadeiras, esfregando as têmporas.Benjamin prepara dois cafés em silêncio, e ao se aproximar com as xícaras, me entrega uma. O cheiro forte e quente é reconfortante, mesmo que eu saiba que isso não será suficiente para espantar o cansaço.— Você está com uma péssima fisionomia, Evie — ele comenta, sentando-se ao meu lado com um olhar
O calor do corpo dele contra o meu e a firmeza de seus braços me fazem desmoronar. É como se toda a tensão que estava carregando desde o ataque de Sebastian, o medo constante, tudo, viesse à tona de uma vez só. Minhas mãos, involuntariamente, agarram o tecido da camisa de Henry enquanto sinto as lágrimas se acumularem nos meus olhos.— Sebastian estava aqui… — tento falar, mas minha voz falha.— Ele não está aqui — Henry sussurra, num tom calmo, longe do habitual. — Você está segura, Evie. Sebastian não pode te machucar aqui.Ele continua me segurando firme, um gesto gentil que nunca imaginei que receberia dele, logo dele, o homem que tantas vezes me desafiou e tirou do sério. Finalmente, cedo, deixando as lágrimas escaparem, sem tentar segurar mais.— Você está segura — ele repete suavemente, acariciando meus cabelos.Após um tempo, quando meu choro finalmente diminui, me afasto ligeiramente, limpando o rosto com as costas da mão, ainda sem ter coragem de encará-lo diretamente. Henry
Dois dias se passaram desde que aceitei a ajuda de Benjamin para me mudar, e agora, depois de finalmente trazer minhas coisas do antigo apartamento e deixar este novo espaço com a minha cara, estou exausta. Quando finalmente me jogo no sofá ao lado de Lily, sinto cada músculo do meu corpo reclamar.Passamos o dia inteiro organizando caixas, tirando coisas do meu antigo apartamento, trazendo tudo para cá e tentando deixar esse novo espaço com mais cor. Nada contra Benjamin, mas antes, tudo aqui parecia ter um ar sério e impessoal, quase como se faltasse vida. Agora, com minhas coisas espalhadas e um toque pessoal, o apartamento finalmente começa a parecer um lar.É surreal estar aqui. Benjamin não exagerou nem um pouco quando disse que o prédio tinha segurança reforçada. Só o fato de saber que há câmeras e vigilância 24 horas já me traz uma paz que eu nem consigo mencionar.A exaustão pesa sobre mim, mas, ao mesmo tempo, uma sensação de satisfação toma conta. Olho para Lily e percebo qu
A pessoa se vira para mim, e por um segundo, meu coração parece parar.— O que você está fazendo aqui? — pergunto, ainda tentando controlar o pavor que tomou conta de mim. — Quem é você?Uma mulher de meia-idade, com um avental impecável, me olha com uma expressão surpresa. Ela solta uma risadinha nervosa, erguendo as mãos como se tentasse acalmar a situação. Ao ver como a senhora está vestida, o pavor dá lugar ao constrangimento. Abro um sorriso sem jeito, soltando o ar que nem percebi que estava prendendo.— Desculpe, não queria assustá-la. Sou Marta, a empregada. Venho aqui três vezes por semana para limpar e organizar tudo.— Meu Deus, que susto! — digo, rindo um pouco, embora ainda me sinta meio boba. — Benjamin não me avisou. Me desculpe pelo grito, achei que… bem, achei que fosse outra pessoa.— Não se preocupe, senhorita…?— Ashford, mas me chame apenas de Evie, por favor — peço, vendo-a abrir um sorriso gentil.— Certo, Evie — ela repete meu nome, hesitante. — O café está quas