O comentário dele me pega de surpresa por um segundo, trazendo de volta a lembrança do nosso último encontro. A mesma arrogância, a mesma confiança excessiva. Tento manter minha expressão neutra, mas sinto meu corpo tensionar com a provocação. — Henry Blackwood… — resmungo, controlando a vontade de revirar os olhos. — Sempre tão simpático, não é? — Simpático o suficiente para esquecer o pequeno incidente em Genebra e me sentar à mesa com você. — Ele dá um olhar significativo para a minha taça enquanto se senta. — Só espero que você tenha aprendido a controlar melhor suas bebidas. — Ok, alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui? — Chloe pergunta, confusa, franzindo a testa. — Porque claramente estou perdendo alguma coisa. — Bem… — Benjamin começa, trocando olhares com Henry antes de encará-la novamente. — Digamos que o último encontro deles foi meio molhado. — Molhado? — ela repete, inclinando-se um pouco para frente enquanto arregala os olhos exageradamente. — Isso e
“Henry Blackwood”Observo enquanto Evie levanta a cabeça, claramente tentando manter a compostura. Por um momento, espero uma resposta à altura, algo cortante que ela costumava ter na ponta da língua. Mas tudo o que vejo é o brilho da raiva em seus olhos.— Quer saber, Henry? — Evie responde, me encarando como se quisesse me enforcar, e isso me provoca um sorriso. — Desde que te vi chegar, sabia que estar aqui seria um erro.Finalmente, ela reagiu! Esse olhar triste e derrotado que ela vinha carregando estava começando a me entediar. Dou um gole no meu uísque, ansioso pelas próximas palavras afiadas que ela deve ter preparado.Mas, surpreendentemente, ela se cala. Vejo sua mandíbula se contrair enquanto tenta se controlar, como se estivesse travando uma batalha interna. A Evie que conheci em Genebra nunca hesitaria em me atacar de volta, em continuar se impondo, mas agora ela parece hesitante, até mesmo vulnerável.Quase sinto uma pontada de desapontamento. Onde está a mulher que nunca
“Evie Ashford”As palavras de Henry me fazem parar imediatamente e, por um momento, me vejo observando o interior do veículo, ponderando entre ignorá-lo e ir embora ou ficar e arriscar. O taxista limpa a garganta, já impaciente, mas ao ver Henry balançar a cabeça e ameaçar se afastar, finalmente reajo.Com um suspiro pesado, fecho a porta do táxi, e o barulho alto interrompe o silêncio entre nós. Henry para, virando-se para mim e esboçando um sorriso de satisfação.— E então? — ele pergunta ao notar meu silêncio. — Decidiu ficar para não falar nada?— Você deve estar adorando me ver assim, não é? Vulnerável, derrotada, prestes a vender a alma ao diabo — murmuro, finalmente levantando o olhar para encará-lo. Henry revira os olhos, bufando.— Te ver assim está me deixando entediado — ele diz, sem tirar os olhos dos meus. — Se quer ficar e conversar sobre o que precisa, mude essa cara e melhore sua postura antes que eu comece a me arrepender de ter te impedido de ir embora.— Se estou te
Henry para de mexer no cinto de segurança e se vira para me encarar, me dando um olhar de surpresa seguido por uma risada curta e sarcástica.— Nem se você quisesse, Evie — ele responde, balançando a cabeça com um sorriso irônico. — Não misturo negócios com prazer. E, honestamente, você não é exatamente o tipo de mulher para diversão.Sinto meu estômago revirar e meu rosto esquentar com o comentário. Ele conseguiu o que queria: me provocar e me fazer sentir ainda mais insignificante. Henry me dá um olhar de cima a baixo, como se estivesse me avaliando, e depois desvia o olhar, voltando a focar no cinto de segurança.— Então por que me trouxe aqui? — pergunto, sem coragem de encará-lo. Ele suspira, abrindo a porta.— Porque ir à empresa ou ao meu apartamento não são opções.— Se tivesse deixado isso claro, teria sugerido o meu apartamento — respondo, me livrando do cinto de segurança. Henry interrompe seus movimentos, abrindo um de seus sorrisos desconfortáveis.— Gosto de negociar onde
“Henry Blackwood”A revelação dela me pega de surpresa. Por um momento, fico sem reação, sentindo o impacto da novidade. Cega? Isso era algo que eu definitivamente não esperava.Os rumores que se seguiram ao afastamento de Evie sugeriram muitas possibilidades: uma possível gravidez, um colapso nervoso ou até mesmo o que muitos acreditavam, que a herdeira havia decidido aproveitar a vida enquanto seu marido assumia os negócios. Mas agora, ouvindo diretamente dela, tudo finalmente começa a se encaixar.— Cega? — repito, surpreso. — Você… perdeu a visão?Ela confirma, e enquanto explica, sinto algo que raramente me acontece: uma pontada de empatia. Claro, a situação dela é complicada, mas o que mais me impressiona é a maneira como ela foi manipulada por Sebastian. Não posso deixar de me perguntar até que ponto ele teria ido para conseguir o que queria. Mas algo me diz que isso não era a ideia inicial dele.— E foi isso, a queda da herdeira da Majestic. — Ela conclui, forçando uma risada a
“Alguns dias depois…”Me ajeito na cadeira da cafeteria, distraída pelo movimento lá fora. Chloe e Lily estão sentadas à minha frente, conversando animadamente, mas minha mente está a quilômetros de distância.O encontro com Henry ainda ecoa na minha cabeça, e o contrato que assinei com a All Seasons, formalizando minha entrada na empresa, parece algo surreal. Henry Blackwood, o homem que sempre vi como um rival, agora é meu chefe. A ironia disso não me escapa, e o peso da situação cresce a cada minuto.— Terra chamando Evie! — A voz de Chloe me traz de volta à realidade enquanto ela acena com a mão na minha frente, rindo. — Está pensando em quem?— Estamos aqui há dez minutos, e você não disse uma palavra. O que está acontecendo? — Lily sorri, mas sua expressão é um pouco mais séria. Respiro fundo e olho para o café à minha frente, já morno.— Desculpa, meninas — respondo, forçando um sorriso. — É só que… esse negócio com Henry está me deixando mais nervosa do que imaginei.— Estranho
Levanto o olhar e o vejo parado à porta, com os braços cruzados e um sorriso malicioso no rosto. Seus olhos brilham de diversão e provocação enquanto Sebastian se aproxima lentamente, me fazendo levantar e recuar rapidamente.— Invadir minha sala e tentar abrir minha gaveta, Evie? — Ele balança a cabeça, fingindo decepção. — Se eu soubesse que você sentia tanta falta daqui, teria deixado a porta aberta. Na verdade, estou pensando em trocar a equipe de limpeza; você deveria deixar seu currículo.— Estou aqui por respostas, Sebastian, e você sabe disso — rebato, tentando manter a voz firme. Ele dá mais um passo à frente enquanto recuo até bater contra a parede, e seu sorriso sádico se amplia.Sebastian para a poucos centímetros de mim, seus olhos analisando cada detalhe do meu rosto. Inclinando-se levemente, coloca uma mão na parede ao lado do meu rosto, me cercando completamente.— Sabe, Evie — ele diz num tom baixo —, tudo isso aqui… — Ele faz um gesto vago com a outra mão, apontando p
Quando a perco de vista, balanço a cabeça, tentando afastar o incômodo que se instalou em mim. Volto a andar, mas, por mais que eu me esforce, a imagem dela me encarando com aquele sorriso debochado, há duas semanas, quando Sebastian me expulsou de nossa casa, não me deixa em paz.Passo direto pelo hall e entro no elevador. Enquanto subo, tento reorganizar meus pensamentos, buscando aceitar meu novo lugar. Quando as portas se abrem, respiro fundo e saio, caminhando até minha nova sala.Passo a mão pela placa presa à porta e não consigo evitar um sorriso bobo ao ler: “Diretora de Projetos Hoteleiros”.— Nada mal para alguém que, dias atrás, estava à deriva, tentando descobrir como recuperar sua vida — murmuro, abrindo a porta.Ao entrar, dou uma olhada rápida ao redor. A decoração é sóbria, funcional, nada extravagante, mas a vista da cidade é impressionante. Coloco minha bolsa na cadeira e me sento atrás da mesa.Uma parte de mim se sente estranhamente em casa. Assuntos de gestão de ho