Hainary Hikaru  Nosso Último Suspiro
Hainary Hikaru Nosso Último Suspiro
Por: Felipe Belfor
Introdução

Introdução - Nosso Último Suspiro 

Yokohama Noir, uma cidade que nunca vê a luz do dia de verdade. O sol é uma lenda, e a noite parece eterna. A cada esquina, a escuridão se infiltra nas veias da cidade, como um veneno que ninguém ousa desafiar. Sob o brilho impessoal das luzes de neon, existe um mundo oculto, onde o poder não é uma questão de riquezas materiais, mas sim de quem controla as sombras. E nas sombras, os segredos são enterrados, alianças seladas com sangue, e promessas quebradas em silêncio. Para muitos, Yokohama é o cenário de oportunidades e desejos não realizados, uma terra onde é possível, em algum momento, enganar o destino. Mas para mim, essa cidade sempre foi mais do que isso. Foi uma prisão disfarçada de liberdade.

Eu sou Hainary Hikaru, filha de Hikaru Arata, o líder imbatível de uma das famílias mafiosas mais temidas e respeitadas de toda a Yakanazay. Cresci entre paredes douradas, cercada por riqueza, mas também por uma aura de constante vigilância. Cada passo que eu dava, cada palavra que eu pronunciava, estava sendo monitorada, calculada, como parte de um jogo que eu não escolhi jogar, mas que não podia escapar. Desde pequena, aprendi que confiar em alguém era um luxo que não podia me permitir. Meu pai, por mais que fosse um homem de enorme influência, também era alguém que governava com um aperto de ferro. Em nossa casa, a lealdade vinha antes de qualquer sentimento humano, e a traição era a última linha que alguém poderia cruzar. Assim, cresci. Instruída para ser fria, calculista, e sempre atenta ao que acontecia ao meu redor.

Foi em um desses dias cinzentos de minha vida, onde tudo parecia se desenrolar como de costume, que o destino se aproximou de forma inesperada. Eu estava no Mercado das Flores, um lugar onde os perfumes de cerejeiras se misturavam com o ruído incessante das negociações e das promessas não cumpridas. Era um lugar onde o tempo parecia desacelerar, mas, naquele dia, o tempo estava parado para mim. Estava ali a mando de meu pai, supervisionando um pequeno acordo que não me interessava. Negócios banais, trocas triviais. O tipo de tarefa que fazia parte da rotina. Mas tudo isso mudou quando ele apareceu.

Yoko Hon não era como os outros. Sua aparência era simples demais para o mercado. Não tinha o porte ou o poder que outros homens com quem meu pai negociava exalavam. Mas havia algo nos olhos dele que me deixou inquieta. Não era apenas a tristeza evidente que ele carregava, mas uma determinação silenciosa que parecia não se encaixar naquele cenário. Ele parecia deslocado, como se estivesse fora de lugar, mas ao mesmo tempo, como se estivesse exatamente onde deveria estar. Eu não sabia quem ele era, nem de onde vinha, mas algo em seu olhar fez meu coração parar por um momento.

Se eu soubesse o que aquele encontro significaria, talvez tivesse feito algo diferente. Talvez tivesse me afastado dele, evitado aquela atração que crescia dentro de mim. Mas é difícil lutar contra o que está predestinado, contra o que não se consegue entender.

Nosso amor foi como um incêndio. Começou de forma inocente, com uma troca de olhares furtivos e palavras não ditas, mas logo tomou uma proporção que nenhum de nós poderia controlar. Yoko não me ofereceu uma vida fácil, nem uma vida sem obstáculos. Pelo contrário, ele me arrastou para um mundo ainda mais sombrio e perigoso do que o que eu já conhecia. Mas, ao mesmo tempo, me mostrou uma liberdade que eu jamais imaginara existir. Um amor selvagem, sem regras, sem limites. E foi assim que comecei a aprender que tudo o que eu conhecia — minha família, meu nome, as leis que governavam minha vida — não passava de uma fachada.

O que estou prestes a contar não é uma história de conto de fadas. Não é sobre um romance perfeito, ou sobre a superação de obstáculos de maneira simples. Ao contrário, é uma jornada de paixão, sacrifício e, muitas vezes, dor. É a história de uma mulher que tentou, com todas as forças, lutar contra um destino já traçado, que desafiou tudo o que lhe foi ensinado sobre o certo e o errado. E, acima de tudo, é a história de como amei Yoko Hon, mesmo sabendo que esse amor me levaria por um caminho sem volta, onde não havia mais espaço para escolhas fáceis. Ele me ensinou que, às vezes, a maior dor vem não da perda, mas do fato de que, no final, você acaba perdendo o controle sobre aquilo que mais ama.

E por mais que eu tenha tentado, não havia mais como voltar atrás.

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