Capítulo 6: Correndo Contra o Destino
O som do tiro ecoou pela rua estreita enquanto eu corria, o coração batendo tão rápido que mal conseguia respirar. Não sabia o que havia acontecido com Yoko, mas o instinto me dizia para continuar. Para escapar antes que os homens da Yakanazay me encontrassem.
Ao virar a esquina, tropecei e quase caí, mas me forcei a continuar. Cada passo parecia uma eternidade, e minha mente estava uma confusão de medos e suposições. "Geuneun jalhaess-eulkka?" (그는 잘했을까?). "Será que ele conseguiu escapar?"
Finalmente, alcancei um pequeno parque onde crianças brincavam durante o dia, mas que agora estava deserto. Escondi-me atrás de uma árvore, tentando recuperar o fôlego. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e minha mente voltou para Yoko. Ele me mandou fugir para me proteger, mas a culpa de deixá-lo para trás era insuportável.
De repente, meu telefone vibrou no bolso. Com mãos trêmulas, puxei-o e vi uma mensagem de um número desconhecido:
— "Estou bem. Fique onde está. Vou te buscar."
Era Yoko.
A espera foi agonizante. Minutos pareciam horas enquanto eu tentava controlar a respiração e me manter alerta. Cada som ao redor me fazia pular, imaginando que poderia ser alguém vindo atrás de mim.
Quando finalmente o vi se aproximando, um misto de alívio e desespero tomou conta de mim. Ele parecia exausto, com o rosto sujo e um pequeno corte na testa, mas estava vivo.
— Você está bem? — perguntei, correndo até ele.
Ele assentiu, mas seus olhos estavam sombrios.
— Foi por pouco. Eles não vão desistir tão fácil, Hainary.
Ele pegou minha mão e me levou para um carro preto estacionado em uma rua próxima.
— Temos que sair daqui. Sei de um lugar seguro onde podemos ficar por enquanto.
No caminho, Yoko manteve-se em silêncio, os olhos fixos na estrada. A tensão no ar era quase sufocante, e eu sabia que ele estava pensando no que fazer a seguir.
— Onde estamos indo? — perguntei finalmente.
— Para um armazém abandonado no distrito de Haesan. É fora do radar da máfia. Podemos planejar nossos próximos passos lá.
Haesan era conhecido como um lugar perigoso, cheio de edifícios abandonados e pessoas que preferiam não ser encontradas. Mas naquele momento, parecia ser nossa única opção.
Chegamos ao armazém pouco antes do amanhecer. O lugar era sombrio, com paredes descascadas e janelas quebradas, mas era melhor do que nada.
— Vamos ficar aqui por enquanto — disse Yoko, pegando uma pequena mochila do porta-malas. Ele parecia sempre preparado, como se soubesse que a fuga fazia parte de sua vida.
Enquanto ele arrumava algumas coisas, sentei-me em um canto, tentando processar tudo o que havia acontecido. Eu havia deixado minha família, arriscado minha vida e agora estava escondida em um armazém com um homem que o mundo inteiro parecia querer destruir.
— Por que está me olhando assim? — perguntou ele, interrompendo meus pensamentos.
— Porque você é louco, Yoko Hon. E eu também, por estar aqui com você.
Ele riu, uma risada breve, mas genuína. Foi a primeira vez que o vi relaxar desde que nos conhecemos.
— Talvez sejamos loucos. Mas pelo menos estamos juntos, certo?
Naquela noite, enquanto tentávamos descansar no chão frio do armazém, Yoko começou a falar sobre sua vida antes da máfia.
— Eu não queria esse caminho, Hainary. Quando era criança, sonhava em ser professor. Queria ensinar às pessoas que o mundo podia ser melhor. Mas quando minha mãe morreu, senti que não tinha escolha.
— Você ainda pode ser professor, Yoko. Podemos fugir, começar uma nova vida.
Ele sorriu, mas havia tristeza em seus olhos.
— Fugir é fácil. Difícil é encontrar um lugar onde possamos ser livres.
"Gidalyeo julkkayo?" (기다려 줄까요?) Pensei comigo mesma. "Será que ele me esperaria?"
Capítulo 7: A Caçada RecomeçaAs vozes chegaram primeiro, distantes e quase indistinguíveis. No silêncio do armazém, no entanto, qualquer som parecia amplificado, reverberando nas paredes vazias e frias. Yoko estava em pé num instante, os olhos vasculhando o ambiente com a precisão de alguém que já sabia o que aconteceria. Ele parecia ter previsto o movimento, como se o tempo tivesse se estendido e ele já tivesse vivido aquele momento antes.— Eles nos encontraram — murmurou ele, com um tom de resignação, como se já tivesse aceitado o destino, mas ao mesmo tempo se preparando para a luta.— Como? — perguntei, minha voz saindo como um sussurro, já ciente do perigo iminente. A tensão no ar era palpável.— Não importa agora. Temos que sair daqui. — Ele me puxou pela mão, sua força transmitindo urgência, como se o tempo estivesse se esgotando rapidamente. Era como se a decisão de agir já estivesse tomada, sem espaço para mais perguntas ou hesitações. Quando começamos a correr, o som das v
Capítulo 8: Refúgio nas Sombras A cabana era menor do que eu imaginava, escondida entre as árvores densas de uma floresta que parecia engolir tudo à sua volta. Não havia trilhas visíveis ou sinais de que alguém já tivesse estado ali antes. Yoko puxou-me para dentro, fechando a porta de madeira com um baque surdo.— Estamos seguros por enquanto — disse ele, mas seu tom não era de alívio, apenas de cansaço.Olhei ao redor, tentando absorver o ambiente. Havia uma pequena mesa de madeira, duas cadeiras gastas e um colchão encostado na parede. A simplicidade do lugar contrastava com a turbulência que havíamos deixado para trás.— Você já esteve aqui antes? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.— Algumas vezes. Preparei este lugar caso precisasse desaparecer.— Parece que você já sabia que isso aconteceria.Ele não respondeu, apenas começou a inspecionar as janelas e reforçar as trancas. Algo em seu comportamento me dizia que ele estava sempre pronto para o pior.Depois de alguns minut
Capítulo 9: Fogo CruzadoO barulho da porta sendo arrombada ecoou como um trovão dentro da cabana. Antes que eu pudesse reagir, Yoko puxou-me para trás de uma mesa de madeira improvisada como cobertura. Três homens entraram, armados e com expressões que misturavam raiva e determinação.— Yoko Hon! Sabemos que está aqui! — gritou um deles, a voz firme e carregada de ódio.— Parece que alguém está com saudades — murmurou Yoko, com um sorriso ácido, enquanto segurava a arma com firmeza.Eu estava paralisada, mas Yoko parecia completamente calmo, como se tivesse ensaiado esse momento milhares de vezes. Ele virou-se para mim e sussurrou:— Hainary, fique abaixada e não saia daqui, entendeu?Eu queria protestar, mas a urgência em seus olhos me silenciou. Ele se levantou de repente, disparando dois tiros rápidos que fizeram os homens recuarem.— Isso é tudo o que vocês têm? — gritou ele, provocando-os.Os homens começaram a disparar, os tiros ricocheteando nas paredes e atravessando os móvei
Capítulo 10: O Recomeço nas Montanhas O céu começava a clarear quando alcançamos um pequeno vilarejo escondido nas montanhas. O lugar parecia intocado pelo tempo, com casas simples de madeira e um rio que cortava o vale como uma faixa prateada. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo som da água corrente e os pássaros cantando ao longe.Yoko parou na entrada do vilarejo e olhou ao redor.— É aqui — disse ele, sua voz carregada de alívio.Eu observei, confusa.— Você conhece este lugar?— Meu avô viveu aqui por muitos anos. É um refúgio. Poucas pessoas sabem que este vilarejo existe.Ele começou a caminhar em direção a uma das casas, que parecia mais antiga e isolada. Eu o segui, sentindo uma estranha mistura de alívio e inquietação.A casa era pequena, mas acolhedora. Havia uma mesa de madeira com marcas do tempo, uma estante cheia de livros antigos e uma lareira que parecia ter sido usada recentemente.— Quem mora aqui agora? — perguntei.— Ninguém. Meu avô faleceu há muitos anos
Capítulo 11: O Plano Final A tensão estava no ar enquanto finalizávamos os detalhes do plano. Cada movimento precisava ser calculado, cada ação executada com precisão. Hainary e eu estávamos prestes a apostar tudo — nossas vidas, nossa liberdade e nosso amor.Na pequena mesa de madeira da cabana, espalhávamos mapas, um celular antigo e itens que dariam credibilidade à cena que estávamos criando.— O porto de Biryang (비량) será o cenário perfeito — disse Yoko, apontando no mapa. — É afastado, mas suficientemente conhecido para que as notícias se espalhem rápido.Olhei para o ponto marcado no mapa. O porto era uma área de carga frequentemente usada pelas máfias para transações ilegais. Tudo fazia sentido.— E como vamos fazer com os corpos? — perguntei, ainda tentando entender os detalhes mais sombrios do plano.— Não haverá corpos — disse Yoko, com um tom frio. — Apenas vestígios suficientes para convencer que não sobrevivemos."Keojitmal aniya" (거짓말 아니야). Não é mentira, pensei, tentan
Capítulo 12: O Peso da Liberdade O amanhecer trouxe uma sensação agridoce. A luz suave filtrava-se pelas cortinas da cabana, enquanto o som do rio correndo ao longe preenchia o silêncio. Yoko dormia ao meu lado, seu rosto tranquilo pela primeira vez em semanas. Observá-lo assim me trouxe uma paz momentânea, mas logo o peso das nossas decisões voltou a me assombrar.Levantei-me com cuidado para não acordá-lo e caminhei até a janela. O vilarejo, ainda envolto na névoa da manhã, parecia um lugar onde nada de mal poderia acontecer. Mas eu sabia que essa tranquilidade era apenas uma ilusão."Yeongwonhi gal su eopda" (영원히 갈 수 없다). Não podemos fugir para sempre, pensei.Yoko acordou pouco depois, encontrando-me sentada na mesa com uma xícara de chá nas mãos. Ele se aproximou e, sem dizer nada, colocou uma mão em meu ombro.— Está tudo bem? — perguntou, com um tom de preocupação que raramente usava.— Estou pensando no que deixamos para trás. Nossas famílias, nossas vidas... É difícil não se
Capítulo 13: Sombras do Passado Os dias no vilarejo continuavam calmos, mas o peso do passado se fazia sentir cada vez mais. Yoko e eu tentávamos levar uma vida normal, mas era impossível esquecer que tudo que tínhamos estava apoiado em uma mentira.Soo Min começou a frequentar mais o vilarejo, sempre com perguntas que pareciam inofensivas, mas que, para nós, soavam como sondagens. Ela era amigável, mas havia algo no olhar dela que me deixava inquieta."Geu-neun nappeun yeogiga isseo" (그녀는 나쁜 여기가 있어). Há algo suspeito nela, pensei, enquanto a observava de longe.Um pedido inesperadoEm uma tarde ensolarada, enquanto Yoko e eu trabalhávamos no pequeno jardim que tínhamos cultivado, Soo Min apareceu novamente, desta vez carregando uma cesta com frutas.— Trouxe algo para vocês — disse ela, com um sorriso largo.— Obrigado — respondeu Yoko, pegando a cesta e tentando parecer cordial.Soo Min hesitou por um momento antes de continuar.— Sabe, vocês me lembram alguém que conheci na cidade
Capítulo 14: Um Passado Que Nunca MorreOs dias que se seguiram ao jantar na casa de Soo Min foram tensos. Yoko e eu continuávamos nossas rotinas no vilarejo, mas a sensação de que estávamos sendo observados nunca desaparecia. Cada som no meio da noite parecia mais alto, cada rosto desconhecido parecia suspeito.— Precisamos decidir o que fazer — disse Yoko uma manhã, enquanto olhava para o horizonte com um semblante preocupado. — Não podemos viver assim para sempre, Hainary.Eu sabia que ele estava certo. Mas para onde iríamos? O vilarejo era o único lugar onde tínhamos encontrado paz, por menor que fosse.Uma mensagem enigmáticaNaquela tarde, enquanto eu cuidava do jardim, encontrei um pequeno envelope escondido entre as flores. Olhei ao redor, mas não havia ninguém por perto. Com as mãos trêmulas, abri o envelope.Dentro, havia uma única folha de papel com a frase:"Jigeum neol boneun jung" (지금 널 보는 중)" – Estou observando você."Meu coração disparou. Corri para dentro da cabana, o