Capítulo 14: Um Passado Que Nunca MorreOs dias que se seguiram ao jantar na casa de Soo Min foram tensos. Yoko e eu continuávamos nossas rotinas no vilarejo, mas a sensação de que estávamos sendo observados nunca desaparecia. Cada som no meio da noite parecia mais alto, cada rosto desconhecido parecia suspeito.— Precisamos decidir o que fazer — disse Yoko uma manhã, enquanto olhava para o horizonte com um semblante preocupado. — Não podemos viver assim para sempre, Hainary.Eu sabia que ele estava certo. Mas para onde iríamos? O vilarejo era o único lugar onde tínhamos encontrado paz, por menor que fosse.Uma mensagem enigmáticaNaquela tarde, enquanto eu cuidava do jardim, encontrei um pequeno envelope escondido entre as flores. Olhei ao redor, mas não havia ninguém por perto. Com as mãos trêmulas, abri o envelope.Dentro, havia uma única folha de papel com a frase:"Jigeum neol boneun jung" (지금 널 보는 중)" – Estou observando você."Meu coração disparou. Corri para dentro da cabana, o
Capítulo 15: O Jogo de Enganos O plano de Soo Min era ousado, quase suicida. Ela nos explicou em detalhes como forjaríamos nossa morte e convenceríamos tanto a máfia Yakanazay quanto os rivais da família Hikaru de que estávamos mortos. Seria necessário manipular não apenas provas físicas, mas também a percepção das pessoas ao nosso redor.— Isso precisa parecer real — disse Soo Min, espalhando mapas e documentos sobre a mesa da cabana. — Um corpo queimado, um local de explosão, algo que não deixe dúvidas.Yoko cruzou os braços, claramente desconfortável com a ideia.— E quem será o corpo?Soo Min hesitou.— Tenho contatos no hospital. Um cadáver sem identificação será usado.Meu estômago revirou com a frieza da sugestão, mas eu sabia que não havia outra escolha.A preparaçãoOs dias seguintes foram dedicados aos preparativos. Soo Min trabalhava incansavelmente, usando suas conexões para conseguir o que precisávamos: documentos falsos, materiais explosivos e até mesmo uma lista de hor
Capítulo 16: Sob um Céu de Liberdade Os primeiros dias na cabana foram cheios de silêncio e adaptação. A vida nas montanhas era tranquila, mas o peso dos meses anteriores ainda pairava sobre nós. Yoko passava boa parte do tempo explorando os arredores, certificando-se de que estávamos realmente sozinhos e em segurança.Eu, por outro lado, tentava transformar a cabana em um lar. Cozinhar, arrumar os cômodos e cultivar um pequeno jardim eram formas de encontrar algum normalidade em meio à nova realidade.— Está ficando bonito aqui — disse Yoko uma tarde, enquanto me observava regar as plantas.— Bonito, mas simples — respondi com um sorriso. — Mas talvez seja disso que precisamos.Um presente inesperadoPoucos dias depois de nos estabelecermos, recebi um pacote deixado anonimamente na entrada da cabana. Quando o abri, encontrei uma gata branca com olhos brilhantes e um bilhete amarrado ao pescoço dela.O bilhete dizia:"Naneun gyeong-go hago itda" (나는 경고하고 있다) – Estou avisando."Meu co
Capítulo 17: Um Novo Destino O porto de Gwangsu era diferente de tudo que já havíamos visto. Pequeno, mas movimentado, com barcos pesqueiros e cargueiros entrando e saindo a todo momento. O cheiro de sal e peixe no ar se misturava com o som das ondas batendo contra as docas. A sensação era agridoce: estávamos mais perto da liberdade, mas cada passo parecia um risco maior.— Este é o barco — disse Soo Min, apontando para uma embarcação discreta ancorada ao lado de um grande cargueiro.O capitão nos aguardava, um homem robusto com barba grisalha e olhos desconfiados. Ele acenou levemente quando nos aproximamos, mas não disse uma palavra.— Ele não faz perguntas — explicou Soo Min. — E vocês também não devem. Apenas sigam as instruções dele.A despedida de Soo MinEra difícil acreditar que aquele seria o último momento com Soo Min, nossa aliada fiel durante toda essa jornada. Quando chegou a hora de nos despedirmos, ela nos abraçou brevemente, mas com força.— Lembrem-se, vocês têm uma
Capítulo 18: Ecos do PassadoA vida na ilha era silenciosa e serena, mas a tranquilidade era frequentemente interrompida por lembranças do que havíamos deixado para trás. Cada som do mar, cada brisa que passava pela floresta, trazia ecos do passado. Yoko parecia tranquilo na maior parte do tempo, mas eu sabia que, por trás daquele olhar sereno, ainda carregava o peso de suas decisões.Construindo um lar mais estável— Precisamos melhorar o abrigo — disse Yoko, enquanto analisava a estrutura improvisada. — Se quisermos viver aqui por muito tempo, teremos que fazer algo mais resistente.Passamos semanas trabalhando juntos. Cortamos bambu da floresta e usamos folhas grandes como cobertura. As mãos de Yoko eram habilidosas, transformando materiais simples em algo que se assemelhava a uma cabana confortável.Enquanto trabalhávamos, ele soltava comentários divertidos para aliviar o peso da tarefa.— Hainary-ssi, você acha que podemos colocar um ar-condicionado aqui? — brincou, enquanto ajus
Capítulo 19: A Tempestade O som do mar costumava ser reconfortante, mas naquela noite era diferente. Uma tempestade se formava no horizonte, trazendo consigo um prenúncio de algo maior. O vento soprava forte, arrancando folhas das árvores e agitando as ondas.— Vai ser uma longa noite — murmurei, olhando para o céu escuro.Yoko estava perto da entrada de nossa cabana, reforçando a estrutura com cordas improvisadas. Ele sempre se certificava de que tudo estivesse seguro, como se essa tarefa pudesse protegê-lo de todos os perigos, internos e externos.— Hainary-ssi, prepare as lanternas e o que sobrou da comida. Não sabemos quanto tempo isso vai durar.A tempestade era mais do que um evento natural. Parecia uma metáfora para os conflitos que ainda carregávamos dentro de nós — a luta constante para deixar o passado para trás e encontrar a paz que tanto desejávamos.Uma conversa à luz de velasQuando a chuva começou a cair, nos abrigamos na cabana. A única luz vinha de uma pequena vela q
Capítulo 20: O Passado Bate à Porta Os dias seguintes foram marcados por um silêncio inquietante. O céu permanecia cinza, o mar ainda agitado, como se o mundo ao nosso redor refletisse a tensão crescente. Yoko e eu continuávamos nossas rotinas, mas a descoberta do diário e da caixa deixara uma sombra em nossos pensamentos.— Você está mais quieta do que o normal — disse Yoko certa tarde, enquanto consertava uma rede de pesca.— Estou pensando no que faremos se eles nos encontrarem — respondi, olhando para o horizonte. — E se o que aconteceu com Jiyeon também acontecer conosco?Ele suspirou, largando a rede e vindo até mim.— Nós sobrevivemos ao impossível antes, Hainary. Sobreviveremos novamente, se necessário.Seu tom era firme, mas seus olhos revelavam uma preocupação que ele tentava esconder.Uma carta inesperadaNa manhã seguinte, enquanto colhíamos frutas próximas à praia, algo chamou nossa atenção: uma garrafa de vidro, flutuando perto da margem. Dentro dela, havia um pedaço de
Capítulo 21: O Reencontro A mensagem presa à coleira da pequena gata ecoava em minha mente, trazendo uma mistura de alívio e ansiedade. Depois de dias de luto, a esperança renascia, mas não sem o temor do perigo que ainda nos rondava.Peguei a gata em meus braços, acariciando sua pelagem macia enquanto ela ronronava.— Yoko… — sussurrei, deixando lágrimas de alívio escorrerem. — Eu sabia que você sobreviveria.Ainda assim, havia um detalhe que me incomodava: "nosso lugar secreto". Por um momento, minha mente viajou para os dias que passamos juntos, procurando pistas do que ele poderia estar se referindo. Então, a lembrança veio como um relâmpago: a pequena cabana escondida na montanha, onde uma vez nos refugiamos enquanto planejávamos nossa fuga.Uma jornada cheia de tensãoNão perdi tempo. Peguei uma mochila, colocando nela alguns suprimentos essenciais e uma troca de roupas. Antes de partir, garanti que ninguém estava me seguindo. O silêncio da noite era meu aliado enquanto eu me a