Introdução - Nosso Último Suspiro Yokohama Noir, uma cidade que nunca vê a luz do dia de verdade. O sol é uma lenda, e a noite parece eterna. A cada esquina, a escuridão se infiltra nas veias da cidade, como um veneno que ninguém ousa desafiar. Sob o brilho impessoal das luzes de neon, existe um mundo oculto, onde o poder não é uma questão de riquezas materiais, mas sim de quem controla as sombras. E nas sombras, os segredos são enterrados, alianças seladas com sangue, e promessas quebradas em silêncio. Para muitos, Yokohama é o cenário de oportunidades e desejos não realizados, uma terra onde é possível, em algum momento, enganar o destino. Mas para mim, essa cidade sempre foi mais do que isso. Foi uma prisão disfarçada de liberdade.Eu sou Hainary Hikaru, filha de Hikaru Arata, o líder imbatível de uma das famílias mafiosas mais temidas e respeitadas de toda a Yakanazay. Cresci entre paredes douradas, cercada por riqueza, mas também por uma aura de constante vigilância. Cada passo
Capítulo 1: Yokohama Noir Yokohama Noir era uma cidade de contrastes. Durante o dia, suas ruas eram tomadas por comerciantes apressados e turistas curiosos, enquanto à noite, o neon iluminava becos escuros onde segredos prosperavam. Ali, o dinheiro podia comprar quase tudo, mas a liberdade era um luxo reservado aos que não estavam presos às engrenagens invisíveis da cidade.Para mim, liberdade era um sonho distante. Eu era Hainary Hikaru, filha de Hikaru Arata, o líder da Yakanazay, a máfia mais poderosa de Yokohama Noir. Viver sob o comando do meu pai significava que minha vida estava traçada desde o momento em que nasci. Meu destino não era meu.Naquela manhã, o sol ainda despontava por trás das montanhas quando meu pai me chamou ao escritório. A sala era escura, com estantes repletas de livros que ele nunca lia e um ar de autoridade que sufocava qualquer um que entrasse.— Hainary, hoje você vai supervisionar uma negociação no Mercado das Flores — disse ele, sem sequer levantar os
Capítulo 2: Encontro no Mercado O Mercado das Flores estava diferente naquela manhã. Talvez fosse a chuva fina que caía, cobrindo as pétalas com pequenas gotas, ou talvez fosse o peso da memória que Yoko Hon havia deixado em mim. Eu nunca esqueci sua expressão, a maneira como falou dos lírios como se entendesse o conflito dentro de mim.De volta àquele mesmo lugar, sentia que algo estava prestes a acontecer. Kenta, como sempre, caminhava à minha frente, olhos atentos a qualquer sinal de perigo. Mas eu não pensava nos negócios da família ou nas ordens do meu pai. Minha mente estava focada em uma única pessoa.Enquanto supervisionava outra negociação banal, meu olhar vagava pelo mercado. E então, lá estava ele. Yoko Hon, parado ao lado de uma barraca de orquídeas, parecia tão tranquilo quanto no nosso primeiro encontro. Dessa vez, nossos olhares se encontraram por mais tempo, e ele não desviou.Assim que a negociação terminou, eu me aproximei dele, movida por uma força que não entendia
Capítulo 3: O Segredo de Yoko Hon O restaurante Sakura já havia fechado há horas, mas eu ainda estava ali, parada na calçada, tentando processar tudo o que Yoko Hon tinha dito. Seu convite para “um mundo além das correntes” ecoava na minha mente, tão sedutor quanto perigoso."Jeongmal jansimhae" (정말 잔심해), pensei comigo mesma. “Ele é tão misterioso.” Era uma expressão que aprendi com minha mãe, usada para descrever pessoas cujos segredos pareciam infinitos.Nos dias seguintes, minha rotina permaneceu a mesma: negociações, reuniões e as ordens intermináveis do meu pai. Mas minha mente estava longe, sempre retornando a Yoko Hon. Quem era ele de verdade? O que o fazia se aproximar de alguém como eu, sabendo dos riscos?Decidi que precisava de respostas.Naquela noite, Yoko havia marcado outro encontro, dessa vez em um dos pontos mais movimentados da cidade: o Jardim das Lanternas, um local famoso por suas luzes flutuantes e suas vistas para o mar. Assim que cheguei, vi-o à distância, enc
Capítulo 4: O Peso de Escolhas Proibidas Nos dias que se seguiram, a revelação de Yoko Hon não saía da minha mente. Cada palavra sua, cada gesto, pareciam deixar um rastro indelével na minha alma. Mas junto com a fascinação vinha o medo. Ele estava me puxando para um abismo, e eu sabia que pular seria uma escolha sem volta.Enquanto supervisionava mais uma transação para meu pai no Mercado das Flores, notei que Kenta estava mais vigilante do que o normal. Seu olhar ia de um lado para o outro, como se algo o preocupasse profundamente.— Algum problema, Kenta? — perguntei, tentando parecer desinteressada.— Ouvi rumores — ele respondeu, cruzando os braços. — Um desertor da máfia Yakanazay está se movimentando pela cidade. E ele parece estar interessado em você.Meu coração disparou, mas mantive a expressão neutra. "Naega jalhal su isseulkka?" (내가 잘할 수 있을까?) Pensei comigo mesma. “Será que consigo esconder isso dele?”— Não sei do que você está falando — respondi friamente.Kenta me lanç
Capítulo 5: Escolhas que Queimam A tensão no ar era quase palpável quando Yoko e eu saímos do templo. Cada passo parecia ecoar mais alto do que o anterior, como se o destino estivesse nos empurrando para algo que nem podíamos imaginar.Ele me levou para um beco escondido, longe dos olhares curiosos e das ruas movimentadas. Ali, no silêncio da noite, ele segurou meu rosto com as duas mãos, olhando-me com uma intensidade que parecia cortar a alma.— Hainary, você precisa entender uma coisa — disse ele, sua voz baixa e carregada de emoção. — Escolher ficar ao meu lado significa abandonar tudo o que conhece. Sua família nunca aceitará isso, e a máfia não vai parar até nos destruir.Eu sabia que ele estava certo, mas também sabia que o que sentia por ele era algo que nunca havia experimentado antes. Algo que queimava dentro de mim, como uma chama impossível de apagar.— E você acha que eu posso simplesmente voltar para casa e fingir que você não existe? — retruquei, minha voz mais firme d
Capítulo 6: Correndo Contra o Destino O som do tiro ecoou pela rua estreita enquanto eu corria, o coração batendo tão rápido que mal conseguia respirar. Não sabia o que havia acontecido com Yoko, mas o instinto me dizia para continuar. Para escapar antes que os homens da Yakanazay me encontrassem.Ao virar a esquina, tropecei e quase caí, mas me forcei a continuar. Cada passo parecia uma eternidade, e minha mente estava uma confusão de medos e suposições. "Geuneun jalhaess-eulkka?" (그는 잘했을까?). "Será que ele conseguiu escapar?"Finalmente, alcancei um pequeno parque onde crianças brincavam durante o dia, mas que agora estava deserto. Escondi-me atrás de uma árvore, tentando recuperar o fôlego. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e minha mente voltou para Yoko. Ele me mandou fugir para me proteger, mas a culpa de deixá-lo para trás era insuportável.De repente, meu telefone vibrou no bolso. Com mãos trêmulas, puxei-o e vi uma mensagem de um número desconhecido:— "Estou bem. Fique on
Capítulo 7: A Caçada RecomeçaAs vozes chegaram primeiro, distantes e quase indistinguíveis. No silêncio do armazém, no entanto, qualquer som parecia amplificado, reverberando nas paredes vazias e frias. Yoko estava em pé num instante, os olhos vasculhando o ambiente com a precisão de alguém que já sabia o que aconteceria. Ele parecia ter previsto o movimento, como se o tempo tivesse se estendido e ele já tivesse vivido aquele momento antes.— Eles nos encontraram — murmurou ele, com um tom de resignação, como se já tivesse aceitado o destino, mas ao mesmo tempo se preparando para a luta.— Como? — perguntei, minha voz saindo como um sussurro, já ciente do perigo iminente. A tensão no ar era palpável.— Não importa agora. Temos que sair daqui. — Ele me puxou pela mão, sua força transmitindo urgência, como se o tempo estivesse se esgotando rapidamente. Era como se a decisão de agir já estivesse tomada, sem espaço para mais perguntas ou hesitações. Quando começamos a correr, o som das v