Capítulo 3

Capítulo 3: O Segredo de Yoko Hon 

O restaurante Sakura já havia fechado há horas, mas eu ainda estava ali, parada na calçada, tentando processar tudo o que Yoko Hon tinha dito. Seu convite para “um mundo além das correntes” ecoava na minha mente, tão sedutor quanto perigoso.

"Jeongmal jansimhae" (정말 잔심해), pensei comigo mesma. “Ele é tão misterioso.” Era uma expressão que aprendi com minha mãe, usada para descrever pessoas cujos segredos pareciam infinitos.

Nos dias seguintes, minha rotina permaneceu a mesma: negociações, reuniões e as ordens intermináveis do meu pai. Mas minha mente estava longe, sempre retornando a Yoko Hon. Quem era ele de verdade? O que o fazia se aproximar de alguém como eu, sabendo dos riscos?

Decidi que precisava de respostas.

Naquela noite, Yoko havia marcado outro encontro, dessa vez em um dos pontos mais movimentados da cidade: o Jardim das Lanternas, um local famoso por suas luzes flutuantes e suas vistas para o mar. Assim que cheguei, vi-o à distância, encostado em uma das grades que cercavam o píer. A lua iluminava seu rosto, e por um momento, perdi o fôlego.

— 늑대 같아... (Neukdae gata...) — murmurei, sem perceber que falava em voz alta.

Ele virou-se para mim com um sorriso curioso.

— O que você disse?

— Nada! — respondi rapidamente, sentindo o rosto esquentar.

A expressão coreana significava “Ele parece um lobo”, algo que usamos para descrever homens com um charme perigoso e irresistível. Claro, eu nunca admitiria isso em voz alta.

— Achei que estivesse me elogiando — disse ele, claramente se divertindo.

— Por que está aqui? — perguntei, tentando ignorar o nervosismo que sua presença provocava.

Yoko ficou sério de repente, seus olhos ganhando aquele olhar intenso que me deixava desconfortável e fascinada ao mesmo tempo.

— Quero te mostrar algo.

Ele estendeu a mão, e por um instante, hesitei. Sabia que aceitá-la era mais do que um simples gesto; era como atravessar uma fronteira invisível. Mas então, sem pensar, entrelacei meus dedos nos dele.

Caminhamos em silêncio até uma pequena cabana à beira-mar. Lá dentro, o ar era preenchido com o cheiro de madeira velha e sal do mar. Yoko acendeu uma lanterna, revelando mapas, papéis e uma parede cheia de fotos e anotações.

— O que é isso? — perguntei, tentando entender o que via.

— Minha vida antes de você — ele respondeu, cruzando os braços.

Ele começou a explicar. Yoko não era apenas um jovem comum; era filho de um dos líderes da máfia local, mas havia se rebelado contra seu próprio legado. Ele vinha lutando para desmantelar a organização de dentro, mas sua missão o colocou em perigo constante.

— E agora, você está envolvida nisso, Hainary. Minha proximidade com você colocou um alvo em nós dois.

A revelação me atingiu como um soco no estômago. Eu sabia que me envolver com ele era arriscado, mas não fazia ideia da profundidade desse risco.

— E ainda assim, você continua me procurando — respondi, minha voz carregada de emoção.

Ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre nós.

— Porque você é diferente, Hainary. Eu vejo isso nos seus olhos. Você não pertence a esse mundo tanto quanto eu.

Por um momento, o silêncio nos envolveu, tão pesado quanto a tensão entre nós. "심장이 뛰고 있어" (Simjangi ttwigo isseo), pensei. “Meu coração está batendo forte.”

Eu não sabia se era por medo ou algo mais, mas sentia que minha vida nunca mais seria a mesma.

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