Capítulo 8

Capítulo 8: Refúgio nas Sombras 

A cabana era menor do que eu imaginava, escondida entre as árvores densas de uma floresta que parecia engolir tudo à sua volta. Não havia trilhas visíveis ou sinais de que alguém já tivesse estado ali antes. Yoko puxou-me para dentro, fechando a porta de madeira com um baque surdo.

— Estamos seguros por enquanto — disse ele, mas seu tom não era de alívio, apenas de cansaço.

Olhei ao redor, tentando absorver o ambiente. Havia uma pequena mesa de madeira, duas cadeiras gastas e um colchão encostado na parede. A simplicidade do lugar contrastava com a turbulência que havíamos deixado para trás.

— Você já esteve aqui antes? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.

— Algumas vezes. Preparei este lugar caso precisasse desaparecer.

— Parece que você já sabia que isso aconteceria.

Ele não respondeu, apenas começou a inspecionar as janelas e reforçar as trancas. Algo em seu comportamento me dizia que ele estava sempre pronto para o pior.

Depois de alguns minutos de silêncio, sentei-me em uma das cadeiras, a exaustão finalmente tomando conta de mim. Minha mente girava com perguntas, mas uma delas se destacava acima de todas.

— Yoko, até quando vamos viver assim? Fugindo, escondidos, com medo?

Ele parou o que estava fazendo e olhou para mim, seus olhos carregados de uma dor que parecia antiga.

— Até que eles nos esqueçam. Ou até que nós os façamos esquecer.

A resposta era vaga, mas eu sabia que não havia outra opção.

A noite caiu rapidamente, trazendo consigo o som distante de grilos e folhas balançando ao vento. Yoko sentou-se na outra cadeira, um prato com um pouco de comida que ele encontrou na cabana. Era simples, mas suficiente para nos mantermos de pé.

Enquanto comíamos, ele quebrou o silêncio:

— Hainary, há algo que você precisa saber.

Eu parei, meus olhos encontrando os dele.

— O quê?

— A Yakanazay não vai parar até que tenham certeza de que estamos mortos. E minha família… — Ele hesitou, como se as palavras fossem difíceis de formar. — Eles podem tentar usá-la contra mim.

— Sua família? Pensei que você fosse sozinho nessa guerra.

— Não é tão simples assim. Meu pai é um dos líderes da máfia de Seungnam. Ele me criou para seguir os passos dele, mas eu escolhi outro caminho. Isso fez de mim um alvo.

Seungnam era uma cidade fictícia, mas conhecida em nossa história como o berço de muitas organizações criminosas. Ouvir isso sobre Yoko adicionava uma camada de complexidade à sua vida que eu nunca havia imaginado.

— Então você está lutando contra sua própria família?

Ele assentiu lentamente.

— E agora, você também está.

A tensão no ar parecia tangível. Não era só a máfia que estávamos enfrentando, mas também as histórias que carregávamos. Yoko olhou para mim com uma expressão que misturava arrependimento e determinação.

— Eu nunca quis que você fosse arrastada para isso.

— Eu escolhi estar aqui, Yoko. Não porque sou corajosa, mas porque te amo. E não vou desistir de você.

Ele desviou o olhar, como se estivesse tentando esconder a emoção que minhas palavras haviam despertado.

"Saranghae" (사랑해) amo você, pensei, mas não consegui dizer em voz alta. Talvez fosse melhor assim, guardar esse sentimento para um momento em que estivéssemos longe do perigo.

Enquanto a noite avançava, decidimos descansar. Yoko insistiu que eu dormisse no colchão, enquanto ele ficaria de guarda. Mas o sono não veio fácil. Deitada, ouvia o som do vento lá fora e os passos leves de Yoko enquanto ele se movia pela cabana, verificando as trancas e janelas.

Finalmente, o cansaço venceu, e eu caí em um sono inquieto, cheio de sonhos desconexos.

Acordei com o som de passos apressados do lado de fora. Yoko estava ao meu lado num instante, com uma arma na mão.

— Fique quieta — sussurrou ele.

Meu coração disparou enquanto os passos ficavam mais próximos. Eles pararam bem na frente da cabana, e podíamos ouvir vozes abafadas.

— Tem certeza que eles estão aqui? — uma voz perguntou.

— Foi o que disseram. Eles não podem estar longe.

Meu corpo congelou. Eles nos encontraram.

Yoko olhou para mim, e por um breve momento, vi algo em seus olhos que parecia ser um pedido de desculpas.

— Se algo acontecer, corra. Não olhe para trás.

Antes que pudesse responder, a porta foi arrombada.

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