Capítulo 21: O Reencontro A mensagem presa à coleira da pequena gata ecoava em minha mente, trazendo uma mistura de alívio e ansiedade. Depois de dias de luto, a esperança renascia, mas não sem o temor do perigo que ainda nos rondava.Peguei a gata em meus braços, acariciando sua pelagem macia enquanto ela ronronava.— Yoko… — sussurrei, deixando lágrimas de alívio escorrerem. — Eu sabia que você sobreviveria.Ainda assim, havia um detalhe que me incomodava: "nosso lugar secreto". Por um momento, minha mente viajou para os dias que passamos juntos, procurando pistas do que ele poderia estar se referindo. Então, a lembrança veio como um relâmpago: a pequena cabana escondida na montanha, onde uma vez nos refugiamos enquanto planejávamos nossa fuga.Uma jornada cheia de tensãoNão perdi tempo. Peguei uma mochila, colocando nela alguns suprimentos essenciais e uma troca de roupas. Antes de partir, garanti que ninguém estava me seguindo. O silêncio da noite era meu aliado enquanto eu me a
Capítulo 22: O Legado do Amor ProibidoOs dias na vila passaram a ter um ritmo tranquilo e silencioso. Longe das sombras das máfias e das expectativas de nossas famílias, Yoko e eu começamos a nos adaptar a uma nova realidade. Cada dia era uma vitória, um lembrete de que havíamos vencido contra todas as probabilidades.Os fantasmas do passadoPor mais que estivéssemos livres, o passado ainda nos visitava em pesadelos ocasionais. Às vezes, Yoko acordava no meio da noite, suado e ofegante, murmurando nomes e revivendo o confronto no porto.— Está tudo bem agora — eu dizia, envolvendo-o em meus braços. — Estamos seguros.Ele me olhava com aqueles olhos que tanto amei, encontrando conforto em minhas palavras.— Eu só quero garantir que nunca nos encontrem — respondeu certa vez, sua voz pesada com a responsabilidade que carregava.Apesar do medo latente, escolhemos não viver em paranoia. A vila era isolada, e os moradores, simples e amigáveis. Adotamos novas identidades, criando uma narrat
Capítulo 23: O Reencontro com a Vida Os dias na vila eram serenos, mas, no fundo, tanto Yoko quanto eu sabíamos que o destino sempre encontra um jeito de nos testar. Apesar de termos construído uma vida tranquila, não podíamos ignorar as sombras que ainda pairavam sobre nós.Um visitante inesperadoEm uma tarde nublada, enquanto Yoko estava no campo cuidando do jardim, avistei um homem desconhecido se aproximando de nossa casa. Ele vestia roupas simples, mas seu olhar era afiado, como se pudesse ver além das aparências.— Você é... Hainary Hikaru? — perguntou ele, em um sussurro quase inaudível, mas cheio de peso.Meu corpo ficou tenso. Não ouvia meu nome verdadeiro há meses.— Quem está perguntando? — retruquei, tentando manter a calma.Ele ergueu as mãos em um gesto de rendição.— Sou apenas um mensageiro. Trouxe algo para vocês.Antes que eu pudesse reagir, ele me entregou uma pequena caixa de madeira e foi embora sem dizer mais nada. Olhei ao redor, esperando algum sinal de perig
Capítulo 24: O Adeus Eterno Os dias desde a chegada do bilhete haviam sido tensos, mas Yoko e eu continuávamos a lutar para manter a aparência de normalidade. No entanto, no fundo, sabíamos que estávamos vivendo um conto de fadas com tempo limitado.O ataque finalEra uma noite tranquila. A lua cheia iluminava o céu, e o som das ondas quebrando na costa trazia uma falsa sensação de paz. Yoko e eu estávamos sentados do lado de fora da casa, olhando o horizonte. Ele segurava minha mão, e, por um breve momento, parecia que nada poderia nos atingir.Mas a paz foi interrompida abruptamente. O som de motores cortando a noite ecoou pela praia. Eu levantei a cabeça e vi a silhueta de dois barcos se aproximando rapidamente da costa.— Yoko… — sussurrei, meu coração batendo mais rápido.Ele também sentiu. Seus olhos, que antes estavam cheios de esperança, agora estavam sombrios, cientes do que estava por vir.— Fique dentro de casa. Não saia até que eu diga. — Ele falou, a voz dura e cheia de
Introdução - Nosso Último Suspiro Yokohama Noir, uma cidade que nunca vê a luz do dia de verdade. O sol é uma lenda, e a noite parece eterna. A cada esquina, a escuridão se infiltra nas veias da cidade, como um veneno que ninguém ousa desafiar. Sob o brilho impessoal das luzes de neon, existe um mundo oculto, onde o poder não é uma questão de riquezas materiais, mas sim de quem controla as sombras. E nas sombras, os segredos são enterrados, alianças seladas com sangue, e promessas quebradas em silêncio. Para muitos, Yokohama é o cenário de oportunidades e desejos não realizados, uma terra onde é possível, em algum momento, enganar o destino. Mas para mim, essa cidade sempre foi mais do que isso. Foi uma prisão disfarçada de liberdade.Eu sou Hainary Hikaru, filha de Hikaru Arata, o líder imbatível de uma das famílias mafiosas mais temidas e respeitadas de toda a Yakanazay. Cresci entre paredes douradas, cercada por riqueza, mas também por uma aura de constante vigilância. Cada passo
Capítulo 1: Yokohama Noir Yokohama Noir era uma cidade de contrastes. Durante o dia, suas ruas eram tomadas por comerciantes apressados e turistas curiosos, enquanto à noite, o neon iluminava becos escuros onde segredos prosperavam. Ali, o dinheiro podia comprar quase tudo, mas a liberdade era um luxo reservado aos que não estavam presos às engrenagens invisíveis da cidade.Para mim, liberdade era um sonho distante. Eu era Hainary Hikaru, filha de Hikaru Arata, o líder da Yakanazay, a máfia mais poderosa de Yokohama Noir. Viver sob o comando do meu pai significava que minha vida estava traçada desde o momento em que nasci. Meu destino não era meu.Naquela manhã, o sol ainda despontava por trás das montanhas quando meu pai me chamou ao escritório. A sala era escura, com estantes repletas de livros que ele nunca lia e um ar de autoridade que sufocava qualquer um que entrasse.— Hainary, hoje você vai supervisionar uma negociação no Mercado das Flores — disse ele, sem sequer levantar os
Capítulo 2: Encontro no Mercado O Mercado das Flores estava diferente naquela manhã. Talvez fosse a chuva fina que caía, cobrindo as pétalas com pequenas gotas, ou talvez fosse o peso da memória que Yoko Hon havia deixado em mim. Eu nunca esqueci sua expressão, a maneira como falou dos lírios como se entendesse o conflito dentro de mim.De volta àquele mesmo lugar, sentia que algo estava prestes a acontecer. Kenta, como sempre, caminhava à minha frente, olhos atentos a qualquer sinal de perigo. Mas eu não pensava nos negócios da família ou nas ordens do meu pai. Minha mente estava focada em uma única pessoa.Enquanto supervisionava outra negociação banal, meu olhar vagava pelo mercado. E então, lá estava ele. Yoko Hon, parado ao lado de uma barraca de orquídeas, parecia tão tranquilo quanto no nosso primeiro encontro. Dessa vez, nossos olhares se encontraram por mais tempo, e ele não desviou.Assim que a negociação terminou, eu me aproximei dele, movida por uma força que não entendia
Capítulo 3: O Segredo de Yoko Hon O restaurante Sakura já havia fechado há horas, mas eu ainda estava ali, parada na calçada, tentando processar tudo o que Yoko Hon tinha dito. Seu convite para “um mundo além das correntes” ecoava na minha mente, tão sedutor quanto perigoso."Jeongmal jansimhae" (정말 잔심해), pensei comigo mesma. “Ele é tão misterioso.” Era uma expressão que aprendi com minha mãe, usada para descrever pessoas cujos segredos pareciam infinitos.Nos dias seguintes, minha rotina permaneceu a mesma: negociações, reuniões e as ordens intermináveis do meu pai. Mas minha mente estava longe, sempre retornando a Yoko Hon. Quem era ele de verdade? O que o fazia se aproximar de alguém como eu, sabendo dos riscos?Decidi que precisava de respostas.Naquela noite, Yoko havia marcado outro encontro, dessa vez em um dos pontos mais movimentados da cidade: o Jardim das Lanternas, um local famoso por suas luzes flutuantes e suas vistas para o mar. Assim que cheguei, vi-o à distância, enc