Capítulo 7

Capítulo 7: A Caçada Recomeça

As vozes chegaram primeiro, distantes e quase indistinguíveis. No silêncio do armazém, no entanto, qualquer som parecia amplificado, reverberando nas paredes vazias e frias. Yoko estava em pé num instante, os olhos vasculhando o ambiente com a precisão de alguém que já sabia o que aconteceria. Ele parecia ter previsto o movimento, como se o tempo tivesse se estendido e ele já tivesse vivido aquele momento antes.

— Eles nos encontraram — murmurou ele, com um tom de resignação, como se já tivesse aceitado o destino, mas ao mesmo tempo se preparando para a luta.

— Como? — perguntei, minha voz saindo como um sussurro, já ciente do perigo iminente. A tensão no ar era palpável.

— Não importa agora. Temos que sair daqui. — Ele me puxou pela mão, sua força transmitindo urgência, como se o tempo estivesse se esgotando rapidamente. Era como se a decisão de agir já estivesse tomada, sem espaço para mais perguntas ou hesitações. Quando começamos a correr, o som das vozes se tornava mais claro, mais ameaçador. Eram homens, muitos deles, e não estavam preocupados em ser discretos. Pelo contrário, a confusão e o alarde indicavam que sabiam exatamente onde estavam.

— Vasculhem tudo! Eles devem estar aqui! — A voz de um dos homens soou ríspida, cheia de raiva e frustração. Podia ouvir o som dos passos pesados, o metal das armas sendo arrastado pelo chão.

Yoko me guiou por um corredor estreito e escuro, os passos pesados dos perseguidores ainda mais próximos. À medida que nos aproximávamos de uma saída lateral, a sensação de perigo aumentava. O ar gelado da noite parecia abraçar-nos, mas a escuridão ainda nos oferecia alguma proteção, embora não por muito tempo. Ele puxou-me para um beco entre dois prédios abandonados, um local que parecia ter sido escolhido com precisão, e parou de repente. Seus olhos encontraram os meus, e, por um momento, a intensidade em seu olhar me gelou até os ossos.

— Hainary, escute-me. Se nos separarmos, vá para o endereço que te dei ontem. Memorize-o. — Sua voz era firme, mas carregada de um desespero que eu não conseguia ignorar. Ele sabia que o futuro estava em nossas mãos, mas que o tempo para agir estava se esgotando.

— Não vou te deixar, Yoko! — retruquei imediatamente, a ideia de nos separarmos era insuportável. Desde o início dessa caçada, fomos uma equipe, e a ideia de seguir sem ele não fazia sentido.

— Não temos escolha! — disse ele, a expressão no rosto misturando desespero e uma determinação implacável. Ele segurou meus ombros com firmeza, como se tentasse me enraizar no lugar. — Eles estão atrás de mim, não de você. Se nos separarmos, você tem uma chance.

Antes que eu pudesse protestar mais, o som de passos correndo ecoou pelo beco, fazendo meu coração disparar. Yoko me empurrou para trás de uma pilha de caixas, o movimento rápido e calculado. Ele me olhou uma última vez, a expressão firme, antes de se virar para enfrentar os homens que se aproximavam.

— Ei! Estou aqui! — gritou ele, sua voz ecoando no beco estreito, chamando a atenção dos perseguidores para si.

Os homens correram em sua direção, seus passos pesados e ameaçadores, suas armas brilhando à luz fraca de um poste distante. Yoko não hesitou. Ele entrou em ação com uma destreza impressionante, mas estava em menor número. Cada golpe que ele dava parecia retardar o inevitável, mas eu sabia que a luta seria curta. Ele estava em desvantagem, e eu não podia ficar ali, apenas observando.

O medo, inicialmente sufocante, se transformou em uma raiva cega, queimando no fundo do meu estômago. "Jeoldae nochi anha!" (절대 놓지 않아!). "Eu nunca o deixarei!" Essas palavras não eram apenas um grito de revolta, mas uma promessa que eu estava disposta a cumprir.

Sem pensar, agarrei um pedaço de madeira que estava próximo e corri em direção à luta. O choque nos olhos de Yoko foi breve, mas ele não teve tempo de protestar. Não havia mais espaço para hesitar, a única escolha era avançar.

— Hainary, saia daqui! — gritou ele, mas eu não o ouvi. O som de sua voz se perdeu na adrenalina que me consumia.

Com toda a força que consegui reunir, ataquei um dos homens por trás, derrubando-o. A surpresa foi nossa aliada, e, momentaneamente, ganhamos uma vantagem. Juntos, conseguimos derrubar os outros dois. A vitória foi breve, como um lampejo de esperança em um mar de caos.

— Você é louca! — exclamou Yoko, mas havia um pequeno sorriso em seu rosto, um sorriso que misturava alívio e incredulidade.

— E você achou que eu ia ficar sentada e assistir? — retruquei, tentando esconder a ansiedade que ainda se agarrava ao meu peito.

Mas a vitória foi efêmera. Logo, mais vozes ecoaram pelas ruas, e o perigo parecia crescer a cada segundo.

— Precisamos sair daqui, agora! — disse Yoko, sua voz urgente, mas ainda controlada, enquanto pegava minha mão novamente.

Dessa vez, corremos juntos, sem olhar para trás. Sabíamos que nossa fuga estava apenas começando, mas, naquele momento, não havia outro caminho a seguir.

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