Capítulo 4: O Peso de Escolhas Proibidas
Nos dias que se seguiram, a revelação de Yoko Hon não saía da minha mente. Cada palavra sua, cada gesto, pareciam deixar um rastro indelével na minha alma. Mas junto com a fascinação vinha o medo. Ele estava me puxando para um abismo, e eu sabia que pular seria uma escolha sem volta.
Enquanto supervisionava mais uma transação para meu pai no Mercado das Flores, notei que Kenta estava mais vigilante do que o normal. Seu olhar ia de um lado para o outro, como se algo o preocupasse profundamente.
— Algum problema, Kenta? — perguntei, tentando parecer desinteressada.
— Ouvi rumores — ele respondeu, cruzando os braços. — Um desertor da máfia Yakanazay está se movimentando pela cidade. E ele parece estar interessado em você.
Meu coração disparou, mas mantive a expressão neutra. "Naega jalhal su isseulkka?" (내가 잘할 수 있을까?) Pensei comigo mesma. “Será que consigo esconder isso dele?”
— Não sei do que você está falando — respondi friamente.
Kenta me lançou um olhar avaliador antes de balançar a cabeça.
— Você é a filha do chefe, Hikaru. Pessoas como ele só trazem problemas.
Assenti, mas minha mente já estava em outro lugar. Se Kenta sabia sobre Yoko, quanto tempo levaria até que meu pai descobrisse? E o que aconteceria se ele descobrisse que eu estava envolvida com alguém como Yoko Hon?
Naquela noite, Yoko me chamou para outro encontro, dessa vez em um templo abandonado nas colinas da cidade. O lugar parecia saído de um filme: velas iluminavam o espaço escuro, e a brisa noturna fazia os sinos ao redor tocarem suavemente.
Ele estava sentado nos degraus da entrada, olhando para as estrelas. Ao me ver, levantou-se e veio até mim, seu sorriso usual substituído por algo mais sério.
— Você está preocupada — disse ele, sem rodeios.
— Meu guarda-costas sabe de você. Ele acha que você é um desertor perigoso.
Yoko suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Eles não estão errados. Mas também não conhecem toda a história.
— Então me conte, Yoko. Por que está fazendo isso? Por que se rebelar contra sua própria família?
Por um momento, ele hesitou, como se decidisse até onde poderia confiar em mim. Então, finalmente, falou:
— Minha mãe. Ela foi assassinada pelo próprio líder da máfia. Ela queria sair desse mundo, queria uma vida normal para mim, mas isso foi visto como traição.
A dor em seus olhos era palpável, e, pela primeira vez, vi o peso que ele carregava.
— E agora você quer vingança? — perguntei suavemente.
Ele balançou a cabeça.
— Não. Quero justiça. Quero destruir esse sistema para que ninguém mais perca quem ama.
Seu olhar encontrou o meu, e por um momento, tudo ao nosso redor pareceu desaparecer. "Geu-ui nunbich-i nal michige mandeul-eossda." (그의 눈빛이 날 미치게 만들었다.). “O olhar dele me deixou louca.”
— Você sabe que isso não vai acabar bem para nenhum de nós, certo? — perguntei, tentando ignorar o nó que se formava na minha garganta.
— Sei. Mas se for para viver, prefiro lutar por algo verdadeiro do que me conformar com uma mentira.
Antes que pudesse responder, ouvimos passos se aproximando. Yoko puxou minha mão e me levou para o interior do templo. Ficamos escondidos entre as colunas enquanto três homens armados entravam.
— Onde está ele? — ouvi um deles perguntar. — O chefe quer que Yoko Hon desapareça de vez.
Meu corpo ficou tenso, e Yoko apertou minha mão com força, sinalizando para que eu ficasse quieta. "Jeoldae geurim-e an salgo sipda." (절대 그리움에 안 살고 싶다.). “Eu nunca quis viver assim.”
Quando os homens finalmente foram embora, saímos do esconderijo. Meu coração ainda estava acelerado, mas Yoko parecia tranquilo, como se já estivesse acostumado a situações assim.
— Eu disse que isso seria perigoso, Hainary. Você ainda quer continuar comigo? — ele perguntou, sua voz baixa e cheia de preocupação.
Olhei para ele, para o homem que estava disposto a arriscar tudo por algo maior do que ele mesmo.
— Não sei se posso confiar em você, Yoko. Mas sei que não quero perder você.
Ele sorriu, mas seus olhos ainda estavam sombrios.
— Então vamos enfrentar isso juntos.
Capítulo 5: Escolhas que Queimam A tensão no ar era quase palpável quando Yoko e eu saímos do templo. Cada passo parecia ecoar mais alto do que o anterior, como se o destino estivesse nos empurrando para algo que nem podíamos imaginar.Ele me levou para um beco escondido, longe dos olhares curiosos e das ruas movimentadas. Ali, no silêncio da noite, ele segurou meu rosto com as duas mãos, olhando-me com uma intensidade que parecia cortar a alma.— Hainary, você precisa entender uma coisa — disse ele, sua voz baixa e carregada de emoção. — Escolher ficar ao meu lado significa abandonar tudo o que conhece. Sua família nunca aceitará isso, e a máfia não vai parar até nos destruir.Eu sabia que ele estava certo, mas também sabia que o que sentia por ele era algo que nunca havia experimentado antes. Algo que queimava dentro de mim, como uma chama impossível de apagar.— E você acha que eu posso simplesmente voltar para casa e fingir que você não existe? — retruquei, minha voz mais firme d
Capítulo 6: Correndo Contra o Destino O som do tiro ecoou pela rua estreita enquanto eu corria, o coração batendo tão rápido que mal conseguia respirar. Não sabia o que havia acontecido com Yoko, mas o instinto me dizia para continuar. Para escapar antes que os homens da Yakanazay me encontrassem.Ao virar a esquina, tropecei e quase caí, mas me forcei a continuar. Cada passo parecia uma eternidade, e minha mente estava uma confusão de medos e suposições. "Geuneun jalhaess-eulkka?" (그는 잘했을까?). "Será que ele conseguiu escapar?"Finalmente, alcancei um pequeno parque onde crianças brincavam durante o dia, mas que agora estava deserto. Escondi-me atrás de uma árvore, tentando recuperar o fôlego. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, e minha mente voltou para Yoko. Ele me mandou fugir para me proteger, mas a culpa de deixá-lo para trás era insuportável.De repente, meu telefone vibrou no bolso. Com mãos trêmulas, puxei-o e vi uma mensagem de um número desconhecido:— "Estou bem. Fique on
Capítulo 7: A Caçada RecomeçaAs vozes chegaram primeiro, distantes e quase indistinguíveis. No silêncio do armazém, no entanto, qualquer som parecia amplificado, reverberando nas paredes vazias e frias. Yoko estava em pé num instante, os olhos vasculhando o ambiente com a precisão de alguém que já sabia o que aconteceria. Ele parecia ter previsto o movimento, como se o tempo tivesse se estendido e ele já tivesse vivido aquele momento antes.— Eles nos encontraram — murmurou ele, com um tom de resignação, como se já tivesse aceitado o destino, mas ao mesmo tempo se preparando para a luta.— Como? — perguntei, minha voz saindo como um sussurro, já ciente do perigo iminente. A tensão no ar era palpável.— Não importa agora. Temos que sair daqui. — Ele me puxou pela mão, sua força transmitindo urgência, como se o tempo estivesse se esgotando rapidamente. Era como se a decisão de agir já estivesse tomada, sem espaço para mais perguntas ou hesitações. Quando começamos a correr, o som das v
Capítulo 8: Refúgio nas Sombras A cabana era menor do que eu imaginava, escondida entre as árvores densas de uma floresta que parecia engolir tudo à sua volta. Não havia trilhas visíveis ou sinais de que alguém já tivesse estado ali antes. Yoko puxou-me para dentro, fechando a porta de madeira com um baque surdo.— Estamos seguros por enquanto — disse ele, mas seu tom não era de alívio, apenas de cansaço.Olhei ao redor, tentando absorver o ambiente. Havia uma pequena mesa de madeira, duas cadeiras gastas e um colchão encostado na parede. A simplicidade do lugar contrastava com a turbulência que havíamos deixado para trás.— Você já esteve aqui antes? — perguntei, tentando quebrar o silêncio.— Algumas vezes. Preparei este lugar caso precisasse desaparecer.— Parece que você já sabia que isso aconteceria.Ele não respondeu, apenas começou a inspecionar as janelas e reforçar as trancas. Algo em seu comportamento me dizia que ele estava sempre pronto para o pior.Depois de alguns minut
Capítulo 9: Fogo CruzadoO barulho da porta sendo arrombada ecoou como um trovão dentro da cabana. Antes que eu pudesse reagir, Yoko puxou-me para trás de uma mesa de madeira improvisada como cobertura. Três homens entraram, armados e com expressões que misturavam raiva e determinação.— Yoko Hon! Sabemos que está aqui! — gritou um deles, a voz firme e carregada de ódio.— Parece que alguém está com saudades — murmurou Yoko, com um sorriso ácido, enquanto segurava a arma com firmeza.Eu estava paralisada, mas Yoko parecia completamente calmo, como se tivesse ensaiado esse momento milhares de vezes. Ele virou-se para mim e sussurrou:— Hainary, fique abaixada e não saia daqui, entendeu?Eu queria protestar, mas a urgência em seus olhos me silenciou. Ele se levantou de repente, disparando dois tiros rápidos que fizeram os homens recuarem.— Isso é tudo o que vocês têm? — gritou ele, provocando-os.Os homens começaram a disparar, os tiros ricocheteando nas paredes e atravessando os móvei
Capítulo 10: O Recomeço nas Montanhas O céu começava a clarear quando alcançamos um pequeno vilarejo escondido nas montanhas. O lugar parecia intocado pelo tempo, com casas simples de madeira e um rio que cortava o vale como uma faixa prateada. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo som da água corrente e os pássaros cantando ao longe.Yoko parou na entrada do vilarejo e olhou ao redor.— É aqui — disse ele, sua voz carregada de alívio.Eu observei, confusa.— Você conhece este lugar?— Meu avô viveu aqui por muitos anos. É um refúgio. Poucas pessoas sabem que este vilarejo existe.Ele começou a caminhar em direção a uma das casas, que parecia mais antiga e isolada. Eu o segui, sentindo uma estranha mistura de alívio e inquietação.A casa era pequena, mas acolhedora. Havia uma mesa de madeira com marcas do tempo, uma estante cheia de livros antigos e uma lareira que parecia ter sido usada recentemente.— Quem mora aqui agora? — perguntei.— Ninguém. Meu avô faleceu há muitos anos
Capítulo 11: O Plano Final A tensão estava no ar enquanto finalizávamos os detalhes do plano. Cada movimento precisava ser calculado, cada ação executada com precisão. Hainary e eu estávamos prestes a apostar tudo — nossas vidas, nossa liberdade e nosso amor.Na pequena mesa de madeira da cabana, espalhávamos mapas, um celular antigo e itens que dariam credibilidade à cena que estávamos criando.— O porto de Biryang (비량) será o cenário perfeito — disse Yoko, apontando no mapa. — É afastado, mas suficientemente conhecido para que as notícias se espalhem rápido.Olhei para o ponto marcado no mapa. O porto era uma área de carga frequentemente usada pelas máfias para transações ilegais. Tudo fazia sentido.— E como vamos fazer com os corpos? — perguntei, ainda tentando entender os detalhes mais sombrios do plano.— Não haverá corpos — disse Yoko, com um tom frio. — Apenas vestígios suficientes para convencer que não sobrevivemos."Keojitmal aniya" (거짓말 아니야). Não é mentira, pensei, tentan
Capítulo 12: O Peso da Liberdade O amanhecer trouxe uma sensação agridoce. A luz suave filtrava-se pelas cortinas da cabana, enquanto o som do rio correndo ao longe preenchia o silêncio. Yoko dormia ao meu lado, seu rosto tranquilo pela primeira vez em semanas. Observá-lo assim me trouxe uma paz momentânea, mas logo o peso das nossas decisões voltou a me assombrar.Levantei-me com cuidado para não acordá-lo e caminhei até a janela. O vilarejo, ainda envolto na névoa da manhã, parecia um lugar onde nada de mal poderia acontecer. Mas eu sabia que essa tranquilidade era apenas uma ilusão."Yeongwonhi gal su eopda" (영원히 갈 수 없다). Não podemos fugir para sempre, pensei.Yoko acordou pouco depois, encontrando-me sentada na mesa com uma xícara de chá nas mãos. Ele se aproximou e, sem dizer nada, colocou uma mão em meu ombro.— Está tudo bem? — perguntou, com um tom de preocupação que raramente usava.— Estou pensando no que deixamos para trás. Nossas famílias, nossas vidas... É difícil não se