Ele Não Consegue Me Esquecer
Ele Não Consegue Me Esquecer
Por: Karen Moon
01. A traição

Mariana sentiu como se uma enorme fenda se abrisse no chão, arrastando-a para as profundezas, quando abriu a porta do escritório de seu marido.

A moça de expressivos olhos verdes, cabelos negros na altura do ombro e pele pálida como a lua não sabia o que fazer ou dizer, tampouco acreditar naquilo que os seus olhos estavam mostrando.

Em cima da mesa de madeira da sala do homem, havia mais do que uma pequena placa amarela com o nome "Maximilian Phillips”. Na verdade, havia uma moça linda, alta, de cabelos vermelhos amarrados num coque apertado. Ela vestia, ou ao menos vestia em parte, uma roupa social preta.

Segurando a ruiva, ávido de desejo, estava Maximilian. Os dois se beijavam como se o resto do mundo não existisse. Estavam tão entretidos um pelo outro que sequer ouviram a porta sendo aberta.

Os lábios de Mariana tremiam enquanto a moça tentava conter o choro, o grito, o pânico e o ódio; todos os sentimentos que tomavam conta de seu sangue, causando espasmos nos dedos de suas mãos.

“Maximilian.”

Imediatamente, tanto a secretária do empresário quanto o próprio se desvencilham. Max abotoa a camisa, desesperado, mas a ruiva sequer tenta disfarçar o que aconteceu.

“Meu amor”, diz o homem. “O que você está fazendo aqui? Pensei que ficaria em casa o dia todo.”

E ela ficaria. Ficaria se não estivesse há uma semana sentindo enjoos matinais. Ficaria se não estivesse achando estranho a ausência de menstruação. E ficaria se não tivesse feito um teste de gravidez naquela mesma tarde.

O teste que estava dentro da sua bolsa, assinalando o sinal claro como cristal de “positivo”.

O teste que ela iria mostrar ao marido, radiante e sorridente, já que agora teriam uma família.

A mulher de cabelo vermelho olhou para Mariana. Ao contrário de Maximilian, ela apresentava um sorriso indisfarçável no canto da boca, como se estivesse orgulhosa de ter sido pega. Há quanto tempo eles estavam a enganando daquela forma?

“Não é o que você está pensando”, ele fala, ajeitando a braguilha da calça. “Mariana, meu amor-”

“Seu mentiroso desgraçado.” Lágrimas começam a cair pelo rosto pálido. “Desgraçado!”

“Espere, vamos conversar sobre isso!”

O homem de cabelos cor de trigo e olhos escuros vai até ela, mas Mariana dá um passo para trás.

“Não chegue perto de mim!”

“Mariana-”

“Como você pôde? Como pôde fazer isso comigo?”

A secretária continua no mesmo lugar, cruzando os braços e mexendo no cabelo logo em seguida. Max ergue as mãos num gesto apaziguador:

“Amor. Ouça. Isso o que você viu…” Ele morde os lábios, tentando rapidamente elaborar um argumento. “Não foi nada demais. Ela? Ela é apenas uma aventura. Um lapso. Um erro, entendeu?”

Chocada, a secretária franze o cenho e se levanta imediatamente:

“Como é que é, Maxmilian? É isso mesmo o que estou ouvindo?!”

“Quieta, Michelle!”

“Eu não ficarei quieta! Como ousa? E ainda mais na minha frente?”

Mariana continua parada no mesmo lugar, desabando em lágrimas silenciosas, enquanto os dois discutem:

“Será que você não está entendendo o que está acontecendo aqui?” Max esbraveja.

“Claro que estou!” Michelle esbraveja de volta. “Estou vendo um mentiroso salafrário e duas-caras, que me prometeu pedir o divórcio ainda no fim do mês, dizer na minha frente que sou apenas uma aventura! Qual é a droga do seu problema?”

“Michelle, cala essa boca!”

Mariana permanecia ali, parada, sem acreditar em tudo o que estava acontecendo. Ela sentiu como se seu mundo tivesse desmoronado em um instante, sem qualquer aviso prévio. O homem que ela amava estava ali, sendo não apenas desmascarado, mas exposto pela própria amante. 

A mulher sabia que aquilo não era um pesadelo. Se ao vislumbrar a imagem dela e Max carregando o primogênito nos braços foi como um sonho, aquilo se desenrolando na sua frente era um pesadelo.

Mas ela sabia que nada poderia mudar o que acabara de ver. A imagem da ruiva nos braços de seu marido estava gravada em sua mente, como uma cicatriz dolorosa. Ela se sentia traída, humilhada, e acima de tudo, enganada.

Não havia mais volta. Não havia perdão. Tudo o que ela acreditou até então, as palavras e declarações do empresário, eram mentira. 

"Mariana, por favor, me perdoe. Eu amo você", disse Maximilian, tentando segurar sua mão.

"Não toque em mim", ela retrucou, afastando-se. "Eu não quero ouvir suas desculpas. Eu não quero nada com você."

Maximilian pareceu chocado com a resposta dela. Ele não esperava que Mariana o deixasse tão facilmente. Desconcertado, o homem tenta mais uma vez:

“Ei. Calma. Vamos conversar, está bem? Vá para a casa e fale comigo lá. Eu vou esclarecer tudo, eu-”

"Não. Acabou. Eu não quero mais nada com você", disse ela, com lágrimas nos olhos. "Eu vou embora, agora mesmo."

Mariana agarrou com força a sua bolsa e saiu pela porta, sem olhar para trás. Ela não sabia para onde iria, mas sabia que não queria estar mais naquele lugar. Ela precisava de um tempo para si mesma, para tentar entender o que tinha acontecido e como seguir em frente.

Ela faria as malas. Arranjaria outro lugar, outra casa. E um trabalho. Max sempre quis que ela se dedicasse ao lar, que não “fosse envenenada pelo terrível mundo corporativo”. Agora Mariana entendia o que ele realmente precisava - de uma esposa dócil e submissa que não descobrisse sobre suas…aventuras.

Perguntas rodopiavam em sua mente. Há quanto tempo Max a traía com a secretária? Será que era só com a ruiva, ou havia uma legião de amantes que o esperavam sair de casa todos os dias?

Enquanto caminhava pela rua, bufando de ódio e frustração, uma gotinha de esperança surgiu em seu coração: seu bebê. Mariana estava grávida, e isso era incontestável. Ela não tinha certeza do que faria com essa informação ainda, mas sabia que não queria que Maximilian soubesse.

Ela seguiu caminhando, sem rumo, deixando as lágrimas caírem livremente pelo seu rosto. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas sabia que precisava encontrar um novo caminho. Um caminho sem Maximilian Phillips.

Quando foi atravessar a rua, chorando copiosamente, ela tropeçou nos próprios pés.

E uma buzina atordoante soou bem perto, juntamente com o barulho alto de um motor.

Um carro, em alta velocidade, estava vindo em disparada em sua direção… 

E não havia tempo para que o motorista freasse.

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