Mariana se encolhe no canto do beco, tentando controlar sua respiração acelerada e abafar os soluços de choro. Ela se agarra à esperança de que as vozes e passos que ouve não sejam de Maxwell ou Isabella, mas o medo a consome, e ela não pode deixar de temer o pior.Os ruídos se tornam mais altos, indicando que as pessoas estão se aproximando rapidamente. Mariana pressiona uma das mãos contra a boca para conter qualquer som que possa traí-la. Seu coração bate forte em seu peito, e a tensão aumenta a cada segundo.De repente, um vulto passa pelo beco, e Mariana prende a respiração. Ela se encolhe ainda mais, tentando se fundir às sombras, esperando que não seja vista. Os passos param bem próximos ao seu esconderijo, e a moça fecha os olhos, esperando o pior."Você viu alguém correndo por aqui?", pergunta uma voz masculina."Não, não vi ninguém", responde outra voz, feminina. "Provavelmente só foi nossa imaginação. Esse beco é meio escuro e dá um arrepio."Mariana não reconhece as vozes,
“Não gosto disso, Mariana.” Caminhando ao seu lado, estava James, o homem que a encontrou no dia em que a moça descobriu a traição; o homem que havia salvado sua vida. Ele repete com mais ênfase:“Não gosto nada disso!”“Eu sei, James, eu também não. Mas acredite em mim, é o único jeito.”“Mariana-”“Vai ficar tudo bem.”“Como vai ficar tudo bem? Porque do nada sua ex-sogra e seu ex-cunhado querem se aproximar de você? Você mesma me disse que-”“Sim, James, mas você precisa confiar em mim. Eu sei o que estou fazendo, não vai acontecer nada de mal comigo.”“Se não vai acontecer nada de mal com você, então porque você se sentiu na obrigação de me trazer como testemunha?”Mariana para de andar. Os dois estão há minutos de chegarem no parque, o local do encontro combinado entre Mariana, Isabella e Maxwell.“Você confia em mim?’“Eu-”“Confia ou não?”Vencido pelo cansaço, James suspira profundamente antes de responder:“Sim.”“Obrigada.”Mariana dá um abraço apertado no amigo. Os dois vo
Sozinho dentro da enorme e cada dia mais solitária casa, o empresário Maximilian Philips, jogado no chão com uma garrafa de uísque ao lado, olha para o teto.O candelabro é radiante, imponente e por si só já demonstrava todo um luxo que, um dia, o homem fizera questão de ostentar.Mas agora, o que era aquilo além de um punhado de vidro lapidado com lâmpadas em seu interior?Max toma mais um gole de uísque.A nova empregada, Lanis, bate duas vezes na porta antes de entrar;“Senhor Philips, o senhor tem visita.“Mande embora”, ele retruca. Sua voz está pastosa devido ao consumo excessivo de álcool.“Mas, senhor Phillips, é a-”“Já mandei mandar embora!”“Sim, senhor.”É claro que depois do divórcio, mulheres apaixonadas por ele, que sempre o desejaram e suspiravam quando o mesmo passava pelos corredores, iriam atrás dele como abelhas iam para o mel.Mas Maximilian não queria nenhuma delas.O zangão tinha perdido sua abelha-rainha. E pior: por causa de seu próprio mal-caratismo.Cambalea
Duas semanas se passaram desde o terrível encontro no parque.Duas semanas se passaram após Isabella entrar mais uma vez em contato, e dizer que estava tudo pronto para o nascimento de Elena e Hector.Ou seja, tudo estava pronto para Mariana e James saírem de cena.A moça chorou e implorou para que o amigo que recuasse, que não fizesse isso consigo. Ele tinha uma carreira brilhante, amigos que gostavam dele. Mas desde o início ele sempre deixou claro que, por Mariana, ele iria até o fim do mundo.Afinal, o mesmo deixou a cidade natal para ficar mais próximo da amiga, menos de um mês depois que a deixou na rodoviária.A notícia falsa já havia sido forjada. Todos estavam comentando sobre o crime horrível cometido alguns dias antes, onde um grupo desconhecido de criminosos sequestrou, torturou e destruiu as vítimas de forma tão horrível, que mal dava para reconhecer os corpos.E quase ao mesmo tempo, Elena, uma secretária de uma empresa fantasma, comprava um belo apartamento no canto mai
Para a sorte eterna de Isabella Philips, a roupa escura e sofisticada, as luvas negras e o chapéu com grinalda que cobria boa parte de seus olhos, escondiam a verdadeira expressão que, às vezes, teimava em surgir em seu rosto: um sorriso de triunfo. Ao redor, muitas pessoas. A maioria eram antigos conhecidos e parentes de Mariana. A mãe dela, uma mulher que Isabella sempre achou fraca e bastante cafona, tinha desmaiado e não voltou mais. "Cuidado, mamãe”, um homem sussurrou em seu ouvido. Ela reconhece imediatamente a voz de Maxwell. “Lembre-se que estamos tristes e terrivelmente chocados com a perda repentina da nossa pobre Mariana.” “Você nunca deixa de reparar em nada, não é?” “Acredito que esse seja um dos meus maiores dons.” O irmão de Maximilian também tem dificuldades para manter uma expressão tristonha, mas é claro que ele jamais admitiria isso. O caixão está fechado no centro da enorme câmara, e cortinas azuis parcialmente fechadas estão ao seu redor, onde o funeral acon
Maxmilian fica atônito diante das palavras e do gesto da mãe de James. Sua expressão de dor e fúria se transforma em surpresa e confusão. Ainda ensandecida, a mulher tosse antes de continuar gritando:“Meu filho era um homem bom! Um homem íntegro! Nunca se envolveu em confusão, sempre foi responsável. Tinha um excelente emprego, era o meu maior orgulho! E então VOCÊ entrou no caminho dele… E ele morreu!”Isabella, por sua vez, rapidamente reage à situação, intervindo para acalmar a mulher enfurecida."Por favor, senhora Simpson, contenha-se! A senhora está no velório da minha nora, que como o seu filho, foi uma vítima de um crime horrendo! O que está insinuando? Meu filho não tem nada a ver com isso.!A mulher, com os olhos marejados de lágrimas, encara Isabella com um misto de dor e raiva. Ela respira fundo antes de falar, sua voz embargada pelo pesar."A esposa desse… Desse monstro que você chama de filho… Ela estava grávida dele e ele a abandonou!”Todos ao redor parecem chocados
Isabella está a menos de seis passos de distância da mãe de James, que ainda está encolerizada e falando barbaridades a respeito de Maxmilian para os outros presentes, quando sente alguém puxando seu braço.“Enlouqueceu?”, Maxwell praticamente rosna no ouvido dela, falhando miseravelmente em manter as feições do rosto neutras.A mãe do homem se solta, também enfurecida.“O que pensa que está fazendo?”“Engraçado, eu poderia te fazer a mesma droga de pergunta.“Estou tomando uma atitude em relação a este ultraje, é claro! Se essa mulher continuar falando, poderemos ter problemas.”“Esquece essa velha, temos coisas piores pra lidar”, diz Maxwell, os olhos assustados.Isabella imediatamente fica preocupada.“O que aconteceu?”, ela pergunta, olhando para os lados antes de acrescentar: “Elena e Hector estão nos dando problemas?”“Não. Maxmilian acabou de entrar na área restrita do salão.”“O quê?!”“Ele acabou de atravessar as cortinas, mamãe.”Exasperada, a mulher dá um passo em direção a
Nervoso, tudo o que James conseguia fazer na sala de espera do pequeno consultório particular era roer as unhas, olhar para os lados e contar o tempo em que Mariana estava lá dentro. O relógio acusava meia hora.Quando o homem já estava se dando por vencido e indo em direção à porta para exigir saber qual era a situação, a mesma se abriu. O médico, de cabelos lisos e pele cor de oliva, disse a ele:“Por favor, entre.”Não foi preciso pedir duas vezes. Mariana estava deitada na maca, com os olhos marejados. James foi até ela imediatamente e segurou sua mão.“Está tudo bem? Como está o bebê?”“O bebê está bem”, respondeu o médico. “O sangramento anormal foi apenas um desequilíbrio hormonal devido ao estresse. Mariana precisa de bastante repouso e evitar situações que a desgaste."“Fiquei com tanto medo de perder meu neném”, ela murmurou.“Bom, pode ficar tranquila, senhorita Elena. Está tudo sob controle agora. Apenas lembre-se de tomar as vitaminas diariamente, ingerir bastante água e