Uma semana se passou desde a consulta médica, a mesma onde Mariana decidiu que não permaneceria impassível em relação aos fatos. Agora, ela e James se encontravam em uma encruzilhada, tentando equilibrar a proteção de seu segredo e a busca por respostas. Nervoso, James estava ciente de que sua “patroa” estava planejando algo arriscado. Ele sentia o peso da responsabilidade sobre seus ombros, mas também entendia a necessidade de Mariana de obter informações sobre Maxmilian.Naquela tarde, Mariana sentou-se em frente ao laptop, pesquisando discretamente sobre detetives particulares na região. Ela sabia que precisava encontrar alguém confiável, discreto e capaz de descobrir a verdade sem levantar suspeitas.Depois de horas de pesquisa minuciosa, Mariana encontrou um nome que parecia promissor: Daniel Reynolds, um renomado detetive particular conhecido por sua habilidade em solucionar casos complexos.“E aí? O que acha?”, pergunta Mariana, mostrando o perfil do investigador para James.“
“James”, Mariana sussurra, olhando fixamente para o retrovisor interno do carro.“O que foi?”“Acho que tem um carro seguindo a gente.”O homem olha para o automóvel que, de fato, parecia estar mesmo atrás deles.“Está tudo bem. Acho que é apenas uma coincidência.”Como se para testar a própria teoria, James acelerou um pouco mais, pegando um caminho adjacente que não os levaria para a nova casa.O carro preto entrou na mesma rua.Nervoso, o “mordomo” de Mariana tentou, mais uma vez, entrar em um caminho que não fazia parte do trajeto original. Para confirmar seu medo, o carro continuou firme em sua perseguição.A respiração da moça começou a falhar.“Calma, está tudo bem”, murmurou James, mas era óbvio que não estava.Quais eram as chances de, justamente no dia em que a ex-esposa de Maximilian resolveu dar um basta naquela situação, algum louco começar a segui-los por aí? Aquilo não era coincidência.Com os pensamentos acelerados, tentando em vão achar alguma outra rota de fuga, Jame
A conversa com os dois agentes da lei foi, na melhor das palavras, cansativa. Na pior, horrível.Os dois policiais tinham mais ou menos o mesmo tamanho, idade e porte físico. A expressão em seus rostos também não era das melhores. Era evidente que estavam tratando o casal com certo descaso.James também notou que eles não agiam como policiais normais. A cada minuto que passava, sua desconfiança aumentava.Quando depois de dez míseros minutos os policiais começaram a caminhar de volta para a viatura, o homem foi até eles.“Esperem.”Um dos homens se vira para ele, e o outro continua indo até o carro como se sequer tivesse escutado algo.“Eu e minha patroa estamos muito assustados. Não há absolutamente nada o que possam fazer? Nem mesmo vão nos levar para a delegacia para fazermos um boletim de ocorrência?”O policial cospe o chiclete que estava mascando antes de sorrir para James, mas havia sarcasmo presente em sua expressão.“Escuta aqui, mordomo. Acho que você ainda não entendeu a gr
Sem medo de parecer grosseiro ou ofensivo, James, temendo que Mariana tivesse mais um colapso, pega o celular de Mariane e se levanta do sofá rapidamente.“James!”, ela reclama.“Deixe essas preocupações comigo, Mariana.”“Mas isso me afeta diretamente também!”“Eu sei. Mas por favor, deixe que eu assuma as coisas daqui pra frente, okay? Eu não quero que você perca o seu bebê.”Ao ouvir aquelas palavras, a moça morde o lábio para segurar o choro. Como ela poderia continuar sua gestação com calma e tranquilidade se tudo ao seu redor era um caos completo?O amigo de Mariana lê o e-mail.“Antes de mais nada, preciso dizer a vocês desde o início: estamos numa enrascada completa, envolvidos até o pescoço numa trama muito mais complexa e cruel que jamais esperaria. No entanto, é óbvio que, mesmo sendo muito bons no que fazem, eles não são perfeitos. Pior ainda: me subestimaram. Manterei contato constante com vocês, então fiquem de olhos abertos.Um amigo.”Franzindo a testa, James relê a me
Mariana fica intrigada com a mudança repentina na expressão de James. Ela deixa a tigela de cereais de lado e se volta completamente para ele, sentindo um misto de curiosidade e ansiedade."O que é?", pergunta ela, sua voz revelando um leve tremor de expectativa.James coça a nuca, desviando o olhar por um momento antes de fixar seus olhos nos dela."Eu... Eu nem sei como dizer isso pra você, mas… Olha. Primeiramente eu quero te pedir desculpas.”“Desculpas pelo o quê?”“Por ter ficado quieto esse tempo todo. Por não… Ter sido totalmente claro.”Mariana ergue uma das sobrancelhas. James sempre foi bastante eloquente, já que durante boa parte de sua vida trabalhou com jornalismo, mas ali e agora o homem parecia ser uma aluno tímido apresentando um cartaz para o resto da turma.“Do que você tá falando? Aconteceu alguma coisa?”“Sim. Sim, aconteceu. E… Me desculpe.”“Mas eu devo te desculpar pelo quê? Por você nãot ter me contado antes, ou pelo o que aconteceu, seja lá o que for?”“As du
Mariana morde o lábio, tentando em vão se acalmar e compreender as coisas. Então, num sopro de voz, a moça diz:“Sim.”Aquela simples resposta parece acender uma luz cintilante no rosto de James, que com certeza estava esperando por uma negativa. Sutilmente, o homem faz uma carícia nas bochechas rosadas de Mariana, com toda a delicadeza do mundo. Ela se aconchega ao toque dele, mas os olhos ainda estão curiosos, deslumbrados pela descoberta e pela surpresa que a ainda a tomava.“James”, ela murmura.O nariz do homem encosta no dela quando, devagar, ele encosta os próprios lábios nos dela.O beijo é bastante doce, suave e sussurrante, como a brisa da primavera nas flores.Cada toque, cada estalo e cada movimento é sutil e nada desrespeitoso, como se James ponderasse que não era a hora certa para aquela paixão ser totalmente demonstrada.Mariana abre os olhos e se afasta ao mesmo tempo em que coloca a mão na própria barriga.“O neném chutou”, ela diz, surpresa, sorrindo logo em seguida
Sentado à mesa do próprio escritório, Maxmilian Philips tragou o charuto e o colocou no cinzeiro, olhando fixamente para o computador diante de si. Uma batida na porta soou. “Olá, senhor. Trouxe um pouco de água e café.”E claro, aquela era Michelle, que mesmo após toda a confusão e eventual morte de Mariana, ainda estava no cargo.Max apenas a encarou e agradeceu com os olhos, enquanto clicava e digitava.A mulher de cabelos rubros presos num coque, uniforme social e lábios pintados de carmim sentiu o olhar gélido do próprio chefe, mas não disse nada. Apoiando a bandeja na mesa, ela aproveitou para examinar mais o amante.“Está tão tenso. Ainda está triste pela morte da ex-mulher?”Os olhos escuros de Maxmilian quase a atravessam.“Michelle, eu vou deixar que você reflita sobre a própria pergunta ao invés de respondê-la.”Chocada, a secretária coloca uma das mãos na cintura.“Porque está falando dessa maneira comigo? Eu não fiz nada pra você.”“Claro. Desculpe, Michelle.”As desculp
James folheia a página do jornal, suspira, e volta a guardá-lo em cima do criado-mudo ao lado da cama. Mariana, que está lendo um livro, repara a óbvia perturbação do homem.“O que houve?”“A falta de notícias me deixa louco, para dizer o mínimo.”“Nós sabíamos que demoraria um pouco até Daniel descobrir tudo o que pudesse para nos ajudar. A ausência dele é um bom sinal.”“Você acha mesmo?”“Acho sim.”“Pois eu acho que estamos confiantes demais, e provavelmente algo terrível aconteceu com esse detetive. Você sabe que nossa ligação foi grampeada, e que os policiais dessa cidade já sabem quem somos nós. Estamos presos.”Mariana deixa o livro de lado e coloca a mão na barriga. “Eu pensei que você estava um pouco mais confiante do que isso.”“E eu estava. Mas…”“Mas?”A princípio, James não diz nada, apenas fica olhando para um ponto fixo na parede.Mariana insiste:“Mas?”“Mas já faz duas semanas que tivemos contato com ele. E até agora não recebemos um único sinal de vida.”“Não seja