A conversa com os dois agentes da lei foi, na melhor das palavras, cansativa. Na pior, horrível.Os dois policiais tinham mais ou menos o mesmo tamanho, idade e porte físico. A expressão em seus rostos também não era das melhores. Era evidente que estavam tratando o casal com certo descaso.James também notou que eles não agiam como policiais normais. A cada minuto que passava, sua desconfiança aumentava.Quando depois de dez míseros minutos os policiais começaram a caminhar de volta para a viatura, o homem foi até eles.“Esperem.”Um dos homens se vira para ele, e o outro continua indo até o carro como se sequer tivesse escutado algo.“Eu e minha patroa estamos muito assustados. Não há absolutamente nada o que possam fazer? Nem mesmo vão nos levar para a delegacia para fazermos um boletim de ocorrência?”O policial cospe o chiclete que estava mascando antes de sorrir para James, mas havia sarcasmo presente em sua expressão.“Escuta aqui, mordomo. Acho que você ainda não entendeu a gr
Sem medo de parecer grosseiro ou ofensivo, James, temendo que Mariana tivesse mais um colapso, pega o celular de Mariane e se levanta do sofá rapidamente.“James!”, ela reclama.“Deixe essas preocupações comigo, Mariana.”“Mas isso me afeta diretamente também!”“Eu sei. Mas por favor, deixe que eu assuma as coisas daqui pra frente, okay? Eu não quero que você perca o seu bebê.”Ao ouvir aquelas palavras, a moça morde o lábio para segurar o choro. Como ela poderia continuar sua gestação com calma e tranquilidade se tudo ao seu redor era um caos completo?O amigo de Mariana lê o e-mail.“Antes de mais nada, preciso dizer a vocês desde o início: estamos numa enrascada completa, envolvidos até o pescoço numa trama muito mais complexa e cruel que jamais esperaria. No entanto, é óbvio que, mesmo sendo muito bons no que fazem, eles não são perfeitos. Pior ainda: me subestimaram. Manterei contato constante com vocês, então fiquem de olhos abertos.Um amigo.”Franzindo a testa, James relê a me
Mariana fica intrigada com a mudança repentina na expressão de James. Ela deixa a tigela de cereais de lado e se volta completamente para ele, sentindo um misto de curiosidade e ansiedade."O que é?", pergunta ela, sua voz revelando um leve tremor de expectativa.James coça a nuca, desviando o olhar por um momento antes de fixar seus olhos nos dela."Eu... Eu nem sei como dizer isso pra você, mas… Olha. Primeiramente eu quero te pedir desculpas.”“Desculpas pelo o quê?”“Por ter ficado quieto esse tempo todo. Por não… Ter sido totalmente claro.”Mariana ergue uma das sobrancelhas. James sempre foi bastante eloquente, já que durante boa parte de sua vida trabalhou com jornalismo, mas ali e agora o homem parecia ser uma aluno tímido apresentando um cartaz para o resto da turma.“Do que você tá falando? Aconteceu alguma coisa?”“Sim. Sim, aconteceu. E… Me desculpe.”“Mas eu devo te desculpar pelo quê? Por você nãot ter me contado antes, ou pelo o que aconteceu, seja lá o que for?”“As du
Mariana morde o lábio, tentando em vão se acalmar e compreender as coisas. Então, num sopro de voz, a moça diz:“Sim.”Aquela simples resposta parece acender uma luz cintilante no rosto de James, que com certeza estava esperando por uma negativa. Sutilmente, o homem faz uma carícia nas bochechas rosadas de Mariana, com toda a delicadeza do mundo. Ela se aconchega ao toque dele, mas os olhos ainda estão curiosos, deslumbrados pela descoberta e pela surpresa que a ainda a tomava.“James”, ela murmura.O nariz do homem encosta no dela quando, devagar, ele encosta os próprios lábios nos dela.O beijo é bastante doce, suave e sussurrante, como a brisa da primavera nas flores.Cada toque, cada estalo e cada movimento é sutil e nada desrespeitoso, como se James ponderasse que não era a hora certa para aquela paixão ser totalmente demonstrada.Mariana abre os olhos e se afasta ao mesmo tempo em que coloca a mão na própria barriga.“O neném chutou”, ela diz, surpresa, sorrindo logo em seguida
Sentado à mesa do próprio escritório, Maxmilian Philips tragou o charuto e o colocou no cinzeiro, olhando fixamente para o computador diante de si. Uma batida na porta soou. “Olá, senhor. Trouxe um pouco de água e café.”E claro, aquela era Michelle, que mesmo após toda a confusão e eventual morte de Mariana, ainda estava no cargo.Max apenas a encarou e agradeceu com os olhos, enquanto clicava e digitava.A mulher de cabelos rubros presos num coque, uniforme social e lábios pintados de carmim sentiu o olhar gélido do próprio chefe, mas não disse nada. Apoiando a bandeja na mesa, ela aproveitou para examinar mais o amante.“Está tão tenso. Ainda está triste pela morte da ex-mulher?”Os olhos escuros de Maxmilian quase a atravessam.“Michelle, eu vou deixar que você reflita sobre a própria pergunta ao invés de respondê-la.”Chocada, a secretária coloca uma das mãos na cintura.“Porque está falando dessa maneira comigo? Eu não fiz nada pra você.”“Claro. Desculpe, Michelle.”As desculp
James folheia a página do jornal, suspira, e volta a guardá-lo em cima do criado-mudo ao lado da cama. Mariana, que está lendo um livro, repara a óbvia perturbação do homem.“O que houve?”“A falta de notícias me deixa louco, para dizer o mínimo.”“Nós sabíamos que demoraria um pouco até Daniel descobrir tudo o que pudesse para nos ajudar. A ausência dele é um bom sinal.”“Você acha mesmo?”“Acho sim.”“Pois eu acho que estamos confiantes demais, e provavelmente algo terrível aconteceu com esse detetive. Você sabe que nossa ligação foi grampeada, e que os policiais dessa cidade já sabem quem somos nós. Estamos presos.”Mariana deixa o livro de lado e coloca a mão na barriga. “Eu pensei que você estava um pouco mais confiante do que isso.”“E eu estava. Mas…”“Mas?”A princípio, James não diz nada, apenas fica olhando para um ponto fixo na parede.Mariana insiste:“Mas?”“Mas já faz duas semanas que tivemos contato com ele. E até agora não recebemos um único sinal de vida.”“Não seja
“Não vai me convidar para entrar?”, pergunta o irmão de Maxmilian, abrindo um sorriso charmoso e convidativo. Mas os olhos dele demonstravam tudo, menos felicidade.Ainda em choque, tudo o que James consegue é dar dois passos para trás e deixar um espaço para o homem passar.Mariana sai do quarto para ver o que está acontecendo, e quase na mesma hora, para de andar. Antes que sequer possa dizer algo, o seu ex-cunhado vai diretamente até ela.“Ora, ora, ora. Minha querida cunhada.”Ele a olha de cima a baixo, reparando bastante em sua camisola, e ergue as sobrancelhas.“Você parece bem.”“O que você quer?”, pergunta James, fechando a porta e cruzando os braços logo em seguida.“Não vão nem ao menos me oferecer uma água? Um café?”“Vá direto ao ponto”, Mariana também cruza os braços, tentando ao máximo não aparentar medo. “O que aconteceu? Porque veio até aqui?”“Caso não tenha notado, querida”, ele coloca dois dedos no queixo da mulher. “Não é você quem manda aqui.”“Solte-a!”, James f
Enquanto faz as malas, James anda de um lado para o outro, como se quisesse muito agarrar o pescoço de Maxwell com as próprias mãos. Sentada na cama, trêmula e ainda sem acreditar na pior notícia que poderia receber, Mariana apenas entrelaçou as mãos e olhava para algum ponto invisível na parede.De braços cruzados encostado no pórtico do quarto, o filho mais novo de Isabella encarava o homem de cabelos encaracolados, como se soubesse suas reais intenções violentas. Então ele dirige o olhar para Mariana.“Ficou tão quieta de repente. O que foi? Os planos da mudança não te agradam?”Havia escárnio e deboche em sua voz. A moça apenas olha para o outro lado, como se pudesse ignorar a presença dele.“Por favor, deixe-a em paz”, pede James, ainda terminando de arrumar as coisas de Mariana.“E eu fiz alguma coisa? Foi apenas uma simples pergunta.”Como se a paciência do jornalista estivesse por um fio, e estava mesmo, James parou de fazer o que estava fazendo, levantou-se e olhou friamente