As palavras de Mariana atingem Maxmilian como um soco no estômago. Ele sente um nó se formando em sua garganta e seus olhos se enchem de lágrimas novamente. As esperanças que haviam começado a florescer são abafadas pela realidade dolorosa.Ele olha para ela, buscando palavras que possam expressar sua dor e arrependimento."Mariana... Eu sei que fui um péssimo marido. Sei que fiz coisas terríveis. Eu não tiro a sua razão, você deve estar morrendo de raiva de mim, e no seu lugar, eu-""No meu lugar? Você não tem ideia do que é estar no meu lugar! Não tinha antes e não tem agora!""Mariana-""Eu fui sequestrada! Fui feita de refém. E pior ainda, pela SUA família! Tive que fingir a minha própria morte, e ainda arrastei uma pessoa inocente no processo. James, que mal me conhecia, teve muito mais consideração e empatia pela minha vida do que você, Maxmilian. Não há NADA que você possa dizer ou fazer. Absolutamente nada. A verdade é essa."As palavras de Mariana são como flechas diretas no
Mariana está com trinta e duas semanas de gestação. Perdida em pensamentos, ela acaricia a barriga e suspira, fechando os olhos em seguida.Batidas na porta. Ela se vira quando um homem entra, sorridente, e a beija na testa."Como está, querida?", ele pergunta."Bem. Só um pouco ansiosa.""Pela chegada da nossa criança?""Sim...", Mariana murmura, voltando a olhar para a janela, "Sim, é nisso que estou pensando."James cruza os braços."Sabia que você é uma péssima mentirosa?"A moça revira os olhos, mas não discorda. Ao invés disso, a passos curtos e pesados, a gestante se senta na cama do enorme quarto."Amor", murmura James, sentando-se ao lado dela.Como se simplesmente não conseguisse suportar a ideia de vê-lo ou encará-lo diretamente, Mariana apenas continua encarando o nada. Em seguida, ela mais uma vez começa a acariciar a própria barriga."Amor", o homem insiste."O quer que eu diga?""A verdade."Ela não diz nada. James continua:"É sobre ele, não é?"Apesar de não dizer nen
Mariana sentiu como se uma enorme fenda se abrisse no chão, arrastando-a para as profundezas, quando abriu a porta do escritório de seu marido.A moça de expressivos olhos verdes, cabelos negros na altura do ombro e pele pálida como a lua não sabia o que fazer ou dizer, tampouco acreditar naquilo que os seus olhos estavam mostrando.Em cima da mesa de madeira da sala do homem, havia mais do que uma pequena placa amarela com o nome "Maximilian Phillips”. Na verdade, havia uma moça linda, alta, de cabelos vermelhos amarrados num coque apertado. Ela vestia, ou ao menos vestia em parte, uma roupa social preta.Segurando a ruiva, ávido de desejo, estava Maximilian. Os dois se beijavam como se o resto do mundo não existisse. Estavam tão entretidos um pelo outro que sequer ouviram a porta sendo aberta.Os lábios de Mariana tremiam enquanto a moça tentava conter o choro, o grito, o pânico e o ódio; todos os sentimentos que tomavam conta de seu sangue, causando espasmos nos dedos de suas mãos.
Tudo acontece de forma rápida e devagar ao mesmo tempo.Primeiro, Mariana vê que o carro está quase encostando em seu corpo, e ela aceita que será arremessada pelo impacto do atropelamento. Seu reflexo é fechar os olhos e em vão tentar se proteger erguendo os braços.Braços fortes e rápidos, mas muito rápidos, mesmo, a puxam para trás instantaneamente, tirando-a da trajetória do veículo.Uma freada brusca se faz ouvir. Assustada, Mariana olha para o carro. O motorista conseguiu pará-lo, mas muito mais longe do que deveria. Ou seja, se não fosse pelo salvador estranho…Um homem musculoso, de cabelos cacheados presos num rabo de cavalo frouxo e olhos azuis segura em seus ombros, ajudando-a a se levantar.“Moça, a senhorita precisa tomar cuidado. Você está bem?”Ele nota os olhos verdes como oliva repletos de tristeza, assim como o rosto molhado de lágrimas e o nariz inchado.“Venha, vamos sair da rua.”Ele a leva para a calçada. Passantes e curiosos observam a moça, que coloca as duas m
Algumas pessoas presentes observavam discretamente o pequeno escândalo. Maximilian está com as veias saltando pelo pescoço e testa. James se levanta."O que está acontecendo aqui?""O que está acontecendo?!" Max está transtornado. "Estou aqui para consertar o meu casamento e recuperar a mulher que me ama! Ou pelo menos, que acreditei que me amasse!""O que disse?!" Mariana também se põe de pé, sentindo mais uma vez os tremores voltando."Eu vim atrás de você, Mariana. Vim atrás de você porque te amo, e porque quero que nós fiquemos bem. Mas no primeiro instante que você se vê livre, já está num encontro com um completo estranho!""Como ousa-""Eu deveria saber. Todos esses anos te deixando dentro de casa, te impedindo de trabalhar, de ter que suar ou deixar essas mãos... Oh, essas lindas mãos intactas... Tudo isso foi em vão, não é? Porque essa é a sua natureza.""Você não pode estar falando sério!"James observa tudo em silêncio, chocado. Maximilian está vermelho de raiva."É claro q
Mariana está sentada na enorme cama de casal, onde repousam duas enormes malas, roupas, itens de maquiagem e alguns livros. Secando mais uma das insistentes lágrimas, ela coloca mais alguns itens na mala da direita. Que vergonha tinha passado naquela cafeteria! Alguns segundos depois que James e Maximilian começaram a se socar, três funcionários do local precisaram separá-los, e a briga de verdade só teve fim depois que ameaçaram chamar a polícia. Max saiu do lugar, chutando algumas mesas e cadeiras. James acompanhou Mariana até fora do local, e depois a abraçou e lhe ofereceu seu ombro para que chorasse até não aguentar mais. Ele ainda não tinha dado sinal de vida. Depois de conversar mais um pouco, pedir desculpas e agradecer pelo convite de James, Mariana voltou se sentindo derrotada pra casa. Aquele episódio era o que ela precisava para tomar uma decisão. Não tinha mais tempo a perder. A moça nunca mais seria humilhada daquele jeito. Não, Mariana não permitiria que ninguém lhe
“Mariana?”A moça tira os olhos da tela do computador e observa sua colega, Ruth, que segura nas mãos uma prancheta.“O senhor Jones quer falar com você.”A moça bufa audivelmente.“Mesmo? O que ele quer?”“Não sei. Mas ele me pediu para te passar esse recado. Depois do expediente, dá uma passadinha na sala dele.”“Claro. Obrigada, Ruth.”A mulher vai embora para tomar conta dos próprios afazeres. Mariana tenta se concentrar no trabalho à sua frente, mas não consegue.O que o seu chefe queria? Desde que chegou na cidade e conseguiu o emprego, modéstia à parte, ela era a funcionária mais competente daquele escritório. Sempre chegou no horário, e quando necessário, ficava até mais tarde para ajudar algum outro funcionário.Irritada, a mulher fez cara feia e resmungou:“É melhor que seja uma oportunidade de promoção.”Quando finalmente o relógio digital em cima da sua mesa lhe mostrou o horário de saída, Mariana finalizou suas atividades, colocou seu casaco, pegou sua bolsa e, ao invés d
Mariana tamborila os dedos em cima da mesa do escritório e olha para a tela em branco, sinal de sua fadiga e estresse.Aquilo sim era uma ironia, já que o escritório ficava na sua casa, e que supostamente, trabalhar dentro do lar era a solução adequada para mantê-la calma.Já fazia uma semana desde o terrível incidente na sala do senhor Jones, e toda vez que se lembrava do semblante de tristeza, choque, nojo e vontade de morrer que se passou no rosto do chefe, ela se sentia vermelha de vergonha.A consulta ao pré-natal daquela semana ainda iria acontecer. Mariana não queria saber o sexo do bebê. Só de saber que ele seria saudável, e que teria uma vida mais digna do que ela mesmo teve…A moça suspira. Ela se levanta e vai para o jardim observar as flores.Sua mãe havia sido muito mais generosa do que ela jamais pensou. Quando contou para ela o que o cafajeste de seu ex-marido havia feito, e em qual situação Mariana se encontrava, a mesma fez questão de deixá-la ficar com o imóvel que u