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Isabela, ainda dá tempo de desistir de tudo.

Leandro b**e com uma das mãos em um armário e o faz vibrar. Os olhos dele chispam quando ele se volta para mim.

 Encaro-o, mantendo a calma, tentando manter meu foco no objetivo.

 Leandro bufa, mas recua, visivelmente frustrado. Ele respira fundo e então diz, com um tom de voz mais calmo.

 — Tudo bem. Mas lembre-se: o foco é me infiltrar. Você é apenas o primeiro passo. Então você sairá de cena. Nem que você me apresente como seu meio-irmão.

 Eu sorrio achando graça nas palavras dele. Seus olhos têm um puxadinho dos orientais.

 —Leandro, você não se parece com meu meio-irmão. 

 Ele fecha os olhos, parecendo exercitar a paciência comigo.

 —Tudo bem. Mas foque no nosso objetivo. Você o abordará e de alguma maneira me apresentará a ele.

 —Ok! —Digo.

 Ergo os olhos para ele. Leandro sorri, e seu sorriso, apesar de rude, se torna incrivelmente atraente. Eu fico sem jeito e desvio o olhar, sentindo um arrepio percorrer a espinha. Por um momento, fico acovardada, como se ele estivesse me desnudando com o olhar.

 — O que tá fazendo? — pergunto, tentando manter a voz firme, quando sinto os braços dele me puxando pela cintura, me colando no seu corpo forte. Posso sentir o peso das suas pernas poderosas pressionando as minhas. A camisa ainda está aberta e, quando espalmo minhas mãos na tentativa de afastá-lo, toco o peito forte dele, sentindo a pele quente e os pelos macios. O cheiro dele é inebriante, uma mistura de perigo e poder.

 Ele se inclina para frente, lambendo os lábios, enquanto seus olhos se fixam nos meus. Meu coração acelera. Engulo seco, sentindo o perfume amadeirado e almiscarado que emana dele. O jogo de olhares é pesado, e a tensão no ar é quase palpável.

 — Se quer mesmo fazer esse papel, você tá com a expressão errada. Tá parecendo uma virgem indefesa. Não quer se meter com bandido, então tem que fazer por merecer. — Ele fala com um tom desafiador e seus lábios quentes, de um jeito possessivo, colam nos meus. Eu tremo nos braços dele e meu coração dispara. Sinto o corpo dele reagir ao meu, e ele me puxa ainda mais para perto, me apertando com força. O gosto de seus lábios provoca uma sensação estranha e excitante ao mesmo tempo, e quando ele aperta ainda mais, sinto seu desejo me pressionando. Ele solta um gemido rouco quando o beijo se aprofunda, e sinto a dureza dele contra o meu corpo.

 Quando ele se afasta, ambos estamos ofegantes. A confusão é visível nos olhos escuros dele, como se algo tivesse virado uma chave dentro dele. Por um segundo, eu vejo um homem vulnerável, mas logo essa expressão some. Ele parece perdido em seus próprios pensamentos, e tudo que eu quero é que ele saia para que eu consiga pensar e colocar a cabeça no lugar.

 Leandro fecha os botões da camisa com as mãos trêmulas e enfia a roupa dentro da calça de sarja preta. Ele procura meus olhos novamente, mas sem dizer nada.

 — Te espero lá fora. — Ele diz, com a voz seca, sem emoção.

 — Tá certo. — Respondo, ainda sem fôlego.

Leandro se afasta com passos largos e firmes, e quando ele fecha a porta, b**e com uma violência que faz as paredes tremerem.

Eu fecho os olhos por um momento. Quando os abro, me encaro no espelho. Meu rosto está corado, os lábios marcados pelo batom, e meu coração ainda b**e forte. Sorrio para mim mesma e passo o dedo nos lábios, ainda sentindo o gosto do beijo dele. Limpo o batom manchado com um papel toalha, retoco e, depois de um suspiro, saio do banheiro.

 Conforme caminho pelo corredor em direção à saída, meus colegas de trabalho, policiais e investigadores que ainda estão no batalhão, assobiam ao me verem. Sorrio, tentando parecer confiante, forçando um rebolado de mulher fatal que não sou. Mas, perto da porta, quase caio, tropeçando nos saltos altíssimos. Dou uma risadinha nervosa.

 Logo que piso na calçada, o ar gelado da madrugada do Rio de Janeiro me atinge com força, gelando minhas pernas e meus braços. Vejo o sedan de Leandro estacionado na esquina, com o motor ligado, esperando. Ele está ali, parado, observando o movimento da rua com um semblante carregado, como se o peso do mundo estivesse sobre ele.

 À medida que me aproximo, o vejo de perfil. Ele vira a cabeça na minha direção e, quando nossos olhares se encontram, a lembrança do beijo quente, da troca de tensão, me aquece por dentro.

 Tão logo entro no carro, ele arranca com o carro com rapidez, jogando os pneus contra o asfalto. Ele parece nervoso, mas não diz nada. Dirige em silêncio, preso em seus próprios pensamentos. Eu fico quieta, observando a cidade se desenrolar pela janela embaçada, o samba ecoando à distância, as luzes da Rocinha e das outras favelas ao fundo, e o som abafado dos carros e das motos acelerando nas ruas estreitas.

 Quando estamos quase chegando, ouço ele quebrar o silêncio.

 — Isabela, ainda dá tempo de desistir de tudo.

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